segunda-feira, junho 27, 2011

5.ª Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão (9 de Julho de 2011)



"O Projecto Sérgio Rocha tem vindo a realizar, ao longo dos últimos quatro anos, em colaboração com o Portal Bombeiros.pt e com o Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF – ADAI), uma actividade formativa relacionada com o Incêndio que ocorreu no dia 9 de Julho de 2006 e que vitimou seis bombeiros, entre os quais o Sérgio Rocha (que empresta o seu nome a este projecto). Essa actividade tem sido reconhecida como um exemplo essencial para a formação de bombeiros e demais agentes da Protecção Civil, sendo-lhe concedidos os mais variados elogios por parte, principalmente, dos participantes (num total de cerca de trezentas pessoas) mas também por parte dos vários organismos e instituições relacionados com o combate a incêndios.

No presente ano, apesar de efectuadas múltiplas diligências para uma atempada realização, constatou-se que precisaríamos de reformular a forma como temos abordado os temas e a forma como deveríamos trabalhar no terreno o processo formativo, verificando que o montante a investir era incomportável para este projecto, uma vez que não possui verbas necessárias a essa realização.
Assim sendo, decidiu-se interromper por um ano esta Jornada, estando previsto para 2012 o seu regresso com mais e melhores actividades.
Desta forma, este ano o Acidente de Famalicão será recordado com uma acção mais informal e mais intimista, que consiste numa ida ao local do acidente (pelas 15 horas do dia 9 de Julho de 2011), onde se colocará uma coroa de flores e se fará um momento de reflexão e de troca de ideias por parte daqueles que queiram partilhar connosco este momento. Depois deste momento, o Projecto oferece um lanche a todos os participantes. A inscrição para esta deslocação deverá efectuar-se no Portal Bombeiros.pt.
No entanto, pretendemos que todos aqueles que se queiram deslocar ao local do acidente em dias diferentes daquele em que iremos assinalar este quinto aniversário o possam fazer. Desta forma, aceitam-se inscrições de grupos de pessoas para dias diferentes, tendo os interessados de enviar um pedido para o e-mail: projecto.sergiorocha@gmail.com, a solicitar esse acompanhamento. A partir desse contacto será efectuada a marcação.

Pela organização,

Daniel António Neto Rocha"

sábado, junho 25, 2011

Li: “Hieracita”, de Jaime Alberto do Couto Ferreira


O que esperar de um romance de trezentas e algumas páginas com o sugestivo nome de “Hieracita” (corruptela de “Hieracite”), que significa pedra preciosa usada para curar as hemorróidas?
O protagonista maior da obra (o narrador mais do que autodiegético), José de seu nome, vive numa aldeia de burgessos (alusão clara ao que foi (?) a aldeia natal do autor – Famalicão da Serra) de onde vai partir em busca de riqueza e, nota-se no desenrolar do fio da narrativa, ao encontro do conhecimento que nunca poderia atingir num “quotidiano entre as alimárias e os toscos”. Daí, decide sair e tentar a sorte tal como já tinha feito o seu irmão Alberto.
Assim que os dados estão lançados, o narrador dá-nos a visão do grande surto de procura da borracha (nas florestas brasileiras) e o autor mostra-nos todo o seu conhecimento em História da Economia, através de longas (demasiado longas?) descrições acerca dos problemas que se seguiram ao “boom” da borracha. Rico, “maçon” e agora proprietário de múltiplos terrenos em Famalicão, José torna-se um estrangeiro na sua terra.
Regressado de férias, fica fascinado com a beleza de uma menina “aperfilhada” por um padre, sendo em Famalicão que continuará a vida, sempre dando ares de galã e aproveitando para herdar a riqueza do padre Nave. Aqui começa uma descrição imensa sobre o papel da igreja e o autor volta a referir as milhentas leituras efectuadas em literatura oficial da religião católica, apresentando um rol de livros que, aparentemente, estavam na célebre arca do clérigo.
Antes de terminar a vida do narrador/ personagem e o próprio romance, o autor ainda tem tempo para: descrever hábitos e comportamentos dos burgessos de Famalicão e de mulheres “desgraçadas” por uma vida de depravação e de ingenuidade; apresentar histórias rocambolescas da banda filarmónica; e fazer uma apreciação muito curiosa sobre os professores da escola primária.

No final, para quem lê o romance fica a dúvida: estaria o autor a escrever um romance ilustrado com demasiadas referências bibliográficas ou estaria o autor a construir uma lista bibliográfica e saiu-lhe um romance? De qualquer das formas, é um romance que se lê bem (para o comum dos leitores, habituado a sofrer com a escrita realista e naturalista ou com a escrita intelectual de Umberto Eco) e que tem como feliz particularidade a existência de um narrador multifuncional (ao jeito de José Saramago) que cruza tempos e espaços diferenciados (como bem se nota na referência proléptica às eólicas que o narrador nunca sonhou sequer ver). A partir destes pontos de destaque, convém referir ainda a visão, que deve ser lida e analisada em jeitos antropológicos, de Famalicão e dos seus habitantes, pois a leitura sociológica que perpassa por toda a obra é a de que o nativo desta aldeia é abrutalhado e incapaz de um pensamento, havendo a necessidade da fuga ao vale para se atingir, por fim, a abertura de espírito capaz de construir consciências e educar o intelecto. Concordo plenamente com esta visão! Depois, importa fazer notar que é um romance que apresenta muitos erros de escrita, não se notando nele qualquer trabalho de edição por parte de um linguista ou de um revisor. Não é que este último ponto possa fazer do romance melhor ou pior, mas torna a língua deste romance bem pior. Por fim, o autor entrega-nos nas mãos um romance que deve ser lido por quem quer conhecer, não só, um pouco da alma de uma aldeia mas também o espírito dos filhos da terra que um dia saíram e por lá por fora ganharam a clarividência suficiente para conseguirem viver alheados dos burgessos típicos de Famalicão que ainda por lá vão recolhendo aplausos.

sexta-feira, junho 24, 2011

O dia antes

Os movimentos internos
Que o ser fez
Aparentando um reboliço
Um qualquer cataclismo prestes
Um tipo incomum de gestos
Plenos de novidade

Os começos de um ciclo
A ser longo e feliz
Cheio de marcas dolentes

A expulsão voluntária
O abraço materno
O largar das amarras
E o querer ser um eu
Independente.



(escrito a partir da observação da barriga que mexia, entre Junho de 2010 e Março de 2011)

terça-feira, junho 21, 2011

17. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do consumo ou dos sítios públicos

1. Não sou muito de alegar “lugares comuns”, mas, deixem-me dizer-vos, que no meu tempo não se via nada assim. E não pensem que não havia já comportamentos de risco e coisas parecidas! Foi na semana passada que ouvi, mais uma vez, uma reportagem sobre o consumo de drogas na cidade da Guarda. Até aqui nada de novo, pois a nossa cidade sempre teve condições, chamemos-lhes “geo-comerciais”, excelentes para este tipo de comportamento, se não acreditam atentem ou pesquisem sobre o fantástico trabalho da “nossa” Polícia Judiciária, desde há anos, na luta contra esta ilegalidade. No entanto, nem eu – que creio sempre que tudo pode acontecer – estava à espera de ouvir o que ouvi no noticiário da manhã desta mesma Rádio Altitude. Na voz escondida de “um proprietário” de um café, ouviam-se palavras de uma tonalidade grave e de um medo extremo de um “conjunto de adolescentes” que se sentavam lá dentro não para consumirem os produtos que aí se vendiam, mas para (espantem-se!) fumarem uns charritos. Como, decerto, são jovens bem cotados na sociedade guardense, em primeiro lugar não se deram ao trabalho de ler aquele aviso que proíbe o consumo de produtos não comprados no estabelecimento, e, depois, o grupo de jovens ainda consegue dizer a esse proprietário que estão num lugar público, por isso podem fumar o que quiserem ou dizer o que bem lhes vá na “real gana”. Esta agora! Daqui a pouco dizem que dormem lá dentro e que o dono vá “ao diabo que o carregue” que aquele espaço é deles! Senhor proprietário, faça favor de os colocar na rua ou, se eles se recusarem, feche-os lá dentro e chame a polícia e os papás! Vai ver que por um lado ou por outro a coisa resolve-se. O que é certo é que este tipo de comportamento, que diz respeito ao consumo e posse de drogas leves, se vem generalizando e parece estranho, nos dias que correm, ouvir algum estudante do terceiro ciclo do ensino básico afirmar que nunca contactou com estas substâncias. O caso dos cafés da Guarda é, pois, um pequeno exemplo de algo que varre o país e que necessita de medidas urgentes - uma nova legislação sobre o consumo de drogas, uma vez que: ou se proíbe tudo, e a posse passa a constituir crime; ou se regulamenta a produção e a venda com fins específicos e em locais bem controlados, facilitando o controlo do consumo e da venda, e castigando quem se dedique ao comércio paralelo e com fins de tráfico ilegal. Sim, podem contar ao Vítor Gaspar e ao Álvaro Santos Pereira que há esta hipótese de amealhar mais uns trocos para o Orçamento de Estado com um imposto sobre as substâncias psicotrópicas de origem vegetal!

(...)

Guarda, 20 de Junho de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 21 de Junho de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

sexta-feira, junho 17, 2011

Pensalamentos emprestados #3


"O Professor é muito exigente nas aulas!"


P.S. - Pequeno comentário que funciona como interrogação a quem cair aqui em leitura: Não é essa a minha/ nossa função?

quinta-feira, junho 16, 2011

O materialismo informático é um dos elementos principais do PAC


A minha amiga e colega de profissão Liliana Verde enviou-me o "cartoon" que acompanha esta mensagem. É um "cartoon" que faz todo o sentido e que funciona como um aviso para as novas gerações de pais, pois este é um dos grandes motivos que fazem com que o PAC (Processo de Analfabetização em Curso), para o qual o meu caro amigo Manuel Poppe tem chamado a atenção, ganhe asas e voe.
Apetece-me ser bruto e acrescentar algo que já não é novo:
aos pais de hoje o que interessa é que os outros vejam que eles dão aos seus filhos as últimas modernices tecnológicas, mas nem se preocupam em dar-lhes uma educação que lhes permita usar a cabeça.

quinta-feira, junho 09, 2011

quarta-feira, junho 08, 2011

Crónica Bombeiros.pt: Mais do que exigir respeito, temos de aprender a merecê-lo!

1. Tenho andado algo atrasado na forma como interajo com os leitores deste nosso Portal, pois tenho uma vida, neste momento, intensa e, obviamente, muito saborosa. Nesta grande azáfama, tenho pensado muito naquilo que acontecerá aos bombeiros voluntários portugueses no ocaso (se posso ser assim optimista!) desta crise económica. Todos sabemos que haverá grandes reorganizações em todos os sectores da vida. O que fazer com um corpo social extremamente necessário mas que se pauta por um comportamento muito diferenciado e, se mo permitem, completamente destrambelhado (se atentarmos na forma como tantas “casas” são governadas)?

(...)


Guarda, 8 de Junho de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt a partir das 17h00m do dia 08 de Junho de 2011)

terça-feira, junho 07, 2011

16. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica de Oz ou da procissão do Adeus!

1. Cabe-me a mim, acérrimo defensor das qualidades indubitáveis e extremas do Primeiro-Ministro Engenheiro, dar a triste notícia ao vasto auditório deste espaço de opinião chamado de Crónica Diária. Cá vai a bomba tristonha: pelos vistos, ainda não é desta que emigro e deixo de vos provocar essa sensação de quase ardor nos ouvidos! Voilá! Sim, que andava eu todo entretido a pensar em que país se estaria melhor do que em Portugal, quando dou por mim no meio de uma população, que ama a propaganda e o facilitismo personificados numa já figura mitológica criada por um qualquer pseudo-Platão do merchandising político, a votar numa, já citada em tempos idos, figura literária surreal: o Coelho Branco da Alice no País das Maravilhas. Não quero estar para aqui a repetir textos idos, mas este personagem do romance de Lewis Carroll é reconhecidamente um eterno atrasado que tem de estar sempre a horas em todos os sítios, apesar de quase ninguém conseguir perceber que sítios são esses. Ora bem, tentando matar a metáfora que é mais comparação, no Domingo foi dia de eleições e o agora Primeiro-Ministro a ser é… (Oh!, pessoal, não se arranjam aí uns rufos para dar mais “pica” a isto? Ah!, pois… a Santíssima Trindade das ajudas e dos resgates, não é? Eu percebo… Voltamos a estar de tanga!) Voltando à vaca fria, a nova voz da rádio governamental é… Pedro Passos Coelho!

(...)

Guarda, 06 de Junho de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 07 de Maio de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)