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domingo, julho 20, 2014

Ataque cerrado às novas gerações formadas no ensino superior público

Nada me convence de que os recentes cortes na investigação e nos centros de investigação das instituições de ensino superior não estejam relacionados com o ataque ministerial à formação de professores. Infelizmente, as instituições de ensino superior preferiram olhar para o lado em vez de se defenderem das acusações governamentais de mau ensino e de má formação dos seus alunos. Agora, é a vez do coração das instituições ser atingido. Olho para a minha Faculdade (Letras da Universidade de Coimbra) e vejo um centro de excelência (de Cultura Clássica), com membros respeitados em todo o mundo (todos conhecem o nome Maria Helena da Rocha Pereira), a ser destruído pelas decisões do Ministério da Ciência e da Educação.
Infelizmente, o silêncio cúmplice acaba por vir a ter um som e, no caso de muitas instituições, esse som é de agonia!

quarta-feira, abril 02, 2014

Crato desmonta o imbróglio



O texto que o jornal "Público" utiliza como forma de chamar a atenção da notícia na sua página do Facebook é elucidativo: "O mapa de Portugal regressa às salas de aula. Desta vez não há ultramar, só mar." Crato e os seus compinchas são a nova face de uma política antiga e incapaz de fugir à totalitarismo e à autodeificação. E até a colocação dos enganosos mapas é "aconselhada" para a mesma hora, numa estupidificante acção de propaganda ideológica e de aparente enobrecimento do acto. O senhor Crato não quer também rezar o "Pai Nosso" enquanto se agradece ao criador o facto de sermos portugueses cheios de água? (Nota: sou católico e percebo bem a ironia que utilizo.) Absurdo, estupidificante, presunçoso, arrogante e, também, de um nacionalismo "bacoco" e "balofo" que faz lembrar as mais primárias acções da corja de Salazar! "Não discutimos a pátria!" faltará afirmar a pulmões pujantes a este pequeno tirano de falsas insinuações. Grande Portugal, feito de água! Sim, agora é mais fácil perceber por que é que vamos metendo tanta e de forma imparável! Em mês de Abril, daquele Abril que se diz da liberdade, faltará alguém fazer uma grande análise aos valores de Abril que são preconizados e efectivados pelos "donos da democracia"! 

O senhor Crato virá dizer que ele, sim, viveu e sofreu com a ditadura. Eu, bem mais novo, não vivi nem sofri com "aquela ditadura". Conclusão: ele não aprendeu nada com aquilo que viveu e que (duvido, mas...) sofreu; eu aprendi com "aquela" e com esta que agora vivemos! 

quinta-feira, março 20, 2014

O preço da vergonha universitária: 42 milhões de euros

Sim, ficámos hoje a saber o custo da traição que as Universidades portuguesas fizeram a todos os seus alunos, negando-se a tomar partido numa questão que as enterrou na lama da desconsideração e da nulidade das suas competências formativas.
Alguns meses depois de este mesmo Governo, que agora dá "lampeiro" a esmola caridosa, ter considerado que o trabalho das Universidades não merecia credibilidade, percebe-se o porquê e o custo do "silêncio compincha": 42 milhões de euros!
Este é, a partir de agora e sem a garantia de ser pago, o primeiro vislumbre (primeira tranche?) da vergonha universitária e, claro, o vislumbre daquilo que é o ensino universitário dos nossos dia: um mero ponto de passagem! Razão tinha Torga quando, com uma visão profética, declarou que tinha por lá passado "como cão por vinha vindimada." Nem ele reparando nela nem ela reparando nele. Claro está que, nos dias que correm, a Universidade repara no número de cabeças que por ali entram, mas só para efeitos contabilísticos, e não tem em consideração nada mais. É pena, pois a educação deveria ser o seu centro de acção!

«"Interrogado sobre se garantia que os montantes cortados em excesso nos orçamentos das instituições, relativamente aos que estritamente corresponderiam aos novos cortes salariais aplicados aos seus trabalhadores para 2014, o secretário de Estado respondeu afirmativamente, referindo que, com os dados da execução orçamental de Fevereiro, ou com os de Março, as contas seriam feitas e os orçamentos das instituições seriam reforçados com as diferenças (previstas em cerca de 42 milhões no total do sistema), na altura da aprovação do próximo orçamento rectificativo", lê-se num comunicado da Federação Nacional de Professores (Fenprof) divulgado depois da reunião.» (Público)

quarta-feira, março 19, 2014

Em idos tempos na Guarda #1

Uma aluna, daquelas nervosas e preocupadas com o muito que ainda havia para fazer,"bombardeou-me" um dia com mil e muitas perguntas sobre um trabalho que estava a fazer, um relatório. Hoje deparei-me com as respostas que lhe dei naquele dia e aqui fica um exemplo.


5.º - Na discussão e conclusões é para [fazer o] quê?

Na discussão... deves mandar vir contigo própria! E se aparecer a tua mãe, pai, irmãos, manda vir com eles também! Ok? Mais a sério... A discussão serve para tu referires o porquê de uma opção que tomaste. Porque não escolheste outra cor? Porque seguiste determinada ideia? Deves tentar fazer essa diferenciação.
Conclusões? Conseguiste bater em alguém? Deu resultado descarregar a fúria na pobre velhinha que passava na rua? Deves referir se o resultado final é satisfatório. Se evoluíste em relação ao que pretendias fazer no início do trabalho. Etc..


Se resultou? 

Boa pergunta! 

Penso que sim, pois o nervosismo e o excesso de dúvida têm de se combater com bom humor e com concentração no objectivo final!

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

Repentes #36 - dinheiro que nasce

É uma das "coisitas" que me tem dado "a volta ao miolo" e que tem a sua piada. O Governo português tem cortado a torto e a direito na educação, mas sempre que é para dar o jeito a alguém lá desencanta uns milhões para "investir". Agora, à laia de uma qualquer necessidade de emprego para alguns amigos, lá desencantam 140 milhões de euros para "coisos" (há quem lhe chame cursos) de dois anos, para enganar mais uns quantos incautos estudantes que pensarão que estão a fazer pela vida e estarão, apenas, a pagar para adiar ainda mais o futuro!
Parece que ainda acrescentou, o cratino do ministro, que o futuro dos exames passará pela sua informatização, ou coisa do género. Para já nem sequer vou comentar, mas parece-me que Crato continua a ser o único ministro da educação em Portugal que, realmente, faz bem ao ensino.   

terça-feira, dezembro 03, 2013

Ainda um pouco de Educação

Não queria voltar a este tema, mas a estupidificação de um povo e o "gozo" infernal que lhe é dado por uma cambada de usurpadores obriga-me a exorcizar este mal-estar.
É muito interessante observar o "jogo" político e social que está imerso neste imenso pantanal que é Portugal. Ontem, mais uma vez, vimos como se consolidam os protectorados e como se continua a gozar (para não dizer um palavrão!) com uns e outros. Vamos lá falar direito: só os professores formados há (até) cinco anos é que podem estar "não aptos para a docência" e, por isso, devem fazer uma prova? Quer isto dizer que quem tem tido ao longo dos anos uma atitude estanque e mumificada nas escolas, não investindo em qualquer formação que lhe permita evoluir, é bom professor? Então e quem ao longo de seis, sete, oito, nove anos ou mais tem trabalhado em escolas, centros de formação, escolas profissionais, aec e afins? Estes últimos, pela contagem do Ministério, não têm (muitos deles) nem três anos de serviço, mas têm entre seis a nove de experiência! O que é um professor experiente? São muitas e variadas as cores com que se pode pintar um burro, mas ele não deixa de o ser! O protectorado é algo que eu tenho acompanhado ao longo dos tempos até por aquilo que andei a fazer nos meus tempos de estudante. Na Faculdade, e presente em muitas reuniões do Conselho Pedagógico, pude ser daqueles que olharam para o processo de criação de novos cursos como algo muito duvidoso! Sim, garantia o lugar aos professores, mas garantia uma vida de miséria a quem frequentasse cursos de saída duvidosa! Depois veio Bolonha e, mais uma vez, era obrigatório que tudo fosse aceite como os Ministérios e a Europa diziam, pois garantia-se a propina dos três anos e ainda haveria propinas para mais dois (mais caras estas). E nós, os alunos, lá íamos referindo que era uma estratégia manhosa que faria com que os profissionais saíssem com menos competências do que frequentando o modelo antigo. Claro que nada disso foi aceite como justificação e, sempre pensando em preservar lugares e ter o máximo de cabeças nas salas, tudo foi avante!
Agora? Agora é o silêncio das Universidades e dos Politécnicos. Agora é ver o meu Reitor a dizer que a guerra deles é outra e não podem dar atenção a esta ridicularização pela qual as Universidades e os Politécnicos estão a passar. Mas qual é a guerra deles? Bem, preservar lugares e conseguir garantir o emprego de professores. É o que sempre fizeram! Pensam mal? A garantia dos lugares dos professores não existe! Vai haver um dia em que ninguém se vai inscrever nos cursos de ensino superior por tudo isso não passar de um engano e tudo colapsa! Será que ainda ninguém se apercebeu que estamos a chegar ao ponto do desinteresse total? As pessoas emigram porque o país não as quer e as manda embora, não só com as palavras dos políticos mas também com a ridícula oferta de condições de trabalho e de pagamento. Vai chegar o dia em que as pessoas não se irão inscrever no ensino superior porque as suas universidades ou politécnicos, quando é preciso defenderem os seus alunos ou ex-alunos, os tratam como gado já transaccionado: não é problema deles!

Neste país quem defende as novas gerações? Ninguém, pois não fazem parte do protectorado! Por isso, vão gozar com outro!

segunda-feira, novembro 25, 2013

Guarda: educação e cultura

É um artigo muito interessante em termos de reflexão pessoal que o jornal Público trouxe num destes dias (pode ler-se aqui).
Numa dessas partes é defendida a coexistência entre Cultura e Educação (e veio-me logo à memória o Teatro Municipal da Guarda e o Américo Rodrigues, que representa e todos aqueles que por ali por aquele espaço têm dado tanto e recebido tão pouco em troca...), e eu lembrei-me também daquilo que foi alegado em off para a minha saída de uma escola da cidade: eu seria um gajo do teatro e da cultura, logo seria perigoso.
Claro está que o perigo é agora bem visível naquilo que disse o Secretário de Estado da Cultura: "Ao PÚBLICO, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, reconhece que “estes números não nos ficam bem” e defende a necessidade de se reforçarem as políticas educativas com as políticas culturais. “Temos de ter em conta estes dados para reforçar a minha convicção de que a dinâmica de colaboração entre a área da Cultura e a área da Educação, desde o pré-escolar até ao ensino secundário, é absolutamente essencial”, diz Barreto Xavier."
E, sim, é uma questão de gerações. Este que agora quer acabar com o trabalho do Teatro Municipal da Guarda é exactamente da mesma geração (foram muito "amiguinhos") daquele que me dispensou em tempos.

sábado, novembro 23, 2013

Educação: prova idiota, universidades e tomada de posição!


Estou completamente convencido da estupidez que é fazer a tal prova que possibilita a entrada no concurso "para inglês ver" que pode permitir a entrada como precário numa escola. Para além do princípio errado em que ela se baseia (na minha opinião deviam dirigir-se às "universidades" que venderam os cursos a jacto e, sim, aí fazerem todo o tipo de despistagem que quisessem!), ainda quer provar que todos nós somos competentes a demonstrar que não somos totalmente incompetentes, ou seja, a demonstrar que até fazemos uma exame que é uma vergonha para a raça humana! Pior, a qualidade atinge-se assim? Qual é pressuposto? Há universidades que permitiram a saída de imbecis com o seu carimbo e autorização? 

Quanto às universidades, e não coloco no saco todos os professores dessas mesmas universidades, não se sentem no mínimo enxovalhadas pela completa desconsideração das vossas competências enquanto entidades formadoras de profissionais? É que eu tinha a ideia de que a minha avaliação tinha sido rigorosa e baseada na qualidade. Para além disso, pensei que não estava a ser ensinado e avaliado "com gato" em vez "de lebre"!

Nos dias de hoje sinto-me envergonhado por ver e sentir que a minha Universidade, e em especial a minha Faculdade, não tomou qualquer posição crítica na defesa dos seus licenciados e, ao mesmo tempo, dos seus próprios docentes e investigadores! Ao que parece, apenas estão interessados em defender a parte que lhes compete do (Des)Orçamento de Estado!

A minha Universidade de Coimbra e a minha Faculdade de Letras não têm nada a dizer?

Antes que me esqueça: eu não farei qualquer prova de estupidificação!

sábado, novembro 09, 2013

Portugal: haja educação...

... nem que seja noutro sítio! Ler o seguinte artigo:

"Língua portuguesa declarada prioritária por Governo da Extremadura

O Governo Regional da Extremadura declarou que a língua portuguesa representa uma prioridade absoluta para o ensino.

César Díez Solís, encarregue da tutela da educação no executivo regional, falou do tema nas segundas Jornadas de Língua e Cultura Lusófonas, citado pelo JN: «Estamos a dar passos importantes para potenciar o português. Não apenas pela proximidade com Portugal, mas pela dimensão que está a adquirir a língua portuguesa a nível internacional, com a projeção de países emergentes como Brasil.»

O dirigente destacou que o Governo Regional está a desenvolver esforços para promover a língua portuguesa também a nível social, além dessa aposta a nível da comunidade educativa.

Uma nota emitida pelo executivo da Extremadura salienta que no ensino secundário o português é já a terceira língua mais utilizada, e que no ensino primário é a segunda mais influente na região.


(retirado de A Bola)

Só pode ser masoquismo! 
Escusado será perguntar se não seria esta área uma prioridade para o investimento governamental em Portugal. Todos os países se apercebem da importância estratégica da língua e o nosso país, que aposta tanto na internacionalização dos produtos, acaba com leitorados! Complexo? No mínimo!

terça-feira, novembro 05, 2013

Educação: desgraçadamente portugueses

http://www.tvi24.iol.pt/503/sociedade/reporter-tvi-verdade-inconveniente-ana-leal-colegios-privados-tvi24/1506330-4071.html

O tema já não é novo, mas desta vez abriu-se o foco da investigação e o interior do país foi também um pouco olhado. Saberão os jornalistas-investigadores o mundo que ainda eles não dscobriram por estas paragens? Pois bem, este é o link: http://www.tvi24.iol.pt/503/sociedade/reporter-tvi-verdade-inconveniente-ana-leal-colegios-privados-tvi24/1506330-4071.html , para mais uma interessante incursão pelo mundo do rapinanço nacional. Curioso que a liberdade de escolha na educação seja um factor que se joga só em campos muito privativos e que o livre arbítrio educativo não tenha também sido pensado na questão das escolas primárias que fecharam por todo o país sem olhar a questões e preocupações pedagógicas e psicossociais. Agora, o esbanjamento é permitido se for para manter os cargos e os ordenados de gentes que se preocupam muito pouco com a formação dos tão cobiçados estudantes. Enfim, nesta pequena reportagem é muito curioso observar as opiniões que são apresentadas por todos os directores das escolas, mas chamava a atenção de todos os que lêem este blogue para a capacidade de improvisação que os directores dos colégios apresentam. Neste lote, chamo a atenção, infelizmente, para a defesa da causa pública que faz o Presidente da Câmara do Sabugal e, simultaneamente, responsável máximo por um desses colégios privados. É o exemplo perfeito daquilo que são muitos dos governantes e autarcas deste nosso desgraçado país: gente muito preocupada com os seus bens e com a manutenção e aumento deles. Valha-nos a utopia de pensar que um dia isto há-de acabar!

quarta-feira, outubro 16, 2013

Educação: aberta a porta à "cunha"?

(FREIRE, Anselmo Braamcamp; Brasões da Sala de Sintra, Livro Primeiro (2ª ed.), pág. 34, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1921.)

Sou um defensor da autonomia das escolas, mas não em Portugal! Volto a repetir o que já disse várias vezes devido a esta notícia . Ao que parece, está arrombada a porta das escolas públicas para o saque organizado pelas máfias de interesses mesquinhos e pessoais. Vamos lá outra vez a dizer o mesmo: em Portugal existe um problema muito grave que se chama "favorecimento" e que também é conhecido por "cunhice". No caso de esta medida ser implementada de forma leviana (como está a ser!) haverá o regresso aos tempos feudais também nas escolas. Alguém tem dúvidas disto? Agora, juntem-lhe uma época de crise instalada em que é o "salve-se quem puder" quem "dá cartas" e têm uma verdadeira oportunidade de ouro para esse tal de favorecimento proliferar como os tartulhos após as primeiras chuvas outonais. E é assim que, segundo Crato, as escolas melhoram as competências dos alunos! Fantástico, Crato!

quinta-feira, outubro 03, 2013

Olhar a Educação: "A importância do professor tutor no percurso académico"

Há alguns anos, como proposta conjunta que podem ler aqui ("Projecto Pedagógico de Ensino do Português"), propusemos algo que agora (ver o artigo "A importância do professor tutor no percurso académico" aqui) alguns investigadores da Universidade de Coimbra comprovaram através de estudos: a importância da existência, nos dias que correm, de um professor tutor. A nossa proposta, especificamente este ponto, era um olhar novo para o ensino profissional, tal como nós, a Liliana Verde e eu, o imaginávamos então e, penso-o, continuamos hoje a imaginar. Este trabalho deu origem a um artigo mais reduzido: "Re(com)pensar o Ensino do Português – Proposta para um Projecto Pedagógico no Ensino Profissional". In: Cadernos do E.C.B. n.º 3. – Benedita: Instituto N.ª Senhora da Encarnação, Fevereiro de 2010. – p. 85 a 98. 
Gosto de ver este tema na ordem do dia, pois é um mecanismo essencial para recuperar algum do tempo perdido ao nível do nosso ensino e dos crimes cometidos contra ele.

quarta-feira, julho 24, 2013

Repentes #29 - sugestões para o boneco?

Há uma anormal capacidade nas estruturas governamentais portuguesas para fazerem sugestões que, depois, são tudo menos respeitadas pelas estruturas governamentais que as deveriam receber e fazer actuar. É uma espécie de reino do fantástico, este, onde se fazem leituras e interpretações muito criteriosas e exactas, mas em que o resultado final é o cumprimento total de tudo aquilo que é sugerido que não se faça.
Li no Público o texto que apresento a seguir (sublinhado a negrito por mim), onde são feitas constatações pelo GAVE muito interessantes e importantes. Só falta agora voltar atrás no tempo e evitar todas as decisões contrárias a essas mesmas recomendações, nomeadamente o aumento brutal de alunos por turma e a redução colossal de professores nas escolas.
É que não basta elaborar relatórios, é preciso que os "decisores" nacionais se mentalizem do tempo necessário para o crescimento intelectual de um aluno, sabendo de antemão que os diferentes ritmos de aprendizagem criam embaraços suficientes numa sala de aula para impedir o avanço de uma turma devido à persistência do professor na explicação a um simples aluno. Se multiplicarmos este problema por 30, é capaz de ser um problema grandito, não? 
O exemplo que dou sempre, para tentar que tudo fique mais claro para todos, é o da criança que está a aprender a ler, literalmente. Como todos sabemos, existem diferentes ritmos na aprendizagem da leitura, havendo crianças que vão até à adolescência a soletrar. Agora, coloque-se o caso do momento em que dizemos às crianças que devem ler no sentido figurado ou que devem fazer inferências sobre aquilo que estão a ler, ou seja, devem ser capazes de ler o que não está, literalmente falando, no texto. Quem não trabalha com alunos mas com relatórios poderá não compreender aquilo que por aqui estou a dizer, mas é preciso tempo para criar nos alunos uma capacidade interpretativa que os leve a perceber a subjectividade dos textos e toda a semiótica que os envolve. 
Por fim, é essencial que o aluno seja visto por todo o sistema de ensino como aquela árvore que vai crescendo devagar e que precisa de cuidados constantes para crescer forte e sem doenças. 


"(...) Sugestões para Português 

Em relação ao exame de Português do 12.º ano, analisando os grupos de questões em que os alunos obtiveram piores resultados, o Gave assinala que as principais dificuldades se revelaram em “tanto em itens em que se avalia a leitura orientada de um texto literário, como em itens em que se avalia o funcionamento da língua, quando a resposta exige o domínio de metalinguagem”. 
“É de destacar que, nos itens que exigem resposta estruturada (...), além das dificuldades ao nível do conteúdo, os alunos revelam fracos desempenhos nos parâmetros da organização e da correcção linguística”, sublinha o GAVE. Segundo o documento, “os resultados obtidos nos parâmetros da correcção linguística são inferiores aos resultados obtidos nos parâmetros do conteúdo, embora tanto uns como outros se situem em níveis negativos”. 
Como propostas de intervenção didáctica, o GAVE sugere, no domínio da Leitura, além do desenvolvimento do conhecimento lexical, “um reforço do trabalho que envolva a realização de inferências e o posicionamento crítico face aos textos lidos”. No domínio da expressão escrita, defende a realização de um trabalho sistemático que envolva a aprendizagem e o treino de diferentes tipologias de texto, “assegurando um crescente domínio das capacidades envolvidas na planificação, textualização e revisão dos textos”. 
Já no domínio do funcionamento da língua, segundo o relatório, é fundamental “assegurar o desenvolvimento de um trabalho de acordo com a metalinguagem e as orientações metodológicas explicitadas no Programa”. Nas conclusões, o GAVE refere que se deve continuar a insistir na necessidade de assegurar a melhoria de desempenho ao nível dos processos de leitura e de escrita. 
“As fragilidades a este nível são recorrentemente diagnosticadas na análise dos resultados da generalidade das disciplinas, sobretudo na de Português, mas com igual relevo nas áreas da Matemática, das Ciências Naturais e das Ciências Sociais e Humanas, em qualquer dos níveis de ensino em causa”, acrescenta. 
O Gave insiste ainda que “os resultados continuam a mostrar que, em termos médios, são persistentes as dificuldades em várias vertentes, de que se destacam as capacidades para, entre outros, estabelecer adequadamente ligações entre os vários tópicos de uma mesma disciplina, explicitar relações causa-efeito e desenvolver raciocínios lógico-dedutivos, bem como raciocínios demonstrativos.(...)"
(Fonte: Público)

domingo, julho 07, 2013

Repentes #28 - os fins educativos

Há um pequeno pormenor em tudo aquilo que se chama relação educativa/ pedagógica que me deixa sempre incomodado. Não é fácil de explicar, mas nunca me dei bem com os finais de ano ou com o finalizar de um curso. E o curioso é que sempre pensei que nos cursos com adultos seria diferente, que aquele corte seria mais suavizado e que a distanciação seria mais simples. Mas não é! Há, nestes encontros e desencontros educativos, uma relação de maturidade, de atenção aos problemas dos outros e de olhares perdidos que nós (educadores) tentamos tantas vezes decifrar que me afectam de forma real. Já terminei alguns cursos e estive à espera para perceber se isto só me acontecia num dos sítios, mas a realidade é que fico sempre com uma sensação de perda. Enfim, talvez o problema seja só meu e esta atitude e percepção não devam fazer parte desta relação entre quem é professor e os seus alunos.

sexta-feira, setembro 07, 2012

O Mistério da Educação e o InCrato

E eu, que não sou um defensor da caça, estou disponível para dar uns tiritos a esta
espécie de coelho!


O Mistério da Educação e o seu feiticeiro mor continuam a dar uma no cravo outra na ferradura. Se Portugal tem muitos professores, porque continuam as faculdades a formar, como diz a besta mor, "candidatos a professor"? Na terra onde toda uma geração de bem-sentados continua a mandar e a ditar as regras do jogo é preciso que os amigos não sofram e é preciso gorar todas as expectativas que esses senhores doutores foram criando. Talvez seja altura de regular as vagas no ensino superior dos cursos que não têm saída, mas com cortes nas faculdades dos amigos! Isto é o que faria um governante preocupado e sério, mas disso não parece existir por aqui!


terça-feira, dezembro 20, 2011

O grande disparate ou «Nós, as "gorduras"»

Hoje, imito o Mestre Poppe e dou a conhecer uma oportuna visão do Portugal moderno e evoluído. Mestre Manuel António Pina no seu melhor!

Primeiro foram os jovens desempregados a receber do secretário de Estado da Juventude guia de marcha para fora de Portugal; agora coube a vez aos professores, pela voz do próprio primeiro-ministro.

No caso dos professores, a coisa passa-se assim: o ministro Crato varre-os das escolas; depois, Passos Coelho aponta-lhes a porta de saída do país: emigrem, porque Angola e Brasil "têm uma grande necessidade (...) de mão-de-obra qualificada". Portugal (que é um dos países da Europa com mais baixos níveis de escolarização, segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2011, divulgado no mês passado pelo PNUD) não tem, como se sabe, necessidade de mão-de-obra qualificada.

E, como muito menos tem necessidade de mão-de-obra "desqualificada", ninguém se surpreenda se um dia destes vir o secretário de Estado do Emprego e o novo presidente do Instituto do Emprego e Formação (?) Profissional a mandar embora quem tiver como habilitações só o ensino básico; o ministro da Segurança Social a pôr na rua pensionistas e idosos (para que precisa Portugal de pensionistas e idosos, que apenas dão despesa?); o ministro da Saúde a dizer aos doentes que vão morrer longe, em países sem listas de espera e com taxas moderadoras em conta; o da Defesa a aconselhar os militares a desertar e ir para sítios onde haja guerras; e por aí adiante...

Percebe-se finalmente o que são as tais "gorduras do Estado": são os portugueses.


(Retirado do Jornal de Notícias)

quinta-feira, setembro 15, 2011

Deputados andam a copiar, sem citar fontes, as ideias deste blog

Enquanto lia o "Público" de hoje (15 de Setembro de 2011), dei-me conta da falta de vergonha de um deputado da bancada Socialista ao citar a ideia criada no post com o nome Cartão Pedinte para atacar a falta de vergonha do Governo da coligação sem vergonha Social Democrata e sem vergonha Democrata Cristã.
Não é que os direitos de autor sejam muito bem pagos, mas a honestidade intelectual deve ser respeitada por todos aqueles que representam os cidadãos e por todos aqueles que não foram eleitos para roubar as ideias aos cidadãos.
Era só o que faltava! Pior do que isto, e falando da minha profissão, só se alguém se aproveitasse dos resultados positivos de um professor, que já não está numa escola e não se pode defender, para promover e valorizar outro professor. Isto é que era uma pouca vergonha das grandes.
Mas vão lá, leiam na página 6 do "Público" a notícia (ou, se quiserem só perceber o teor da notícia, mesmo aqui, na TVI) e depois vão ver a data do post deste blog. Façam lá uma leitura atenta e genuína, e digam-me se não andam os deputados a usar ideias deste que aqui escrevinha.

Deputados, deputados...

quarta-feira, setembro 14, 2011

"É antipedagógico!": gritam alguns algures


(Reportagem da TVI, aqui colocada com todo o respeito pelos direitos de autor.)

Conheço uns tipos que ficariam com os "cabelos em pé" por causa desta tua pedagogia, Clarisse!

Onde já se viu, professores de Português a usarem e a permitirem que os alunos tenham os computadores ligados na sala de aula!? Impressionante! Não sabes que os professores de Português devem ensinar a ler e a escrever!?

Ah!, Clarisse, Clarisse!

Já agora, beijos para a família e deixa-te lá de modernices!

quinta-feira, setembro 08, 2011

Saudades ou estarei louco?

Isto de ser Professor de uma turma cheia de alunos desiguais e que são claramente rebeldes tem muito que se lhe diga. Pronto, dirão que a ficção invade os espaços brancos deste blog ou que o professor é tão louco que tenta transmitir a sua loucura através de um post que supostamente teria (caso a loucura não pontificasse!) um tanto ou quanto de sinceridade. Sim, terão todos razão ou razão nenhuma; terão todos capacidade interpretativa ou estarão cegos das entrelinhas; terão todos a opção de clicar na cruz branca no quadrado vermelho no canto superior direito desta janela (a qual será a opção mais correcta se pensam em manter a vossa própria sanidade mental!) ou manterão a atenção sibilina e perscrutória de quem quer descobrir onde é que isto irá terminar. Se são pais, terão duas ou três opções (já decido quantas serão!): primeira - correr, guiar velozmente, teclar com uma ávida rapidez o número de telefone ou gritar bem alto para safarem os vossos filhos do contacto terrível com este professor que os leva a ler post's aparentemente sem qualquer razão de ser; segunda - contactar a delegação de saúde e pedir o rápido internamento deste louco numa das suas agradáveis casas de saúde e repouso; e terceira (o que decido? querem escolher? escrevo? continuo? termino? ou dou uma última opção?) - (então eu dou!) riam! riam! riam! (neste momento a loucura também será vossa!). Se são alunos, só me dão uma opção: primeira e única - continuar a escrever e a dar alguns momentos de inigualável e contagiante boa disposição.
É verdade: passaram alguns dias (serão semanas?) da última aula. Também é verdade: as saudades das aulas talvez sejam dos professores e não dos alunos.

(Escrito no dia 9 de Julho de 2009, mas continua actual!)

quarta-feira, agosto 17, 2011

Jaime Antunes é um sábio!

Não costumo dar conta das minhas leituras de opiniões de outros nos jornais nacionais, mas aquilo que li do ilustre Jaime Antunes (eterno candidato às eleições do Sport Lisboa e Benfica) sobre educação (este tipo fala sobre educação????) deu-me vómitos! Não é que na base não tenha alguma razão, mas conhecendo nós (povo português) o jeito ditatorial dos Directores de Escolas para atingir os fins sem olhar a meios deveremos ficar preocupados e não exultantes, como é o caso desta figura destacada da escrita portuguesa. Leiam o texto que saiu hoje (dia 17 de Agosto) na última página do Jornal i (onde parece este ser ser um conceituado cronista, mas desenganem-se: ele é o proprietário do jornal) e regalem-se com a claque acérrima deste homem às últimas decisões do Senhor Ministro da Calculadora. Ele até refere que manda o senhor Ministro dizer que "quem [Directores de Escolas] não apresentar resultados positivos deve sair"! Pergunto eu, senhor Jaime Antunes, o que são para si resultados positivos ao nível das escolas? Os que servem os alunos ou, como tem sido tónica, os que servem a estatística?