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sábado, fevereiro 01, 2014

Conversa com o jornal O Interior

Respondi a um conjunto de questões à Sara Quelhas, jornalista do jornal O Interior, e daí nasceu este pequeno artigo que ela escreveu sobre mim e sobre o futuro. Aqui têm para ler:


Daniel Rocha ambiciona viver somente da escrita
«As obras ficaram-me com suor e algumas lágrimas»

Daniel Rocha, de 31 anos, contactou com a escrita desde cedo, nos versos da mãe sobre os santos populares e nas histórias do avô. Mais tarde chegou a vontade de a levar mais “a sério”: «A literatura está demasiado comprometida e tenho uma palavra a dizer para a libertar», afirma, salientando que, se iniciou este caminho, «é para o continuar da forma mais profissional».
Nascido na Guarda, Daniel Rocha tem uma «grande ligação» a Famalicão e reside atualmente em Moimenta da Serra (Gouveia), mas defende que a região não determina a sua escrita, exceto «no campo das crónicas, em que ela é o centro da análise». Já as suas fontes de inspiração surgem no dia-a-dia, sendo que os “bloqueios” acontecem, mas «não me posso dar muito ao luxo de os ter», ironiza o autor. Exigente por natureza, Daniel Rocha confessa que «a versão final de um texto nunca é aquela que o tempo obriga a ser final». Todas as personagens que cria são suas «amigas», pelo que «as obras ficaram-me com suor e algumas lágrimas», confessa. O livro que mais o marcou ainda está na “gaveta”, mas, entre os publicados, “Refrações em três andamentos” foi o que mais “custou” «emocionalmente».
Ainda assim, não dedica tanto tempo à escrita quanto gostaria, muito por ter escolhido «a pior profissão para ter uma vida descansada do ponto de vista monetário», sublinha, adiantando que as suas ambições a curto prazo são «estabilizar profissionalmente, seja a dar aulas ou noutro trabalho». Escritor “freelancer”, Daniel Rocha acredita que é possível viver da escrita em Portugal, mas somente com os «romances da moda», considerando que «se exigir que o leitor pense a obra, terá uma vida de autossatisfação regada com dificuldades constantes». «Gosto que os meus leitores pensem o que leem e que especulem sobre a obra», sublinha. O escritor espera publicar alguns dos livros que tem na “gaveta” para «dar mais um empurrão a esta vontade de um dia viver da escrita». Daniel Rocha lançou recentemente “O Convento”, em edição de autor, encontrando-se já em pré-venda. Mais informações e encomendas para o email silenciosasdiscussoes@gmail.com. 

(Texto publicado no jornal O Interior de 30-01-2013, ver aqui)

quinta-feira, julho 18, 2013

Entrevista ao Portal Bombeiros.pt

Caso vos interesse, leiam o que disse ao Portal Bombeiros.pt sobre o Projecto Sérgio Rocha. A entrevista e texto introdutório são da responsabilidade de Nicolas Reis, aluno do curso de Ciências da Comunicação da Universidade da Beira Interior (UBI). Leiam aqui.

sábado, maio 25, 2013

Rádio F: entrevista

Oiçam aqui a entrevista na Rádio F. Estive à conversa com a Monike Costa na sexta-feira passada.

quinta-feira, maio 23, 2013

Guarda: amanhã, 11h, na Rádio F

Amanhã, dia 24 de Maio pelas 11 horas, estarei à conversa com a Monike Costa, a partir das 11 horas, nas ondas da Rádio F. Será uma conversa sobre o Curso de Combate a Incêndios Florestais que decorre em Famalicão no Sábado, dia 25, e que marca o início da 7.ª Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão. Mas a conversa deverá, tenho a certeza, passar por outros temas e será agradável de seguir.

sábado, maio 12, 2012

Rerguntas e Pespostas no Café Mondego

Leiam as minhas perguntas e respostas no Jogo do Gato e do Rato que o Américo Rodrigues criou no seu Café Mondego. É só carregar aqui!

sábado, setembro 11, 2010

Entrevista ao jornal A Guarda

Caso alguém esteja longe dos espaços de acesso ao jornal A Guarda e queira ler a entrevista que tive o prazer de dar para a edição do dia 9 de Setembro, aqui fica a cópia.

1 – Quem é Daniel Rocha?

Sou um homem simples mas consciente dos valores que deveriam nortear a sociedade. Sou, também, um apaixonado pela Literatura e um amante das artes. E sabe que esta minha paixão pela arte faz-me ter consciência do mundo e de todos os seus intervenientes, originando em mim uma dialéctica bastante interessante e, ao mesmo tempo, tremendamente dolente, pois mostra-me que é cada vez mais difícil o mundo para as pessoas honestas. Sou, ainda, um homem que sonha com um estado de coisas sustentável e, espero não ser mal interpretado, com uma revolução séria que afaste de vez as sanguessugas do país, deixando espaço para aqueles que realmente querem servi-lo e não servir-se dele.

2 – Que ligação tem a Famalicão da Serra?

A minha ligação a Famalicão é, acima de tudo, familiar. A minha Mãe (Maria Julieta), a pedra basilar da minha vida, levou-nos, a mim e aos meus irmãos, para junto dos meus avós maternos em tenra idade e numa fase muito difícil para ela, pois ter três filhos e criá-los sozinha é algo só ao alcance de pessoas com uma força tremenda. Aí, a família e os valores que nela foram ensinados fizeram de mim o que sou hoje, com tudo o que tenho de bom e de mau. Sabe que aquilo de que me lembro mais, hoje em dia, é de alguns dias onde o meu Avô materno (o Zé Bico) assumia o papel de contador de histórias. Posso dizer-lhe que o meu gosto pela ficção e pela criação poética partiu desses dias. Depois, a Famalicão ligo-me pelo ar, infelizmente cada vez mais poluído, que por lá respiro e pelas pessoas amigas que lá guardo. Infelizmente, há um afastamento progressivo de que me tenho vindo a dar conta. Não vou alongar-me muito, pois poderia ser injusto, mas posso dizer-lhe que a concordância medrosa assente num compadrio doentio, que é tão vulgar em meios pequenos, me causa uma grave indisposição mental.

3 – Qual a sua ocupação profissional?

Profissionalmente sou Professor de Língua e Literatura Portuguesas, o vulgar Professor de Português, mas, dada a “estranha” capacidade de adaptação que tenho apreendido ao longo dos anos, tenho tido algumas experiências interessantes noutros campos.

4 – Como foi o seu percurso académico?

Olhe, nesta pergunta vai ter uma resposta possivelmente rara. Comecei por frequentar o jardim de infância que havia no Paço Episcopal, mas houve um dia em que não me deixaram ir ter com o meu irmão à sala do lado e fugi. Esta fuga era prenúncio de mudança e, pouco tempo depois, mudei-me com a minha mãe e irmãos para Famalicão. Aí, fiz então todo o ensino, que então me foi permitido fazer no conforto da aldeia. Deixe-me interromper a resposta para lhe dizer que sou completamente contra aquela treta de fazer com que crianças de 5 e 6 anos, numa fase importantíssima da sua formação mental, sejam forçadas (a bem não sei de quê, talvez de uma economia partidária!) a sofrer um afastamento violento do seu meio familiar! Bem, fiz ainda em Famalicão a antiga Telescola e não me arrependo nada disso, pois foram dois anos de ensino muito próximo por parte dos professores, ao contrário daquilo que se poderia pensar. Fui então para a Guarda e estive 6 anos no “Liceu”. Nessa altura, a mudança foi complicada, pois era só mais um aluno. Essa diferença entre o ser-se conhecido de todos e não ter ninguém que nos controle provocou-me um ligeiro desequilíbrio, mas dá sempre jeito ter uma família preocupada, pois rapidamente voltei aos “bons caminhos”. O Secundário foi muito interessante e profundamente enriquecedor, sendo um espaço de afirmação e de afinação de conhecimentos. A passagem para Coimbra e para o Ensino Superior foi facilitada por toda a exigência que os Professores do “Liceu” sempre tiveram comigo. Digamos que a grande dificuldade de Coimbra era, outra vez, a mudança de ares e a distância de casa. Coimbra era um sonho de criança e não o poderia perder. Assim, tentei “formar-me” no máximo de cursos e vivências possíveis. Nessa altura ainda não se imaginava “Bolonha” e a minha vida pautou-se entre a participação académica (integrei o Coral de Letras da Universidade de Coimbra e o Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras, fui representante dos alunos no Conselho Pedagógico da Faculdade e na Assembleia de Representantes, fui produtor do CD do Coral, participei na organização de colóquios, conferências e exposições, e muitas outras aventuras) e a minha formação, onde tive professores fabulosos que me ensinaram a acreditar nas potencialidades que tinha e a aplicá-las de forma séria e inovadora. Terminada a Licenciatura, continuei a colaborar activamente com o Instituto de Língua e Literatura Portuguesas e com o Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada, através da itinerância de exposições e da edição de textos (disponíveis on-line). Depois de tudo isto e já mais recentemente, iniciei o Mestrado em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda, tendo já concluído a parte curricular, que espero concluir em breve. Em linhas muito gerais, é este o meu percurso académico.

5 – Quando surgiu o Projecto Sérgio Rocha e quais são os seus objectivos?

O Projecto Sérgio Rocha surgiu exactamente no dia 9 de Julho de 2006. Sabe que a morte do meu irmão foi algo que estilhaçou por completo família e tudo o que aconteceu a seguir, com o aproveitamento que muitas pessoas fizeram da sua morte, deixou-me alheado do mundo e da realidade. Daí que tentei ter o meu irmão junto de nós de todas as formas possíveis. O Projecto surge com a necessária consciencialização de que a única forma de o manter connosco era fazer aquilo que ele gostava de fazer com as pessoas que gostavam dele. Essa é a essência do Projecto! Os objectivos são simples e, ao mesmo tempo, ambiciosos. Um deles é mostrar que não é por não haver dinheiro disponível que se deixa de efectuar actividades. Outro é fomentar a actividade colaborativa e, assim, oferecer oportunidades de participação em acções de vários níveis a todos. Por fim, para não haver a ideia de existirem espaços e dinâmicas adormecidas, o Projecto tenta conjugar vários esforços que conduzam a um bem comum. Pensamos que, se todos derem um pouco daquilo de bom que têm sem estarem a contar com algum lucro, podemos fazer a diferença.

6 – Que actividades o Projecto Sérgio Rocha já promoveu e pretende realizar?

A actividade em que o Projecto tem investido mais profundamente é na Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão. Como é óbvio, não seria possível realizar este seminário sobre combate a incêndios e segurança em combate a incêndios sem a colaboração do Professor Xavier Viegas e da equipa formativa do Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais, e da divulgação nacional feita pelo Portal Bombeiros.pt. Esta actividade é, só, a única do género que se realiza na Europa. Aliadas a esta actividade e aproveitando as infra-estruturas de Famalicão, já realizámos concertos e sessões de cinema (as primeiras a serem efectuadas na Casa da Cultura de Famalicão), inovando as actividades que são apresentadas à comunidade. Outra actividade que obteve muita adesão foi o Concurso de elaboração do logótipo do Projecto e que envolveu alunos da Escola Profissional da Guarda. O futuro é ambicioso e o Projecto quer inovar. Para já, estamos já a preparar condignamente a Jornada de Análise de 2011, onde vamos tentar ter o apoio das entidades políticas e da protecção civil da cidade da Guarda que se têm mantido afastadas, talvez por nossa culpa, desta actividade. E depois tenho um sonho de que o meu irmão gostaria imenso: o aparecimento de uma Orquestra Sinfónica na Guarda. Esta é uma realização que é, hoje, possível se as várias “vontades” da Guarda o quiserem. Utopia? Penso que não. Há espaços físicos, há entidades que ensinam música e diversos instrumentos, há instrumentistas locais que andam pelo país e que, decerto, não enjeitariam uma participação nesta Orquestra. Sim, seria necessário investimento financeiro, mas penso que seria facilmente rentabilizado. Olhe, tenho este sonho e um destes dias vou lançar o desafio às pessoas que poderão ajudar-me a realizá-lo.

7 – Como e quando surgiu a sua ligação aos Bombeiros de Famalicão da Serra?

A minha ligação aos Bombeiros surgiu em 1998, aquando da formação da Secção dos Bombeiros de Gonçalo. A entrada para os Bombeiros foi, na altura, uma mobilização de todos os jovens que pensavam fazer algo pela sua aldeia e pela comunidade.

8 – O que pensa da criação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra?

Esta é uma pergunta difícil. Não pense que não fiquei agradado com a sua criação, mas preferia que o tivesse sido noutras circunstâncias. A minha interpretação é que a criação da Associação pretendeu dar-nos a capacidade de regularmos o nosso próprio crescimento, pois a relação com a casa-mãe não estava a funcionar da melhor maneira, e dinamizarmos de forma positiva a nossa integração como voz audível no distrito. O que outros pensam é que foi uma tentativa de o governo calar alguma rebelião que se levantou na altura pelas circunstâncias que rodearam o acidente. Confesso que não posso deixar de dar alguma razão a estes, pois houve muita gente a colher os louros desta criação. Infelizmente, a autonomia ainda não alterou velhos hábitos nem mentalidades, logo a minha interpretação parece ser errada.

9 – Considera preocupante aquilo que acontece todos os anos, nos meses de Verão, no que se refere aos incêndios?

Considero muito preocupante o que acontece todos os anos, sim, mas não me espanta nada. O problema é que as entidades políticas e judiciais são responsáveis por este estado de coisas. Porquê? As entidades políticas criam uma embalagem interessante e cheia de leis muito positivas, mas não aplicáveis aos amigos. As entidades judiciais aplicam a lei, não fazendo investigações aprofundadas, e servem unicamente para desculpabilizar os amigos dos políticos e, talvez, de outros entes judiciais. Dou-lhe um exemplo simples: em 2006 aconteceu o que aconteceu e, da parca e mentirosa investigação judicial que se fez, concluiu-se que tinha havido negligência; como todos sabemos, um incêndio com origem negligente é punido por lei; o governo criou um spot televisivo onde se fazia alusão a essa negligência e houve um movimento de empresas que criou vários materiais relativos a essa negligência; no final de contas, os autos reconhecem a negligência e desculpabilizam-na, e o governo retira o spot de “circulação”; logo, a lei não é aplicada. Se a lei não é aplicada uma vez, haverá motivo para ser aplicada em situações semelhantes? Penso que não o deverá ser e preocupa-me isso.

10 – Em sua opinião, o que é que devia ser feito para diminuir o número de incêndios florestais?

Existem alguns factores que são determinantes no combate aos incêndios: as condições atmosféricas, o combustível e o dispositivo de combate. O primeiro não é passível de controlo de maneira nenhuma. O segundo depende dos proprietários dos terrenos e sabemos que existe uma total falta de responsabilização de proprietários e dos seus actos. O terceiro é aquilo que todos nós quisermos fazer com ele. Assim, penso que há três apostas que alterarão o cenário que é montado todos os anos: uma real aplicação da lei, sem favoritismos e sem desculpabilizações, fazendo com que quem arrisca o comportamento negligente opte por não arriscar; uma prevenção efectiva assente na distribuição de meios de combate pelos corpos de bombeiros das zonas mais afectadas pelos incêndios (sabe que não é possível que a corporação a que eu pertenço continue unicamente com uma viatura ligeira de combate a incêndios e ninguém se preocupe com isso); e, como medida eficiente e algo utópica no combate aos incêndios, a criação de grupos de reforço (GRIF’s) distritais assentes no voluntariado, ou seja, a aquisição por parte da protecção civil de veículos de combate que possam estar situados ou estacionados junto dos Centros Distritais de Operações de Socorro e que, em situações de emergência, possam ser accionados pelo recurso a bombeiros que não estejam integrados nas Equipas de Combate (ECIN). Sabe que eu acredito que os problemas que nós vamos ter com os incêndios justificam investimentos elevados, tal como o investimento nas Forças Armadas.


(Entrevista publicada no Jornal A Guarda - do dia 09 de Setembro de 2010)