sexta-feira, março 16, 2018

08. Crónicas Silenciosas - um certo bebedor de hidromel que não é um deus e percebe as abelhas


Há a vida e, depois, há o viver nesta coisa inconstante que é a vida. 

Corrupio incessante e vertiginoso que nos obriga a olhar vezes sem conta para o fundo da carteira vazia e para a fome que nos transporta a imaginação. Centro de tudo, os nossos passos encaminham-se mecanicamente na direcção do que é certo mas errado, trunfo aparente que é derrota na certa.
A vida. A vida, por vezes, mostra-nos o lado mais sábio de tudo ao virar de uma esquina, no topo de um penhasco ou no meio de uma aldeia perdida no atlântico. 
A vida das abelhas, manifesto reaccionário contra o fim do mundo, inserida em histórias de deuses, de anjos, de imperadores e de Don Juans improváveis. A sede de viver, intensamente, como dança ziguezagueante num qualquer lago de cisnes perdido numa floresta tropical e desconhecida, quem sabe visitada por seres mágicos durante o passado. 
Equilíbrio maior em vida menor, o pólen da vida movimenta-se improvavelmente e culmina em lágrimas de álcool no copo sedento da minha mão. A vida líquido do copo que na mão tenho, como Zeus passando a imortalidade para a minha existência.
Hidromel autoritário perdido na Atlântida a poder ser e encontrado como voam as abelhas em busca de vida maior... Intermitentemente.