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terça-feira, novembro 22, 2011

Crónica Diária: decisão

Dada a imensa procura que a Crónica de dia 15 de Novembro teve através do Google, irei publicar excertos dessa mesma crónica assim que consiga. O critério de escolha de excertos será, depois, seguido nas crónicas posteriores. Serão sempre publicadas cerca de cento e cinquenta palavras que correspondem, mais ou menos, à parte introdutória da crónica.

Como sabem, podem ouvi-la no sítio da Rádio Altitude como podcast, basta procurarem pelo meu nome e pela data de emissão.

segunda-feira, novembro 14, 2011

Crónica Diária: eu e o Mestre Garrett

A partir de amanhã (dia 15 de Novembro) e até ao início do Verão de 2012 terei o prazer de voltar às crónicas radiofónicas na Rádio Altitude. Tenho colocado o texto de todas as crónicas (desde 2010) à disposição dos leitores interessados em as lerem na versão escrita. Ainda não sei se esta temporada será igual, pois é meu propósito lançar em 2012 a compilação de todas as crónicas escritas para a participação cívica na Rádio Altitude (e outras crónicas dispersas por outros meios de comunicação) em formato livro. Vamos ver... ou ouvir!

De 15 em 15 dias ouve-me! Tenho algo a dizer? Sim! E prometo que "de quanto vir e ouvir, de quanto pensar e sentir se há-de fazer crónica." Não percas amanhã a minha reflexão sobre a típica família guardense. Por volta das 9h15m, com repetição às 17h15m. Terça-feira sim, Terça-feira não, a partir de amanhã!

terça-feira, junho 21, 2011

17. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do consumo ou dos sítios públicos

1. Não sou muito de alegar “lugares comuns”, mas, deixem-me dizer-vos, que no meu tempo não se via nada assim. E não pensem que não havia já comportamentos de risco e coisas parecidas! Foi na semana passada que ouvi, mais uma vez, uma reportagem sobre o consumo de drogas na cidade da Guarda. Até aqui nada de novo, pois a nossa cidade sempre teve condições, chamemos-lhes “geo-comerciais”, excelentes para este tipo de comportamento, se não acreditam atentem ou pesquisem sobre o fantástico trabalho da “nossa” Polícia Judiciária, desde há anos, na luta contra esta ilegalidade. No entanto, nem eu – que creio sempre que tudo pode acontecer – estava à espera de ouvir o que ouvi no noticiário da manhã desta mesma Rádio Altitude. Na voz escondida de “um proprietário” de um café, ouviam-se palavras de uma tonalidade grave e de um medo extremo de um “conjunto de adolescentes” que se sentavam lá dentro não para consumirem os produtos que aí se vendiam, mas para (espantem-se!) fumarem uns charritos. Como, decerto, são jovens bem cotados na sociedade guardense, em primeiro lugar não se deram ao trabalho de ler aquele aviso que proíbe o consumo de produtos não comprados no estabelecimento, e, depois, o grupo de jovens ainda consegue dizer a esse proprietário que estão num lugar público, por isso podem fumar o que quiserem ou dizer o que bem lhes vá na “real gana”. Esta agora! Daqui a pouco dizem que dormem lá dentro e que o dono vá “ao diabo que o carregue” que aquele espaço é deles! Senhor proprietário, faça favor de os colocar na rua ou, se eles se recusarem, feche-os lá dentro e chame a polícia e os papás! Vai ver que por um lado ou por outro a coisa resolve-se. O que é certo é que este tipo de comportamento, que diz respeito ao consumo e posse de drogas leves, se vem generalizando e parece estranho, nos dias que correm, ouvir algum estudante do terceiro ciclo do ensino básico afirmar que nunca contactou com estas substâncias. O caso dos cafés da Guarda é, pois, um pequeno exemplo de algo que varre o país e que necessita de medidas urgentes - uma nova legislação sobre o consumo de drogas, uma vez que: ou se proíbe tudo, e a posse passa a constituir crime; ou se regulamenta a produção e a venda com fins específicos e em locais bem controlados, facilitando o controlo do consumo e da venda, e castigando quem se dedique ao comércio paralelo e com fins de tráfico ilegal. Sim, podem contar ao Vítor Gaspar e ao Álvaro Santos Pereira que há esta hipótese de amealhar mais uns trocos para o Orçamento de Estado com um imposto sobre as substâncias psicotrópicas de origem vegetal!

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Guarda, 20 de Junho de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 21 de Junho de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, junho 07, 2011

16. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica de Oz ou da procissão do Adeus!

1. Cabe-me a mim, acérrimo defensor das qualidades indubitáveis e extremas do Primeiro-Ministro Engenheiro, dar a triste notícia ao vasto auditório deste espaço de opinião chamado de Crónica Diária. Cá vai a bomba tristonha: pelos vistos, ainda não é desta que emigro e deixo de vos provocar essa sensação de quase ardor nos ouvidos! Voilá! Sim, que andava eu todo entretido a pensar em que país se estaria melhor do que em Portugal, quando dou por mim no meio de uma população, que ama a propaganda e o facilitismo personificados numa já figura mitológica criada por um qualquer pseudo-Platão do merchandising político, a votar numa, já citada em tempos idos, figura literária surreal: o Coelho Branco da Alice no País das Maravilhas. Não quero estar para aqui a repetir textos idos, mas este personagem do romance de Lewis Carroll é reconhecidamente um eterno atrasado que tem de estar sempre a horas em todos os sítios, apesar de quase ninguém conseguir perceber que sítios são esses. Ora bem, tentando matar a metáfora que é mais comparação, no Domingo foi dia de eleições e o agora Primeiro-Ministro a ser é… (Oh!, pessoal, não se arranjam aí uns rufos para dar mais “pica” a isto? Ah!, pois… a Santíssima Trindade das ajudas e dos resgates, não é? Eu percebo… Voltamos a estar de tanga!) Voltando à vaca fria, a nova voz da rádio governamental é… Pedro Passos Coelho!

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Guarda, 06 de Junho de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 07 de Maio de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, maio 24, 2011

15. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da ilusão ou “trinta mil milhões de quê?”

1. Sempre gostei de ilusionismo. Aquela aparente irrealidade que se condensa na arte de furtar aos olhos aquilo que não interessa vislumbrar sempre me deixou fascinado e tremendamente desconfiado. O grande David Copperfield encheu então a minha meninice de desconfiança e de uma suprema admiração. Era ele o grande mágico e o meu ídolo no mundo da ilusão. Assim sendo, li livros sobre magia, vi filmes e séries, olhei com redobrada atenção os movimentos e fiquei na mesma. Confesso-vos que não conseguia perceber como é que aqueles grandes artistas conseguiam ludibriar os meus olhos e levar-me a acreditar que tudo aquilo era a suprema realidade. O que é certo é que conseguiram iludir-me durante largos anos, conseguindo fazer com que eu imaginasse mundos alternativos e mágicos embebidos em truques de fazer cair o queixo. Posso dizer-vos que fico, ainda hoje, algo chateado com o facto de ser ludibriado por estas artes, mas agora sei que tudo não passa de uma arte feita entretenimento e consigo dormir descansado e menos desconfiado.

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Guarda, 23 de Maio de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 24 de Maio de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, maio 10, 2011

14. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica de Chora-Que-Logo-Bebes ou da virgem socrática entristecida

1. Em 1933, enquanto escrevia periodicamente pequenas histórias para a gazeta juvenil O Sr. Doutor com o pseudónimo de Avó do Cachimbo, José Gomes Ferreira estava muito longe de saber que a sua alegoria sobre o Portugal dos anos 30, intitulada As Aventuras de João Sem Medo, ganharia uma dimensão tremendamente actual oitenta e tal anos depois, e que daria azo a uma crónica radiofónica na cidade da Guarda. Para quem não conhece esta pequena pérola literária de aparência juvenil, que nada fica a dever ao mundialmente famoso Animal Farm, de George Orwell, fiquem a saber que é um conjunto de aventuras que têm como denominador comum a personagem heróica de João Sem Medo – um jovem contestatário da aldeia de Chora-que-logo-bebes, que está farto de viver no meio de lamúrias e de lágrimas. A partir do momento em que a humidade e o verdete se tornam insuportáveis, João parte da sua aldeia, apesar de todos os receios que a sua chorosa mãe lhe apresenta. Quase profeticamente, se atentarmos naquilo que aconteceu fisicamente na Alemanha e psicologicamente acontece por este mundo fora, o nosso herói depara-se com um muro altíssimo (metáfora da ignorância que acompanha os homens) que tem como função impedir o contacto com outro mundo – a chamada Floresta Branca, espaço dos sonhos, dos mitos e do desconhecido. Ora, para chegar a esse espaço de eleição, João Sem Medo tem de atravessar o Muro, que contém a seguinte inscrição: “É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir”, dito que parece indiciar a seguinte leitura: só quem tem consciência de si poderá aventurar-se num novo mundo. A história teve um sucesso notável naquela época, tendo sido recuperada em forma de romance em 1963, quando a luta contra o regime de Salazar se revelava mais intensa. Nesta edição, o autor ainda não desconfiava, mas apresentava já a imagem de homem desafiador das regras impostas e um exemplo de coragem perante a adversidade tão necessário nos dias de hoje.

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Guarda, 09 de Maio de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 10 de Maio de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, abril 26, 2011

13. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica das cólicas de Abril

1. Ontem foi dia 25 de Abril e o meu filhote esteve muito incomodado. Seguimos, os dois, os discursos e as histórias que a televisão apresentou. Olhámos, maravilhados, para a capacidade de ficcionalizar o real que os canais portugueses, tão enfileirados, nos propuseram. Mas ele continuava com aquela sensação de peso na barriga, sinal de cólicas ou de enfado. E percebi que, naquele pequeno ser que absorve o mundo, estava em ebulição um conjunto de dúvidas sobre este dia tão marcante na história recente de Portugal. Pareceu-me, então, que ele perguntou: “O que é que isto tudo significa?” O centro da dúvida deslocou-se então dele para mim e fiquei estático. O que responder ao meu filho quando pretendo que ele tenha uma educação baseada nos valores da verdade e da honestidade, e no conhecimento integral de toda a realidade? O que é certo é que a definição de hoje da “Revolução dos Cravos” é muito diferente da que outros conheciam em 1975 ou 1976, pois hoje nós conhecemos o caminho que perseguiram com bafejos ditatoriais todos aqueles que se agarraram como lapas ao poder dito democrático. No final desta reflexão, respondi-lhe de forma leve e risonha: “Gugudádá, filho! Gugudádá!” Ele percebeu a complexidade do tema e riu-se comigo.

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Guarda, 25 de Abril de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 26 de Abril de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

segunda-feira, abril 11, 2011

12. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica de um FMI anunciado


1. E por fim a choraminguice continuará! Já não nos faltava toda a pintura borrada, ainda se constrói um discurso em torno de quem tem culpa e de quem a não tem. Uns dizem que a não têm, outros que os outros é que a têm. Enfim, parece-me abusado que seis anos de responsabilidade máxima na política não originem um bocadinho de participação na queda do castelo de cartas, mas Portugal continua a ser um ninho de fenómenos estranhos e de gente que não mede o tamanho das alarvidades. Agora, penso que a responsabilidade no estado de coisas de hoje se deve especialmente a quem a dada altura disse que a crise tinha passado ao lado de Portugal e que continuou a gastar como se nada tivesse acontecido. Pena é que a memória dos portugueses seja tão instantânea e que com isso quem tem olho continue a ser rei. Em 2009, ano de eleições, foi um mar de rosas que um vendedor de ilusões vendeu para conquistar o poleiro, mas desde aí que os espinhos se agudizaram e se cravaram mais intensamente no costelado de quem trabalha de sol a sol. Eu não me esqueci das promessas de uma terra de onde das fontes jorrava mel! O que de facto continuo a encontrar é uma terra de cujas fontes jorra mm… muito fel! A pergunta que eu faço é a seguinte: não haverá por aí uns candidatos que sejam mais humanistas? Será que só os economistas, advogados, engenheiros é que têm competências para governar o país? Talvez o universo político não goste daquilo que eu digo, mas está na altura de um estado social ter à frente algum homem ou mulher saídos do horizonte das humanidades. É que a sensibilidade artística e cultural consegue olhar mais além e o tempo dos impostos não pode durar muito mais.


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Guarda, 11 de Abril de 2011
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 12 de Abril de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, março 29, 2011

11. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do pedido de demissão ou da nova corrida de “boys”!

1. “Não é sempre igual!” Dirão vocês, muito solenemente, quando se fala de governos e da constituição dos mesmos. Pois é, começa agora, mais cedo do que expectável, mais uma corrida desenfreada aos direitos adquiridos e aos contratos milionários. Iupi! Vamos lá, boys!, vamos lá puxar das bandeirinhas e das gargantas afinadas, pois as inscrições para o Coro dos Pequenos Candidatos a Cunhas e Afins estão quase a terminar. As eleições, apimentadas por um Coelho que, ao contrário do da Alice, anda sempre adiantado e que nos parece apresentar um enigma de país ainda maior do que o maravilhoso criado por Lewis Carrol, estão a ser marcadas por debates interessantíssimos ao nível das pastas que irão ser ocupadas pelos useiros e abuseiros do costume. Depois da bonança que trouxe para Portugal, talvez fosse bom que alguém dissesse ao Engenheiro Sócrates que estava, sequer, proibido de se aproximar de um qualquer teleponto televisivo. Quanto aos outros Ministros, Secretários de Estado, Chefes de Gabinete, Acessores, Secretárias e nem sei mais que cargos existem por ali pelo meio, podem ir para todo o lado (até para o raio que vos parta!) menos para lugares de decisão onde já provaram que decidem mal. Será assim tão difícil perceber que as políticas que vendem não têm qualquer pingo de originalidade e podem ser encontradas nas mais reles feiras da ladra?

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Guarda, 28 de Março de 2011
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 29 de Março de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, março 15, 2011

10. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da paternidade e das interjeições inocentes

1. Não tenho como costume inserir neste espaço de opinião assuntos pessoais ou que me digam directamente respeito. Não é que eu não viva uma vida interessante e intensa, mas não me parece que os caros ouvintes tenham de aturar as minhas teorias existenciais ou os meus devaneios surreais. Mesmo assim, e como há uma primeira vez para tudo, vou hoje partilhar convosco um momento de felicidade extrema que me tem animado as noites, as manhãs e as tardes. Para aqueles que me são mais próximos e com os quais mantenho um contacto telefónico ou facebookiano será fácil perceber o porquê desta pequena introdução estranha. Para o resto do auditório cabe-me acrescentar ainda estas breves palavras: fui papá de “um galhardo e valente mancebo”!

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Guarda, 14 de Março de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 15 de Março de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, março 01, 2011

09. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da memória e de Manuel Poppe

1. A cidade da Guarda não é conhecida por ser uma cidade que trata bem os seus cidadãos, mas de quando em vez lá se esquece de ameaças ou de repúdios a granel e lá consegue relembrar o bem que muitos deles têm feito para nos apartar desta interioridade doentia e redutora. Destes breves momentos de alucinação, que ainda vão acontecendo, nascem algumas das actividades culturais melhor conseguidas para um público que gosta de ler e que incentiva à leitura, e que se dedica ao ensino da literatura. Está, pois!, de parabéns quem faz cultura na Guarda.

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Guarda, 28 de Fevereiro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 01 de Março de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, fevereiro 15, 2011

08. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do gosto pela história ou do capitalismo solidário

1. Em boa altura veio Dom Manuel Felício lembrar a sociedade portuguesa de um problema que nos devia preocupar a todos e, principalmente, aqueles que têm responsabilidades políticas: o capitalismo selvagem assume, nos dias que correm, um papel preponderante na desgraça social portuguesa. Não é, claro está, o lucro dos outros que está errado, pois quem investiu, quem trabalhou, quem dedicou tempo, quem massacrou o corpo, a mente ou mesmo a família, merece ter o seu lucro e o resultado dos seus esforços deve ser compensado. Nada disto é aqui colocado em causa! O que o Bispo da Guarda questiona e muito bem é o lucro despropositado de bancos e de empresas que gerem sectores essenciais da vida da população portuguesa. Concordo com ele, especialmente, quando diz que é fácil atingir resultados astronómicos quando a variante que motiva essas quantias se baseia na subida agressiva de preços! Água, electricidade, combustíveis e mesmo juros bancários? Qual a arte de conseguir lucro quando tudo se baseia na subida de um montante e na não descida de outros? Meus senhores!, experimentem lá atingir essas somas grandiosas sem esvaziar por completo os bolsos de quem já pouco tem! Lá isso teria a sua arte e seriam realmente grandes gestores ou grandes empresários, assim são só um conjunto de sanguessugas que se aproveitam de uma ausente supervisão concorrencial e de um governo de bananas que vai alimentando o corporativismo financeiro e empresarial por manifesta vontade em se sentar nessas mesmas cadeiras douradas.

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Guarda, 14 de Fevereiro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 15 de Fevereiro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, fevereiro 01, 2011

07. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do tacho e da forma vuvuzélica


1. Para quem diz que cá pelas terras altaneiras nada se passa, aqui fica mais um record: somos o concelho de Portugal e do mundo com o maior tacho… de arroz doce! Claro que poderíamos fazer desde logo mil e uma piadas acerca do relacionamento deste grande tacho com outros tachos não tão doces mas igualmente apetecíveis; ou com aquele ditado que cada vez está mais certo e que diz: “com papas e bolos se vão entretendo os tolos!”, mas, como sou gente de figuras de retórica, vou assobiar para o lado e continuar a criar imagens. Como não poderia deixar de ser, este record vem confirmar a tendência natural da gente beirã para adoçar o bico a todos aqueles que por aqui passam e que daqui levam não só arroz-doce mas também uns queijos, uns enchidos e umas garrafitas de “tintinho do bom”. O que deixam é que não se sabe muito bem, mas tenho a certeza que haverá gente informada que tem a arca cheia do objecto de troca. Pois bem, ia fugindo do tema principal desta crónica.

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Guarda, 31 de Janeiro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 1 de Fevereiro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

segunda-feira, janeiro 17, 2011

06. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da leitura sermonária e da irradicação da pobreza

1. A igreja católica tem vindo a ser ao longo dos tempos tema preferencial das mais controversas discussões, sendo um factor de discordância entre milhões de pessoas no mundo. Muitas não entendem que uma só instituição conseguisse atingir um tão elevado poder ao mesmo tempo que cometia as mais atrozes violações dos direitos humanos. Muitas não percebem como continuam milhões de pessoas a entregar desinteressadamente quantias avultadas de dinheiro àquela instituição traiçoeira e indigna da confiança do mais esclarecido dos homens. Outras, ainda, discutem o porquê de, em tempos de crise e de tamanha necessidade de ajuda pública, existir tanto ouro e tantas obras de arte nas igrejas, não sendo todo esse acervo dirigido para engrossar instituições de caridade à escala mundial, desconhecendo que as instituições de que falam pertencem à própria Igreja. Algumas dizem, também, que é uma instituição velha e não adaptada às exigências de uma sociedade que evoluiu, tornando-se a velha igreja católica como que um entrave ou um problema para a ascensão de uma melhor sociedade.

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Guarda, 17 de Janeiro de 2011

Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 18 de Janeiro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, janeiro 04, 2011

05. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do ano novo e da canonização da mentira

1. Ano novo, vícios e artimanhas velhas! Poderíamos nós viver num país onde tudo funcionasse às mil-maravilhas? Poderíamos, mas não era a mesma coisa! É que isto de andar sempre enrascado tem a sua piada e precisamos urgentemente de quem nos faça rir, pois chorar já nos fazem há quase novecentos anos. Como é óbvio, os desejos de início de ano sucedem-se e repetem-se. Para uns, o bom era estar a milhas de Portugal. Para outros, mais pobres, já era bom conseguir sobreviver em Portugal. Para os altos cargos na banca e governo da Nação, os desejos são ainda mais complexos e tem sido complicado, para eles, descobrir qual dos amigos de caçada ainda está em dificuldades e a precisar de um aumentozito salarial. E há, ainda, muitos e melhores desejos de início de ano, mas confesso que a minha imaginação não anda à velocidade da mestria trafulha e não atinge tamanha sofisticação criminal. Como todos poderão observar, neste círculo à beira-mar plantado, o novo ano começa com uma fantástica acreditação de qualidade, feita pelas máfias internacionais, à capacidade inventiva e criativa dos responsáveis maiores do nosso país.

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Guarda, 03 de Janeiro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 04 de Janeiro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

quarta-feira, dezembro 22, 2010

04. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do candidato Alegre e do D. Sancho, o Povoador dos tempos modernos

1. Cá vem o saudosista do costume a lamentar-se de factos já passados, mas a realidade é essa. Poderia aqui falar de coisas que aconteceram neste fim-de-semana, mas, como estive fora uns dias, não vi nem ouvi nada, contudo imaginei muito. Deixem-me contar-vos uma coisita que, há cerca de duas semanas, me regalou por completo. Desculpem lá este humorzito negro inicial, visto que o tornado que veio do litoral não poupou cá o burgo e foi mesmo, tal como nos outros locais, arrasador! Prestem atenção, como se a desgraça de uma catástrofe atmosférica fosse pouca, esse violento e improvável tornado trouxe também o candidato Alegre e um seu discurso sobre a necessária simetria entre a nossa região e as outras litorais deste tristonho país. Sim, este Alegre exemplo que há uns anitos próximos fez oposição, quando devia, às propostas do seu Governo maioritário, vem falar em assimetrias de que padecemos muito aqui pelas alturas! Como gostei tanto do seu discurso ideológico e o comparei com aquela “Jornada de África” ficcional, lembrei-me de alguns factos que comprovam a simetria dos seus actos. Vejam: aqui há uns anitos, no tempo da desgostosa Maria de Lurdes Rodrigues, houve uma grande celeuma sobre a aprovação do estatuto da carreira docente; o Alegre deputado e as suas Alegretes faziam as delícias da oposição consentida ao mostrarem dualidade de opiniões dentro do seu partido; isso mesmo se comprovou, pois, ao existir uma votação que visava a aprovação desse estatuto, o deputado Alegre e as suas seguidoras votaram contra a aprovação, contra a vontade do seu próprio partido; que coragem, que coerência, que simetria; uma semana depois, foi levada ao parlamento uma proposta que anulava o estatuto, esperando-se uma posição similar do Alegre deputado e das suas Alegretes, mas nada disso aconteceu; quais as razões?; a simetria dos alegres depende, aparentemente, da existência de um quorum capaz, em número, de permitir devaneios democráticos a este ficcionista.

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Guarda, 20 de Dezembro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 21 de Dezembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, dezembro 07, 2010

03. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da Dúvida e da Wikileaks

1. Estive até à última da hora na perspectiva de encontrar algo, nestas inúmeras tropelias da vida, que pudesse servir de base à formulação de uma opinião. Esperei, até ao momento mais terminal, que acontecesse qualquer coisita nestes vastos penedos da serra que vos cativasse. Oh! maravilhas do altíssimo: veio muita neve, veio muito gelo e vieram muitas e variadas opiniões sobre quem chegou tarde na tentativa de resolução desses mesmos problemas! Concordo com todos aqueles que caracterizam estes temas como interessantes, como controversos e como oportunos. No entanto, penso que já foram bastante babosados nos respeitáveis ouvidos do vasto auditório. Por outro lado, oh! musa das artes, pensei em apresentar-vos uma opinião sobre alguns momentos culturais que pautaram a minha vivência citadina durante estes dias, mas fui ultrapassado por outros. No final de contas: onde nada existia como tema a abordar, o zero continuou a ditar regras. É que é difícil ser cronista na Guarda. Sério! Vejam só: quando estamos a escrever, somos atacados pelo frio invernal e existencial da cidade; quando estamos a ser transmitidos, somos atacados pela indiferença perante o nome pouco sonante do cronista ou pelo simples facto de ninguém estar a ouvir. Assim, o que poderá trazer um aprendiz de cronista às ondas hertzianas da rádio que possa captar a atenção do ouvinte mais exigente e do escutador menos interessado?

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Guarda, 06 de Dezembro de 2010
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 07 de Dezembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, novembro 23, 2010

02. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica dos Rebuçados ou “da Diabetes Social”

1. E, de repente, somos um país onde o favorecimento político é reconhecido por alguns elementos que já pertenceram à máquina multicolor de algodão doce! Por fim, aquele nobre acto de dar rebuçados só aos meninos que pertencem à nossa equipa foi reconhecido por alguém que, pelo conhecimento demonstrado, deve ter dado pelo menos meia-duziazinha deles. Sabem que o que mais me impressiona na distribuição harmoniosa destes pequenos e terríveis provocadores da diabetes social não é o inchaço de vaidosice que quem deles se alimenta padece. Preocupa-me, sim, o facto de provocar um esvaziamento global ao nível dos valores de trabalho ou de competência profissional, sendo esta uma patologia incurável e tremendamente contagiosa. E isso é que é preocupante, pois, num país onde é tão complicado que as palavras de fora do partido sejam aceites como complemento sólido a uma afirmação nacional, a formatação do futuro de todos nós fica entregue aos gulosos que comem o que o padrinho lhes arranjou sem se preocuparem com aquilo que estão habilitados a comer e, sendo um facto do final deste glorioso banquete, tudo aquilo que foi comido por estes obedientes servos será reciclado na exacta medida da abominável digestão humana.

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Guarda, 22 de Novembro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 23 de Novembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, novembro 09, 2010

1. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica Desorçamental

1. Abençoados sejam aqueles que acreditam na bondade eterna de Sócrates, o engenheiro, e que, assim, se deliciam com as suas palavras tão boas e extremamente criadoras de ajudas de custo e de infindáveis bónus, pois deles é o reino de São Bento. Não sei bem o que me deu hoje para começar o dia com esta frase tão cheia de ironia, mas sei que começo a estar farto de aturar as mesquinhas atitudes de quem vive com opulência e que ainda tem a lata de dizer “não pensem que esta medida é substancial, pois não há muitos governantes a viver com ela”. Mais coisa, menos coisa, foi assim que o porta-voz de quem nos desgoverna, o Ministro da Presidência Pedro Silva Pereira, veio anunciar o fim da coexistência entre reformas dignas de um Rei e de ordenados principescos aos nível dos representantes do Governo. Até aqui tudo bem, finalmente a máscara da vergonha caiu da cara das sanguessugas do estado e uma das medidas mais essenciais foi por fim considerada. Agora, foi esta uma medida mesmo, mesmo séria? Não! Tenho imensa pena de vos fazer eco disto, mas, para o bem e para o mal, a maior parte daqueles que possuem esta acumulação de riquezas está já, como convém à época em que vivemos, a servir de ponte entre os interesses privados e alguns interesses públicos, ou seja, todos aqueles que esvaziaram os cofres do estado estão agora a administrar empresas privadas que têm contratos prioritários com o próprio estado, estando, desta forma, confortavelmente longe desta medida orçamental. Assim, continuamos quase na mesma e tenho de dar razão ao relações públicas deste governinho ao apelidar a medida de “não substancial”. Aliás, dadas as relações privilegiadas, logo dignas de investigação, entre as grandes empresas privadas e a vontade férrea do Sócrates, não filósofo, em continuar com o TGV, começo a desconfiar que estará brevemente vago um cargo na administração de uma qualquer grande empresa de construção civil destinado a um futuro ex-Primeiro-Ministro.

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Guarda, 8 de Novembro de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 9 de Novembro de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

quarta-feira, junho 23, 2010

11. Crónica Altitude – Crónica das “vontades”

1. Ser-me-ia completamente impossível o desvio de um tema que marcou a sociedade, em geral, e a literatura, em particular. Refiro-me, como é óbvio, à morte de José Saramago. Desta morte, apenas posso lamentar a perda de um exímio criador ficcional e de um ser humano frontal e coerente. Dos defeitos e feitios afasto-me com a orgulhosa pretensão de não ter conhecido o homem para a ele poder associar tudo aquilo que dele se diz. Enquanto uns, movidos pelas Presidenciais de 2011, se preocupavam em discutir a maléfica ausência de Cavaco Silva das cerimónias fúnebres, eu preocupei-me em perceber melhor, através da observação e da leitura, tudo aquilo que era mostrado nas páginas de jornais, em blogues e em discursos vários. Para além de ter ficado emocionado com as vénias de todo o mundo em direcção à obra do autor de “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, fiquei extremamente convencido da projecção mundial das mensagens que Saramago emanou. Na longa demora emotiva que é provocada em quem tem o terrível direito a acompanhar um ente querido à cova, apercebi-me da já referida mesquinhez de todos aqueles que não se coíbem em aproveitar todos os momentos para ter ganhos próprios. Daí que, repentinamente, me lembrei da minha cidade e de toda a complexidade que nela se encerra. Quantos, de nós, terão aplaudido a mesquinhez e quantos terão mantido o silêncio honroso que deve acompanhar aquela última despedida? Quantos terão pensado que o invocar de questiúnculas políticas sobre um caixão é uma táctica eficaz e quantos terão ficado desiludidos com essa atitude mesquinha?


(...)
Guarda, 22 de Junho de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 23 de Junho de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)