quarta-feira, fevereiro 17, 2010

02. Crónica Altitude – Crónica relacional

1. Tenho tido, ao longo dos anos, a feliz oportunidade de conhecer pessoas diferentes, com trajectos de vida e visões do mundo completamente díspares. Essas pessoas e as histórias que carregam nunca são iguais, variando no contacto com culturas e experiências ao mesmo tempo que revelam horizontes literários ricos e impregnados de felizes constatações. O que as une, segundo o meu ponto de vista, são, por um lado, alguns traços aventureiros - capazes de causar admiração e de me levar a acreditar na autenticidade de cada jornada por elas percorrida - e, por outro, visões límpidas e desinteressadas da sociedade - enquanto espaço agregador da diferença e despoletador de oportunidades comuns. No seguimento destes pontos, quais serão então as características que mais admiro nas pessoas? Quais as capacidades de atracção que elas possuem e que me fazem ficar rendido? Ora bem, para começar gosto de pessoas que são coerentes, pois obedecem sempre a uma mesma linha de honestidade e não são, por isso, manuseáveis. Depois, prefiro pessoas que ajam segundo um sentimento de familiaridade, seguindo um conhecido ditado popular (tão ao meu gosto) - “Quem dá o pão, dá a educação!”. Seguidamente, agradam-me pessoas que sejam despretensiosas e que consigam colocar de parte o célebre discurso do “- Eu sou x!” ou “- Eu sou o magnífico y!”, sendo este discurso tão usual aqui pelas nossas encostas. Finalmente, um dos traços que mais aprecio num ser humano é a capacidade para ser isso mesmo, um ser humano, capaz de perceber o outro de forma honesta e sensível.


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Guarda, 16 de Fevereiro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 17 de Fevereiro de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Trevas bem escuras ou obscuras imperfeições do céu?

Cansado e, completamente, alheado das coisas mundanas. Eis um homem! Aqui se passeia pelas vistas arredondadas dos vidros das janelas e pelas curtas sombras de fisgas de portas. O que se passará lá fora? O que é que o mundo tem adiantado aos dias felizes ou tristes de cada qual que se maneia orgulhosamente? Amanhã pergunto!

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

01. Crónica Altitude – Cidade de Poesia

1. Aconteceu, recentemente, o Ciclo dedicado a Manuel António Pina, na cidade da Guarda. Confesso-vos que, durante uma semana inteira, andei sobre as nuvens invadido por um sentimento poético que, infelizmente, teve o seu ocaso no passado dia 22 de Janeiro. Nesses dias felizes, tudo à minha volta ganhou uma tonalidade especial e empurrou, ferozmente, os dias turvos e cinzentos do Inverno para bem longe, construindo, assim, a minha tão almejada Cidade Ideal. Percebi que os sentidos, que foram ecoando a partir de sons e palavras, de frases e de textos, tinham percorrido toda a mesquinha lógica citadina e, aparentemente, a tinham alterado. Entendi, então, que a cidade pode vir a respirar e a conviver, salutarmente, com uma nova cultura educacional e artística, se a basearmos numa postura mais inspiradora e menos politizada, ao mesmo tempo que será, também, menos antagónica e mais sustentável.



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Guarda, 02 de Fevereiro de 2010
Daniel António Neto Rocha



(excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 3 de Fevereiro de 2010 - disponível em podcast em http://altitude.altitude.fm/)