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quarta-feira, abril 20, 2011

Kubik, o cientista de sons



"Depois de seis anos de espera, Kubik vai editar o seu terceiro disco de originais, fechando assim a trilogia iniciada em 2001 com Oblique Musique”. “Psicotic Jazz Hall” é o título do novo trabalho e conta com a edição do Teatro Municipal da Guarda (TMG). O disco é apresentado ao vivo no próximo dia 14 de Maio, no Pequeno Auditório do TMG.
“Psicotic Jazz Hall” (título inspirado num disco do músico francês Pascal Comelade: “Psicotic Music Hall”) explora a matriz do jazz fundindo-a com o rock, a electrónica, músicas do mundo, num resultado musical mutante e sempre na procura de novos desafios criativos.
Kubik é o projecto de música electrónica de Victor Afonso, artista da Guarda com larga experiência musical no rock, na improvisação, na música experimental, e na electrónica.
A música de Kubik cruza vários géneros e é fortemente influenciada pelo imaginário cinematográfico. Manipulação electrónica, free-rock, jazz, hip-hop, ambient, world-music, metal, breakbeat, música de “cartoons”… todas estas diferentes sonoridades se fundem num grande caldeirão de estilos e estéticas que é o universo kubikiano.
O percurso começou há 13 anos com os Prémios Maqueta 1999. Dois anos depois, em 2001, foi revelação musical para o jornal Público. Seguiram-se dois discos, ambos aclamados pela crítica especializada e incluídos nos melhores dos respectivos anos por várias publicações: “Oblique Musique” (2001) e “Metamorphosia” (2005).
«Kubik is an amazing artist. He is moving into a special and particular universe. He has a fantastic records and a fantastic music… He’s a monster!» a frase é de Mike Patton (Faith No More, Mr. Bungle, Fantômas). O músico norte-americano chegou mesmo a convidar Kubik em 2004 a tocar na primeira parte do concerto dos Fantômas na Aula Magna (Lisboa).
Kubik tocou ainda em diversos festivais e na Casa da Música, Teatro São Jorge, ZDB, Fnac, Paredes de Coura, e tem no curriculum dezenas de colaborações com artistas dos mais diversos géneros musicais como Adolfo Luxúria Canibal, Old Jerusalem, Norton, Bypass, Factor Activo, Américo Rodrigues ou César Prata e remisturou vários temas para colectâneas. Compôs ainda música original para três filmes mudos e também para espectáculos de bailado, teatro, exposições, curtas-metragens e performances."


Conto não perder este espectáculo!

sábado, setembro 11, 2010

Entrevista ao jornal A Guarda

Caso alguém esteja longe dos espaços de acesso ao jornal A Guarda e queira ler a entrevista que tive o prazer de dar para a edição do dia 9 de Setembro, aqui fica a cópia.

1 – Quem é Daniel Rocha?

Sou um homem simples mas consciente dos valores que deveriam nortear a sociedade. Sou, também, um apaixonado pela Literatura e um amante das artes. E sabe que esta minha paixão pela arte faz-me ter consciência do mundo e de todos os seus intervenientes, originando em mim uma dialéctica bastante interessante e, ao mesmo tempo, tremendamente dolente, pois mostra-me que é cada vez mais difícil o mundo para as pessoas honestas. Sou, ainda, um homem que sonha com um estado de coisas sustentável e, espero não ser mal interpretado, com uma revolução séria que afaste de vez as sanguessugas do país, deixando espaço para aqueles que realmente querem servi-lo e não servir-se dele.

2 – Que ligação tem a Famalicão da Serra?

A minha ligação a Famalicão é, acima de tudo, familiar. A minha Mãe (Maria Julieta), a pedra basilar da minha vida, levou-nos, a mim e aos meus irmãos, para junto dos meus avós maternos em tenra idade e numa fase muito difícil para ela, pois ter três filhos e criá-los sozinha é algo só ao alcance de pessoas com uma força tremenda. Aí, a família e os valores que nela foram ensinados fizeram de mim o que sou hoje, com tudo o que tenho de bom e de mau. Sabe que aquilo de que me lembro mais, hoje em dia, é de alguns dias onde o meu Avô materno (o Zé Bico) assumia o papel de contador de histórias. Posso dizer-lhe que o meu gosto pela ficção e pela criação poética partiu desses dias. Depois, a Famalicão ligo-me pelo ar, infelizmente cada vez mais poluído, que por lá respiro e pelas pessoas amigas que lá guardo. Infelizmente, há um afastamento progressivo de que me tenho vindo a dar conta. Não vou alongar-me muito, pois poderia ser injusto, mas posso dizer-lhe que a concordância medrosa assente num compadrio doentio, que é tão vulgar em meios pequenos, me causa uma grave indisposição mental.

3 – Qual a sua ocupação profissional?

Profissionalmente sou Professor de Língua e Literatura Portuguesas, o vulgar Professor de Português, mas, dada a “estranha” capacidade de adaptação que tenho apreendido ao longo dos anos, tenho tido algumas experiências interessantes noutros campos.

4 – Como foi o seu percurso académico?

Olhe, nesta pergunta vai ter uma resposta possivelmente rara. Comecei por frequentar o jardim de infância que havia no Paço Episcopal, mas houve um dia em que não me deixaram ir ter com o meu irmão à sala do lado e fugi. Esta fuga era prenúncio de mudança e, pouco tempo depois, mudei-me com a minha mãe e irmãos para Famalicão. Aí, fiz então todo o ensino, que então me foi permitido fazer no conforto da aldeia. Deixe-me interromper a resposta para lhe dizer que sou completamente contra aquela treta de fazer com que crianças de 5 e 6 anos, numa fase importantíssima da sua formação mental, sejam forçadas (a bem não sei de quê, talvez de uma economia partidária!) a sofrer um afastamento violento do seu meio familiar! Bem, fiz ainda em Famalicão a antiga Telescola e não me arrependo nada disso, pois foram dois anos de ensino muito próximo por parte dos professores, ao contrário daquilo que se poderia pensar. Fui então para a Guarda e estive 6 anos no “Liceu”. Nessa altura, a mudança foi complicada, pois era só mais um aluno. Essa diferença entre o ser-se conhecido de todos e não ter ninguém que nos controle provocou-me um ligeiro desequilíbrio, mas dá sempre jeito ter uma família preocupada, pois rapidamente voltei aos “bons caminhos”. O Secundário foi muito interessante e profundamente enriquecedor, sendo um espaço de afirmação e de afinação de conhecimentos. A passagem para Coimbra e para o Ensino Superior foi facilitada por toda a exigência que os Professores do “Liceu” sempre tiveram comigo. Digamos que a grande dificuldade de Coimbra era, outra vez, a mudança de ares e a distância de casa. Coimbra era um sonho de criança e não o poderia perder. Assim, tentei “formar-me” no máximo de cursos e vivências possíveis. Nessa altura ainda não se imaginava “Bolonha” e a minha vida pautou-se entre a participação académica (integrei o Coral de Letras da Universidade de Coimbra e o Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras, fui representante dos alunos no Conselho Pedagógico da Faculdade e na Assembleia de Representantes, fui produtor do CD do Coral, participei na organização de colóquios, conferências e exposições, e muitas outras aventuras) e a minha formação, onde tive professores fabulosos que me ensinaram a acreditar nas potencialidades que tinha e a aplicá-las de forma séria e inovadora. Terminada a Licenciatura, continuei a colaborar activamente com o Instituto de Língua e Literatura Portuguesas e com o Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada, através da itinerância de exposições e da edição de textos (disponíveis on-line). Depois de tudo isto e já mais recentemente, iniciei o Mestrado em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda, tendo já concluído a parte curricular, que espero concluir em breve. Em linhas muito gerais, é este o meu percurso académico.

5 – Quando surgiu o Projecto Sérgio Rocha e quais são os seus objectivos?

O Projecto Sérgio Rocha surgiu exactamente no dia 9 de Julho de 2006. Sabe que a morte do meu irmão foi algo que estilhaçou por completo família e tudo o que aconteceu a seguir, com o aproveitamento que muitas pessoas fizeram da sua morte, deixou-me alheado do mundo e da realidade. Daí que tentei ter o meu irmão junto de nós de todas as formas possíveis. O Projecto surge com a necessária consciencialização de que a única forma de o manter connosco era fazer aquilo que ele gostava de fazer com as pessoas que gostavam dele. Essa é a essência do Projecto! Os objectivos são simples e, ao mesmo tempo, ambiciosos. Um deles é mostrar que não é por não haver dinheiro disponível que se deixa de efectuar actividades. Outro é fomentar a actividade colaborativa e, assim, oferecer oportunidades de participação em acções de vários níveis a todos. Por fim, para não haver a ideia de existirem espaços e dinâmicas adormecidas, o Projecto tenta conjugar vários esforços que conduzam a um bem comum. Pensamos que, se todos derem um pouco daquilo de bom que têm sem estarem a contar com algum lucro, podemos fazer a diferença.

6 – Que actividades o Projecto Sérgio Rocha já promoveu e pretende realizar?

A actividade em que o Projecto tem investido mais profundamente é na Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão. Como é óbvio, não seria possível realizar este seminário sobre combate a incêndios e segurança em combate a incêndios sem a colaboração do Professor Xavier Viegas e da equipa formativa do Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais, e da divulgação nacional feita pelo Portal Bombeiros.pt. Esta actividade é, só, a única do género que se realiza na Europa. Aliadas a esta actividade e aproveitando as infra-estruturas de Famalicão, já realizámos concertos e sessões de cinema (as primeiras a serem efectuadas na Casa da Cultura de Famalicão), inovando as actividades que são apresentadas à comunidade. Outra actividade que obteve muita adesão foi o Concurso de elaboração do logótipo do Projecto e que envolveu alunos da Escola Profissional da Guarda. O futuro é ambicioso e o Projecto quer inovar. Para já, estamos já a preparar condignamente a Jornada de Análise de 2011, onde vamos tentar ter o apoio das entidades políticas e da protecção civil da cidade da Guarda que se têm mantido afastadas, talvez por nossa culpa, desta actividade. E depois tenho um sonho de que o meu irmão gostaria imenso: o aparecimento de uma Orquestra Sinfónica na Guarda. Esta é uma realização que é, hoje, possível se as várias “vontades” da Guarda o quiserem. Utopia? Penso que não. Há espaços físicos, há entidades que ensinam música e diversos instrumentos, há instrumentistas locais que andam pelo país e que, decerto, não enjeitariam uma participação nesta Orquestra. Sim, seria necessário investimento financeiro, mas penso que seria facilmente rentabilizado. Olhe, tenho este sonho e um destes dias vou lançar o desafio às pessoas que poderão ajudar-me a realizá-lo.

7 – Como e quando surgiu a sua ligação aos Bombeiros de Famalicão da Serra?

A minha ligação aos Bombeiros surgiu em 1998, aquando da formação da Secção dos Bombeiros de Gonçalo. A entrada para os Bombeiros foi, na altura, uma mobilização de todos os jovens que pensavam fazer algo pela sua aldeia e pela comunidade.

8 – O que pensa da criação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra?

Esta é uma pergunta difícil. Não pense que não fiquei agradado com a sua criação, mas preferia que o tivesse sido noutras circunstâncias. A minha interpretação é que a criação da Associação pretendeu dar-nos a capacidade de regularmos o nosso próprio crescimento, pois a relação com a casa-mãe não estava a funcionar da melhor maneira, e dinamizarmos de forma positiva a nossa integração como voz audível no distrito. O que outros pensam é que foi uma tentativa de o governo calar alguma rebelião que se levantou na altura pelas circunstâncias que rodearam o acidente. Confesso que não posso deixar de dar alguma razão a estes, pois houve muita gente a colher os louros desta criação. Infelizmente, a autonomia ainda não alterou velhos hábitos nem mentalidades, logo a minha interpretação parece ser errada.

9 – Considera preocupante aquilo que acontece todos os anos, nos meses de Verão, no que se refere aos incêndios?

Considero muito preocupante o que acontece todos os anos, sim, mas não me espanta nada. O problema é que as entidades políticas e judiciais são responsáveis por este estado de coisas. Porquê? As entidades políticas criam uma embalagem interessante e cheia de leis muito positivas, mas não aplicáveis aos amigos. As entidades judiciais aplicam a lei, não fazendo investigações aprofundadas, e servem unicamente para desculpabilizar os amigos dos políticos e, talvez, de outros entes judiciais. Dou-lhe um exemplo simples: em 2006 aconteceu o que aconteceu e, da parca e mentirosa investigação judicial que se fez, concluiu-se que tinha havido negligência; como todos sabemos, um incêndio com origem negligente é punido por lei; o governo criou um spot televisivo onde se fazia alusão a essa negligência e houve um movimento de empresas que criou vários materiais relativos a essa negligência; no final de contas, os autos reconhecem a negligência e desculpabilizam-na, e o governo retira o spot de “circulação”; logo, a lei não é aplicada. Se a lei não é aplicada uma vez, haverá motivo para ser aplicada em situações semelhantes? Penso que não o deverá ser e preocupa-me isso.

10 – Em sua opinião, o que é que devia ser feito para diminuir o número de incêndios florestais?

Existem alguns factores que são determinantes no combate aos incêndios: as condições atmosféricas, o combustível e o dispositivo de combate. O primeiro não é passível de controlo de maneira nenhuma. O segundo depende dos proprietários dos terrenos e sabemos que existe uma total falta de responsabilização de proprietários e dos seus actos. O terceiro é aquilo que todos nós quisermos fazer com ele. Assim, penso que há três apostas que alterarão o cenário que é montado todos os anos: uma real aplicação da lei, sem favoritismos e sem desculpabilizações, fazendo com que quem arrisca o comportamento negligente opte por não arriscar; uma prevenção efectiva assente na distribuição de meios de combate pelos corpos de bombeiros das zonas mais afectadas pelos incêndios (sabe que não é possível que a corporação a que eu pertenço continue unicamente com uma viatura ligeira de combate a incêndios e ninguém se preocupe com isso); e, como medida eficiente e algo utópica no combate aos incêndios, a criação de grupos de reforço (GRIF’s) distritais assentes no voluntariado, ou seja, a aquisição por parte da protecção civil de veículos de combate que possam estar situados ou estacionados junto dos Centros Distritais de Operações de Socorro e que, em situações de emergência, possam ser accionados pelo recurso a bombeiros que não estejam integrados nas Equipas de Combate (ECIN). Sabe que eu acredito que os problemas que nós vamos ter com os incêndios justificam investimentos elevados, tal como o investimento nas Forças Armadas.


(Entrevista publicada no Jornal A Guarda - do dia 09 de Setembro de 2010)

domingo, abril 12, 2009

Falemos lá então de coragem!

Não tenho por hábito dar resposta a provocações vindas de quadrantes que não se regem por ideias próprias, mas, visto que para mim a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra (AHBVFS) é e será sempre um assunto com contornos afectivos fortes e sérios, decidi publicamente exercer um direito de resposta que se justifica tendo em conta a provocação que foi dirigida nas páginas deste jornal tanto a mim como a outras pessoas. Essa provocação cobarde, pois dirigida através dos jornais, de falta de “coragem para apresentar uma lista”, resulta da não-aceitação, pela minha parte e por parte de outros, da votação sem discussão (naquele espaço e naquela hora) da compra de um edifício que, supostamente, se destinava a ser convertido num quartel.
No jornal A Guarda de 26 de Março de 2009, na página 7, surge em grande destaque a notícia com o título ”António Fontes recandidata-se à direcção dos Bombeiros”. No seu corpo, surgem, para além da acusação “corajosa” acima citada, várias contradições e referências que demonstram um conjunto de processos duvidosos e plenos de infracções às regras democráticas de eleição. Senão vejamos:
1– Logo no primeiro parágrafo, o autor do artigo refere: “ (…) António Fontes recandidata-se à direcção da colectividade após verificar que não se apresentou nenhuma lista concorrente ao acto eleitoral (…) ”. Recandidata-se após verificar que não se apresentou nenhuma lista concorrente ao acto eleitoral? Segundo estas palavras, e dadas as regras democráticas de apresentação de listas, o candidato (já eleito no momento em que escrevo) terá entregado a sua lista depois do prazo permitido por lei!
2– No segundo parágrafo, o artigo continua e dá a resposta à dúvida anterior. “ (…) A entrega das listas terminou no dia 12 deste mês (Março) e, tendo em conta que não foi apresentada nenhuma candidatura, a direcção anterior, liderada por António Fontes, entregou uma lista «para evitar que a Associação caísse num vazio directivo» ”. Em primeiro lugar, não se combate o vazio directivo através de ilegalidades perante os estatutos. Em segundo lugar, o vazio directivo contorna-se através do mesmo processo que intermediou a demissão e as eleições (tal como sucedeu desde o dia 2 de Dezembro de 2008 até ao dia 27 de Março de 2009), e através do adiamento da eleição (havendo, posteriormente, a obrigação moral dos demissionários em marcarem uma Assembleia Geral de discussão da situação em que a Associação se encontra). Logo não haveria nenhum vazio directivo, pois, como se comprova pela candidatura tardia, havia vontade em continuar.
3– Já no terceiro parágrafo é feito o elogio da coragem (?) pessoal. Aparecendo como salvador da pátria (de repente relembro-me de um ilustre personagem político que ficou famoso a partir do 27 de Abril de 1928!), afirma-se o seguinte: “ (…) O dirigente contou ao Jornal A Guarda que a lista «foi feita à última da hora por não aparecer nenhuma», lamentando que os sócios que estiveram na origem da demissão da direcção anterior não tenham tido «coragem de apresentar uma lista, porque foi-lhes dada essa hipótese». ”. Como pudemos ler e agora reler, demonstra-se neste excerto toda a intenção corajosa de uma candidatura isolada. Para além de voltar a demonstrar que a vontade de aparecer como cabeça de lista é superior a uma equipa directiva organizada e pensada para as necessidades da Associação, o dirigente prefere entrar no ataque pessoal. Faz bem. Demonstra ausência de verticalidade (exigível a quem preside a uma Associação Humanitária) e de ética eleitoral. A atitude que é explorada neste excerto é de alguém que acima de tudo quer ganhar. Como (obrigado pelo elogio!) eu, principalmente, e outros, que votaram na proposta de adiamento e discussão da votação, não concordámos com a vontade férrea da Direcção em comprar o edifício em questão sem haver antes uma discussão saudável e profícua (assim o penso!), os órgãos directivos demitiram-se. Porquê? Está visto neste artigo o porquê: o diálogo tem de ser indirecto. Este dirigente recusa a discussão directa dos assuntos e prefere a injúria através dos meios de comunicação social. Aqui lhe dou os parabéns pela “coragem”!
4- Ainda no terceiro parágrafo, lê-se assim: “ (…) Recorde-se que os elementos da direcção da AHBVFS demitiram-se em bloco, no dia 1 de Dezembro de 2008, pelo facto de os sócios não terem concordado com a aquisição de um imóvel para quartel sede.”. Lamento-me eu: oh!, afinal não foi por causa de mim! Então se foi pela não concordância com a aquisição de um imóvel por parte da Assembleia Geral (como neste passo se diz), por que se fala acima (no texto transcrito no ponto 3) da existência de sócios que estiveram na origem da demissão? Sim, meu caro dirigente, pelos vistos a vontade de controlar e decidir isoladamente é o seu forte, mas lembre-se de que vivemos num país onde a Democracia (pelo menos teoricamente) ainda é lei, mesmo em Famalicão da Serra.
5- Não pretendendo transcrever todo o artigo, transcrevo apenas mais um excerto. Diz-se no quinto parágrafo, tentando o autor reconstruir o caminho que levou às eleições, “ (…) De acordo com António Fontes, «como a direcção não pode cumprir com o plano de actividades, pediu a demissão para que essas pessoas [eu e outros] que entendem que deve haver um quartel novo e não uma recuperação, possam tomar conta da associação e cumprirem essa finalidade, porque pela nossa parte não é possível» ”. Afinal de contas parece haver um problema de coerência entre as várias declarações que foram feitas. Naquela altura a causa da demissão terá sido a impossibilidade de cumprir o plano de actividades. Agora a razão ou a causa já se deve a um conjunto de sócios. Decida-se, meu caro, por uma das razões. Isso ajudará na sua capacidade de comunicação, revelando também uma maior coerência de ideias.
Estes são os pontos do artigo que são mais interessantes, pois demonstram de uma forma clara qual é a estratégia e quais são as intenções que parecem nortear a linha programática deste dirigente, infelizmente.
Já agora, dado que nem se preocupou em saber directamente, vou enunciar-lhe as razões que impediram ou desaconselharam uma candidatura pela minha parte:
1-Infelizmente, tenho uma profissão que, neste momento, não me liga a Famalicão da Serra. Felizmente, hoje, trabalho na Guarda, mas amanhã pode ser noutro local. Dava para pertencer a um dos órgãos? Sim, dava, mas pertencer por pertencer não e, também, ninguém me convidou, mesmo “à última da hora”!
2-Como sabe, ou deveria saber, houve um período de candidaturas para construção de Infra-estruturas na Área da Protecção Civil com verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), que, curiosamente, se desenrolou desde Dezembro de 2008 até finais de Março de 2009. Curiosamente, as eleições para os órgãos da Associação ocorrem apenas depois desse prazo (a convocação de eleições necessita de um prazo de três meses?). Meu caro, eu não me candidato a nada segundo a vontade de outros ou na altura que convém aos outros. Assumo com coragem as minhas responsabilidades, mas não me candidato a nada para, simplesmente, “encher balões”.
3- Foram sondadas algumas pessoas para que pudesse ser constituída uma lista sólida, desinteressada e alheada de interesses instalados noutros quadrantes. Infelizmente, de algumas dessas pessoas houve uma demonstração de interesse, mas não estavam em condições estatutárias para aceitar. Infelizmente, de outras houve a demonstração de necessidade de afastamento para descansar. Infelizmente, os sócios que estavam interessados são Bombeiros, como sabe, e teriam de afastar-se do corpo activo para integrar os órgãos directivos.
4- Como deixei bem explícito noutro jornal (durante o mês de Dezembro), teria toda a vontade em integrar os órgãos directivos caso viesse a ser necessário. A utilização do conjuntivo deu-me razão, visto que apareceu quem, “após verificar que não se apresentou nenhuma lista concorrente ao acto eleitoral”, se candidatou “corajosamente”.
5- Finalmente, meu caro, tenho pena que Famalicão da Serra viva debaixo de um regime. As pessoas devem ter direito a seguir as ideias próprias. Não pense que as suas ideias são melhores do que as dos outros e, se as suas são diferentes, mude de estratégia e tente convencer de que as suas ideias são melhores recorrendo ao diálogo. Não pense que o poder democrático que possui é sinónimo de autoritarismo. As perseguições por discordância de ideias não funcionam e estão conotadas com uma outra época.
Meu caro, tenho pena que tenhamos chegado a este momento, pois a “conversa” através dos jornais não serve ninguém, mas pelos vistos é assim que tenta lançar-se para outros voos, tentando demonstrar a sua coragem ao invés da dos outros. Tenho pena que tenha pensado que assim ganharia espaço e fôlego políticos. Enganou-se! Posso dizer-lhe que acabou por perder mais do que aquilo que ganhou e digo-lhe, ainda, que talvez tenha ganho alguns adversários! Posso, também, dizer-lhe que a minha postura em defesa das instituições de Famalicão da Serra não é titubeante, ou seja, não prefiro uma (que me pode ser mais útil) em relação a outra (que me é indiferente). A AHBVFS vai contar sempre com a minha participação plena, enquanto sócio e bombeiro, em todos os assuntos e problemáticas. Assim como o Senhor, como Presidente da Direcção, poderá sempre contar com a minha ajuda e colaboração para honrar cada vez mais a Associação que preside, contando sempre com a minha voz crítica e com as minhas ideias pessoais numa dialéctica construtiva, mesmo que, por vezes, sejam contrárias às suas vontades pessoais e políticas.


Famalicão da Serra, 29 de Março de 2009
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado no Jornal A Guarda - do dia 02 de Abril de 2009, e também disponível através do link: http://www.jornalaguarda.com/noticia.asp?idEdicao=295&id=15329&idSeccao=3805&Action=noticia)