segunda-feira, junho 21, 2010

Ainda se lembra?



10 de Julho de 2010 venha aprender connosco!

IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão da Serra - Guarda

(inscrições em breve no Portal Bombeiros.pt)

quinta-feira, junho 17, 2010

Lançamento - IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão da Serra (Guarda)


É já no próximo dia 10 de Julho de 2010. O programa definitivo estará dentro em breve disponível no Portal Bombeiros.pt , assim como o formulário para efectuarem a inscrição.

(O cartaz da Jornada é, este ano, da autoria de Rafael Ferrão, um jovem bombeiro da Corporação de Manteigas. O cartaz ainda está inacabado.)

quarta-feira, junho 16, 2010

Para uns pequenos aprendizes

1. O Adeus é uma palavra que contém múltiplas acepções e diferentes sentidos na constante vivência do ser humano. Por isso, dizê-la é, de alguma forma, construir um horizonte dúbio e difícil de entender. Mesmo assim, há horizontes longínquos onde os ramos de pequenas árvores se tocam e se entrelaçam. Não somos, nós, árvores desconhecidas ou de origens diversas mas, sim, pequenos entes que coexistem numa ampla floresta de emoções vestida. Esta floresta encontra-se sempre em perigo e, por vezes, é vítima de descuidados anseios que a perturbam e a deixam reduzida a cinzas. Aqui chega um Adeus! Permitido pela incúria de uns e pelo desejo de outros. Nós somos as árvores, nós somos os seres que vão ser estilhaçados e transformados nessa cinza que é descrita com um Adeus sentido. Apesar disto, existe, sempre, um amanhã glorioso e brilhante que, a nós, nos espera e nos ilumina na sombra de um Adeus. Amanhã!

2. A metáfora é longa e pode ser triste, mas é nela que nos encontrámos e que nos serve agora de doce recordação. Tudo aquilo que deixamos são comparações, paralelismos, hipérboles, sinestesias, muita ironia e imensas interrogações retóricas. Valeu a pena? Para o eu, que sou, fui e serei eu, toda a metáfora valeu a pena e, qual Fénix, voltará, um dia, a valer. Amanhã!

3. Para vós… Amanhã! Não é um Adeus, mas sim um “Até outro dia!”.

Guarda, 16 de Junho de 2010

Deste vosso, incorrigível, agitador e amigo,
Daniel António Neto Rocha

quinta-feira, junho 10, 2010

10. Crónica Altitude – Crónica a uma vida crónica ou Crónica Educação

1. Todos os santos dias existe algo de crónico que nos atinge e nos deixa completamente rendidos às evidências físicas e metafísicas da compulsiva estupidificação social. O problema não é pequeno nem se resolve com uma dúzia de antibióticos enfiados pela goela abaixo. Bem pelo contrário! De certa forma, a doença é incurável e persegue-nos desde a criação do Berço de Portugal. Desde sempre o povo foi desconsiderado e reduzido àquele fiel servidor que respeita o pagamento da dízima ou do imposto, que sempre foram impostos, e que assume “as palas” com que deve sempre olhar em frente. Caso estas fossem uma imposição que resultasse numa melhoria das condições de vida, ainda se suportavam com algum desdém; agora, sendo uma imposição que agrava cada vez mais as ilustres condições de miséria do “Zé Povinho” e engorda as cada vez maiores barrigas burguesas, parece-me que “as palas” só servirão para enobrecer o acto do rebaixamento popular.

(...)

Guarda, 8 de Junho de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 9 de Junho de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

quarta-feira, junho 02, 2010

quinta-feira, maio 27, 2010

09. Crónica Altitude – Crónica de Aulas

1. O trabalho de preparação de aulas e de planificação de conteúdos a leccionar é, cada vez mais, moroso e complexo, tendo em conta os interesses e as motivações que os alunos de hoje carregam. No entanto, e de um ponto de vista totalmente docente, é um espaço privilegiado para a reflexão sobre o tempo e o espaço desta e de outras épocas sociais. Neste acto contínuo, o contacto com as tendências sociais e com o pensamento de homens de intelecto é um facto incontornável e, desde logo, impossível de olvidar. Estou, por este dias, a estudar Os Maias, magistral obra de Eça de Queirós, com os meus alunos. E assim sendo, releio vários textos deste meu Mestre da escrita para, mais afincadamente, demonstrar todas as potencialidades literárias e humanas que aquele delicioso romance encerra. A recepção, deste texto maior da literatura portuguesa, por parte dos meus alunos tem sido, no mínimo, “inconstante”. Vejamos: por um lado, as alusões às curvas e contracurvas das espanholas, e as relações adúlteras de Carlos da Maia têm obtido os grandes e divinais aplausos; por outro lado, a crítica social tão certeira e irónica que Eça apresenta tem merecido, ao contrário daquilo que eu previra, as maiores pateadas. Como explicar isto? Não sei, mas tendo a acreditar que a sociedade perdeu todo o pendor crítico, revelando-se transvestida num corpo sensual ao qual nós nos entregamos voluptuosamente. Infelizmente, quando nos apercebemos da sua essência podre, já é tarde para remendar o estrago, pois já nos estamos a queixar de ter apanhado “chatos”.

(...)

Guarda, 25 de Maio de 2010
Daniel António Neto Rocha



Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 26 de Maio de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude

terça-feira, maio 25, 2010

segunda-feira, maio 24, 2010

quarta-feira, maio 12, 2010

08. Crónica Altitude – Crónica de um rol de liberdades permitidas

1. A liberdade de cada um de nós enquanto cidadãos deste país dito democrático é uma questão que me preocupa há muito tempo. Não por pensar que essa liberdade é inexistente, pois estaria a ser tremendamente injusto com a ditadura que nos oferece o direito de escolher entre o mau e o péssimo, mas por não encontrar um elenco ou uma publicação em Diário da República que me esclareçam sobre o patamar de liberdade em que me encontro. É que isto de não haver, logo que a sociedade nos abraça e nos enche de impostos, uma clara indicação daquilo a que temos ou não temos direito ao nível da liberdade é muito mau para nós, dado que podemos fazer algo que não nos é permitido devido ao nosso baixíssimo patamar de liberdade. Dadas estas dúvidas que são originadas pela inexistência de uma lista desse tipo, defendo a criação de uma listagem intitulada "Rol de liberdades permitidas e dos seus respectivos fruidores no estado de coisas português". O título é pomposo, não? Defendo que este rol possua três níveis: primeiro, a liberdade superior: reservado a governantes, familiares de governantes, ajudantes de governantes, seguidores de governantes e amigos de governantes – por vezes variam as caras, mas pouco – que têm acesso a todas as liberdades e mais algumas, inclusive a levar o país para a cova e a ser recompensado de seguida; segundo, a liberdade por serviços prestados: reservado a interesseiros, vendidos e carneiristas, que têm acesso a lugares em empresas de capital público e a serem indemnizados à saída; e terceiro, a liberdade que nos permitem ter: reservado a homens e mulheres honestas, que fazem do trabalho e da família os seus objectivos de vida, não tendo acesso a quaisquer regalias, mas com o direito de pagar atempadamente os seus impostos e a serem espoliados a bem da nação.

(...)


Guarda, 11 de Maio de 2010
Daniel António Neto Rocha


Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 12 de Maio de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude

quinta-feira, maio 06, 2010

Semântica de hoje

Hoje, ressumaram
as plantas
as flores
as rosas...

Convoquei as pausas,
as exclamações
e toda a semântica
de uma noz.

Hoje, convoquei
o orgasmo catártico
e cuspi na mais pura idealização.

06/05/2010

domingo, maio 02, 2010

IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão da Serra

Cabe-me dar conta do estado em que se encontra a edição deste ano deste momento formativo e afectivo. Não existe ainda um programa definido, mas realizar-se-á no dia 10 de Julho de 2010. Quando houver alguma novidade, será anunciado todo o programa e toda a envolvente logística, que será à partida muito mais simples do que a do ano transacto.

terça-feira, abril 27, 2010

07. Crónica Altitude – Crónica de Abril

1. Sempre tive sérias dúvidas sobre tudo aquilo que o 25 de Abril de 1974 representou enquanto movimento revolucionário e enquanto memória educativa a ter em conta nos dias que correm. O problema pode ser exclusivamente meu, admito-o! Mas preocupa-me verificar que a índole da história é bela e amena, mas a forma… Neste ponto, o da forma, vem-me sempre à memória uma frase batida: “Bem fala Frei Tomás, ouve o que ele diz mas não faças o que ele faz!” E questiono-me no porquê desta inquietação, inquietação, inquietação, perante este dogma que insisto em descobrir, enquanto outros se preocupam em o continuar a impingir. Centremos o discurso e questionemos a marca simbólica. O que representou o dia em termos sociais e humanos? Se podemos afirmar que ao nível de uma revolução social a coisa até pegou e anda de “pétalas em popa”, ao nível de uma interacção humanitária a dignidade humana continuou a ser algo desconsiderada, chegando nós ao ponto de discutir, com algumas pessoas ditas “revolucionárias de Abril”, o extracto social onde se deverá iniciar esse picuinhas direito social resumido na expressão “viver com dignidade”. É complexo, eu sei isso! É difícil escolher entre os que “já vivem de barriga cheia” e entre aqueles que “a têm completamente vazia”, não é? Se os primeiros, porventura, perdessem os direitos adquiridos e os partilhassem com os que ainda não tiveram, nem nunca vão ter, acesso a esses mesmo direitos adquiridos, criava-se uma situação de crise partidário-política muito preocupante, pois a barriga ficaria um pouco menos cheia e a maldosa igualdade de oportunidades ganharia contornos reais, o que nenhuma dialéctica neo-tendencialista poderia suportar. É que isto de todos diferentes, todos iguais é aceitável, mas devagar, pois tem múltiplas leituras e também significa: todos iguais na nacionalidade mas todos diferentes na oportunidade. Já me desviei daquilo que me propus cantar nesta crónica, não já?

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Guarda, 27 de Abril de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 28 de Abril de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

quarta-feira, abril 14, 2010

06. Crónica Altitude - Crónica do Coelho Literário ou a outra forma de politizar

1. Hoje estou completamente fascinado sobre e arrependido de tudo aquilo que tenho escrito e dito, em locais muito próprios, sobre a arte e o engenho dos políticos portugueses ao falarem de literatura. Criticava eu, nesses políticos, a só leitura de compêndios repletos de frases feitas e de tiradas fenomenais. Criticava eu a só leitura de livros e de referências a figuras épicas da nossa praça. Criticava eu a referência tonitruante ad aeternum a apenas um verso ou a uma única frase que merecia lugar de destaque em todos os discursos e ajuntamentos públicos, tornando aquele orador muito sabedor e digno das maiores reverências. Hoje deixei de lado essa minha crença antiga ao nível da major league da política nacional mas, se mo permitem, vou deixá-la ainda para a minor league que se joga aqui por estas ruas. Ok? Espero que estejam de acordo comigo.

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Guarda, 13 de Abril de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 14 de Abril de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

domingo, abril 11, 2010

Ausência forçada

Todos aqueles que seguem este blog devem já ter notado que estou mais ausente do que é habitual. Cabe-me dizer-vos que estou sem computador e sinto-me bem, mas falta-me a escrita digital. Vamos ver se regresso em breve!

quarta-feira, março 31, 2010

05. Crónica Altitude – Crónica Pascal

1. O período pascal, em que agora entramos, é sempre um tempo de reflexão e de tentativa de correcção daquilo que de mal se foi fazendo. Neste tempo, olhamos para trás e, tal como Pedro o terá feito há cerca de dois mil anos, constatamos aquilo que devíamos ter feito e aquilo que não deveríamos ter seguido. Assim, nas nossas escolas é tempo de pausar o ano e avaliar alunos e professores. Noutro quadrante, por exemplo no Prós e Contras, é tempo de analisar, numa lógica socrática e claramente social, quem manda na escola ou no sistema educativo Português (como se saber quem manda seja sinónimo de alguma melhoria!). Ao nível do espaço político, é tempo de saber quem é o novo rosto da oposição, através de inúmeras biografias traçadas ao sabor dos interesses pessoais, e de analisar ao pormenor para que lado tenderá agora o eleitorado feminino. A um nível inferior e de interesse, somente, de um pequeno grupo de desalinhados que têm mesmo de trabalhar para sobreviver, é altura de o bonitinho do PEC começar a revelar quanto vai pagar a mais cada um dos portugueses que suportam financeiramente o Governo democraticamente eleito e democraticamente esbanjador.

(...)


Guarda, 30 de Março de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 31 de Março de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

terça-feira, março 30, 2010

Aqui há uns anos fui invadido pela música do Carlos Paredes

Aqui há uns anos, dediquei este poema ao Carlos Paredes. Ler depois de pôr a música a tocar.





Ao Paredes

Mãos nervosas,
Cordas trémulas,
Ondas vertiginosas,
Tempo à escuta…

Tempo.
Tempo?

Surdez do tempo.
Eclipse das ondas,
Cordas vagarosas…
Guitarra sem mãos!

Sons nos céus…

Imortais sopros do vulto…

Paredes levantado rumo ao tempo!

(Coimbra, 23/07/2004)

sábado, março 27, 2010

Em período de Páscoa, recordo...

Já pertenci e sinto que pertenço ainda a um grupo coral que andou por esse país fora a deixar que a música se entranhasse nos ouvidos das pessoas de forma deliciosamente natural. Hoje, deu-me para ouvir uma das peças mais bonitas que cantei. Oiçam, também, que vale bem o tempo ganho com ela: "Ave verum corpus", do magistral Wolfgang Amadeus Mozart.


sexta-feira, março 26, 2010

Algo ao despropósito

Há, por vezes, a ideia de que o melhor caminho para uma sociedade organizada e viável será a da autocracia. Dessa forma, sustentamos todo o peso da decisão política (e outras) numa figura que, quase sempre, se deixa levar pelo enfolamento e se transforma no "super-homem" cá do bairro. Como é óbvio, esse personagem é o herói da sua própria criação e senhor supremo de todas as ordenações que tomar. Não sendo a figura principal por reconhecimento geral, alimenta-se da sua própria sombra para se tornar num gigante, que a luz poderá, um dia, apagar.

domingo, março 21, 2010

Pela Palavra

(Ao António Jacinto)

Poeta
falas em cabelos de coral
e em algas verdes
ao longo da espuma;
falas de búzios
e do marulhar das ondas
no corpo mineral dos rochedos;
falas das nascentes
que palpitam nas entranhas
e que só tu vês
e sentes

Cantaste no passado
em termos de futuro
desde lá foste presente

Às vezes
emudeces…
mas não, não pode ser;
a tua voz pertence ao tempo
venha ela em ribombar agreste
fendendo a terra
e erguendo as gentes
levada pelo vento

Sim, Poeta
nas tuas veias há o amor
de um povo inteiro
que te fez seu embaixador
e seu guerreiro
na tua voz que pertence ao vento

Queremos-te erguido
vertical
sendo arrimo
diáfano cristal
a catálise
que terá de engendrar
a nova humanidade
pela palavra feita material

Solta o poema
que transmita
a coragem
a fé
o patriótico ardor
dos filhos que se batem
por amor

Que diga
a cada homem
que cada coração
deve dar ao mundo
uma lição
no dia a dia
reconstruindo
resistindo

Vamos, Poeta
este é o momento
a tua voz pertence ao tempo
tu és do povo o embaixador.

(Eugénia Neto)


P.S. - Este poema é a minha comemoração, em jeito de homenagem, ao mundo da Poesia. A Eugénia Neto é a esposa de um dos mais famosos poetas de Angola, Agostinho Neto, e dedicou este poema a outro grande vulto da literatura daquele país, António Jacinto.

quarta-feira, março 17, 2010

04. Crónica Altitude – Crónica ao Desgoverno

1. Para onde estamos a dirigir a nossa capacidade de criar e de gerar novas sociedades? Para onde estamos nós, gente com responsabilidade social, a encaminhar a nau das oportunidades que todos os jovens deste país e o próprio país merecem? Enfim, onde estamos nós a deixar cair o nível de exigência que nos deve perseguir e que fará do futuro um espaço aceitável e não manobrável por mentes falsamente aprazíveis?


(...)

Guarda, 16 de Março de 2010
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 17 de Março de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

terça-feira, março 16, 2010

Cristo na Cruz


-->Não sei se os meus gostos literários são conhecidos pelos meus caros amigos, mas não há muita gente que conheça este meu gosto (exagerado?) pelos escritores sul-americanos. Confesso-lhes que é, talvez, o meu próximo grande objectivo profissional - estudar melhor este meu gosto. Para já, deixo-vos com um dos meus poemas preferidos do livro (na versão portuguesa) "Os Conjurados", de Jorge Luis Borges.


Cristo en la Cruz
Cristo en la cruz. Los pies tocan la tierra.
Los tres maderos son de igual altura.
Cristo no está en el medio. Es el tercero.
La negra barba pende sobre el pecho.
El rostro no es el rostro de las láminas.
Es áspero y judío. No lo veo
y seguiré buscándolo hasta el día
último de mis pasos por la tierra.
El hombre quebrantado sufre y calla.
La corona de espinas lo lastima.
No lo alcanza la befa de la plebe
que ha visto su agonía tantas veces.
La suya o la de otro. Da lo mismo.
Cristo en la cruz. Desordenadamente
piensa en el reino que tal vez lo espera,
piensa en una mujer que no fue suya.
No le está dado ver la teología,
la indescifrable Trinidad, los gnósticos,
las catedrales, la navaja de Occam,
la púrpura, la mitra, la liturgia,
la conversión de Guthrum por la espada,
la inquisición, la sangre de los mártires,
las atroces Cruzadas, Juana de Arco,
el Vaticano que bendice ejércitos.
Sabe que no es un dios y que es un hombre
que muere con el día. No le importa.
Le importa el duro hierro con los clavos.
No es un romano. No es un griego. Gime.
Nos ha dejado espléndidas metáforas
y una doctrina del perdón que puede
anular el pasado. (Esa sentencia
la escribió un irlandés en una cárcel.)
El alma busca el fin, apresurada.
Ha oscurecido un poco. Ya se ha muerto.
Anda una mosca por la carne quieta.
¿De qué puede servirme que aquel hombre
haya sufrido, si yo sufro ahora?

sexta-feira, março 12, 2010

Os professores devem aprender a lidar com as provocações dentro da sala de aula?

Li, com atenção e redobrada sensibilidade (se é que é possível!), as notícias sobre o suicídio de um colega professor. Não me interessa o local onde aconteceu ou sequer a realidade social da escola em questão! Interessa-me, sim, saber como é possível que uma direcção escolar não sinta obrigação de defender o nome da escola e de agir sobre um comportamento agressivo! Como é possível que, depois de várias participações disciplinares, a solução apontada seja a de o professor alterar o seu comportamento em sala de aula, aprendendo a lidar com as provocações? Peço imensa desculpa a quem ler este "post", mas considero que é a maior estupidez que alguma vez ouvi na vida! Afinal, queremos criar uma geração de cidadãos responsáveis ou de desordeiros sem lei?

quarta-feira, fevereiro 17, 2010

02. Crónica Altitude – Crónica relacional

1. Tenho tido, ao longo dos anos, a feliz oportunidade de conhecer pessoas diferentes, com trajectos de vida e visões do mundo completamente díspares. Essas pessoas e as histórias que carregam nunca são iguais, variando no contacto com culturas e experiências ao mesmo tempo que revelam horizontes literários ricos e impregnados de felizes constatações. O que as une, segundo o meu ponto de vista, são, por um lado, alguns traços aventureiros - capazes de causar admiração e de me levar a acreditar na autenticidade de cada jornada por elas percorrida - e, por outro, visões límpidas e desinteressadas da sociedade - enquanto espaço agregador da diferença e despoletador de oportunidades comuns. No seguimento destes pontos, quais serão então as características que mais admiro nas pessoas? Quais as capacidades de atracção que elas possuem e que me fazem ficar rendido? Ora bem, para começar gosto de pessoas que são coerentes, pois obedecem sempre a uma mesma linha de honestidade e não são, por isso, manuseáveis. Depois, prefiro pessoas que ajam segundo um sentimento de familiaridade, seguindo um conhecido ditado popular (tão ao meu gosto) - “Quem dá o pão, dá a educação!”. Seguidamente, agradam-me pessoas que sejam despretensiosas e que consigam colocar de parte o célebre discurso do “- Eu sou x!” ou “- Eu sou o magnífico y!”, sendo este discurso tão usual aqui pelas nossas encostas. Finalmente, um dos traços que mais aprecio num ser humano é a capacidade para ser isso mesmo, um ser humano, capaz de perceber o outro de forma honesta e sensível.


(...)

Guarda, 16 de Fevereiro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 17 de Fevereiro de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Trevas bem escuras ou obscuras imperfeições do céu?

Cansado e, completamente, alheado das coisas mundanas. Eis um homem! Aqui se passeia pelas vistas arredondadas dos vidros das janelas e pelas curtas sombras de fisgas de portas. O que se passará lá fora? O que é que o mundo tem adiantado aos dias felizes ou tristes de cada qual que se maneia orgulhosamente? Amanhã pergunto!

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

01. Crónica Altitude – Cidade de Poesia

1. Aconteceu, recentemente, o Ciclo dedicado a Manuel António Pina, na cidade da Guarda. Confesso-vos que, durante uma semana inteira, andei sobre as nuvens invadido por um sentimento poético que, infelizmente, teve o seu ocaso no passado dia 22 de Janeiro. Nesses dias felizes, tudo à minha volta ganhou uma tonalidade especial e empurrou, ferozmente, os dias turvos e cinzentos do Inverno para bem longe, construindo, assim, a minha tão almejada Cidade Ideal. Percebi que os sentidos, que foram ecoando a partir de sons e palavras, de frases e de textos, tinham percorrido toda a mesquinha lógica citadina e, aparentemente, a tinham alterado. Entendi, então, que a cidade pode vir a respirar e a conviver, salutarmente, com uma nova cultura educacional e artística, se a basearmos numa postura mais inspiradora e menos politizada, ao mesmo tempo que será, também, menos antagónica e mais sustentável.



(...)

Guarda, 02 de Fevereiro de 2010
Daniel António Neto Rocha



(excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 3 de Fevereiro de 2010 - disponível em podcast em http://altitude.altitude.fm/)

terça-feira, janeiro 19, 2010

Poesia em movimento incerto

Com a devida vénia e agradecimento por um momento agradável, aqui fica o vídeo mais poético desta semana, colocado no blog O Homem que Sabia Demasiado.


segunda-feira, janeiro 18, 2010

Cicatrizando - TMG, 22 de Janeiro


Aqui está uma proposta muito interessante, mais uma!, para um fim de dia que se potencia como húmido e depressivo. No Teatro Municipal da Guarda, Américo Rodrigues apresentará o seu último trabalho discográfico. Dizem as "más línguas" que será, no mínimo, uma noite diferente. Acrescento eu: Bem ao jeito do Américo!

A não perder, no Café Concerto, a partir das 22 horas.

Estamos todos convidados!

domingo, janeiro 17, 2010

Semana de Manuel António Pina

Não é todos os dias que um homem com raízes na cidade da Guarda é homenageado por essa mesma cidade. Estranho? Sim e Não! Por vezes, o orgulho, com que vestimos as nossas vestes domingueiras, impede-nos de reparar em quem tem levado com esforço e dedicação o nome da cidade e do distrito até ao topo da cultura das letras portuguesas. Volto a frisar algo que já referi uma vez sem qualquer negativismo associado: gostemos muito ou pouco do trabalho que tem sido ESCRITO pelos "nossos escritores", temos de saber reconhecer toda a sua riqueza. Lembrem-se que a literatura é mais do que invejas! A literatura é vida, lá, no espaço da fruição estética.
A actividade que honra este nosso escritor é meritória e vem a tempo, pois as homenagens não se devem unicamente promover no frio de uma ausência.
Sigam as actividades, ouçam as palavras, leiam as poesias, vejam as peças e acompanhem criticamente o seminário!
Participem! Eu farei o meu papel, lá na Escola!

Vejam, detalhadamente, a programação aqui.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Dr. House - série 6



Adoro séries! Bem... adoro algumas séries que considero boas e capazes de me ensinar alguma coisa. Nem todas o fazem completamente, mas a maior parte das que eu escolho fazem-no perfeitamente. Ora bem, acabo de ver o segundo episódio daquilo a que posso chamar "O episódio do Eu (House) no Manicómio". Sim! É um episódio bipartido em dois e que revela a humanização do intragável médico arrogante. O que me ensinou? Até as árvores mais altas caem... com o seu total acordo.
Se se mantiver assim, vem de lá uma fantástica série!

domingo, janeiro 10, 2010

Vale a pena...

Aqui, por Famalicão. Hoje estou proibido de sair, porque o tempo assim o quer.


Ciclo Manuel António Pina




Nem que seja para conhecer um pouco da obra deste autor nosso conterrâneo, aqui fica uma excelente sugestão literária a decorrer nas próximas semanas, no TMG.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

2010... Mesmas expectativas de sempre?

Não há um conjunto de desejos que seja sempre comum a cada passagem de ano, mas podemos encontrar um conjunto de sentimentos que são invocados em todas as mensagens de bom ano novo: a sorte, a esperança, a saúde. Todos eles são indícios de uma vontade efectiva de boa realização pessoal no futuro ano que se apresenta. E que futuro ano é este? Que novas surpresas trará a quem já teve de tudo um pouco? Quais serão as repetições que nos esperam? Quais serão os encontros que nos estão guardados? Logo o saberemos!
Para amanhã, desejo apenas que o vivam intensamente e que o existam em toda a vossa plenitude. Sejam o que quiserem, mas de forma coerente e clara. Sejam meus inimigos coerentemente, não sejam mesquinhos. Sejam pessoas, não sejam alimárias. Sejam um antagonista em condições, não gosto de pregar a pedras!
Bom ano!

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Consolem-se!

Amanhã é dia de Consoada Natalícia. Desde há uns anos que esta data é, para mim, uma daquelas dádivas que, penso-o sempre, dificilmente voltaremos a ter. Foi numa destas épocas Natalícias que eu tive uma discussão séria com o meu irmão Sérgio (entretanto desaparecido). A razão? Foi tão importante que hoje já não a recordo e nem me esforço sequer um instante para a recordar. O importante é que tempos mais tarde perdi o meu irmão e entrei numa espiral de perdas que me fuzilaram por completo. Terei recordado essa discussão nessa altura? Sim, por imaginar que a importância que dei a um assunto que me levou a uma discussão com o meu irmão foi uma criancice sem jeito e que me roubou um instante de paz com ele.
Neste lento recordar natalício, desejo que todos os que comigo partilham memórias, pensamentos, escritos, meras ficcionalidades, piadas e leituras, possam, nesta época, pensar nos seus actos e reacções, nas suas dispersões e futilidades, na sua atitude arrogante e grosseira, pensando no porquê delas e se vale a pena continuar a insistir nelas.
Desejos de Boas Festas!

sábado, dezembro 12, 2009

Cercados pelo Fogo: 2.ª parte (3)


Esta foto foi retirada do blog da Minerva Coimbra, ver aqui, e ilustra o momento em que usei da palavra no lançamento do livro "Cercados Pelo Fogo: Parte 2" (mais sobre este assunto podem ver aqui 1 e aqui 2).
Neste momento, não com a minha total vontade, tive de me virar de costas para toda a mesa. Posso dizer-vos que pedi desculpas antecipadas por este facto, apesar de ter algumas razões para o fazer a um dos elementos que por ali se sentava e que também me as virou na situação que o livro em si relata.
Como não é desse senhor que guardo a amizade, não falemos mais nele. Quero apenas dizer que gostei de estar com o Professor e de partilhar com todos os presentes mais uma vitória da competência e da humanidade. Neste caso do Professor, pois é ele o mais destacado representante de uma maneira construtiva de estar no mundo do combate a incêndios. Ter-me honrado com um convite para participar activamente no lançamento deste seu livro, honra-me muito e faz com que eu ainda o admire mais.
Já tive oportunidade de ler alguns capítulos e de perceber mais um pouco de alguns acidentes que vitimaram os bombeiros e civis que são homenageados pelo livro. Destaco aqui o capítulo que fala sobre o Daniel Ribeiro, pois tenho o prazer de conhecer o seu irmão Pedro, da Sertã. Emociona-me o relato do Professor e sinto nele aquilo que o Pedro um dia me contou. Um abraço a este e um novo agradecimento àquele.
Nada mais por agora. Espero ter um dia destes paciência para analisar o prefácio do livro.


quarta-feira, dezembro 09, 2009

Desculpa, Fernando Pessoa!


Com todos os afazeres e distrações que tenho tido, não assinalei aqui uma data que é importante destacar. 30 de Novembro de 1935. Que eu saiba, não aconteceu nenhum facto digno de realce na política portuguesa (e ainda bem!), mas aconteceu uma grande perda na sociedade portuguesa. Se estive atento e se reparei bem, não houve uma única referência ao facto de terem passado 74 anos da morte de Fernando Pessoa (meu Mestre!) e dos outros todos que eram ele. De uma assentada, faleceram os grandes poetas da língua portuguesa e perdeu a sociedade portuguesa uma oportunidade única de ter um Prémio Nobel da Poesia que, creio-o, seria o único pacificamente aceite pela maioria dos leitores em Portugal.
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Nota - Dias antes do dia 30 de Novembro de 2009, dizia eu (como factor motivacional através da curiosidade e dos seus interesses pessoais ou ausência deles) aos meus alunos de 3.º ano (o equivalente ao 12.º do ensino regular) assim que chegaram de estágio e se preparavam para iniciar o estudo da Obra de Fernando Pessoa e dos seus "EUS" outros: "Meus caros, notem que Fernando Pessoa educou-se com uma dose infindável de cultura britânica. Aliás, reparem que uma das cidades onde se vai realizar o Mundial de Futebol de 2010 é a cidade onde ele cresceu e onde frequentou estudos - a cidade de Durban." Fado português, "factum" latino ou "anankê" grega, o facto é este: no dia 25 de Junho de 2010 (se não me engano e estou com preguiça para comprovar) realiza-se na cidade estrangeira mais pessoana um encontro da língua portuguesa. O Portugal - Brasil desse dia na cidade da adolescência de Pessoa será o factor mítico para o mundo tomar conhecimento do facto de ter havido um português admirado mundialmente pela sua arte literária que passou por ali. Gosto de pensar que será um dia de esplendor da língua portuguesa no mundo.

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Aqui fica um dos meus poemas favoritos deste grande Mestre:

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Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
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Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
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É conhecido, bem sei, mas estará bem compreendido?

Cercados pelo Fogo: 2.ª parte (2)



Como prometido, aqui fica o comentário pré-lançamento do livro do Professor Domingos Xavier Viegas.

Sou, infelizmente por experiência não aconselhada a outros, um conhecedor do trabalho académico e "livresco" deste conhecido investigador de assuntos relacionados com incêndios. O seu trabalho tem-me (lembrem-se que sou um profissional do mundo da literatura e da língua portuguesa) cativado para uma análise científica, logo consistente, de tudo o que está relacionado com um segundo "EU" - o Bombeiro. Desde que tive a infelicidade de conhecer pessoalmente o Professor (e o Professor e quem me conhece perceberão bem o que significa aquele sentimento, atrás citado), a minha vida tem sido pautada por uma defesa intransigente dos bombeiros e da necessidade de estes serem mais conscientes, mais educados, mais profissionais e mais atentos. Poderão dizer-me que posso exagerar nessa defesa ou que posso não olhar para as reais condicionantes de determinadas corporações nessa mesma defesa, mas o que me interessa acima de tudo é impedir ao máximo que o Professor Xavier Viegas tenha assunto para um próximo livro contendo a temática em que este assenta.
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O livro.
Ainda não conheço este livro ao nível do conteúdo total. Conheço, por especial cortesia do autor, o capítulo dedicado ao acidente de Famalicão da Serra. Chamo-lhe o capítulo do meu descontentamento e sei que o será de muitas outras pessoas. Não por estar mal escrito ou mal organizado, mas simplesmente por existir aquele capítulo. O livro é um relato imenso das experiências de investigação do Professor, mas não o é só. Para além do relato das experiências, é notória a existência de um sentimento que se assemelha a um "pathos" dramático. Qual será a origem deste sentimento? Talvez o facto de por vezes parecer pregar em terra de surdos e de cegos. Realço no seguimento da afirmação anterior o episódio, ainda no capítulo de Famalicão da Serra, que relata a tentativa de alguns intervenientes na análise do acidente tentarem desvirtuar a leitura que o Professor faz do desenlace e das possibilidades de sobrevivência dos infelizes que faleceram. É um episódo agónico e que tem um clímax, onde se vê a integridade do Professor e a sua coragem e clareza de espírito. Mais não digo sobre o livro.
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Amanhã.
Lá irei a Coimbra cumprir o dever de um amigo e de um admirador. Na homenagem que o Professor fará "aos que caíram" em todos os acidentes, será também feita uma homenagem ao homem que tem trabalhado e que é a face mais visível de um projecto que tem impedido que ainda mais possam cair.

sábado, dezembro 05, 2009

Cercados pelo Fogo: 2.ª parte (1)


Para já fica o aviso:

Cercados Pelo Fogo: 2.ª parte, do Professor Doutor Domingos Xavier Viegas, irá ser apresentado em Coimbra na próxima Quinta-feira (dia 10 de Dezembro de 2009), pelas 17 horas.
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A sessão de apresentação decorrerá no Auditório do Departamento de Engenharia Mecânica, da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra, e contará com a presença de alguns dos responsáveis máximos das entidades e instituições ligadas aos Bombeiros Portugueses. Mais informações aqui.
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Eu também estarei presente e usarei da palavra num breve (?) comentário à obra. Quanto ao meu comentário pré-lançamento, este ser-vos-á apresentado brevemente neste espaço de discussão.

terça-feira, dezembro 01, 2009

Uns dias com Mestre Gil!


A oportunidade de contactar com o processo de ensaio de uma peça de teatro é sempre uma oportunidade única e imperdível. A oportunidade de ver trabalhar um encenador e de poder privar com ele, quando coloca no palco e nos actores a carga simbólica sonhada dias antes, são momentos de uma aprendizagem intensa e tremendamente recompensadora.

No final do mês de Agosto, estando eu a preparar o início de mais um ano lectivo, recebi a notícia de que o Teatro das Beiras estaria, dentro de dias, a encetar ensaios para a peça “Antígona”, um dos grandes textos da literatura greco-latina. Como a curiosidade de ver encenado um texto desta magnitude é sempre imensa, decidi contactar o encenador Gil Nave (meu Mestre no Curso de Encenadores realizado há cerca de dois anos no Teatro Municipal da Guarda e patrocinado pelo INATEL) com a intenção de presenciar a mise-en-scène desta peça. Pedido aceite com gosto! O Mestre Gil deu-me acesso ilimitado a todos os momentos de preparação da peça, informando-me do dia em que se iniciariam os ensaios e da particularidade de ele ir trabalhar com a versão de Brecht que foi preparada a partir do texto original de Sófocles (quereria eu melhor?). Era chegada a vez de me deslocar até à Covilhã (cidade berço deste grupo de teatro profissional) e tomar contacto com os actores e com o espaço de trabalho.

Não foi uma situação muito normal, a que os actores tiveram de passar, pois um “corpo estranho” (que era eu!) tinha, de um momento para o outro, aparecido no seu espaço e observava tudo o que acontecia. No entanto, experiente e sabedor destas coisas surpreendentes do teatro, o Mestre Gil tratou de me dar a conhecer os e aos actores, resolvendo de forma muito simples um problema que o não chegou a ser. O espectáculo tem de continuar, pensei no momento em que vi o Mestre Gil dirigir o início do ensaio, pensando eu que iria pedir que a concentração e a disponibilidade dos actores fossem colocadas em acção. Pensei-o eu? Sim, pensei-o eu! A diferença entre trabalhar com actores profissionais e com actores amadores nota-se nestes pequenos (grandes?) pormenores, tendo eu recordado, após esta constatação, que, no Curso de Encenadores, tinha já sido referido esse facto. Mestre Gil não necessitou de pedir aos actores que o fossem, dado que o profissionalismo daquele grupo revelou-se perante mim sem demora. Calcorreando visualmente os vários momentos da peça que iam sendo ensaiados, não demorei a voltar a recordar os momentos de poeticidade intensa que me envolveram no ano de 2007. O Mestre Gil gere os seus ensaios e os seus actores com a sensibilidade de um Professor que ensina os seus alunos. Aquilo a que assisti, inicialmente, foi a uma imensa aula de história e de cultura que tinha como destinatários alunos que teriam de vivenciar e de reactivar as lendas e realidades que lhes eram apresentadas. Ainda não revelei qual era o meu papel (se é que o tinha!) naquele espaço de confidências! Pois bem, eu assistia a tudo com vontade de entrar na conversa e de partilhar experiências, mas não o fiz! Porquê? Não sei. Talvez o saiba daqui a algumas palavras.

Uns dias passaram, dependendo da minha disponibilidade a maior ou menor presença nos ensaios.

A peça ganhava forma e a minha visão da aula que frequentava também. Esta imensa aula envolvia um papel passivo e de mera observação. Envolvia, também, vários momentos de discussão sadia com o Encenador, onde lhe pedia a explicação de um determinado gesto ou decisão, onde lhe perguntava o porquê de seguir uma metodologia de encenação mais brechtiana ao invés de uma mais clássica, onde o confrontava com a minha constatação do seu papel quase paterno em relação aos actores, onde me explicou o porquê de um movimento, muito usual nele, de aproximação e de isolamento do actor para uns breves momentos de análise e de explicação do seu comportamento cénico e psicológico, onde me mostrou o porquê da existência de uma necessidade muito humana de sentir a peça como um filho prestes a sair dos nossos braços e onde voltei a admirar a capacidade de Mestre Gil em construir horizontes poéticos.

É este texto baseado e fundado numa análise de uma técnica de encenação? Sim, é. No entanto, quem nos diz que a aprendizagem que efectuamos tem sempre como resultado a descrição de um conjunto de metodologias e de estratégias adoptadas? Como uma peça de teatro que demonstra o que é a vida, também a vida se envolve e interage com o teatro, permitindo a recolha de ensinamentos de uma forma, aparentemente, despida. Aprendi? Muito. Vou fazer como o Mestre Gil faz? Não e sim, dado que o seu ideal de teatro é um (do qual gosto imenso e que admiro fervorosamente) e o meu ideal de teatro será outro, mas isso só daqui a uns anos é que poderá ser constatado.

P.S. – Agradeço ao Mestre Gil a sua atenta consideração pelo meu pedido e peço-lhe desculpa pelo modesto texto que lhe dedico; agradeço também ao Teatro das Beiras a oportunidade de conhecer por dentro o seu espaço; agradeço ainda aos actores (António Alves Vieira, Fernando Landeira, Pedro Damião, Pedro da Silva, Rui Raposo Costa, Sónia Botelho e Teresa Baguinho) o consentimento dado para a minha presença nos ensaios.


Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado em Boletim Cultural n.º 21 da Fundação INATEL)

sábado, novembro 21, 2009

Minimamente (2)


Gosto do cartaz! Atractivo, eficiente, cheio de certeza comunicativa e de sentido simbólico. Significa o total alheamento do "Nós" perante o sentido artístico do momento. Correcto, belo, sublime? Os sentidos gostam ou desgostam consoante o alimento que o intelecto consumiu e que agora faz parte da cadeia genética de quem vê. Apreciem! ou Não apreciem! Mas sempre podem experimentar.

domingo, novembro 08, 2009

Minimamente

Espero, esperamos, por ti, por vós, no dia 21 de Novembro, no Sábado, à noite, às 21h30m, no Pequeno Auditório, no Teatro Municipal da Guarda.

Minimamente. Teatro do Tintinolho.

Ver aqui.

terça-feira, outubro 20, 2009

A "Residência" Impossível?

Perdemo-nos, por vezes, em demandadas buscas de existências passadas e pouco abonatórias às nossas realizações futuras. Ao embrenharmo-nos nessas realidades, perdemos o rumo do essencial e divagamos em direcção a um acessório perfeitamente desajustado e inútil.
Vi, pela terceira ou quarta vez, o filme "A Residência Espanhola" (no original, "L'Auberge Espagnole") e, mais uma vez, emocionei-me com o mundo que temos e desaproveitamos a cada instante. Qual a identidade que temos hoje? Qual a personalidade cultural que devemos utilizar na partilha de uma maior honestidade identitária?



domingo, outubro 18, 2009

Dias de honrosas condecorações

1. Apercebi-me de que as relações entre o Governo e as instituições que representam os bombeiros estão cada vez mais próximas, chegando até ao ponto de haver condecorações na fase posterior ao período Charlie. Dizia (ou, pelo menos, soou-me) o locutor do programa “Vida por Vida”: “Duarte Caldeira destaca o papel do governo na criação do centro de recursos da protecção civil, que substituirá a Escola Nacional de Bombeiros”. Por favor, corrijam-me! Eu quero estar enganado e quero que aquilo que ouvi seja fruto da minha imaginação!


(...)

Famalicão da Serra, 18 de Outubro de 2009
Daniel António Neto Rocha
(Texto publicado no Portal Bombeiros.pt – 19 a 26 de Outubro de 2009, e disponível no link: http://www.bombeiros.pt/entrevista/entrevista.php?id=43)

quinta-feira, outubro 08, 2009

As ilusões que perdem

Ao contactar directamente com muitos adolescentes todos os dias, tenho sentido e pressentido que nada vai bem "no reino cadaveroso". Estes jovens, mais novos do que os jovens da minha idade, têm navegado à deriva num doce mar de ilusões que, quanto a mim, os tem aproximado cada vez mais de um terrível e imprevisível futuro. Quais os seus sonhos? Quais os seus anseios? Quais as suas aventuras mais utópicas? Quais os seus objectivos? São algumas das perguntas que, regra geral, se fazem antes da, já célebre, resposta:
- Não sei, ainda sou muito novo!
São muito novos? Então e qual é, afinal, a idade para se deixar de ser novo e se passar a ser um elemento válido na sociedade? Haverá limites de idade (nos dois sentidos!) para se ser um cidadão consciente e participativo na vida, mesmo que esta seja SÓ a de cada um dos jovens?
Assistimos nós, agonizados, à infindável (assim a observo!) infantilização dos nossos adolescentes e à não reacção destes contra essas mentes perversas que os tentam "apostar" no "jogo" das estatísticas europeias! Essa imensa "roleta russa", penso-o, só acabará com a desilusão de cada um dos nossos novos cidadãos.
Peço-o a cada um de vós que é pai ou mãe:
- ACORDEM OS VOSSOS FILHOS DA (DES)ILUSÃO FUTURA ANTES QUE PERCAM ESTA, JÁ!, PEQUENA OPORTUNIDADE!

domingo, setembro 27, 2009

O estado do governo

Acompanhei com isenção q.b. a campanha das eleições legislativas. Chegados agora ao resultado e à mais do que previsível formação de um Governo, deixo aqui uma pergunta que me tem "atasanado" (leia-se: ocupado) a mente:
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Se o Estado, José, quer modernidade, alta velocidade, desenvolvimento, melhor educação, melhor saúde, melhores condições de vida, diz-me lá o que vai fazer o Governo para dar isso ao Estado?
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É que isto de fazer dos eleitores "espectadores participativos" nos desejos de um Governo fictício é mera propaganda e agora quero saber o que realmente o Governo vai fazer.
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Deixo ainda um pequeno reparo: não devemos enganar o inculto, devemos, sim, educá-lo!

segunda-feira, setembro 14, 2009

10 000 dias

Hoje, caso a aplicação que me dá esta contagem esteja a fazer um bom trabalho, celebro dez mil dias de vida! Sendo um número bem redondo, apeteceu-me partilhá-lo com os que me lêem.
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Parabéns a mim!

sexta-feira, setembro 11, 2009

A minha tardia homenagem ao Professor Bonito Perfeito

Fugiu-me, ou terei fugido eu, das leituras jornalísticas semanais, na semana em que terminou o passado mês de Agosto, um dos textos que merece destaque pela sua admirável honestidade e intensa dolência, para além da fluidez do discurso e da capacidade expositiva que aprendi a admirar e a fruir.
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Eu não conheci o Dr. Bonito Perfeito pessoalmente. Conheci, através do Professor Honorato Esteves (meu familiar) e do Professor António José Dias de Almeida (meu Mestre e considerado amigo), o seu currículo de exemplo e a sua estatura moral e intelectual fora de série. Foi através deles que o seu nome (aparentemente hiperbólico) ganhou uma dimensão terrena e uma profusão corpórea. Atrás da sua (deles) admiração pelo "seu Professor", encaminhei-me a alguns dos seus artigos publicados na Revista Praça Velha. Não me espantei ou torci o "sobrolho". Li um dos seus textos sobre Virgílio Ferreira e Ovídio. A mistura entre seres tão díspares, no tempo, e, para o Professor Bonito Perfeito, tão próximos na capacidade de exporem aos seus contemporâneos obras de valor excepcional. Se eu tinha dúvidas, de adolescente à descoberta de autores valiosos, sobre o valor e a arte de Virgílio Ferreira, a partir das palavras limadas e sabedoras deste Professor "embebedei-me psicologicamente", noites dentro, com a leitura atenta e reflexiva de todos os livros (faltavam-me quatro ou cinco), que tinha à minha disposição e que entretanto ía comprando, daquele que me ensinou, realmente, a olhar para o ser humano enquanto homem e não enquanto máquina.
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O Professor Bonito Perfeito não foi meu professor. O Professor António José Dias de Almeida foi meu professor e é, neste momento, um dos modelos que sigo na minha profissão como Professor. Não conheci Virgílio Ferreira, mas leio no elogio da vida (texto que vos aconselho de seguida) toda a capacidade aglutinadora do homem enquanto ser capaz de influenciar vidas tão distantes.
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Aconselho vivamente a leitura deste texto belíssimo e agradeço a oportunidade concedida pelo Professor "Tó Zé" (como o aprendi a conhecer, carinhosamente, desde a minha infância) de nos permitir uma entrada no seu mundo de recordações pessoais.

sábado, setembro 05, 2009

Leiam o meu "mau feitio"!

Pelos vistos a capacidade de análise da podridão de que muitos parasitas fazem parte é apelidada de "mau feitio".
Ainda bem, então, que tenho "mau feitio". Ainda bem então que, caso me reconheçam isso, eu não os tenho como amigos, pois quem me conhece vos poderá dizer o contrário. Ainda bem que confundem determinação e participação cívica com mau feitio, visto que, sei-o, isso vos terá já garantido um qualquer trabalhito ou uns trocos "a mais no bolso".
Sabem uma coisa, o meu "mau feitio" é óptimo para vos ter no sítio onde vos tenho e para o qual nem me preocupo em olhar.
Tenho pena que a inveja vos tolde a vista e vos faça barafustar e calcorrear maneiras de fazer figura. Ou como alguém uma vez disse: "não é o dinheiro, são os contactos"!
Ainda bem que tenho "mau feitio"! Isso ajuda-me a não enganar quem comigo conta! Ajuda-me a ser fiel aos meus princípios! Ajuda-me a andar de cabeça erguida!
Eu sou apenas um cidadão que se preocupa com "o futuro da nossa terra" e com o futuro de filhos alheios. Eu sou apenas um Homem que se recusa a fazer parte da "fantochada" que alguém manuseia habilmente(?)! Eu sou apenas um habitante que olha para a sua Aldeia e a vê com a "corda ao pescoço"! Eu sou apenas um Bombeiro que está preocupado com o futuro dos homens da corporação a que pertence e com a própria corporação! Eu sou apenas um Professor que se preocupa com os alunos e que pretende que eles sejam melhores do que quem me apelida de ter mau feitio!
É verdade! Tenho "mau feitio" e tenham a certeza de que vou continuar a tê-lo durante muitos anos com as pessoas que se acham capazes de tudo só por terem um "amigo", um "primo", um "padrinho", um "compadrio" ou um qualquer "clube" que lhes alimenta as vontades balofas!
Podem ter a certeza de que vou continuar, em Famalicão ou fora dela, a bater-me e a bater-lhes pelas decisões caseirinhas e pelas políticas de íntima amizade.
Fico, ainda, muito contente por saber que há pessoas que lêem o que eu escrevo. Fico contente por saber que há pessoas que percebem o que eu escrevo. Fico satisfeito por saber que há pessoas que, muito possivelmente ou quase de certeza, vão ter um contacto próximo comigo e que não fazem ideia daquilo que escrevem. Fico muito satisfeito por saber que, apesar de anónimos idiotas, já pensam e escrevem sobre mim.
Pobres daqueles que vivem no anonimato e por aí se alimentam rastejando aos pés de "gigantes monstros quixotescos"!

segunda-feira, agosto 24, 2009

Crónica Atípica

1. Estou a escrever num espaço temporal que antecede a mudança do dia. Estou a escrever e pouco falta para a meia-noite. Estou a escrever e penso. Uma pergunta: não seria bom que houvesse mudanças a sério nas nossas corporações de bombeiros?


(...)

Famalicão da Serra, 23 de Agosto de 2009
Daniel António Neto Rocha
 
(Excerto do Texto publicado no Portal Bombeiros.pt - 24 de Agosto a 31 de Agosto de 2009, e disponível no link: http://www.bombeiros.pt/entrevista/entrevista.php?id=39)