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sexta-feira, outubro 20, 2017

Crónica Bombeiros.pt: Senhor Presidente, demita-se!

O debate acerca dos incêndios de 2017 ainda não saiu à rua. De facto, a imensa turba barulhenta que se tem ouvido é exclusivamente partidária e com intenções claramente eleitoralistas. Foi-o antes das autárquicas e é-o já (e isto é de louvar nos partidos mais activos) na preparação das eleições de 2019. Arrisco-me a dizê-lo, houvesse uma pró-actividade tão grande destes putativos governantes no tratamento da res publica, quando são efectivamente governantes e deputados e outras coisas, e viveríamos descansadamente num país perfeito.
Depois da pequena introdução, gostaria de fazer uma pequena declaração: sou um homem livre no uso e abuso da minha vontade expressiva e na reflexão temática, não sendo dado a preferências partidárias ou de outra índole. Digo isto porque penso que as demissões compulsivas não funcionam e que as mesmas têm de ter um fundamento que vai para além da emotividade própria dos momentos trágicos ou da aparente constatação de fracassos de modelos. Onde quero chegar com isto? Quero dizer que a cosmética não tem qualquer efeito na efectivação de medidas e que a demissão de responsáveis governativos não adianta nada de nada. Provas? O que disse o autarca de Pedrógão Grande depois do dia 17 de Junho? Disse que os Planos de Emergência não serviam para nada, pois seriam, no seu entendimento, teoria que ninguém lê e ignorou a sua real aplicação. Como ele, quantos não dizem e não fizeram o mesmo? Convém recordar os mais incautos, os menos atentos e os que não vão além do horizonte da sua casa, que o responsável máximo ao nível dos concelhos na área da Protecção Civil é o Presidente da Câmara. Deverá, portanto, caber a este a gestão e monitorização de tudo o que puder ser tido como risco e de todos os intervenientes na actividade de prevenção ou resolução desses riscos. Faço um desafio aos leitores: se o não souberem já, perguntem nas Câmaras Municipais dos vossos concelhos quantas reuniões das Comissões que preparam as medidas a aplicar ao nível da prevenção de riscos e do combate aos mesmos riscos houve durante este ano. E tentem saber quais as decisões que foram tomadas e efectivadas no terreno. E, já agora, tentem também perceber junto das Juntas de Freguesia (as actas das Assembleias serão uma boa fonte de informação) se houve a necessária comunicação de riscos existentes para os gabinetes concelhios.
Quem ouve, através da comunicação social, todos e cada um a falar sobre a falência do Estado na defesa de povoações e de pessoas, e tende a acusar qualquer Ministro e incentivá-lo a demitir-se, deve pensar naquilo que não fez!
Quem fala, nos mesmos canais, nos pedidos feitos ao Presidente da República ou a Secretários de Estado ou à “virgem Maria” para enviar meios para os seus concelhos e durante a ocorrência anda a dar beijinhos e abracinhos pelo meio das ruas das aldeias a arder, deve pensar naquilo que não fez e naquilo que deveria estar a fazer para minimizar os estragos!
Quem acusa, seja comunicação social, comentadores, opinadores ou candidatos a tantos lugares ricamente emplumados, deve pensar naquilo que não fez e naquilo que fez enquanto as povoações ardiam, e na informação que poderia disponibilizar às povoações e não disponibilizou!
Para termos razão no apontar de dedo que fazemos aos outros, sejam bombeiros, sejam operacionais de outras forças, sejam ministros, sejam presidentes de autoridades ou de outras instituições, temos de ter a certeza de tudo termos feito da nossa parte para impedir que a desgraça acontecesse. E isto não aconteceu!
Por tudo isto, e usando a estratégia de tantos e até do Sr. Presidente da República, pergunto agora eu aos Senhores Presidentes das Freguesias e Senhores Presidentes das Câmaras: Quando vão assumir a vossa responsabilidade em tudo o que aconteceu e assinar a vossa carta de demissão? Ou não há dignidade da vossa parte?

P.S. – A aldeia onde vivo, sim, também esteve debaixo de fogo no dia 15 de Outubro de 2017.

Moimenta da Serra (Gouveia), 20 de Outubro de 2017
Daniel António Neto Rocha

terça-feira, junho 22, 2010

Inscrições na IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão - Guarda

Já está disponível a aplicação para inscrição na IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão - Guarda.

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Noutros países do mundo, os locais onde se dão acidentes com bombeiros servem como espaços de investigação e de aprendizagem, especialmente no que diz respeito ao fenómeno “Blow-up” ou “efeito chaminé” (como vulgarmente é conhecido no seio dos bombeiros). Nesses espaços de investigação e reflexão são recolhidos ensinamentos que ajudam a educar e sensibilizar os bombeiros para a importância dos equipamentos de protecção individual e assim tentar evitar tragédias similares.

Este evento é organizado em colaboração pela Associação Amigos Bombeirosdistritoguarda.com (AABDG), pelo Projecto Sérgio Rocha e pelo Centro de Estudos de Incêndios Florestais (CEIF), e terá o apoio de diversas entidades ligadas à Protecção Civil. Os trabalhos serão conduzidos pelos organizadores
.

No dia
10 de JULHO de 2010, junte-se a nós na reflexão aprofundada sobre o acidente ocorrido a 9 de Julho de 2006 em Famalicão da Serra e na singela homenagem aos companheiros falecidos em combate. As conferências e a preparação do “staff-ride” ocorrerão na Casa da Cultura de Famalicão.

Programa (provisório)


09:30 - Sessão de abertura

09:45 às 12:30 - Curso de Protecção Individual no Combate a Incêndios Florestais

12:30 - Almoço

14:30 - “Staff-ride” (Visita de estudo ao local do acidente)

17:30 - Final das Jornadas


- A inscrição custa 15 euros (até ao dia 6 de Julho de 2010), com direito a refeições e entrada gratuita nas actividades, por pessoa, sendo que crianças com menos de 15 anos, que acompanhem os pais, não pagam.


- O programa será actualizado brevemente com os nomes dos formadores e respectivas lições.


- Aconselham-se os participantes que pertençam a corporações de bombeiros a utilizar a farda de trabalho e os restantes participantes a trazerem roupas adequadas a caminhadas.


- Aconselha-se a deslocação dos participantes em viaturas TT, sendo que quem não as possui não fica impedido de participar.


- A inscrição ficará confirmada após a confirmação da transferência bancária para a conta da organização. O comprovativo de transferência bancária deverá ser depois digitalizado e enviado para o e-mail fornecido pela organização. Ao optar pela inscrição a partir do dia 7 de Julho, o preço da inscrição será de 25 euros.


- Demais indicações serão fornecidas pela organização após o efectuar da inscrição no portal bombeiros.pt .

domingo, maio 02, 2010

IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão da Serra

Cabe-me dar conta do estado em que se encontra a edição deste ano deste momento formativo e afectivo. Não existe ainda um programa definido, mas realizar-se-á no dia 10 de Julho de 2010. Quando houver alguma novidade, será anunciado todo o programa e toda a envolvente logística, que será à partida muito mais simples do que a do ano transacto.

sábado, dezembro 12, 2009

Cercados pelo Fogo: 2.ª parte (3)


Esta foto foi retirada do blog da Minerva Coimbra, ver aqui, e ilustra o momento em que usei da palavra no lançamento do livro "Cercados Pelo Fogo: Parte 2" (mais sobre este assunto podem ver aqui 1 e aqui 2).
Neste momento, não com a minha total vontade, tive de me virar de costas para toda a mesa. Posso dizer-vos que pedi desculpas antecipadas por este facto, apesar de ter algumas razões para o fazer a um dos elementos que por ali se sentava e que também me as virou na situação que o livro em si relata.
Como não é desse senhor que guardo a amizade, não falemos mais nele. Quero apenas dizer que gostei de estar com o Professor e de partilhar com todos os presentes mais uma vitória da competência e da humanidade. Neste caso do Professor, pois é ele o mais destacado representante de uma maneira construtiva de estar no mundo do combate a incêndios. Ter-me honrado com um convite para participar activamente no lançamento deste seu livro, honra-me muito e faz com que eu ainda o admire mais.
Já tive oportunidade de ler alguns capítulos e de perceber mais um pouco de alguns acidentes que vitimaram os bombeiros e civis que são homenageados pelo livro. Destaco aqui o capítulo que fala sobre o Daniel Ribeiro, pois tenho o prazer de conhecer o seu irmão Pedro, da Sertã. Emociona-me o relato do Professor e sinto nele aquilo que o Pedro um dia me contou. Um abraço a este e um novo agradecimento àquele.
Nada mais por agora. Espero ter um dia destes paciência para analisar o prefácio do livro.


quarta-feira, junho 24, 2009

III Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão

Este é o cartaz da actividade que tenho andado a organizar. Espero encontrar-vos cá!



É já no próximo dia 9 de Julho de 2009. O programa e as incrições encontram-se em: http://www.bombeiros.pt/staff_raid/jornadas.php .

segunda-feira, maio 04, 2009

Porquê e para quê? Uma questão hipócrita

1. Foi (re) lançada a campanha de prevenção de incêndios florestais para 2009. As frases que desde logo me despertaram alguma atenção foram: “A MAIOR PARTE DOS INCÊNDIOS COMEÇA COM UM ACTO NEGLIGENTE! NÃO SEJA CULPADO POR UM CRIME COMO ESTE!”. Ainda não fazendo um comentário, mas sugerindo-o, começo por caracterizar estas frases como verdadeiramente hipócritas ou, se assim o quiserem, como afirmações enganosas.

2. O Dicionário Houaiss (o dicionário mais global no que diz respeito à Língua Portuguesa) define desta forma a palavra HIPOCRISIA: substantivo feminino 1. Característica do que é hipócrita; falsidade, dissimulação. 2. Acto ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade. 3. Carácter daquilo que carece de sinceridade. Esta definição é a leitura mais objectiva e mais clara do sentimento que me percorre de cada vez que tenho de ver na televisão ou de ouvir na rádio o spot publicitário que pretende alertar a sociedade civil para os perigos dos incêndios.

3. Portugal é um país pródigo a afirmar aquilo que não se vem a verificar. Sinto-o na pele e está na altura de o partilhar convosco. Estamos perto de atingir os três anos do Acidente de Famalicão da Serra – incêndio onde perdeu a vida o meu irmão e onde várias famílias ficaram irremediavelmente destroçadas. Não o digo apenas pela minha. Depois desse triste dia, houve um compromisso das autoridades que tinha como intenção o efectivo castigo dos CRIMES cometidos. Isso está comprovado nas palavras ditas e repetidas no lançamento das campanhas de prevenção de incêndios que se seguiram (ver:
Link Eco; Link TVI; Link SIC; Link RTP).

4. Hoje: a hipocrisia continua e é clara. A investigação, às causas que originaram o incêndio, parou no ponto em que o incendiário é visto como um pobre coitado que teve um azar. O ministério público não reabre novas investigações apesar de haver informações que dão como certo um “comportamento negligente” e consciente. Toda a gente assobia para o lado, não querendo afirmar o que realmente aconteceu. Não, posso dizer-vos com toda a certeza: a culpa não está na faísca, está na queimada.

5. Senhor Presidente da República, Senhores Ministros, Senhor Procurador Geral, demais Senhores responsáveis: não é com a mentira ou com a ameaça oca que o problema dos incêndios se resolve. Um mentiroso negligente está a viver impunemente, enquanto há várias pessoas que desde 9 de Julho de 2006 sofrem. Senhores, chega de promessas adiadas e de falsas ameaças, deixem-se de hipocrisias. Castiguem quem devem castigar e não tenham medo de perder votos (ver:
Link Expresso).

Famalicão da Serra, 02 de Maio de 2009
Daniel António Neto Rocha
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(Texto publicado no Portal Bombeiros.pt - 4 a 10 de Maio de 2009, e disponível no link: http://www.bombeiros.pt/entrevista/entrevista.php?id=24)