sábado, maio 04, 2013

Repentes #23 - A Guarda e a cápsula do tempo!


Não tenho grande "pachorra" para coisas que considero pouco úteis e que, estas sim, criam uma letargia entre a hora em que se enterra algo e, passados 37 anos, se volta a desenterrar (e estou a imaginar que alguém tem curiosidade em desenterrá-la!), mas há expressões que não deveriam ser ditas, especialmente por gente que, com estas considerações, demonstra que passa ao lado daquilo que diz não existir por descuido ou por claro e manifesto desinteresse. 
Li hoje, nas páginas do jornal "Público", declarações que são atribuídas a um dos responsáveis pelo projecto da cápsula do tempo em que o mesmo diz que "Precisamos de iniciativas para contrariar alguma letargia social, económica e cultural que se vai instalando", acrescentando ainda que o enterramento de uma cápsula do tempo vai "criar atractividade sobre a Guarda para os próximos anos". Pois bem, eu não conheço pessoalmente este responsável pelo projecto, mas sei que é o principal obreiro de um Clube que congrega nomes sonantes da Guarda e que tem ao longo do tempo trazido o nome da cidade bem alto ao nível do desporto automóvel (lembro-me de alguns prémios que pilotos de Motocross de Famalicão ganharam nas suas galas!). Agora, se se referisse a outra cidade qualquer até se aceitava, mas dizê-lo numa cidade que tem vindo ao longo dos últimos anos a ter uma produção artística, logo cultural, cada vez com maior presença de guardenses, com diversas associações a produzir cultura, com um Teatro de âmbito nacional e com várias produções (desde livros a música a teatro a pintura ...) a terem reconhecimento nacional... Só pode ser brincadeira! E, atenção, nem sequer falo das várias actividades relacionadas com turismo natural ou histórico que também merecem participar ne chamada "questão cultural".
 
As perguntas que deixo no ar, sabendo eu que devem estar todos muito interessados em discutir o conceito de cultura, são estas: Sabem o significado de letargia? Os textos que integram uma cápsula do tempo podem ser consultados desde que a dita cápsula é enterrada e até que é desenterrada para assim criar interesse na sua consulta ao longo dos anos? Têm a certeza que os "velhos vícios e manhas" da Guarda são documentos que vão ter algum interesse no futuro? A geração que lerá esses textos terá algum interesse em seguir os conselhos ou reflectir sobre os pensamentos (e até auto-elogios!) de pessoas que hoje querem transformar a cidade na sua Quinta Pessoal? O que é preciso que a actividade cultural na cidade da Guarda demonstre mais para poder deixar de ser letárgica para as suas gentes? Haverá interesse em perpetuar uma filosofia maquiavélica e mesquinha para o futuro que se quer sustentável e mais social?

Por fim, é óbvio que estou a generalizar, mas, pelos vistos, na Guarda tudo se generaliza e só o que é do nosso foro pessoal e privado é que parece merecer o valor absoluto e o elogio!

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