terça-feira, dezembro 20, 2011

O grande disparate ou «Nós, as "gorduras"»

Hoje, imito o Mestre Poppe e dou a conhecer uma oportuna visão do Portugal moderno e evoluído. Mestre Manuel António Pina no seu melhor!

Primeiro foram os jovens desempregados a receber do secretário de Estado da Juventude guia de marcha para fora de Portugal; agora coube a vez aos professores, pela voz do próprio primeiro-ministro.

No caso dos professores, a coisa passa-se assim: o ministro Crato varre-os das escolas; depois, Passos Coelho aponta-lhes a porta de saída do país: emigrem, porque Angola e Brasil "têm uma grande necessidade (...) de mão-de-obra qualificada". Portugal (que é um dos países da Europa com mais baixos níveis de escolarização, segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2011, divulgado no mês passado pelo PNUD) não tem, como se sabe, necessidade de mão-de-obra qualificada.

E, como muito menos tem necessidade de mão-de-obra "desqualificada", ninguém se surpreenda se um dia destes vir o secretário de Estado do Emprego e o novo presidente do Instituto do Emprego e Formação (?) Profissional a mandar embora quem tiver como habilitações só o ensino básico; o ministro da Segurança Social a pôr na rua pensionistas e idosos (para que precisa Portugal de pensionistas e idosos, que apenas dão despesa?); o ministro da Saúde a dizer aos doentes que vão morrer longe, em países sem listas de espera e com taxas moderadoras em conta; o da Defesa a aconselhar os militares a desertar e ir para sítios onde haja guerras; e por aí adiante...

Percebe-se finalmente o que são as tais "gorduras do Estado": são os portugueses.


(Retirado do Jornal de Notícias)

quinta-feira, dezembro 15, 2011

"Este país não é para jovens", de Manuel António Pina

Manuel Poppe tem disponibilizado no seu blog, Sobre o Risco, algumas das crónicas de Manuel António Pina, Hoje, apresenta-nos mais uma dessas crónicas certeiras e assustadoramente reais. Cito um parágrafo e deixo aqui a ligação para a crónica integral.

(...) Como sobreviver porém, física e moralmente, à guerra que se abate hoje sobre os jovens, condenados sem fim à vista à precariedade, à humilhação e à desesperança, impedidos de constituir família ou de ter vida própria? E uma boa parte da responsabilidade política por isso é justamente da minha geração, sobretudo daqueles que, logo que puderam, se meteram na cama com o inimigo dos seus 20 anos."

A isto, some-se a chantagem e a pressão por parte dos patrões ditadores, que apontam "o olho da rua" a quem não faz o que eles mandam, e os milhares de recibos verdes que não contam para os números do desemprego. País? Isto é uma prisão!

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Li: Teorias, de manuel a. domingos


Ainda num período de "ressaca" depois da leitura do livro Teorias, faço apenas um pequeno comentário de extremo contentamento. Mais do que lirismo, manuel a. domingos aposta, e muito bem, na espontânea fluidez das ideias, mesmo quando elas parecem incompatíveis com o fazer poesia. Um exemplo perfeito disso é o poema com que encerra o livro: "O poeta sentado/ observa/ o seu umbigo// Vê como/ é perfeito// O poeta retira/ do umbigo/ o cotão/ que se acumula/ (...)". É neste tom, irónico e consciente, que ele constrói uma dialéctica interessantíssima entre a poesia, a teoria da literatura e a vida (a real e quotidiana).
Uma pequena obra, edição de autor e limitada, que merece ser lida e usufruída por quem gosta de poesia.

P.S. - Este livro pode ser encomendado ao autor pelo endereço electrónico: manueldomingos@gmail.com

terça-feira, dezembro 13, 2011

Eu e a Revista Praça Velha n.º 30

Neste número da revista Praça Velha, colaboro com poemas e com uma recensão crítica ao livro vencedor da 1.ª edição do Prémio Manuel António Pina, em 2010: A Divina Pestilência, de João Rasteiro. Leia e dê a sua opinião!


"No próximo dia 15 de Dezembro, Quinta-feira, na Sala Tempo e Poesia da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, pelas 18h00 decorrerá o lançamento do nº 30 da Revista Cultural Praça Velha e dos números 100 ao 104 da Colecção “O Fio da Memória”.
O 30º número conta com colaborações de Aires Dinis, António Morgado, Augusto Moutinho Borges, Carlos d´Abreu e Emilio Rivas Calvo, Francisco Manso, Franklin Braga, Hermínio Ferraz, Jesué Pinharanda Gomes, José d´Encarnação, José Luís Lima Garcia e Roberto Merino. A Grande Entrevista à Pintora Evelina Coelho é conduzida por Américo Rodrigues. Poemas e Contos conta com a participação de Daniel Rocha, João Esteves Pinto e José Ferraz Alçada. Portfolio é da responsabilidade de Pedro Carvalho. Recensões críticas de livros e Cd’s inclui colaborações de António Morgado, Carlos Canhoto, Cecília Falcão, Cristina Fernandes, Daniel Rocha, Helena Santana, Jorge Torres, José António Afonso Rodrigues, José Pires da Cruz, José Pires Manso, Manuel Abrantes Domingos, Manuel Sabino Perestrelo, Maria Antonieta Garcia e Rosário Santana. Este número termina com a já habitual Súmula de Actividades Culturais.
A Colecção “O Fio da Memória”, uma edição da Câmara Municipal da Guarda, cujo objectivo é divulgar e não deixar cair no esquecimento as tradições, as memórias e a Memória… chegou ao centésimo caderno! Iniciada em 2003 a colecção mantém uma periodicidade semestral que, de cinco em cinco cadernos, vai avolumando o arquivo de memórias do Concelho! Estes números são dedicados aos seguintes temas: N.º 100 – “Andarilhando pela Memória” de Ana Maria Barbosa e Ana Leonor Pereira da Silva; N.º 101 - “Azeite do Vale da Teixeira - Ouro líquido da Ramela”, de Vanda Sá Rodrigues e Joana Sá Rodrigues; N.º 102 - “Do lenticão ao LSD”, de Américo Rodrigues; N.º 103 – “Memórias dos divertimentos e jogos das crianças, no Centro Histórico da Guarda, nos anos 50 e 60 do século XX”, de Mário Cameira Serra e N.º 104 – “Aldeia Escolhas”, de Ana Couto." (Retirado do blog do NAC-CMG.)

03. Crónica Diária na Rádio Altitude (3.ª temporada) – Crónica de um Natal mais manso ou dos presentinhos cor de laranja

1. Espero que os vidros aí de casa ou do local onde o caro ouvinte se encontra não se partam. É que o meu filhote exige-me que esta crónica tenha uma pequena banda sonora introdutória alusiva à época natalina. Aí vai: “É Natal, é Natal, tudo tem mais luz!” Gostaram? Também é verdade que aqui pela Guarda não seguimos os conselhos desta pequena balada de Natal, porque o orçamento municipal há muito que está “às escuras”, mas, como sabiamente me tem recordado o meu pequeno herdeiro, o que interessa é a sinceridade e o puro amor da verdadeira família. Tudo o resto são fogo de vista, chantagem e meras jogadas políticas, pelos costumeiros vaiadores da assembleia popular que gostam de receber prendinhas de onde calhar.

(...)

Guarda, 12 de Dezembro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, do dia 13 de Dezembro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Crónica Bombeiros.pt: Mas isto Liga ou desLiga?

1. Talvez tudo não passe de cansaço e de tristeza pela forma como são tratados os homens e mulheres que todos os dias se esquecem da importância da família. Talvez, e começo a não ter dúvidas, tudo se deva ao simples facto de não serem o esforço, a dedicação e o conhecimento (fruto dos dois factores anteriores) os principais responsáveis pelos avanços ou recuos do voluntariado em Portugal. O que sei é que nos encontramos num beco sem saída e nada disso se deve aos “subordinados”, mas, sim, aos grandes dirigentes (entre presidentes e comandantes) das corporações de bombeiros voluntários. “Senhores, estão em dificuldades? Parabéns pelo excelente trabalho! Agora que a “vaca” foi sugada até à exaustão, o que vão fazer? Continuar a morder os ossos?”

(...)



Guarda, 05 de Dezembro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt a partir das 00h00m do dia 07 de Dezembro de 2011)

terça-feira, dezembro 06, 2011

Artemtrânsito

Tenho o prazer e a honra de estar associado a esta iniciativa que é extremamente oportuna e criativa. Com um pequeno investimento podemos ter nas mãos um pequeno tesouro. Até pode servir como prenda de Natal (a juntar às imensas sugestões que o Américo já fez no Café Mondego)! Não para enriquecer materialmente, mas sim culturalmente! Visitem e comprem, a cultura agradece!



"O Teatro Municipal da Guarda promove no Café Concerto, de 9 a 11 de Dezembro (de Sexta a Domingo), a iniciativa “ARTEMTRÂNSITO”, com o objectivo de tornar a arte acessível a todos. A ideia é simples: o TMG pediu a vários artistas trabalhos em formato A5, que serão expostos no CC e vendidos por sorteio, ao preço simbólico de 10€. A
cada compra corresponderá, aleatoriamente, uma obra. Foram muitos os artistas e escritores que quiseram associar-se a esta iniciativa: João Currais, Jorge dos Reis, Tiago Rodrigues, José Monteiro, Daniel Rocha, Manuel António Pina, José Vieira, José Teixeira, Bernardete Fernandes, Maria Lino, Barbara Assis Pacheco, Bartolomé Ferrando, Pedro Figueiredo, José Oliveira, Alda Nobre, José Alçada e Manuel Poppe, entre outros."

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Pensalamentos #26


Peço liberdade!
Tudo o que peço é liberdade
fonética e grafemática
para a inconsciente volúpia
dos meus sentidos desatentos.

Peço liberdade
para transcrever fonologicamente
a palavra transgressão!

quinta-feira, dezembro 01, 2011

02. Crónica Diária na Rádio Altitude (3.ª temporada) – Crónica do desempregado ou dos empreendedores do assento

1. Mestre de obras! Gostam? Este é, talvez, o meu novo título no feérico mundo do admirável país das maravilhas e do trabalho precário, onde se trabalha de borla a mando de um coelho saltitão que, já se provou, não é nada atrasado mas, sim, um grande aldrabão. Através de uma complexa teoria de metamorfose, que transforma competências básicas em competências mui avançadas, já fui relações públicas, monitor, tarefeiro de múltiplas tarefas (passe a redundância), explicador, formador, professor e mais, muito mais! Agora, quando o mundo do desemprego, no sentido mais estrito da palavra, também decidiu recair sobre mim, deixando de me alojar no Inferno a recibos verdes, e me faz calcorrear em busca do próximo trabalho, decidi ser empreendedor e apostar numa área para a qual não tenho qualquer formação ou sequer conhecimentos. Bem, bem vistas as coisas é o mesmo que fazem tantos políticos da nossa praça, que são nomeados para cargos muito nobres, sendo que a única coisa que vão acabar por fazer é empatar quem lá trabalha e encher de despesas o contribuinte. Enfim, todos conhecemos bons exemplos destes empreendedores do assento.

(...)

Guarda, 27 de Novembro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, do dia 29 de Novembro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

sábado, novembro 26, 2011

Pensalamentos #25


Faço bonitas dobragens com as palavras
e até recorto as sílabas com afeição,
mas continuo à espera que passe
o verbo que signifique "ganha pão".

quinta-feira, novembro 24, 2011

01. Crónica Diária na Rádio Altitude (3.ª temporada) – Crónica do que a família em si guarda ou dos “bôchos” de duas patas

1. Já é um hábito antigo, gozar com a nossa ilustre cidade. Quem foi o guardense (ou egitaniense, se for um acérrimo defensor da Igreja!) que não foi ainda enxovalhado por meia dúzia de gente ignorante e, possivelmente, imbecil que diz que um dos cinco efes que nos singularizam é o do adjectivo “Feia”? Pois bem, o importante é estarmos sempre bem armados com duas ou três palavras “de estalo” que encostem os invejosos a um qualquer canto para os lados do cano de esgoto do Kadhafi! Que palavras, meu pobre santinho, acharás merecedoras de uma medalha? Será a nossa altaneira cidade “feliz”? Nestes últimos tempos não, pois o desemprego não pára de aumentar. Terá o granito destas paredes uma atitude de “frescura”? Não me parece, já que tudo aquilo que traz reconhecimento à cidade e que é fruto do labor honesto dos homens é para acabar e depressa. Humm!… O que poderá ser… Sim, já sei, o frio e o escuro da cidade nos dias de Inverno fazem com que tudo se resuma a uma única palavra: “família”!

(...)


Guarda, 25 de Outubro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, do dia 15 de Novembro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, novembro 22, 2011

Crónica Diária: decisão

Dada a imensa procura que a Crónica de dia 15 de Novembro teve através do Google, irei publicar excertos dessa mesma crónica assim que consiga. O critério de escolha de excertos será, depois, seguido nas crónicas posteriores. Serão sempre publicadas cerca de cento e cinquenta palavras que correspondem, mais ou menos, à parte introdutória da crónica.

Como sabem, podem ouvi-la no sítio da Rádio Altitude como podcast, basta procurarem pelo meu nome e pela data de emissão.

quarta-feira, novembro 16, 2011

Pensalamentos #24


Os espaços vazios das sílabas
despertam consciências.
O silêncio apura os sentidos
e traduz a beleza da palavra.

terça-feira, novembro 15, 2011

Pensalamentos Emprestados #6

"No entanto, Tomás tinha noção de que havia situações em que a crença sem dados suficientes era inevitável. Na amizade, por exemplo. Para se ser amigo de uma pessoa é preciso acreditar nela, crer que ela é digna de confiança. Claro que essa fé se revela muitas vezes infundada. (...)
Mas qual a alternativa? Não deveria acreditar em ninguém até ter informação suficiente para estar certo que essa pessoa era digna de confiança? Então como faria amizades? Iria submeter cada amigo potencial a um rigoroso inquérito prévio? Apresentar-lhe-ia um questionário para preencher? Iria investigar toda a sua história em pormenor? Isso não fazia sentido! Havia situações na vida em que era preciso acreditar sem informação suficiente. A informação viria depois, claro. (...) As informações posteriores confirmariam que essa crença tinha fundamento. Mas o primeiro passo era sempre a crença. Ou, para usar outra palavra, a fé."


(José Rodrigues dos Santos, O Último Segredo)


O novo romance histórico-policial de José Rodrigues dos Santos é um manancial de informação bíblica e de discussão teológica. Importou-me, para este Pensalamento Emprestado, a reflexão final do personagem principal (uma espécie de Indiana Jones) sobre a confiança que concedemos àqueles que temos como amigos. Tomás de Noronha, fazendo um paralelo com a crença religiosa, questiona a forma como nos relacionamos com os outros, nossos supostos amigos, sem termos qualquer tipo de certeza que a nossa intenção e a deles é a mesma. A conclusão é simples e a sabedoria popular já lhe dá resposta há muito tempo: Só depois de aberta a melancia é que sabemos se é doce!

segunda-feira, novembro 14, 2011

Crónica Diária: eu e o Mestre Garrett

A partir de amanhã (dia 15 de Novembro) e até ao início do Verão de 2012 terei o prazer de voltar às crónicas radiofónicas na Rádio Altitude. Tenho colocado o texto de todas as crónicas (desde 2010) à disposição dos leitores interessados em as lerem na versão escrita. Ainda não sei se esta temporada será igual, pois é meu propósito lançar em 2012 a compilação de todas as crónicas escritas para a participação cívica na Rádio Altitude (e outras crónicas dispersas por outros meios de comunicação) em formato livro. Vamos ver... ou ouvir!

De 15 em 15 dias ouve-me! Tenho algo a dizer? Sim! E prometo que "de quanto vir e ouvir, de quanto pensar e sentir se há-de fazer crónica." Não percas amanhã a minha reflexão sobre a típica família guardense. Por volta das 9h15m, com repetição às 17h15m. Terça-feira sim, Terça-feira não, a partir de amanhã!