quarta-feira, dezembro 22, 2010

04. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do candidato Alegre e do D. Sancho, o Povoador dos tempos modernos

1. Cá vem o saudosista do costume a lamentar-se de factos já passados, mas a realidade é essa. Poderia aqui falar de coisas que aconteceram neste fim-de-semana, mas, como estive fora uns dias, não vi nem ouvi nada, contudo imaginei muito. Deixem-me contar-vos uma coisita que, há cerca de duas semanas, me regalou por completo. Desculpem lá este humorzito negro inicial, visto que o tornado que veio do litoral não poupou cá o burgo e foi mesmo, tal como nos outros locais, arrasador! Prestem atenção, como se a desgraça de uma catástrofe atmosférica fosse pouca, esse violento e improvável tornado trouxe também o candidato Alegre e um seu discurso sobre a necessária simetria entre a nossa região e as outras litorais deste tristonho país. Sim, este Alegre exemplo que há uns anitos próximos fez oposição, quando devia, às propostas do seu Governo maioritário, vem falar em assimetrias de que padecemos muito aqui pelas alturas! Como gostei tanto do seu discurso ideológico e o comparei com aquela “Jornada de África” ficcional, lembrei-me de alguns factos que comprovam a simetria dos seus actos. Vejam: aqui há uns anitos, no tempo da desgostosa Maria de Lurdes Rodrigues, houve uma grande celeuma sobre a aprovação do estatuto da carreira docente; o Alegre deputado e as suas Alegretes faziam as delícias da oposição consentida ao mostrarem dualidade de opiniões dentro do seu partido; isso mesmo se comprovou, pois, ao existir uma votação que visava a aprovação desse estatuto, o deputado Alegre e as suas seguidoras votaram contra a aprovação, contra a vontade do seu próprio partido; que coragem, que coerência, que simetria; uma semana depois, foi levada ao parlamento uma proposta que anulava o estatuto, esperando-se uma posição similar do Alegre deputado e das suas Alegretes, mas nada disso aconteceu; quais as razões?; a simetria dos alegres depende, aparentemente, da existência de um quorum capaz, em número, de permitir devaneios democráticos a este ficcionista.

(...)


Guarda, 20 de Dezembro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 21 de Dezembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)

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