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sexta-feira, março 07, 2014

Fusão das empresas municipais da Guarda chumbada: e agora?

A notícia é avançada pela Rádio Altitude (aqui) e agora, sim, vamos ficar a conhecer os planos que há para o futuro.
Venha de lá a decisão que já tinha tomado, Senhor Amaro!

sexta-feira, janeiro 24, 2014

A cultura pela Guarda? Para já quase tudo na mesma.

E se há algum tipo de consolo que pode vir de más decisões, hoje fiquei um pouco mais descansado em relação à Guarda e ao tipo de eventos culturais que por lá ainda vou continuar a encontrar. 
Por um lado, fiquei muito contente por ver surgir o novo Teatro do Calafrio (o Américo Rodrigues sempre na linha da frente da criação), projecto que surge do "defeito" principal daquele que foi até Novembro o Director do Teatro Municipal. Ah!, o "defeito" principal é o de ser sempre um criador e um criativo! O que é óptimo! Aposto que vai ser um projecto vencedor e que vai, novamente, encher a cidade de orgulho!
Por outro lado, a agenda do TMG está cá fora e, para já, a continuidade é bem visível e a qualidade também. Pena o número de espectáculos ser inferior e ter de existir a necessidade de optar pela inclusão de cinema e documentários (atenção que eu sou um "adepto" de cinema e de documentários!). É para mim óbvio, já que conheço relativamente bem toda a programação que o TMG sempre apresentou, que existiu uma necessidade de "tapar buracos" através deles. Oxalá não seja sempre assim ou que, pelo menos, possa existir aquilo que o Victor Afonso defende: o debate a partir das visualizações! E chegamos ao Victor Afonso! Este é o novo responsável pela programação, mas não director ou "chefe" (conforme anunciou, agora oficialmente, o vereador da Cultura Victor Amaral). Nesta escolha, óbvia, tendo em conta a exigência de qualidade que todos fazemos, vemos que o novo elenco camarário procurou apaziguar um pouco as águas que ficaram agitadas com a intempestiva (e despropositada) actuação de Álvaro Amaro no processo que moveu contra Américo Rodrigues. Agora, e tendo a tal decisão do Tribunal de Contas como dead line, procurará o executivo uma acalmia que terminará, na minha opinião, com a decisão (comenta-se que contrária aos interesses culturais da cidades - oxalá esteja errado!) de dissolver as empresas municipais. Aí, sim, será percebido o real impacto da visão do executivo na vida cultural da cidade e perceberemos melhor quais são os reais padrões de qualidade e de exigência que Amaro e seus vereadores têm para a cidade.

Qual o futuro? Não sei. Qual a exigência? Não sei. Qual o tipo de proposta que será feita aos criadores? Não sei. Será feita a todos os criadores? Não, isto sei. Haverá comprometimento e favorecimento sem olhar a padrões de qualidade? Sim, sei. O TMG será envolvido nesta onde de "culturite mais política"? Até ver, não. Depois da já célebre (e ainda não anunciada) decisão do Tribunal de Contas haverá uma cidade a olhar para padrões de qualidade ao nível da cultura? Não sei, mas desconfio que não. Haverá "perseguição cultural"? Tenho a certeza que sim! 

quinta-feira, dezembro 05, 2013

Guarda, 21 de Novembro

Está mais que provado que a Guarda só acolhe quem quer, quando quer e como quer. Mas já lá vamos!
No passado dia 21 de Novembro fui até à Guarda para corresponder a dois convites que me tinham sido feitos por amigos para falar sobre teatro, na Escola Secundária Afonso de Albuquerque, e sobre cultura e prazeres, no Café Concerto do TMG. Pois bem, lá fui e fiquei satisfeito por comprovar aquilo que tenho vindo a comprovar há muito tempo.

(Foto de Inês Coimbra)
(Foto de Inês Coimbra)

(Foto de Inês Coimbra)
 
No Liceu a tarde foi muito interessante. O José Monteiro, o "Zé Monteiro" para mim, é um professor preocupado com os seus alunos e com a educação para a vida e para as leituras que eles possam ter. Assim sendo, lá vai convidando os seus alunos a conhecerem coisas novas e a interessarem-se pelo escritos da gente da cidade e da região, coisas nos dias de hoje tão difíceis de encontrar. E foi assim que a conversa que fui ter com aos seus alunos e com os alunos da professora Emília Costa (que foi minha professora no terceiro ciclo!) começou com uma tentativa de explicação daquilo que actualmente faço: escritor freelancer! A definição desta expressão? Escritor + freelancer = desempregado com estilo! Ou seja, o que faço actualmente é trabalhar com o improvável e com aquilo que me vão pedindo para escrever. Claro que não há muita gente que esteja interessada em ler, quanto mais pagar para algo ser escrito! E foram alguns risos sinceros que ouvi. Coisa a que começo a não estar acostumado. Passámos então pelas épocas mais interessantes (para esta turma) do teatro: Sófocles e o seu "Édipo"; Gil Vicente e toda a sua obra; Almeida Garrett e o seu "Frei Luís"; até chegar a Manuel Poppe, com o seu "Pedro I"; terminando depois na minha "A Casa da Memória" (razão maior para a minha presença ali). Claro que lhes expliquei como cheguei a "entrar na casa" e contei também um pouco do longo processo de recolha e de escrita e da gritaria interminável que foi a relação entre personagens que não gostam de estar sozinhas! E eles sorriram. Claro que lhes desvendei algumas das histórias incríveis que o Manigoto me contou e que as suas gentes respiram. E deu para mais: falámos de educação, de cultura e de Américo Rodrigues. E do seu último livro. E do seu afastamento do cargo de Director do TMG. E da irresponsabilidade (desinteresse seria a palavra mais exacta) dos políticos pelo futuro deles. Sim, não o disse, mas talvez fosse necessário dizer-lhes que não é na subjugação que reside a força das pessoas e o seu futuro! Um dia digo!

(Foto de Inês Coimbra)
E terminei com a resposta a algumas perguntas. Feitas por gente interessada (ou com atrevimento) em conhecer ou confirmar caminhos certos ou errados ou, simplesmente, caminhos! E saí com a satisfação de um momento que, espero, serviu para mostrar que um escritor ou autor não é mais do que um homem que não se importa de pensar de forma livre e aberta, procurando que as suas palavras sejam partilhadas e ouvidas. 

E houve uma pausa para um chá! A constipação estava, realmente, a ganhar terreno e era preciso impedir que o dia acabasse ali. Foi um chá partilhado a três. Com pessoas de quem gosto e que sabem que não sou mais do que isto: um homem que vive. Não vou dizer quem foram, mas só não digo porque não quero que algo de mal lhes aconteça! É que estavam tão perto de mim!   

O jantar foi caseiro! Casa da mãe, ali a dois passos. Pouca fome e muito mal-estar físico. Sintomas da febre que começava já a apoquentar. Enfim, a noite ia estar boa, pois, qualquer que fosse o número da plateia, ia estar entre amigos. Subir o vale e percorrer os lombos do Caldeirão até à cidade da Guarda foi um instante. Eis-me no Café Concerto!

Pouca gente! O Victor Afonso já lá estava com a malta do teatro que zela pela qualidade das actividades. E um ou outro conviva, talvez acidental. E chegaram amigos (gostei de ver especialmente o Américo, sei que os restantes amigos compreendem este meu destaque, que o são e até família! O Hugo. Sorri ao vê-lo entrar! Gostei muito! Como habitual, não vi gente que em tempos foi "amiga". Talvez fosse do frio, penso, forçadamente, eu. Responsáveis camarários também não vi, pois não devia aquela ser uma sessão que fosse agradável de seguir. Afinal só estaria o responsável máximo por uma das escolas superiores da cidade, onde um dos vereadores dá aulas! Hora de começar e... Afinal o professor Carlos Reis não estava! Perdera-se, ficcionei eu, num qualquer labirinto citadino onde os pavores nocturnos (ao bom estilo infantil!) são originados por gente "grande"! Voilá! O palco era meu! E do Victor! E de todos aqueles que comigo e com o Victor quisessem partilhar experiências. 

(Foto de Hugo Rocha)

E falámos de livros: desde José Gomes Ferreira a Gonçalo M. Tavares, passando por Manuel Poppe e por David Gilmour, indo até George Orwell e Ray Bradbury. E música: Queen, Sigur Rós, Arcade Fire, Purcell e o seu fantástico "Dido e Eneias" (que saudades daquela noite no Grande Auditório!). E filmes: Dead Poets Society, The Hours, Good Bye Lenin! e... Guarda: Sopro Vital (este último, não sendo um filme, é a gravação de um trabalho aturado que demorou cerca de 30 anos a cumprir-se e que pode agora ter terminado)! Outros prazeres: ainda nos filmes de animação, Kung Fu Panda! E por fim os mais importantes de todos: conversar com os amigos e aprender coisas novas todos os dias, e estar com a família e com ela ganhar asas e voar pela alegria de viver!

E a "cidade" não se interessou por vir ouvir, tal como já fez noutras ocasiões, aquilo que eu tenho para dizer. Dizem-me que estreou um filme popular português! Talvez a cidade por lá estivesse a cultivar-se. Enfim, resta-me continuar a falar mais e mais e a escrever ainda mais e mais! Quem sabe, um dia até podem ter o azar de tropeçar numa das minhas frases.

A vida de um dia! Cansado, constipado, com febre e com uma garganta completamente desnorteada, lá voltei, depois de mais um chá e de mais dois dedos de aprendizagem em contexto de conversa, rumo a casa, onde a noite já ganhara o desafio e o sono tinha conquistado o carácter estóico de uma família que espera por mim e me afaga com a sinceridade dos dias bons e dos dias maus.

sexta-feira, novembro 29, 2013

... para sobreviver na Guarda!

E encontrei a única forma de conseguir sobreviver numa Guarda onde a cultura possa vir a desaparecer. O remédio é este, marcar um café com todos os homens e mulheres que gostam de falar sobre cultura e repetir esse encontro todos os dias que se seguirem. Outra das opções é, finalmente, criar-se um Círculo das Artes ou algo parecido. Fico à espera de propostas e em breve vou chatear as pessoas com quem gosto de conversar para isto.

terça-feira, novembro 26, 2013

O que lá vem daquilo que foi o Teatro Municipal da Guarda



Estive a ouvir e a ler esta peça jornalística da Rádio Altitude onde, penso que pela primeira vez, se ouve o presidente da Câmara da Guarda a falar da sua decisão de afastar Américo Rodrigues da direcção do Teatro Municipal da Guarda. Diz ele que a sua decisão é legitimada pelo facto de ter sido elegido para tomar decisões e isso legitima aquela que tomou. Hitler e outros bem comportados déspotas também foram eleitos, logo (nesta espécie de silogismo) Amaro é também ditador. Ponto. Não se ouviu nesta peça qualquer palavra do decisor sobre as consequências para a imagem (positiva) da Guarda em termos culturais que esta decisão acarreta, mas também não deve ser importante, pois o povo elegeu-o.

Quanto ao futuro da programação, tudo fica entregue à "colegialidade", ou seja, todos os elementos que pertencem à equipa técnica da Culturguarda vão ser responsáveis por programar e pensar o próximo ano com actividades que não acarretem custos. O que é que hoje não apresenta custos? Assim, sem custos, o que será essa programação? Uma manta de retalhos, de qualidade duvidosa, ao sabor do foguetório citadino e clandestino? Eu temo que a programação seja zero actividades! E desliguem as luzes, no quadro, quando saírem!

Quanto à "colegialidade", e daquilo que é perceptível na peça, ela será uma espécie de "troika": restante direcção do teatro, administração da Culturguarda e vereador da cultura. Depois, e a perceber pelas declarações de Amaro, terá de existir o factor de subordinação, ou seja, há um espécie de escada: direcção do teatro pede autorização à administração e esta pede autorização ao vereador. O vereador, para poder saber se pode ou não decidir "assim ou assado" ainda terá de subir ao púlpito e pedir autorização ao presidente que foi eleito pelo povo. Já que o povo o escolheu, e ele tão fervorosamente defende isso, será que ainda ele pedirá autorização ao povo? Concluindo esta espécie de raciocínio, apenas me falta dizer que, naquela espécie de organograma desenrascado, o papel de director (por aquilo que representa enquanto orientador de uma política de programação) está claramente entregue ao vereador Victor Amaral, com a sempre presente sombra tutelar de Amaro, sendo, assim, de esperar que a programação de qualidade terminou e que ninguém pode fazer nada. Triste dia, ontem!

Quanto ao resto, parece que, depois da "fartura" de ter o TMG mais as salas de Famalicão e de Gonçalo, vamos passar na Guarda a ter três salas com o mesmo tipo de programação: a ocasionalidade!
 

segunda-feira, novembro 25, 2013

Guarda: educação e cultura

É um artigo muito interessante em termos de reflexão pessoal que o jornal Público trouxe num destes dias (pode ler-se aqui).
Numa dessas partes é defendida a coexistência entre Cultura e Educação (e veio-me logo à memória o Teatro Municipal da Guarda e o Américo Rodrigues, que representa e todos aqueles que por ali por aquele espaço têm dado tanto e recebido tão pouco em troca...), e eu lembrei-me também daquilo que foi alegado em off para a minha saída de uma escola da cidade: eu seria um gajo do teatro e da cultura, logo seria perigoso.
Claro está que o perigo é agora bem visível naquilo que disse o Secretário de Estado da Cultura: "Ao PÚBLICO, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, reconhece que “estes números não nos ficam bem” e defende a necessidade de se reforçarem as políticas educativas com as políticas culturais. “Temos de ter em conta estes dados para reforçar a minha convicção de que a dinâmica de colaboração entre a área da Cultura e a área da Educação, desde o pré-escolar até ao ensino secundário, é absolutamente essencial”, diz Barreto Xavier."
E, sim, é uma questão de gerações. Este que agora quer acabar com o trabalho do Teatro Municipal da Guarda é exactamente da mesma geração (foram muito "amiguinhos") daquele que me dispensou em tempos.

quarta-feira, novembro 20, 2013

Amanhã, pela Guarda.

Amanhã vou até à Guarda! Até à Guarda que é culturalmente rica e que aceita a multiplicidade de opiniões. Talvez me cruze com pessoas, poucas ou muitas, e com muitas opiniões. Com toda a certeza encontrarei amizades e pessoas com as quais gosto de estar.
Primeiro hei-de ir até ao Liceu para, com o Zé e os seus alunos, conversar sobre Literatura, amanhã com uma especial atenção ao teatro. E com toda a certeza haverá tempo para falar do Teatro Municipal da Guarda e dos problemas que a "glória de mandar!" de um e que a "vã cobiça" de outro, que se apressará a surgir, trarão para o futuro deles. Mas, disso falaremos amanhã pela tarde!
Pela noite, há espaço para um Café a Meias onde, regados com um chá, irei falar sobre os prazeres que vou tendo ao longo dos tempos e com os quais consigo respirar melhor na negra sociedade que cada vez mais nos rodeia. Nesta mesa redonda, estarei com o professor Carlos Reis (do Instituto Politécnico da Guarda) e com o Victor Afonso. Estaria também o Américo Rodrigues, mas "(Malhas que o Império tece!)" agora já não sei quem estará. Claro está que haverá espaço para falar com todos os amigos que por lá andarão e, quem sabe, até com os visitantes improváveis. Amanhã veremos, mas aposto que conseguimos abrir a mesa para quem connosco quiser conversar!
Depois venho da Guarda para casa. E dormirei, certamente, bem mais sossegado.

domingo, novembro 17, 2013

Guarda: Café a Meias - eu, o professor Carlos Reis, o Victor Afonso e... ?


Como gosto muito, mas mesmo muito daquele espaço, espero poder contar convosco para uma noite que será de partilha de prazeres ao natural. Epicurista, eis o que de quando em vez imagino que sou. Por ali não haverá despersonalização, portanto, os meus prazeres serão sempre os mais sinceros e as palavras que, acaso, surjam serão todas honestas e claras. Ou melhor, talvez possa coexistir com elas uma boa dose de ironia ou de eufemismos. Mas será, certamente, uma conversa muito agradável com o professor Carlos Reis, com o Victor Afonso e com... ? 
Espero-vos lá! Quem sabe quantas vezes mais poderemos usar e abusar de um espaço que é "nosso", que é da cultura positiva que aprendemos a fazer e a discutir entre pares, e que não temos a certeza de voltar a ser um espaço aberto à diferença.
A sessão começa às 22 horas do dia 21 de Novembro (dia cheio de grandes ligações e um nascimento, que talvez por lá refira!) e lá pelas 24 horas deve estar acabada, por isso não arranjem desculpas!

Até lá! E lembrem-se que o diálogo e a comunicação clara são sinónimos de democracia saudável!
 

quinta-feira, novembro 14, 2013

O início do fim do Teatro Municipal da Guarda

É com uma clara percepção da realidade que me dou conta da grande e desajustada asneira que está a ser comunicada neste momento pelos órgãos de comunicação social guardenses. Pelo que é dado a entender por estes órgãos, o novo Presidente da Câmara Municipal da Guarda, Álvaro Amaro, terá demitido o Director do Teatro Municipal da Guarda "na sequência da marcação, pelo programador cultural, de uma conferência de imprensa nas instalações do Teatro, onde pretendia abordar o "processo de contratação do espectáculo comemorativo do dia da Cidade, outros assuntos relativos à Culturguarda e à posição do seu actual director"" (Fonte: Rádio Altitude). Pois bem, ontem li com um desagradado espanto uma pequena entrevista (três perguntas, se não me engano!) de Álvaro Amaro ao Correio da Manhã em que ele fazia considerações, no mínimo, ofensivas em relação ao trabalho de quem dirige (dirigia) a Cultuguarda. Já hoje, no vídeo que promove a primeira página do jornal O Interior, é feita uma consideração que é outra vez ofensiva para aqueles profissionais: "... descobriu-se que a Culturguarda tinha sobrefaturado o concerto do Dia da Cidade" (Fonte: O Interior TV).
Por isso, na minha opinião bem, teria de haver uma clarificação por parte dos responsáveis pela Culturguarda de tudo aquilo que estava a ser dito por Amaro e não estava a ser dito pelos visados nas críticas. A marcação de uma conferência de imprensa por parte de Américo Rodrigues era então uma questão de obrigação e não de opção.
Agora, a demissão de Américo Rodrigues num acesso de autoritarismo de Amaro e as consequências disso são, claramente, um mau prenúncio para tudo aquilo que o Teatro Municipal da Guarda representa para a Guarda, caíndo por terra muito do trabalho exemplar que por ali foi sendo feito. Eu, que já conheci os principais figurões do novo-salazarismo na Guarda, apenas posso dizer que Amaro, nesta triste decisão, é igualzinho aos seus "amigos" guardenses: figuras que caminham apressadamente para o ridículo.

É triste ver que o circo assentou, verdadeiramente, arraiais na Guarda! 


P.S. - Em breve, assim que se clarificar melhor todo o processo, farei também a minha leitura acerca da colaboração estreita que mantenho com o Teatro Municipal da Guarda. 

terça-feira, outubro 22, 2013

Cápsula enregelada na Guarda

Foi uma das grandes bandeiras no início de 2013 e continuou até à Primavera, prometendo revolucionar a cultura "adormecida" no meio guardense. Os nomes "ilustres" que surgiram nas imagens e fotografias daquela grande festança para inglês ver prometiam o que agora se vê: toda a dinâmica prometida terá ficado dentro da cápsula. Ou haverá um meio cultural imensamente dinamizado nos subterrâneos elitistas da Guarda? Seja lá como for, parece que a cápsula e todo o ruído que surgiu em torno dela estão a cumprir o seu real papel! Ou alguém pensava o contrário?

domingo, julho 07, 2013

Visita com Augusto Gil: um poeta na cidade

(Foto: Culturguarda)

Na Sexta-feira ainda vi um pouco desta cena da mais recente criação da Culturguarda. O poeta (actor) Augusto Gil junto ao monumento de homenagem ao poeta Augusto Gil. Vou ver um destes dias e aconselho vivamente a todos os que seguem este blogue que façam o mesmo. Sempre às 17h30, de Terça-feira a Sábado, até ao final de Agosto. O início do percurso acontece na Praça Luís de Camões, a praça da Sé.
  


"Em 2013, as visitas encenadas "Passos à Volta da Memória" vão realizar-se entre 2 de Julho e 31 de Agosto ao ritmo de uma sessão por dia, sempre às 17h30.
Tendo como ponto de encontro a Praça Luís de Camões, nesta edição será Augusto Gil - autor da incontornável Balada da Neve - o guia da iniciativa, ou melhor: um comediante que interpretará o escritor. Com o sub-título “Um poeta na cidade”, o percurso da visita terá início na casa onde viveu o poeta, localizada na rua com o seu nome por detrás dos balcões da Praça Velha. Uma viagem pela história da cidade mais alta.
As visitas encenadas contam com a coordenação de Américo Rodrigues, com o texto e a encenação de Antónia Terrina e com a interpretação do actor André Amálio.
Trata-se de uma produção da Culturguarda para a Câmara Municipal da Guarda."
 

(Fonte: Culturguarda)

sábado, junho 29, 2013

Repentes #27 - amizades da minha vida académica e cultural em Coimbra




Hoje acordei com uma sensação estranha de desagregação total, tendo em conta aquilo que soube sobre Famalicão da Serra (algo de que falarei mais daqui a umas horas) e com a notícia de que um amigo tinha morrido em Coimbra. Não, não era uma uma amizade de intensidade máxima ou de uma presença constante. Era uma amizade de empatia e de respeito mútuos. Foi nos tempos em que presidi ao Coral de Letras da Universidade de Coimbra (CLUC) que conheci e comecei a contactar com Mário Nunes, então Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra. Ele não tinha aqueles tiques de homem político que vive numa nuvem e que se considera superior a tudo e todos. O homem que eu conheci era de uma simpatia e de uma atenção extremas. Preocupado em fazer bem o seu serviço e em dar a conhecer a sua Coimbra e as várias realizações culturais da mesma. Um episódio muito curioso foi o dia em que fomos para Granada (Espanha) com o CLUC e, uma vez que uns dias antes ele nos tinha prometido umas recordações de Coimbra para as gentes andaluzes, Mário Nunes nos brindou com uma montanha de peças (entre livros e faiança) alusivos àquilo que Coimbra tem de melhor. Para além desta relação mais institucional, fiquei sempre com uma amizade pura por este homem que nos dava sempre um abraço e nos falava de forma educada e alegre. Nos últimos anos do meu afastamento de Coimbra, só o revia nos textos que escrevia para o jornal As Beiras. Hoje, este mesmo jornal na sua versão online, deu-me a triste notícia. Faleceu hoje, em Coimbra, e perdeu-se um homem bom.

sábado, maio 04, 2013

Repentes #23 - A Guarda e a cápsula do tempo!


Não tenho grande "pachorra" para coisas que considero pouco úteis e que, estas sim, criam uma letargia entre a hora em que se enterra algo e, passados 37 anos, se volta a desenterrar (e estou a imaginar que alguém tem curiosidade em desenterrá-la!), mas há expressões que não deveriam ser ditas, especialmente por gente que, com estas considerações, demonstra que passa ao lado daquilo que diz não existir por descuido ou por claro e manifesto desinteresse. 
Li hoje, nas páginas do jornal "Público", declarações que são atribuídas a um dos responsáveis pelo projecto da cápsula do tempo em que o mesmo diz que "Precisamos de iniciativas para contrariar alguma letargia social, económica e cultural que se vai instalando", acrescentando ainda que o enterramento de uma cápsula do tempo vai "criar atractividade sobre a Guarda para os próximos anos". Pois bem, eu não conheço pessoalmente este responsável pelo projecto, mas sei que é o principal obreiro de um Clube que congrega nomes sonantes da Guarda e que tem ao longo do tempo trazido o nome da cidade bem alto ao nível do desporto automóvel (lembro-me de alguns prémios que pilotos de Motocross de Famalicão ganharam nas suas galas!). Agora, se se referisse a outra cidade qualquer até se aceitava, mas dizê-lo numa cidade que tem vindo ao longo dos últimos anos a ter uma produção artística, logo cultural, cada vez com maior presença de guardenses, com diversas associações a produzir cultura, com um Teatro de âmbito nacional e com várias produções (desde livros a música a teatro a pintura ...) a terem reconhecimento nacional... Só pode ser brincadeira! E, atenção, nem sequer falo das várias actividades relacionadas com turismo natural ou histórico que também merecem participar ne chamada "questão cultural".
 
As perguntas que deixo no ar, sabendo eu que devem estar todos muito interessados em discutir o conceito de cultura, são estas: Sabem o significado de letargia? Os textos que integram uma cápsula do tempo podem ser consultados desde que a dita cápsula é enterrada e até que é desenterrada para assim criar interesse na sua consulta ao longo dos anos? Têm a certeza que os "velhos vícios e manhas" da Guarda são documentos que vão ter algum interesse no futuro? A geração que lerá esses textos terá algum interesse em seguir os conselhos ou reflectir sobre os pensamentos (e até auto-elogios!) de pessoas que hoje querem transformar a cidade na sua Quinta Pessoal? O que é preciso que a actividade cultural na cidade da Guarda demonstre mais para poder deixar de ser letárgica para as suas gentes? Haverá interesse em perpetuar uma filosofia maquiavélica e mesquinha para o futuro que se quer sustentável e mais social?

Por fim, é óbvio que estou a generalizar, mas, pelos vistos, na Guarda tudo se generaliza e só o que é do nosso foro pessoal e privado é que parece merecer o valor absoluto e o elogio!

domingo, janeiro 06, 2013

Porque gosto de Obama? #1 - O decadente tratamento da cultura em Portugal

Esta é uma nova rubrica deste blogue. A partir deste momento e quando me lembrar ou for lembrado, comunicarei ao mundo alguns aspectos que me obrigam a apreciar o homem e o político que é Barack Obama.
Durante o mês de Dezembro, enquanto nós nos fartávamos por cá com o barulhento do Cavaco, Barack Obama homenageava alguns americanos relacionados com a cultura, entre os quais os Led Zeppelin.
Enquanto por cá condenamos à fome muitos e muitos agentes culturais e nomes de peso das artes portuguesas, o exemplo de Obama é de valorizar e repisar até que a voz nos doa.
Os grandes estadistas são, quanto a mim, os primeiros a reconhecer o importantíssimo papel da cultura para o desenvolvimento do país que dirigem.
No caso de Portugal é triste a realidade. Sempre gostava de saber qual foi o último espectáculo cultural a que foram ou viram os nossos governantes, mas não estranharia que todos dissessem que foi a última gala da Casa dos Segredos!

Vejam esta magnífica homenagem, através da música, aos Led Zeppelin:
  

terça-feira, março 22, 2011

Conversas de Verso


Na Sexta-feira, estarei com um grupo de boa gente à conversa sobre Poesia. Vamos ver se terei algo para dizer ou se o nada se transforma em meia dúzia de palavras.

Estão convidados!

sábado, setembro 11, 2010

Entrevista ao jornal A Guarda

Caso alguém esteja longe dos espaços de acesso ao jornal A Guarda e queira ler a entrevista que tive o prazer de dar para a edição do dia 9 de Setembro, aqui fica a cópia.

1 – Quem é Daniel Rocha?

Sou um homem simples mas consciente dos valores que deveriam nortear a sociedade. Sou, também, um apaixonado pela Literatura e um amante das artes. E sabe que esta minha paixão pela arte faz-me ter consciência do mundo e de todos os seus intervenientes, originando em mim uma dialéctica bastante interessante e, ao mesmo tempo, tremendamente dolente, pois mostra-me que é cada vez mais difícil o mundo para as pessoas honestas. Sou, ainda, um homem que sonha com um estado de coisas sustentável e, espero não ser mal interpretado, com uma revolução séria que afaste de vez as sanguessugas do país, deixando espaço para aqueles que realmente querem servi-lo e não servir-se dele.

2 – Que ligação tem a Famalicão da Serra?

A minha ligação a Famalicão é, acima de tudo, familiar. A minha Mãe (Maria Julieta), a pedra basilar da minha vida, levou-nos, a mim e aos meus irmãos, para junto dos meus avós maternos em tenra idade e numa fase muito difícil para ela, pois ter três filhos e criá-los sozinha é algo só ao alcance de pessoas com uma força tremenda. Aí, a família e os valores que nela foram ensinados fizeram de mim o que sou hoje, com tudo o que tenho de bom e de mau. Sabe que aquilo de que me lembro mais, hoje em dia, é de alguns dias onde o meu Avô materno (o Zé Bico) assumia o papel de contador de histórias. Posso dizer-lhe que o meu gosto pela ficção e pela criação poética partiu desses dias. Depois, a Famalicão ligo-me pelo ar, infelizmente cada vez mais poluído, que por lá respiro e pelas pessoas amigas que lá guardo. Infelizmente, há um afastamento progressivo de que me tenho vindo a dar conta. Não vou alongar-me muito, pois poderia ser injusto, mas posso dizer-lhe que a concordância medrosa assente num compadrio doentio, que é tão vulgar em meios pequenos, me causa uma grave indisposição mental.

3 – Qual a sua ocupação profissional?

Profissionalmente sou Professor de Língua e Literatura Portuguesas, o vulgar Professor de Português, mas, dada a “estranha” capacidade de adaptação que tenho apreendido ao longo dos anos, tenho tido algumas experiências interessantes noutros campos.

4 – Como foi o seu percurso académico?

Olhe, nesta pergunta vai ter uma resposta possivelmente rara. Comecei por frequentar o jardim de infância que havia no Paço Episcopal, mas houve um dia em que não me deixaram ir ter com o meu irmão à sala do lado e fugi. Esta fuga era prenúncio de mudança e, pouco tempo depois, mudei-me com a minha mãe e irmãos para Famalicão. Aí, fiz então todo o ensino, que então me foi permitido fazer no conforto da aldeia. Deixe-me interromper a resposta para lhe dizer que sou completamente contra aquela treta de fazer com que crianças de 5 e 6 anos, numa fase importantíssima da sua formação mental, sejam forçadas (a bem não sei de quê, talvez de uma economia partidária!) a sofrer um afastamento violento do seu meio familiar! Bem, fiz ainda em Famalicão a antiga Telescola e não me arrependo nada disso, pois foram dois anos de ensino muito próximo por parte dos professores, ao contrário daquilo que se poderia pensar. Fui então para a Guarda e estive 6 anos no “Liceu”. Nessa altura, a mudança foi complicada, pois era só mais um aluno. Essa diferença entre o ser-se conhecido de todos e não ter ninguém que nos controle provocou-me um ligeiro desequilíbrio, mas dá sempre jeito ter uma família preocupada, pois rapidamente voltei aos “bons caminhos”. O Secundário foi muito interessante e profundamente enriquecedor, sendo um espaço de afirmação e de afinação de conhecimentos. A passagem para Coimbra e para o Ensino Superior foi facilitada por toda a exigência que os Professores do “Liceu” sempre tiveram comigo. Digamos que a grande dificuldade de Coimbra era, outra vez, a mudança de ares e a distância de casa. Coimbra era um sonho de criança e não o poderia perder. Assim, tentei “formar-me” no máximo de cursos e vivências possíveis. Nessa altura ainda não se imaginava “Bolonha” e a minha vida pautou-se entre a participação académica (integrei o Coral de Letras da Universidade de Coimbra e o Núcleo de Estudantes da Faculdade de Letras, fui representante dos alunos no Conselho Pedagógico da Faculdade e na Assembleia de Representantes, fui produtor do CD do Coral, participei na organização de colóquios, conferências e exposições, e muitas outras aventuras) e a minha formação, onde tive professores fabulosos que me ensinaram a acreditar nas potencialidades que tinha e a aplicá-las de forma séria e inovadora. Terminada a Licenciatura, continuei a colaborar activamente com o Instituto de Língua e Literatura Portuguesas e com o Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada, através da itinerância de exposições e da edição de textos (disponíveis on-line). Depois de tudo isto e já mais recentemente, iniciei o Mestrado em Português como Língua Estrangeira e Língua Segunda, tendo já concluído a parte curricular, que espero concluir em breve. Em linhas muito gerais, é este o meu percurso académico.

5 – Quando surgiu o Projecto Sérgio Rocha e quais são os seus objectivos?

O Projecto Sérgio Rocha surgiu exactamente no dia 9 de Julho de 2006. Sabe que a morte do meu irmão foi algo que estilhaçou por completo família e tudo o que aconteceu a seguir, com o aproveitamento que muitas pessoas fizeram da sua morte, deixou-me alheado do mundo e da realidade. Daí que tentei ter o meu irmão junto de nós de todas as formas possíveis. O Projecto surge com a necessária consciencialização de que a única forma de o manter connosco era fazer aquilo que ele gostava de fazer com as pessoas que gostavam dele. Essa é a essência do Projecto! Os objectivos são simples e, ao mesmo tempo, ambiciosos. Um deles é mostrar que não é por não haver dinheiro disponível que se deixa de efectuar actividades. Outro é fomentar a actividade colaborativa e, assim, oferecer oportunidades de participação em acções de vários níveis a todos. Por fim, para não haver a ideia de existirem espaços e dinâmicas adormecidas, o Projecto tenta conjugar vários esforços que conduzam a um bem comum. Pensamos que, se todos derem um pouco daquilo de bom que têm sem estarem a contar com algum lucro, podemos fazer a diferença.

6 – Que actividades o Projecto Sérgio Rocha já promoveu e pretende realizar?

A actividade em que o Projecto tem investido mais profundamente é na Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão. Como é óbvio, não seria possível realizar este seminário sobre combate a incêndios e segurança em combate a incêndios sem a colaboração do Professor Xavier Viegas e da equipa formativa do Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais, e da divulgação nacional feita pelo Portal Bombeiros.pt. Esta actividade é, só, a única do género que se realiza na Europa. Aliadas a esta actividade e aproveitando as infra-estruturas de Famalicão, já realizámos concertos e sessões de cinema (as primeiras a serem efectuadas na Casa da Cultura de Famalicão), inovando as actividades que são apresentadas à comunidade. Outra actividade que obteve muita adesão foi o Concurso de elaboração do logótipo do Projecto e que envolveu alunos da Escola Profissional da Guarda. O futuro é ambicioso e o Projecto quer inovar. Para já, estamos já a preparar condignamente a Jornada de Análise de 2011, onde vamos tentar ter o apoio das entidades políticas e da protecção civil da cidade da Guarda que se têm mantido afastadas, talvez por nossa culpa, desta actividade. E depois tenho um sonho de que o meu irmão gostaria imenso: o aparecimento de uma Orquestra Sinfónica na Guarda. Esta é uma realização que é, hoje, possível se as várias “vontades” da Guarda o quiserem. Utopia? Penso que não. Há espaços físicos, há entidades que ensinam música e diversos instrumentos, há instrumentistas locais que andam pelo país e que, decerto, não enjeitariam uma participação nesta Orquestra. Sim, seria necessário investimento financeiro, mas penso que seria facilmente rentabilizado. Olhe, tenho este sonho e um destes dias vou lançar o desafio às pessoas que poderão ajudar-me a realizá-lo.

7 – Como e quando surgiu a sua ligação aos Bombeiros de Famalicão da Serra?

A minha ligação aos Bombeiros surgiu em 1998, aquando da formação da Secção dos Bombeiros de Gonçalo. A entrada para os Bombeiros foi, na altura, uma mobilização de todos os jovens que pensavam fazer algo pela sua aldeia e pela comunidade.

8 – O que pensa da criação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra?

Esta é uma pergunta difícil. Não pense que não fiquei agradado com a sua criação, mas preferia que o tivesse sido noutras circunstâncias. A minha interpretação é que a criação da Associação pretendeu dar-nos a capacidade de regularmos o nosso próprio crescimento, pois a relação com a casa-mãe não estava a funcionar da melhor maneira, e dinamizarmos de forma positiva a nossa integração como voz audível no distrito. O que outros pensam é que foi uma tentativa de o governo calar alguma rebelião que se levantou na altura pelas circunstâncias que rodearam o acidente. Confesso que não posso deixar de dar alguma razão a estes, pois houve muita gente a colher os louros desta criação. Infelizmente, a autonomia ainda não alterou velhos hábitos nem mentalidades, logo a minha interpretação parece ser errada.

9 – Considera preocupante aquilo que acontece todos os anos, nos meses de Verão, no que se refere aos incêndios?

Considero muito preocupante o que acontece todos os anos, sim, mas não me espanta nada. O problema é que as entidades políticas e judiciais são responsáveis por este estado de coisas. Porquê? As entidades políticas criam uma embalagem interessante e cheia de leis muito positivas, mas não aplicáveis aos amigos. As entidades judiciais aplicam a lei, não fazendo investigações aprofundadas, e servem unicamente para desculpabilizar os amigos dos políticos e, talvez, de outros entes judiciais. Dou-lhe um exemplo simples: em 2006 aconteceu o que aconteceu e, da parca e mentirosa investigação judicial que se fez, concluiu-se que tinha havido negligência; como todos sabemos, um incêndio com origem negligente é punido por lei; o governo criou um spot televisivo onde se fazia alusão a essa negligência e houve um movimento de empresas que criou vários materiais relativos a essa negligência; no final de contas, os autos reconhecem a negligência e desculpabilizam-na, e o governo retira o spot de “circulação”; logo, a lei não é aplicada. Se a lei não é aplicada uma vez, haverá motivo para ser aplicada em situações semelhantes? Penso que não o deverá ser e preocupa-me isso.

10 – Em sua opinião, o que é que devia ser feito para diminuir o número de incêndios florestais?

Existem alguns factores que são determinantes no combate aos incêndios: as condições atmosféricas, o combustível e o dispositivo de combate. O primeiro não é passível de controlo de maneira nenhuma. O segundo depende dos proprietários dos terrenos e sabemos que existe uma total falta de responsabilização de proprietários e dos seus actos. O terceiro é aquilo que todos nós quisermos fazer com ele. Assim, penso que há três apostas que alterarão o cenário que é montado todos os anos: uma real aplicação da lei, sem favoritismos e sem desculpabilizações, fazendo com que quem arrisca o comportamento negligente opte por não arriscar; uma prevenção efectiva assente na distribuição de meios de combate pelos corpos de bombeiros das zonas mais afectadas pelos incêndios (sabe que não é possível que a corporação a que eu pertenço continue unicamente com uma viatura ligeira de combate a incêndios e ninguém se preocupe com isso); e, como medida eficiente e algo utópica no combate aos incêndios, a criação de grupos de reforço (GRIF’s) distritais assentes no voluntariado, ou seja, a aquisição por parte da protecção civil de veículos de combate que possam estar situados ou estacionados junto dos Centros Distritais de Operações de Socorro e que, em situações de emergência, possam ser accionados pelo recurso a bombeiros que não estejam integrados nas Equipas de Combate (ECIN). Sabe que eu acredito que os problemas que nós vamos ter com os incêndios justificam investimentos elevados, tal como o investimento nas Forças Armadas.


(Entrevista publicada no Jornal A Guarda - do dia 09 de Setembro de 2010)

domingo, janeiro 17, 2010

Semana de Manuel António Pina

Não é todos os dias que um homem com raízes na cidade da Guarda é homenageado por essa mesma cidade. Estranho? Sim e Não! Por vezes, o orgulho, com que vestimos as nossas vestes domingueiras, impede-nos de reparar em quem tem levado com esforço e dedicação o nome da cidade e do distrito até ao topo da cultura das letras portuguesas. Volto a frisar algo que já referi uma vez sem qualquer negativismo associado: gostemos muito ou pouco do trabalho que tem sido ESCRITO pelos "nossos escritores", temos de saber reconhecer toda a sua riqueza. Lembrem-se que a literatura é mais do que invejas! A literatura é vida, lá, no espaço da fruição estética.
A actividade que honra este nosso escritor é meritória e vem a tempo, pois as homenagens não se devem unicamente promover no frio de uma ausência.
Sigam as actividades, ouçam as palavras, leiam as poesias, vejam as peças e acompanhem criticamente o seminário!
Participem! Eu farei o meu papel, lá na Escola!

Vejam, detalhadamente, a programação aqui.

terça-feira, outubro 20, 2009

A "Residência" Impossível?

Perdemo-nos, por vezes, em demandadas buscas de existências passadas e pouco abonatórias às nossas realizações futuras. Ao embrenharmo-nos nessas realidades, perdemos o rumo do essencial e divagamos em direcção a um acessório perfeitamente desajustado e inútil.
Vi, pela terceira ou quarta vez, o filme "A Residência Espanhola" (no original, "L'Auberge Espagnole") e, mais uma vez, emocionei-me com o mundo que temos e desaproveitamos a cada instante. Qual a identidade que temos hoje? Qual a personalidade cultural que devemos utilizar na partilha de uma maior honestidade identitária?



segunda-feira, julho 06, 2009

Entretido a entreter os entretidos!

Juízo nenhum! Paciência nenhuma!
Pachorra pouca!
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Com epígrafes destas (ou se lhe quiserem chamar mote!) nem o Camões resistia e deixava imediatamente de escrever. Há quem diga que ele deixou de escrever e foi o outro parecido com ele que continuou a deliciosa aventura dos descobrimentos portugueses pelo mundo (tanto os materiais como os carnais!). Admito que Camões foi um homem carnal e até o admiro por isso, mas o que se esperava de um homem que sabia que iria tornar-se imortal e daí logo imaterial? Bem, perdi o encanto por Camões! Se ele supostamente sabia, já não tem valor aquilo que ele escreveu não sabendo ou supostamente pensando que nunca seria imortal. Porque falo de Camões e não de outro? Não faço a mínima intenção de saber! Deu-me para, de um jacto, imitando Pessoa, começar a falar de algo que é parecido com o que Camões significa na mente de muita boa gente: o nada que de repente é tudo! (Lá volta o Pessoa!) Quem foi Camões? Foi o tipo que decidiu que haveria de haver no futuro bem longínquo um feriado que daria muito jeito se estivesse colocado no dia anterior ao do Corpus Christi. Corpus Christi ou Corpo de Cristo e lá vem o Saramago com as riquezas visuais dos enfeites das ruas de Lisboa de D. João IV. Bem engraçada a forma como transformamos uma história numa não história e a levamos a ser mais uma crítica do que uma história. Assim é: sobe, sobe Baltazar e livra-te deste inferno terrestre. Qual filho de Camões, na desgraçada ausência de membro, qual outro de Pessoa, no jacto que te transportou até aos céus desconhecidos sem uma única letra escrita, qual alter de Saramago, na ansiosa aventura pelo mundo louco e estratosférico da literatura.
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Algo de jeito se escreve? Não me parece. Deliciosa aventura dos sentidos reunidos na escrita que confunde e infunde de interior as letras pesadas da internet.
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Pergunto-me por vezes: Acrescento algo ao meu futuro? Respondo com uma desmesurada ambição e mesurada consciência tecnológica: Sim! Acrescento uns quantos "bites".