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domingo, junho 01, 2014

Li: "O Menino Rei", de Carlos Carvalheira




Os espaços vazios: O Menino Rei, de Carlos Carvalheira



Os homens precisam de monstros para se tornarem humanos.

(José Gil)




Há quem diga que o espaço do “já contado” é território proibido e que qualquer acrescento ou substituição de tópicos será crime de “lesa majestade”. A ser assim o entendimento do leitor do processo criativo que está implícito na escrita, fica o conselho: não leiam este livro, livrinho ou opúsculo!

Assente nos textos bíblicos de Mateus, o mais atento dos autores do Novo Testamento à questão do nascimento, sobrevivência e crescimento de Jesus da Galileia, o autor, Carlos Carvalheira, concebe um pequeno conto que vai preencher muitos dos espaços vazios que se se reconhecem nos textos dos Evangelhos. Carvalheira desconstrói a visão ocidentalizada da ira de Herodes (como se sabe, o governador sanguinário) e constrói-a segundo uma “visão nova” onde o perseguidor do Menino se torna num dos centros da acção. E aí está a riqueza desta narrativa “em dois andamentos”. Por um lado, o nascimento e a fuga para o Egipto com a finalidade de proteger o recém-nascido. Pelo outro, a notícia do nascimento e a perseguição movida por Herodes. A novidade, que também apelidaremos como “Toque de Midas criativo”, está no tratamento que o autor dá aos espaços não preenchidos nos textos bíblicos e que consistem na categorização do medo sentido pelos fugitivos e pelo perseguidor. Se os fugitivos temem pela vida do “Menino de olhos grandes e com caracóis nos cabelos” e pelas suas próprias, o perseguidor, com traços de monstro insaciável, teme pelo fim do seu espaço (consubstanciado, ironicamente, em toda a opulência da posse de bens materiais e do direito a mandar) enquanto “todo-poderoso”. O autor, segundo nos parece, estabelece aqui um curioso e bem conseguido paralelismo com os tempos actuais, onde a perseguição ao mais fraco com a finalidade de se manterem os lugares de destaque permanece uma evidência social impossível de se menosprezar ou esconder. Neste ponto, uma interrogação parece ganhar destaque e hipóteses de ressoar para além da leitura: até que ponto estamos dispostos a chegar para conseguirmos manter o estatuto social? Não existe uma resposta, ou não se pretenderá dar resposta a esta pergunta, funcionando o conto como catalisador da reflexão para além das barreiras da própria história. Como refere José Gil (no texto “Metafenomenologia da monstruosidade: o devir-monstro”), e como nos parece que Carlos Carvalheira pretende com o seu conto, nós exigimos mais dos monstros, pedimos-lhes, justamente, que nos inquietem, que nos provoquem vertigens, que abalem permanentemente as nossas mais sólidas certezas; porque necessitamos de certezas sobre a nossa identidade humana ameaçada de indefinição. Os monstros, felizmente, existem não para nos mostrar o que não somos, mas o que poderíamos ser. Entre estes dois pólos, entre uma possibilidade negativa e um acaso possível, tentamos situar a nossa humanidade de homens.” Ou seja, o conto vem revelar que a sociedade de hoje precisa de “monstros” que permitam a nossa localização enquanto homens, entendendo-se estes homens como elementos harmonizadores de uma existência comum. Herodes ganha, portanto, o direito de ser o centro da acção desde a primeira até à última página, só perdendo esta centralidade nas últimas linhas do conto quando (levantem-se em defesa da pureza do “verbo inicial”) o Menino Rei lhe dirige algumas palavras plenas de ocasião e de ingenuidade. Os dois planos narrativos interagem por fim e a distância que os afasta transforma-se no inusitado e no criativo do momento, rendendo-se o “monstro” perante a fragilidade do Menino.

Um conto em forma infantil (notem-se as repetições, as aliterações e a recorrência, na sua maioria, a um vocabulário simples e claramente perceptível), mas com um subtexto forte e socialmente capaz de provocar no leitor atento uma visão diferente da forma como o mundo de hoje se manifesta.



Guarda, Abril de 2014

Daniel António Neto Rocha

(recensão crítica publicada In: Revista Praça Velha n.º 34. – Guarda: NAC/ CMG, Maio de 2014. – p. 224 a 225.)

sexta-feira, dezembro 07, 2012

Revista Praça Velha n.º32

No próximo dia 13 de Dezembro, pelas 18 horas, acontece na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço - Guarda, o lançamento do número 32 da Revista Praça Velha. Neste número colaboro com poemas de teor mais dolente, que espero que o caro leitor consiga compreender e apreciar. Para além desta colaboração, serão alvo de recensões críticas o meu "Refracções em três andamentos (poesia)" e o meu "Julgamento e Morte do Galo do Entrudo - 2012 (teatro)". Estou com curiosidade para conhecer o que a "crítica" diz destes meus trabalhos e para conhecer o nome dos que manusearam a pena.
 

"O 32º número da Revista conta com colaborações de Carlos d’Abreu/Emilio Rivas Calvo, Pedro Carvalho/João Carlos Lobão/ António Carlos Marques, Rui Pissarra, João Bigotte Chorão, Manuel a. Domingos, Maria de Lurdes Sampaio, Carlos Barroco Esperança, Célio Rolinho Pires. Portfolio é da responsabilidade de Daniel Margarido. A Grande Entrevista a Valentín Cabero Diéguez é conduzida por Fernando Paulouro. Poesia conta com a participação de Daniel Rocha e João Esteves Pinto. Recensões críticas de livros e cd’s incluem colaborações de José Manuel Mota da Romana, José Luis Lima Garcia, José Monteiro, Antónia Terrinha, Fernando Carmino Marques, Teresa Correia, António José Dias de Almeida, Adelaide Lopes, Joaquim Igreja, Antonieta Garcia, Manuel Sabino Perestrelo, Aires Almeida, e Pedro Pires. Este número termina com a já habitual Súmula de Atividades Culturais." (Fonte: TMNEntradaLivre)

quinta-feira, junho 28, 2012

Eu e a Revista Praça Velha n.º 31 e o Fio da Memória




Hoje, pelas 18 horas, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL) - Guarda. Na revista participo com uma recensão (a que dei o nome «A “palavra essencial” esquecida: acidente poético fatal, de Américo Rodrigues») ao livro Acidente Poético Fatal, de Américo Rodrigues, e na colecção "O Fio da Memória" com o Julgamento e Morte do Galo do Entrudo 2012 - Textos.

Abaixo leiam mais sobre o conteúdo da Revista Praça Velha 31 e sobre os novos números da colecção "O Fio da Memória".


"A Câmara Municipal da Guarda promove, no próximo dia 28 de junho, quinta-feira, na Sala Tempo e Poesia da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, pelas 18h00, o lançamento da Revista Cultural Praça Velha nº 31 e dos números 105 ao 109 da coleção “O Fio da Memória”.
O número 31 da Revista é dedicado ao tema "Comunicação Social na Guarda no Século XX" e contará com a colaboração de Adriano Vasco Rodrigues, Jesué Pinharanda Gomes, Victor Manuel S. Amaral, Aires Antunes Diniz, Manuel Leal Freire, António José Dias de Almeida, Joaquim Igreja, José Luís Lima Garcia e Luís Vieira Rente. A Grande Entrevista ao Dr. António José Teixeira é conduzida por Helder Sequeira. Poesia conta com a participação de Cristino Cortes. Portfolio é da responsabilidade de Ricardo Marta. Recensões críticas de livros e Cd’s incluem colaborações de André Boto, António Cunha, António José Dias de Almeida, Daniel António Neto Rocha, Francisco Manso, Joaquim Martins Igreja, José Alberto Ferreira, José Maria dos Santos Coelho, José Monteiro, José Manuel Suzano Louro, Ludgero Paninho, Pedro Dias de Almeida, Regina Gouveia e Vítor Afonso. Este número termina com a já habitual Súmula de Atividades Culturais.
A Coleção “O Fio da Memória” contará com mais cinco opúsculos dedicados aos seguintes temas: “João Nunes Velho - Vida em Poesia” de António Sá Rodrigues; “Julgamento e Morte do Galo do Entrudo 2012 - Textos” de Daniel Rocha; “Vela - O Teatro num Lugar” de António Manuel Gomes e João Neca; “Na sua mão direita - Manuel de Vasconcelos curador do sofrimento humano” de Manuel Poppe e “O dia em que a terra desabou” de Gabriela Marujo." (Fonte: Câmara Municipal da Guarda)

terça-feira, dezembro 13, 2011

Eu e a Revista Praça Velha n.º 30

Neste número da revista Praça Velha, colaboro com poemas e com uma recensão crítica ao livro vencedor da 1.ª edição do Prémio Manuel António Pina, em 2010: A Divina Pestilência, de João Rasteiro. Leia e dê a sua opinião!


"No próximo dia 15 de Dezembro, Quinta-feira, na Sala Tempo e Poesia da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, pelas 18h00 decorrerá o lançamento do nº 30 da Revista Cultural Praça Velha e dos números 100 ao 104 da Colecção “O Fio da Memória”.
O 30º número conta com colaborações de Aires Dinis, António Morgado, Augusto Moutinho Borges, Carlos d´Abreu e Emilio Rivas Calvo, Francisco Manso, Franklin Braga, Hermínio Ferraz, Jesué Pinharanda Gomes, José d´Encarnação, José Luís Lima Garcia e Roberto Merino. A Grande Entrevista à Pintora Evelina Coelho é conduzida por Américo Rodrigues. Poemas e Contos conta com a participação de Daniel Rocha, João Esteves Pinto e José Ferraz Alçada. Portfolio é da responsabilidade de Pedro Carvalho. Recensões críticas de livros e Cd’s inclui colaborações de António Morgado, Carlos Canhoto, Cecília Falcão, Cristina Fernandes, Daniel Rocha, Helena Santana, Jorge Torres, José António Afonso Rodrigues, José Pires da Cruz, José Pires Manso, Manuel Abrantes Domingos, Manuel Sabino Perestrelo, Maria Antonieta Garcia e Rosário Santana. Este número termina com a já habitual Súmula de Actividades Culturais.
A Colecção “O Fio da Memória”, uma edição da Câmara Municipal da Guarda, cujo objectivo é divulgar e não deixar cair no esquecimento as tradições, as memórias e a Memória… chegou ao centésimo caderno! Iniciada em 2003 a colecção mantém uma periodicidade semestral que, de cinco em cinco cadernos, vai avolumando o arquivo de memórias do Concelho! Estes números são dedicados aos seguintes temas: N.º 100 – “Andarilhando pela Memória” de Ana Maria Barbosa e Ana Leonor Pereira da Silva; N.º 101 - “Azeite do Vale da Teixeira - Ouro líquido da Ramela”, de Vanda Sá Rodrigues e Joana Sá Rodrigues; N.º 102 - “Do lenticão ao LSD”, de Américo Rodrigues; N.º 103 – “Memórias dos divertimentos e jogos das crianças, no Centro Histórico da Guarda, nos anos 50 e 60 do século XX”, de Mário Cameira Serra e N.º 104 – “Aldeia Escolhas”, de Ana Couto." (Retirado do blog do NAC-CMG.)