sexta-feira, maio 01, 2015

Mostrada na BMEL a "Bloemlezing 7+7+1"






(Fotos da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço - Guarda)



Foi durante a Comunidade de Leitores da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (dia 29) que a "Bloemlezing 7+7+1" foi mostrada aos presentes, como mostram as fotos. Trata-se de 33 exemplares de uma antologia bilingue (português e holandês) de poemas retirados dos meus livros e de participações em revistas. Cada um dos exemplares está transformado numa obra única pela contribuição artística do Jos van den Hoogen, que pintou manualmente cada uma das 33 capas.
Uma obra única para celebrar a amizade e os meus trinta e três anos.
Lá dirão: narcisista!
Caso estejam interessados, contactem-me: silenciosasdiscussoes@gmail.com

terça-feira, abril 28, 2015

Mostra pública e exposição dos 33 exemplares de Bloemlezing 7+7+1









Título: Bloemlezing 7+7+1
Autor: Daniel António Neto Rocha
Tradutor para o Holandês: Jos van den Hoogen
54 páginas
dimensões 25x13
.
33 exemplares únicos
assinados pelo autor
com pintura manual e assinatura do pintor e tradutor
entrega em caixa

No dia 29 de Abril, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (Guarda), decorrerá na Comunidade de Leitores a mostra pública dos 33 exemplares da Bloemlezing 7+7+1, a antologia bilingue de poemas de Daniel António Neto Rocha traduzidos para holandês por Jos van den Hoogen.
Estes 33 exemplares possuem, cada um deles, uma pintura de capa única e não repetida, transformando cada livro numa obra única. Todos os livros foram pintados por Jos van den Hoogen, também ele pintor.
A data de lançamento e entrega dos livros é o dia 30 de Abril, dia dos 33 anos de Daniel António Neto Rocha, podendo esta mostra de dia 29 ser a única ocasião em que o público poderá ver todas as pinturas reunidas.
Pedidos de mais informações e reserva de exemplares podem ser efectuadas através do endereço electrónico silenciosasdiscussoes@gmail.com  

sábado, abril 25, 2015

Amanhã, dia 26, vou estar na Feira do Livro de Vila Nova de Tazem



Amanhã, às 16h, vou estar na Feira do Livro de Vila Nova de Tazem para falar um pouco dos meus livros, mas com uma especial atenção a estes dois: "Tenho uma pedra na cabeça" e "A Casa da Memória". O primeiro o último de poesia e o segundo de teatro.
As actividades decorrerão no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Tazem, uma vez que a chuva e o mau tempo vieram para ficar por uns dias.
As actividades da Feira começam às 10 horas e terminam às 19 horas.
Vão até lá!

terça-feira, abril 21, 2015

Bloemlezing 7+7+1 - quase pronta!


(Bloemlezing 7+7+1, foto do Jos)

Título: Bloemlezing 7+7+1
Autor: Daniel António Neto Rocha
Tradutor para o Holandês: Jos van den Hoogen
54 páginas
dimensões 25x13
.
33 exemplares únicos
assinados pelo autor
com pintura manual e assinatura do pintor e tradutor
entrega em caixa
.
A data de lançamento ou mostra/exposição muito temporária ou entrega do livro acontecerá no dia 30 de Abril de 2015 (no dia 29 de Abril, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, decorrerá uma mostra pública de todos os exemplares). A compra antecipada, ou reserva de exemplar, ao preço de 15 euros começou já no dia 3 de Abril de 2015. A encomenda pode ser efectuada através do endereço email: silenciosasdiscussoes@gmail.com - indicando no assunto Bloemlezing 7+7+1 .

Crónica Bombeiros.pt: O poder de uma “mentira”

Foi, como já fizemos menção, a nossa mentira do dia 1 de Abril, o tradicional Dia das Mentiras onde se perdoa um oportuno desvio da natural verdade noticiosa dos outros trezentos e sessenta e alguns dias. A “notícia” tinha como título “DECIF 2015: Bombeiros vão ter de passar recibo verde” e despertou muita curiosidade e levantou muita e, digo eu, necessária discussão.
A pergunta que muitos mantêm passados cerca de vinte dias é: e se fosse verdade? Pois bem, também eu, enquanto trabalhador português a recibos verdes, me coloco a mesma questão… e, o certo, é que não é nada despropositado que esse dia chegue aos bombeiros portugueses. Para quem não conhece (e esperando que haja muitos que não conheçam e pedindo ajuda aos que conhecem melhor do que eu), o recibo verde terá sido uma criação governamental transitória e reguladora de situações pouco esclarecidas e indesejáveis que se transformou no regime predilecto de contratação da “patronice” nacional, instituições governamentais incluídas. Até aqui penso que não erro muito.
Pois bem (outra vez), dentro deste regime de trabalho é incrível o número de actividades consagradas e as cambiantes para cada uma, tanto ao nível do IVA como do do IRS. Daí que… não era nada descabido que cada um de nós, bombeiros, pudéssemos ser obrigados a prestar contas sobre as compensações que recebemos nos DECIF. Digo mais, talvez fosse uma boa forma de evitar alguns “abusos” que podem, ainda, ir acontecendo por esse país fora. Não, não conheço nenhum, mas tenho a mania de ficcionalizar as coisas.
E é dentro deste contexto que surgem muitas e boas questões suscitadas pela “notícia” publicada por nós aqui no Portal. A discussão que originou revela dois campos de diálogo diferentes e bem necessários: em primeiro lugar, a necessidade de haver um amplo esclarecimento público no universo dos bombeiros portugueses sobre as compensações atribuídas aos seus elementos, começando nas direcções, passando por comandantes e contemplando bombeiros e suas famílias; em segundo lugar, a percepção por parte do Governo de que a visão que os portugueses, no geral, têm da relação que mantêm com as Autoridade Tributária é igual à que em Inglaterra havia em tempos entre o povo e o Xerife de Nottingham, ou seja, as Finanças, para os portugueses, só servem para “tirar” e não para “regular”.
Aí está o poder de uma “mentira” que, no interesse geral e devidamente enquadrada, poderia nem ser uma má medida de todo.

Moimenta da Serra, 20 de Abril de 2015
Daniel António Neto Rocha

domingo, abril 19, 2015

Tertúlia sobre os autores Vergílio Ferreira, Augusto Gil e Daniel Rocha




 


Um momento muito interessante e que pode ser um bom ponto de entrada para a curiosidade em ler qualquer um dos escritores. Eu sei que vai ser uma óptima conversa!


No âmbito do projeto A Terra da Escrita, convidamos a comunidade educativa a estar presente na atividade: Tertúlia sobre os autores Vergílio Ferreira, Augusto Gil e Daniel Rocha, que resultou da articulação entre o Agrupamento de Escolas da Sé, Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço e Câmara Municipal da Guarda. (Fonte: Agrupamento de Escolas da Sé, Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço e Câmara Municipal da Guarda)

Contradizer_7, na Quinta das Cegonhas (Nabaínhos-Gouveia), dia 2 de Maio



Contradizer 7. Lucebert
Quinta das Cegonhas- Nabaínhos (Gouveia)
2 de Maio
21 horas

Sessão dedicada ao poeta e pintor holandês Lucebert (Amesterdão 1924-1994).
Lucebert é considerado como o poeta mais revolucionário, mais autêntico e mais expressivo da geração experimental do pós-guerra. Pertenceu ao grupo CoBrA, foi amigo de Karel Appel e recebeu vários prémios literários.

Programa:
- música de Charlie Parker, Dizzie Gillespie e Thelonious Monk (músicos que influenciaram Lucebert);
- filme: "Tempo e Adeus", do cineasta Johan van der Keuken.

- conferência "O duplo talento de Lucebert" por Arie Pos (renomado tradutor Holandês), em Português;
- apresentação duma pequena colectânea bilingue de poemas de Lucebert, traduzidos para o Português por Jos van den Hoogen. 

(capa do opúsculo "Lírios Cortados")


- leitura de alguns daqueles poemas por Américo Rodrigues.


Entrada livre.
(Para cobrir as despesas, convidam-se os participantes a adquirir a colectânea a apresentar. Trata-se da primeira colectânea de Lucebert publicada em Portugal e terá uma tiragem muito reduzida).
.....

Contradizer 7. Lucebert
Quinta das Cegonhas- Nabaínhos (Gouveia)
2 mei
21 uur

De sessie Contradizer 7 is gewijd aan de Nederlandse dichter/schilder Lucebert (Amsterdam 1924-1994).

Lucebert wordt beschouwd als de meest revolutionaire, de meest authentieke en de meest beeldende dichter van de na-oorlogse experimentele generatie. Hij maakte deel uit van de CoBrA-groep, was bevriend met Karel Appel en ontving tal van literaire prijzen.



Programma:

•muziek van Charlie Parker, Dizzie Gillespie e Thelonious Monk (musici die Lucebert hebben beïnvloed);

•film: "Tijd en Afscheid", van de cineast Johan van der Keuken.
•lezing "Het dubbeltalent van Lucebert" door Arie Pos (gerenommeerd Nederlands vertaler), in het Portugees;

•presentatie van een tweetalig bundeltje met gedichten van Lucebert, in het Portugees vertaald door Jos van den Hoogen.

•voordracht van enkele van de gedichten door Américo Rodrigues.


Vrije toegang.

(Om de onkosten te dekken, nodigen we de deelnemers uit om het gepresenteerde dichtbundeltje te kopen. Het is de eerste dichtbundel van Lucebert in het Portugees, met een zeer beperkte oplage.)

quarta-feira, abril 15, 2015

Sarau Cultural e Literário do Instituto de Gouveia - Escola Profissional






Acontece já na próxima semana o Sarau Cultural e Literário do Instituto de Gouveia - Escola Profissional. Completamente dinamizado por alunos, com o apoio dos seus professores - entre os quais eu -, este será um exercício artístico (com teatro, dança, poesia, música, multimédia e outras surpresas) e cultural que abordará o papel da mulher na sociedade. Brechtiano q.b., será um olhar diferente para as possibilidades de a sociedade pensar a própria sociedade. Para culminar, conta ainda com a participação especial de Fernando Alvim. Uma forma diferente de pensar Abril e as suas lições.
24 de Abril em Gouveia!

sexta-feira, abril 03, 2015

Bloemlezing 7+7+1 – Reservering van de tweetalige bloemlezing met een beperkte oplage van 33 exemplaren





(Bloemlezing 7+7+1 – kaftontwerp)


(Bloemlezing 7+7+1 – ontwerp achterflap)


Titel: Bloemlezing 7+7+1
Auteur: Daniel António Neto Rocha
Vertaling naar het Nederlands: Jos van den Hoogen
54 bladzijden

33 unieke exemplaren
getekend door de auteur
met handgeschreven tekst en handtekening van de vertaler/schilder


Enkele maanden geleden, toen we een begin maakten met het vertaalproject van de gedichten van Lucebert, begonnen Jos van den Hoogen (schilder en vertaler) en ik bij wijze van grap met het vertalen van enkele van mijn gedichten die al gepubliceerd waren (in boekvorm of in tijdschriften). Omdat we bezig zijn een dichter naar Portugal brengen, leek het ons voor de hand te liggen dat er een soort van uitruil plaats zou vinden.  En ziehier het resultaat.

De Bloemlezing 7+7+1 (Antología 7+7+1) is een tweetalige uitgave van gedichten die zijn geslecteerd uit de bundels Refracções em três andamentos en Tenho uma pedra na cabeça no lado esquerdo anterior frontal ou nada disto, op één gedicht na, dat afkomstrig is uit éen van de nummers van het tijdschrift Praça Velha. Doelgroep van deze uitgave? Welnu, doelgroep zijn de lezers die geïnteresseerd zijn in mijn poëzie en die Portugees en Nederlands lezen, maar de uitgave is gedacht voor het Nederlandse publiek. Omdat er echter nog weinig Nederlanders zullen zijn met interesse voor mijn poëzie (die zijn misschien op de vingers van één hand te tellen), hebben we besloten dat deze uitgave zal kunnen dienen als basis voor een toekomstige uitgave, maar dat die wel uniek en speciaal zou moeten zijn.

Vandaar dat die voor mij luister zal bijzetten aan het bereiken van de symbolische leeftijd van Jezus, die van 33 jaar. Vandaar ook dat die een oplage zal hebben van exact 33 exemplaren. Het zullen echter geen 33 identieke exemplaren zijn. Het zullen 33 exemplaren zijn die eenzelfde basis hebben, maar die een plastische bewerking zullen ondergaan in de handen van Jos van den Hoogen en hier en daar van mij (enigszins vergelijkbaar met wat u hierboven ziet op het ontwerp van de kaft en de achterflap). Dus, we gaan 33 kunstwerkjes maken met daarbinnen een tweetalige bloemlezing.

De datum voor de presentatie, de zeer kortstondige expositie en de levering van het boek (waarvoor nog geen tijd of plaats is vastgesteld,) is 30 april 2015. De voorverkoop of reservering van een exemplaar, voor de prijs van 15 euro, begint vandaag, 3 april 2015, en vindt plaats via het emailadres: silenciosasdiscussoes@gmail.com
met vermelding van het onderwerp: Bloemlezing 7+7+1.
De reservering wordt enkel een feit door het voldoen van de betaling.

Pensalamentos #278 - esquecimento

morri
desculpa a falta de aviso
mas o tempo voou

eu
desabituado destas desventuras
pensei que sonhava uma má ficção
morri
ontem
pela tarde
nos teus braços
e
nem 
te avisei

quinta-feira, abril 02, 2015

CalaFrio e o teatro


O ramo teatral da CalaFrio - Associação Teatral, o Teatro do CalaFrio, vai apresentar a sua segunda peça nos dias 16, 17 e 18 de Abril. Esta peça, tal como a primeira, terá a sua estreia no Teatro Municipal da Guarda (TMG).

E eis que a CalaFrio, que já dinamiza o ciclo Contradizer, começa a ganhar vozes, imagens e uma presença constante. Mas, enganem-se os que pensam que já está tudo dito. Como sabem, há sócios fundadores e há órgãos sociais e passará a haver ainda mais projectos e actividades. O caminho, imenso, está prestes a ser iniciado e promete surpreender até os mais informados.

segunda-feira, março 30, 2015

Março sem tempo

São muitas e muitas e muitas as causas para o quase apagamento deste blogue durante o mês de Março. Não, não há qualquer problema a não ser a sobrecarga de afazeres que por vezes aparece. Abril também promete ser assim, mas vou tentar estar mais presente. Abraço!

quinta-feira, março 19, 2015

Contradizer_6 da CalaFrio - Associação Cultural

É já neste sábado, início da Primavera e Dia Mundial da Poesia, pelas 16h30, que se realiza o Contradizer_6, organizado pela CalaFrio - Associação Cultural. Este Contradizer acontece no Anfiteatro ao ar livre da Quinta do Alarcão, junto à Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, na Guarda.



Segue a notícia publicada em alguns órgãos de comunicação social:

A Guarda tem uma nova associação cultural que pretende desenvolver várias iniciativas de caráter cultural e artístico, “agitar” a cidade e estender a sua ação a outras cidades do país, anunciaram hoje os fundadores.
A nova coletividade, designada “Calafrio-Associação Cultural”, foi criada oficialmente no dia 6 e em breve elegerá os seus corpos diretivos.
Segundo os promotores do projeto cultural, a associação “pretende desenvolver várias iniciativas de caráter cultural e artístico (teatro, música, edições, exposições, etc.), a partir da Guarda, estendendo a sua ação a outras cidades do país”.
Entre os sócios fundadores estão o ator José Neves, os escritores Manuel Poppe, Daniel Rocha e Manuel A. Domingos, os músicos César Prata, Élia Fernandes e Suzete Marques, a cantora Teresa Aurora Gonçalves, os professores José Manuel Mota da Romana, António José Dias de Almeida e Fátima Freitas, a musicóloga Cristina Fernandes e os programadores Américo Rodrigues e Sílvia Fernandes.
A companhia de teatro profissional Teatro do CalaFrio, já em atividade naquela cidade, desde março de 2014, é um dos núcleos da nova associação, “que pretende agitar a Guarda, numa perspetiva de que a cultura deve estar ao serviço da cidadania”, é também referido.
O Teatro do CalaFrio já representou a peça “Mas era proibido roer os ossos” (a partir dos textos “Carta ao Pai” e “Relatório a uma Academia”, de Franz Kafka), com interpretação dos atores José Neves (que integra o elenco fixo do Teatro Nacional Dona Maria II), Valdemar Santos (ator e encenador independente) e Américo Rodrigues (ator, poeta, encenador e performer).
A companhia teatral está a preparar a sua próxima produção, que vai estrear em abril, intitulada “Empresta-me um revólver até amanhã”, a partir de duas peças de Anton Tchekhov, com interpretação de José Neves, Valdemar Santos e Américo Rodrigues.
O Teatro do CalaFrio também tem organizado, na Guarda, um ciclo de atividades culturais e artísticas designado Contradizer.
O próximo evento está agendado para sábado, às 16h30, e surge a propósito do Dia Mundial da Poesia.
Naquele dia será realizada uma atividade no anfiteatro ao ar livre da Quinta do Alarcão, junto à Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, que vai chamar-se “A poesia vai acabar”, que é o título de um poema de Manuel António Pina.
Segundo os promotores, durante a iniciativa haverá uma breve intervenção a propósito do poema “A poesia vai acabar”, seguindo-se uma sessão com poemas escolhidos e lidos por convidados e espontâneos.
A atividade é realizada com a colaboração da Câmara Municipal da Guarda/Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço e tem entrada gratuita. (Fonte: Beira.pt)

sexta-feira, março 06, 2015

Guarda: "A Terra da Escrita"


Na próxima semana, as Oficinas de Escrita do projecto "A Terra da Escrita" vão continuar nas escolas da Guarda. E tem sido uma experiência muito enriquecedora para mim, enquanto escritor, e muito útil para os nossos alunos. Não, não estou a dizer que é o contacto comigo que é útil para os alunos. Penso que a utilidade é a percepção, pois passo-lhes isso, da exigência que a escrita acarreta. E é muito bom observar que eles percebem que a palavra é um bem a procurar sempre. Sim, eles percebem que é um bem essencial para a vida e para o crescimento!
Durante as semanas anteriores, foi com agradada curiosidade que algumas das histórias escritas pelos alunos da Escola de São Miguel e da Escola Carolina Beatriz Ângelo ficaram quase concluídas. Digo quase concluídas porque ainda terão os alunos ocasião de as melhorar e rever até à entrega final às professoras bibliotecárias para futuras realizações do projecto. 
Também o fruto das sessões na Escola de Santa Clara está nas minhas mãos e, em breve, será devolvido com os devidos aconselhamento para uma quase final revisão pelos pequenos escritores. 
Em suma, estou feliz pelo trabalho que tem vindo a ser conseguido e pela capacidade de escrita destes jovens, que, seguindo sempre pelos caminhos da exigência, vão chegar muito longe nas suas ambições.
Claro que também dá para observar e perceber o imenso trabalho que os professores têm feito para conseguir que estes jovens não se percam na confusão em que o país se encontra. 
Em breve, mais algumas palavras sobre "A Terra da Escrita"!

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Contradizer_5

O Contradizer_5 está aí e acontece já no sábado, dia 28, no Centro Cultural da Guarda, pelas 21h30.



"O Teatro da CalaFrio vai realizar mais uma sessão do ciclo "Contradizer", actividade nómada dedicada à difusão da cultura.  Desta vez, o espaço escolhido é o salão do Centro Cultural da Guarda,  instalado no antigo Paço Episcopal (também já ali funcionou o Tribunal), no centro da cidade.
A sessão é, como tem sido hábito, diversificada, dando grande importância à força da palavra.
Américo Rodrigues (Pasolini) e Vasco Queiroz (o jornalista Furio Colombo) reconstituirão a última entrevista dado pelo cineasta italiano, horas antes de ser brutalmente assinado (em Novembro de 75 ). A entrevista acabou por se intitular "Estamos todos em perigo", por sugestão do próprio Pasolini.
O percussionista  Tiago Pereira contará algumas das suas "histórias sem corantes", "a partir de sons e sons que se transformam em palavras".Tiago Pereira integra os "Roncos do Diabo" e o projecto "Ai" e costuma acompanhar, entre outros , Sebastião Antunes.  Recentemente, foi co-responsável pela criação e programação do "Atrás da serra café" em Valhelhas.
José Ferraz Alçada, escritor e médico, que vive na Vela, sobe à cidade da Guarda para revelar alguns dos contos do seu próximo livro "Gato ou lince".
A iniciativa "Contradizer" tem criado um público regular interessado na literatura e nas relaçoes que ela pode  estabelecer com as outras áreas da Cultura.
A entrada é, como sempre, gratuita.
Entretanto, o Teatro do CalaFrio prepara a sua próxima produção teatral: "Empresta-me um revólver até  amanhã", a partir de duas peças de Anton Tchekhov, com José Neves, Valdemar Santos e Américo Rodrigues. Estreia em Abril próximo."

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Oficinas de Escrita na "Terra da Escrita" em Santa Clara

(Biblioteca D. Sancho I da Escola de Santa Clara)

Na semana passada aconteceram as primeiras Oficinas da "Terra da Escrita". A Escola de Santa Clara, a sua Biblioteca, os seus professores e funcionários (guerreiros da educação), e os "pequenos escritores" foram um agradável conforto e um porto de saída para a navegação no mundo da imaginação. Eles foram convidados a viajar (com o tema de escrita "A Viagem") e a abrir "A Porta Fechada". E que boas histórias se preparam para sair daqueles pequenos escritores.
Amanhã continuam as Oficinas noutras escolas da Guarda!

(Ver mais fotos e informações AQUI)

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Apresentação de dia 12 de "Tenho uma pedra na cabeça" na Guarda


Sou, penso eu, um afortunado por ter poucos mas bons amigos. E isso faz a diferença para quem, como eu, avança a passos largos acompanhado bem de perto pela velhice eterna. Mas... olvidemos a questão temporal.
Na passada 5.ª feira, dia 12, aproveitei o facto de ter de estar na Guarda para efectuar a apresentação do livro "Tenho uma pedra na cabeça", a minha mais recente edição. E, sabendo que era uma semana difícil para os que gostam de cultura e de poesia (muitos estiveram em ensaios para o "Galo do Entrudo"), avancei na pretensão com a consciência de quem sabe o que o espera. Não fiquei defraudado! A sala estava repleta de interesse, condensado em poucos mas bons ouvintes. Gostei de os ter por lá!
De seguida, o José Monteiro fez uma apresentação (que publicarei no final deste texto) muito boa e, como disse então, ensinou-me muitas coisas sobre a minha escrita. O professor António José Dias de Almeida e o Jos van den Hoogen leram, maravilhosamente, alguns poemas. No caso do Jos, foram apresentados dois dos poemas que ele traduziu e que vão integrar a "Bloemlezing 7+7+1" (perdoe-me Jos se não for assim), uma antologia bilingue - português e holandês - que terá uma tiragem limitada de 33 exemplares e terá outras particularidades (no início de Março darei mais informações). Por fim, aproveitei para agradecer a presença de todos os que me acompanharam neste dia e fiz algumas referências ao livro.
Gosto sempre de estar na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço e gostei muito de encontrar lá a calmaria literária, mas gostei principalmente de encontrar lá a amizade.




Texto e poema de José Monteiro, ambos apresentados na sessão:


"Não é verdade que só o autor se apaixona pela obra. Também a obra se apaixona pelo seu autor. Na verdade é mesmo por isso que o autor se apaixona por ela."
 ANA HATHERLY

Um livro especialmente de poesia não se deixa apresentar, apresenta-se ele sozinho. É o rosto visível de alguém que investiu nele tudo o que tinha para dar, naquele momento. Outros virão de certeza melhores. Assim acontece neste “Tenho uma pedra” onde da escrita intimista, os poemas saem materializados em palavras que às vezes são pedras. Ora ter uma pedra na cabeça é um acto não-poético. Era!
Este livro de Daniel Rocha vem provar que ser artista é saber pegar na realidade e expô-la, é pegar numa pedra e expandi-la. Fazê-la viver. Torná-la expansiva. Quando comecei a ler o livro veio-me à lembrança o que diz Sophia na sua Arte Poética III:
O artista não é, e nunca foi, um homem isolado que vive no alto duma torre de marfim. O artista, mesmo aquele que mais se coloca à margem da convivência, influenciará necessariamente, através da sua obra, a vida e o destino dos outros. Mesmo que o artista escolha o isolamento como melhor condição de trabalho e criação, pelo simples facto de fazer uma obra de rigor, de verdade e de consciência ele irá contribuir para a formação duma consciência comum. Mesmo que fale somente de pedras ou de brisas a obra do artista vem sempre dizer-nos isto: Que não somos apenas animais acossados na luta pela sobrevivência mas que somos, por direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser. (Arte poética III, Sophia)
Ora isto leva-nos às pedras do nosso autor. Ele próprio reconheceu que a pedra que esteve na sua cabeça – não interessa a localização exacta, se foi no lado esquerdo, anterior, posterior ou parietal – esteve Aprisionada num recanto escuro do cérebro, significa e interpreta, ao mesmo tempo que oferece leituras e compreensões. Partindo da sua forma significativa, a pedra entrega-se nas mãos, nos pés, nos olhos, na imaginação ou no objecto de desejo de vários tempos e modos, surgindo nua e desprovida de vida no final da leitura. E afinal aqui está tudo resumido, não seria preciso dizer mais. [Mas como ao outro poeta, também a mim surgiu uma pedra no caminho, com a tarefa mais difícil de vos apresentar essa pedra.]
     A poesia do autor já é nossa conhecida e também o é a sua preocupação com o tratamento a dar à palavra. E se ele nos oferece estes poemas é porque os julgou purgados através de um trabalho “improbus” horaciano e de polimento das palavras como se de pérolas se tratasse. Por isso estamos perante um conjunto de poemas quase perfeitos e com a exacta imperfeição de palavras cumprindo objectivos previamente definidos. Este livro pode ser assim aa sua arte poética.
Na minha leitura da obra saliento três tópicos:

1º Concepção de poeta e de poesia. O poeta é um rio, como refere no poema “Gotas de Pedra”, (17 – Talvez tu não o saibas, mas já fui um rio.) onde se faz a confluência (desaguam) de vários elementos sintetizando o que decorre de uma existência às vezes mineral e em que a pedra o obriga a desviar a efluência dos fluidos intelectuais.
A referida confluência existe no poema “conjugação”: em que o processo de criação vai desde o volitivo do acto, do verbo, passando pela mineralização inadvertida, pelo acto amatório julgado mesmo obsceno (delicado gesto obsceno 31), pela impressão da não existência enquanto ser e pelo desafio final da consciência da sua limitação. (Daí o verso final: Conjugo-te, enfim!) Essa consciência conduz ao grito expresso no título de “antes que a vida passe” que é uma retoma do tema clássico do tempus fugit ou, como se assume explicitamente, do tempus edax rerum (58 Ovídio).
A fluidez do poema converte mesmo a pedra em gotas e voltamos à imagem do rio e da consequente água. E assim se conjuga o concreto da pedra com a fluidez da água (17 o rio fluir rápido, 20 quente fluido, 28 fluidez dos tempos, 35 corrupio fluído) que por sua vez se torna também matéria poética. [Acho que uma das palavras chave da obra é mesmo fluir e seus derivados] Então o poeta assume-se como Narciso *(A água cansada de olhares / ressumava o futuro dos dias / e das gentes.58) e refugia-se na imagem do rio de palavras que brotam do peito, da boca e da cabeça (16) pois “tem mais palavras que a própria língua … no ritmo que lhe aprouver”*(17) Afinal o poeta, se não utilizar correctamente as palavras, pode matar / talvez de silêncio / as sílabas de liberdade / e as rimas ricas / dos versos. (44)
Ficamos também a saber que o que move o poeta afinal é Eros que alimenta Apolo e o faz suar de prazer (59), ou seja, a poesia tem consequentemente um carácter lúdico, prazeroso (comboio de corda) e Apolo fascina-se / pela petrificada figura. … A pedra excita Apolo / e Eros viola o seu / arco (60). Mas esta afirmação semeia dúvidas como estas: Apolo, o deus protector das Musas (na Grécia), submete-se a Eros? Ou é Apolo, deus do sol, que se deixa sombrear por Eros? Ou o poema necessita haurir de Eros apenas a excitação, o despertar para a realidade que a pedra significa?
Mas a imagem mais significativa nesta concepção de poeta é a do poema onde o escultor surge. Nada mais adequado do que o escultor, qual estatuário, qual artista, converter a simples pedra inerte numa obra de aperfeiçoamento em que haja vida. Os últimos versos são para mim a síntese perfeita de poeta e poesia. *(37/8)

2º A pedra como matéria poética. – O tema da pedra não é novo na poesia. Vem-nos imediatamente à memória o poema de Carlos Drummond de Andrade (No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho), talvez o poema mais conhecido da temática. Mas o que significa e interpreta esta pedra? Para o autor a pedra reveste várias espécies: a casinal (36, 47), a mística ou sagrada (pedra ara sacra 35), a mítica, a histórica, a lendária, a imaginária, a real, … *(66). Vou deter-me apenas nas duas primeiras.
A casinal joga ao destino com as palavras e obedece à predestinação com que os deuses jogam com os humanos. Não é por acaso que aparece no poema “Sísifo”, esse castigado exemplar, servindo aos humanos de lição empurrando indefinidamente a pedra por ter ousado infringir as regras dos deuses e ter voltado do Hades. É esta pedra representante do desafio que o poema constitui ou deve constituir em relação à ordem estabelecida? O poema “Matar” significa isso mesmo, a revolta contra o que está mal na sociedade. Ou significa a ousadia do aprisionamento de Tanatos (deus da morte) conseguindo a imortalidade através das palavras?
A mística ou sagrada, liga-se à presença implícita, facilmente adivinhada, da pedra angular bíblica que os construtores rejeitaram. A pedra / palavra será motivo poético se tiver esse carácter de segregação, separação do que é profano, do vulgo. Nessa altura ganhará vida e tornar-se-á representativa do verdadeiro valor do poema: missionar. E não é a única presença do sagrado pois pelo menos em dois poemas há referência ao leite e mel (54, 57) elementos messiânicos da ansiada terra prometida. Não já do desejo judaico no domínio dessa utopia, mas na possibilidade da nascitura pedra que se expande desfazendo o tiro natural da biologia.(25). A eterna ânsia de quebrar as leis da vida e conseguir assim a imortalidade.

3º As influências. Um bom escritor nunca deixa de revelar as influências recebidas das suas leituras quer em termos de poética quer em termos de educação. Ora neste livro há nitidamente várias fontes onde o autor bebeu.
Quanto a autores / poetas nota-se a presença silenciosa de Manuel António Pina nas temáticas abordadas e mesmo nas formas utilizadas. O já referido Carlos Drummond de Andrade (20). A loucura insistente de um Álvaro de Campos (64). Ovídio e as suas Metamorfoses na expressão referida acima “edax rerum (58). Ricardo Reis surge-nos inevitavelmente quando abrimos a página no poema “Os novos jogadores de xadrez”. Há também uns aromas de Sophia no poema “Minotauro”.
Quanto à educação escolar e universitária é por de mais evidente. Não apenas nos títulos dos poemas, mas no seu conteúdo. As figuras mitológicas carregadas de diversos e ricos simbolismos: Sísifo, Hefesto, Eros, Minotauro, Apolo … e de inspiração explicitamente bíblica: David e Golias.

Em síntese, tudo pode terminar na cabeça onde a pedra devia morar. Quem diz cabeça, diz sótão. Quem diz pedra, diz livro. Este teme apenas o frio da ausência de leitura, de leitores. Por isso há que fugir do sótão onde mora o frio da solidão literária. Caso contrário pode acontecer o que diz a poetisa brasileira Adélia Prado: “Deus de vez em quando me tira a poesia e eu olho pedras e vejo pedras mesmo...”







“Tenho uma pedra”

O homem ser esquisito
pensa e escreve
Como quem respira o ar quente da noite
Onde as gotas de pedra fazem eco na solidão dos pensamentos.

No sótão, lugar frio onde os livros
são pedras que se expandem
 e fogem ao tiro natural da Biologia
provoca-se o sangramento das palavras
e restam as impressões da tarde.

Mas da conjugação dos astros – leia-se influências -
quando o homem chora
antes que seja tarde
surge o escultor, estatuário de pedras feitas ideias.

O poeta, escultor de frases manufacturadas,
grita que é proibido não proibir
e que é preciso matar a opressão das palavras.

Os novos jogadores de xadrez substituem palavras por pedras
e, qual Sísifo, enfrentam o destino
na luta desigual de David e Golias.

Presos no labirinto, dominam o Minotauro
embora o Narciso interior os faça caminhar
para o domínio de um Eros construtor de imagens
e de sensações persistentes como um formigueiro
em que as ideias são emanadas pelo pó das pedras.

Ou, então – é o poeta quem o diz - nada disto!





Na biblioteca, em cada livro,

em cada página sobre si
recolhida, às horas mortas em que
a casa se recolheu também
virada para o lado de dentro,

as palavras dormem talvez,
sílaba a sílaba,
o sono cego que dormiram as coisas
antes da chegada dos deuses.

Aí, onde não alcançam nem o poeta
nem a leitura,
o poema está só.
‘E, incapaz de suportar sozinho a vida, canta.’



Manuel António Pina, Poesia, saudade da prosa.

(Todas as fotos são da autoria do Arménio Bernardo)