domingo, junho 01, 2014

Li: "O Menino Rei", de Carlos Carvalheira




Os espaços vazios: O Menino Rei, de Carlos Carvalheira



Os homens precisam de monstros para se tornarem humanos.

(José Gil)




Há quem diga que o espaço do “já contado” é território proibido e que qualquer acrescento ou substituição de tópicos será crime de “lesa majestade”. A ser assim o entendimento do leitor do processo criativo que está implícito na escrita, fica o conselho: não leiam este livro, livrinho ou opúsculo!

Assente nos textos bíblicos de Mateus, o mais atento dos autores do Novo Testamento à questão do nascimento, sobrevivência e crescimento de Jesus da Galileia, o autor, Carlos Carvalheira, concebe um pequeno conto que vai preencher muitos dos espaços vazios que se se reconhecem nos textos dos Evangelhos. Carvalheira desconstrói a visão ocidentalizada da ira de Herodes (como se sabe, o governador sanguinário) e constrói-a segundo uma “visão nova” onde o perseguidor do Menino se torna num dos centros da acção. E aí está a riqueza desta narrativa “em dois andamentos”. Por um lado, o nascimento e a fuga para o Egipto com a finalidade de proteger o recém-nascido. Pelo outro, a notícia do nascimento e a perseguição movida por Herodes. A novidade, que também apelidaremos como “Toque de Midas criativo”, está no tratamento que o autor dá aos espaços não preenchidos nos textos bíblicos e que consistem na categorização do medo sentido pelos fugitivos e pelo perseguidor. Se os fugitivos temem pela vida do “Menino de olhos grandes e com caracóis nos cabelos” e pelas suas próprias, o perseguidor, com traços de monstro insaciável, teme pelo fim do seu espaço (consubstanciado, ironicamente, em toda a opulência da posse de bens materiais e do direito a mandar) enquanto “todo-poderoso”. O autor, segundo nos parece, estabelece aqui um curioso e bem conseguido paralelismo com os tempos actuais, onde a perseguição ao mais fraco com a finalidade de se manterem os lugares de destaque permanece uma evidência social impossível de se menosprezar ou esconder. Neste ponto, uma interrogação parece ganhar destaque e hipóteses de ressoar para além da leitura: até que ponto estamos dispostos a chegar para conseguirmos manter o estatuto social? Não existe uma resposta, ou não se pretenderá dar resposta a esta pergunta, funcionando o conto como catalisador da reflexão para além das barreiras da própria história. Como refere José Gil (no texto “Metafenomenologia da monstruosidade: o devir-monstro”), e como nos parece que Carlos Carvalheira pretende com o seu conto, nós exigimos mais dos monstros, pedimos-lhes, justamente, que nos inquietem, que nos provoquem vertigens, que abalem permanentemente as nossas mais sólidas certezas; porque necessitamos de certezas sobre a nossa identidade humana ameaçada de indefinição. Os monstros, felizmente, existem não para nos mostrar o que não somos, mas o que poderíamos ser. Entre estes dois pólos, entre uma possibilidade negativa e um acaso possível, tentamos situar a nossa humanidade de homens.” Ou seja, o conto vem revelar que a sociedade de hoje precisa de “monstros” que permitam a nossa localização enquanto homens, entendendo-se estes homens como elementos harmonizadores de uma existência comum. Herodes ganha, portanto, o direito de ser o centro da acção desde a primeira até à última página, só perdendo esta centralidade nas últimas linhas do conto quando (levantem-se em defesa da pureza do “verbo inicial”) o Menino Rei lhe dirige algumas palavras plenas de ocasião e de ingenuidade. Os dois planos narrativos interagem por fim e a distância que os afasta transforma-se no inusitado e no criativo do momento, rendendo-se o “monstro” perante a fragilidade do Menino.

Um conto em forma infantil (notem-se as repetições, as aliterações e a recorrência, na sua maioria, a um vocabulário simples e claramente perceptível), mas com um subtexto forte e socialmente capaz de provocar no leitor atento uma visão diferente da forma como o mundo de hoje se manifesta.



Guarda, Abril de 2014

Daniel António Neto Rocha

(recensão crítica publicada In: Revista Praça Velha n.º 34. – Guarda: NAC/ CMG, Maio de 2014. – p. 224 a 225.)

sábado, maio 31, 2014

Pensalamentos #239 - dúvida

criar feridas
como quem cria filhos
amá-las
acariciá-las
e, numa alucinação permanente,
duvidar
a alma cheia
de vazio

quarta-feira, maio 21, 2014

O Américo e o seu "Porta-voz" em Coimbra



É sempre um gosto ver a Universidade de Coimbra a actualizar a sua componente formativa e a procurar a qualidade nas áreas mais fascinantes. Então o facto de ver a "minha" Faculdade receber um amigo, que é só a grande referência portuguesa e um dos grandes nomes europeus da poesia sonora, enche-me de grande orgulho. O Américo Rodrigues vai a Coimbra mostrar e falar sobre o seu último trabalho poético: "Porta-Voz".

A quem andar e estiver em Coimbra, aconselho que não perca. Criatividade ligada a muita qualidade!

"Américo Rodrigues apresentará ao vivo a obra «Porta-Voz» no próximo dia 23 de maio de 2014, pelas 21h30, na Casa das Caldeiras, em Coimbra. Esta apresentação é uma organização do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura (Programa Doutoral FCT) e integra igualmente a programação do ciclo «Paisagens Neurológicas» (TAGV, maio de 2014, org. de Isabel Maria Dos)."

Vídeo das apresentações Teatrais em Pinhel

E aí está o vídeo da presença do Teatro do Imaginário na Feira das Tradições em Pinhel!




terça-feira, maio 20, 2014

A "louca" da Andreia e Fernando Pessoa, em Barcelona



Itália, Grécia, Espanha e a sua terra natal. Eis aquele que é o percurso "profissional" da mais "louca" das minhas amizades. 
E não se tem safado mal! Aliás, tem sido um prazer ver e saber dos feitos dela.
Agora está em Barcelona, onde tem um criativo TeaTuga (aulas de Língua Portuguesa com teatro pelo meio) e onde amanhã (dia 21) vai levar Fernando Pessoa aos ouvidos da cidade condal.




Uma "louca" a quem desejo uma grande dose de sucesso!



segunda-feira, maio 19, 2014

Pensalamentos #234 - frestas

o som da água 
do esquecimento
que escorre das mãos
de alguém
ressuma colorido
entre as frestas
incolores
de um aroma 
triste

domingo, maio 18, 2014

Teatro das Beiras (Covilhã): "RADIO CABARET"



Como outros terão o vício de tudo e de mais alguma coisa, eu tenho o vício de aconselhar bom teatro e com excelentes actores e encenadores. Sendo assim, e que tal não perderem por nada nesta vida o (tenho a certeza ainda sem ter visto) "RADIO CABARET"apresentado pelo Teatro das Beiras. Se não conhecem, vão até à Covilhã e perguntem onde fica o auditório do Teatro das Beiras.
A peça estreou no dia 15 Maio, mas haverá ainda sessões hoje (18) às 16h, assim como acontecerá no dia 25 (votem a tempo e vão ao teatro depois), e depois nos dias 22, 23 e 24 de Maio às 21h30.
A encenação é de um amigo e Mestre, Gil Nave, que tem um imenso defeito, pois tudo o que encena tem um toque de excelência.



Informação do Teatro das Beiras:

"RADIO CABARET" de Karl Valentin no auditório do Teatro das Beiras

estreia: 15 Maio às 21h30
em cena: 16, 17, 22, 23 e 24 de Maio às 21h30 e 18 e 25 Maio às 16h

sinopse:
“Radio Cabaret” é um espetáculo construído a partir dos textos do comediógrafo alemão Karl Valentin. Num ambiente social de um bairro popular é emitido a partir de um pequeno auditório, (o auditório da Emissora de Rádio do Bairro), um programa de variedades onde desfilam personagens-tipo, criados pelo imaginário daquele que foi um dos autores que no seu exercício de criação teatral, mais influenciou e determinou o chamado teatro de variedades europeu. Através de paródias, jogos de palavras, trava-línguas, enredos linguísticos, a construção deste espetáculo é estruturada tendo como ponto de partida alguns dos elementos mais representativos da sua obra; monólogos, diálogos, cenas, peças e canções, que são o universo da criação artística e teatral de Karl Valentin, organizadas numa linha estética que supõem poder interessar e agradar ao público contemporâneo português. O carácter clownesco e multidisciplinar inspirado em situações do real confluem para um universo ficcional onde ao real-programático se opõe o absurdo e o irreal-fantástico. Propagado e difundido pela produção artística no século XX no espaço europeu e de origem remota e distante no tempo (antiguidade clássica e idade média), o chamado teatro de variedades, que em Portugal era designado por Teatro de Revista, foi sempre um território de expressão artística onde a crítica e o sentido cómico, às vezes trágico, era consubstanciado em torno das questões sociais. As obras de Karl Valentin, como Charlie Chaplin ou Buster Keaton cujas características são exemplo de comunicação estética e artística, influenciaram a criação teatral do último século. Muita da criação teatral contemporânea está marcada por esta influência, visível no teatro do absurdo (Ionesco, Samuel Beckett , Adamov), surgido no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, cuja atmosfera é marcada por um ambiente de devastação, isolamento e falta de comunicação na sociedade contemporânea, mostrada artisticamente por meio de alguns traços estilísticos e temas que divergem decididamente do teatro de carácter realista.

Ficha técnica:
Encenação: Gil Salgueiro Nave
Interpretação: Adriana Pais, Marco Ferreira, Pedro Damião e Sónia Botelho
Cenografia e figurinos: Luís Mouro
Desenho de Luz: Jay Collin
Operação de som e luz: Jay Collin
Fotos: Paulo Nuno Silva



sábado, maio 17, 2014

quarta-feira, maio 14, 2014

Pensalamentos #232 - moiras


vaguear
ferozmente
tricotando as linhas
e as quebras
do fio do jogo
da vida

tecer
com a calma aparente
os sons
as falhas
e as vitórias

cortar
com cruel desvelo
o sopro
merecido

moiras

Pensalamentos #231 - rezar

esquecer fátima
ou o acaso
rezar
não como sempre
mas sempre ao contrário

domingo, maio 11, 2014

sexta-feira, maio 09, 2014

Crónica Bombeiros.pt: Pela boca morrerá o bombeiro



Muitas vezes nos habituámos/ habituamos a ouvir dos nossos “mais velhos”, dos pais e dos nossos conselheiros da interacção social a célebre expressão “O SILÊNCIO É DE OURO”. No correr dos dias e da nossa actividade profissional ou de outra espécie, lá fomos dando conta (alguns mais do que outros) da razão que assistia a esses abençoados seres que nos deram o “melhor” dos conselhos.
Há, porém, momentos em que NÃO DEVEMOS, de forma alguma, seguir este sábio conselho e mantermos a cautelosa recusa da voz. E é por isso mesmo que vos peço, a vós que ireis para o seio do perigo e necessitareis de todas as armas possíveis: POR FAVOR, NÃO FIQUEM EM SILÊNCIO! E, pedindo isto, reforço: oiçam a ordem superior, mas questionem-na se não a entenderem/ compreenderem ou se sentirem que não serão capazes de cumprir! Lembrem-se de que nenhum plano de ataque é cumprido com a exactidão da projecção no papel e que os riscos, que surgem quando menos se esperam, têm de ser evitados.
Para além disso que escrevo nas linhas acima, ainda vos digo mais: usem a “porcaria” dos rádios! Sei que há muitos que não os utilizam por vergonha, para evitar a crítica que outros fazem à excessiva utilização do rádio, muitos dizendo que “os incêndios não se apagam por rádio!” Lembrem-se que é através das comunicações que todos temos consciência dos perigos ou das oportunidades do ataque a um incêndio: eles servem, portanto, para questionar, para informar e, em suma, para nos ajudar a manter vivos.
Para terminar, e para que todos tenham uma boa missão, deixem-me voltar, insistentemente, à sabedoria popular para a “virar do avesso”. Todos sabemos, por isso tantas vezes nos calamos, que “pela boca morre o peixe”, mas também sabemos que, se optarmos pelo silêncio obediente perante uma decisão claramente errada de quem comanda, PELA BOCA MORRERÁ O BOMBEIRO!


Moimenta da Serra, 6 de Maio de 2014
Daniel António Neto Rocha

(publicado no Portal Bombeiros.pt)

quinta-feira, maio 01, 2014

quarta-feira, abril 30, 2014

Sair de um 31 dá em desconto! Só no dia 30 de Abril de 2014!


Dias especiais merecem tratamentos especiais. 

Hoje, dia 30 de Abril (entre as 00h01m e as 23h59m), o livro "Refracções em Três Andamentos" está disponível para envio por correio com um desconto muito especial. Assim, o meu primeiro livro de poesia estará disponível não por 10€ mas sim ao preço promocional de 5€. Para beneficiar deste desconto, terão apenas de fazer a encomenda (para o endereço de email silenciosasdiscussoes@gmail.com, referindo no assunto Encomenda Refracções) e efectuar o pagamento até às 23h59m do dia 30 de Abril (mediante indicações fornecidas através do mesmo endereço de email).


Nota 1: esta promoção decorre apenas durante o dia 30 de Abril e apenas no blogue.
Nota 2: promoção limitada aos exemplares existentes.

Como comprar ou encomendar o livro "Refracções em três andamentos"? (actualizado)


(Actualizado no dia 04-04-2015)

O livro "Refracções em três andamentos" está neste momento à venda em Famalicão da Serra (na casa de infância deste vosso humilde servo) e em Moimenta da Serra - Gouveia, (na casa actual).



Para efectuar encomendas para fora dos locais indicados basta enviar um email para silenciosasdiscussoes@gmail.com, referindo no assunto da mensagem: Encomenda do livro REFRACÇÕES. Para um envio mais rápido, juntem logo a morada para onde pretendem o envio do livro.


O preço é este:

- Compra num local de venda ou ao autor = 9 euros 5 euros


- Envio através dos CTT = 10 euros 6 euros*
* Já inclui despesas de envio.

Atenção: sobram cerca de 10 exemplares. Depois destes, não há reedição. 

terça-feira, abril 29, 2014

quinta-feira, abril 24, 2014

terça-feira, abril 22, 2014

Pensalamentos #225 - gigantes

ter gigantes
sobre os meus ombros
empoleirados para um bem maior
e ser o garante
infeliz
da sua ascensão

quinta-feira, abril 17, 2014

Gabriel García Márquez: tanto que ficou por escrever


Em 2002, ano em que me divertia noite dentro com livros, Gabriel García Márquez lançava "Viver para contá-la" a então primeira parte daquilo que se pensava vir a ser uma autobiografia em dois volumes. "Devorei" aquele pequeno tesouro em dois ou três dias e esperava ansiosamente a sua continuação. Com o passar do tempo e com as más notícias que a saúde de García Márquez gritava, comecei a temer não vir a conhecer essa segunda parte. Hoje a pior notícia chegou! 
Claro que já algo naquele homem estava silenciado, fazendo lembrar o início do seu primeiro conto publicado, "A terceira resignação": "Ali estava outra vez o ruído. Aquele ruído frio, cortante, vertical, que tão bem conhecia já, mas que agora se lhe apresentava agudo e doloroso, como se de um dia para o outro se tivesse desabituado dele." E é este silêncio, tão pleno de palavras, que hoje ganha vida com a morte de um García Márquez que eu, na minha leitura, aprendi como simples e tremendamente vivo!
Até sempre, Mestre Márquez! 


A mais velha profissão do mundo

E ao contrário daquilo que os "gulosos" esperariam, não, não se trata de prostituição mas, sim, de algo muito similar. É impressionante como, em quem se quereria isento e capaz de analisar a realidade de forma coerente, se assiste à proliferação da opinião "nim". Esta, uma espécie de doença rara mas mais antiga do que a até agora apelidada como a mais antiga do mundo, consiste na avença (paga, claro está) a determinadas figuras que empestam jornais, televisões e rádios, e que se acotovelam na defesa intransigente do líder (que, leia-se, não é só o que tem o poder absoluto mas também aquele que tem os pequenos poderes) e das suas decisões, mesmo que estas sejam completamente contrárias àquilo que a figura opinativa pensa, ou melhor, acha!
É, portanto, a mais velha profissão do mundo: a de defensor do chefe de fila! 

Basta ler, ver ou ouvir um qualquer meio de comunicação social durante "o poder" de dois partidos diferentes para percebermos as incongruências discursivas de uns e outros. Custará assim tanto ser coerente? Ou o ganho pessoal é maior se optarmos por fazer de conta que até somos um pouco "esquecidos"?  

quarta-feira, abril 16, 2014

terça-feira, abril 15, 2014

As portas que Abril abriu #1 - fome

Vários relatórios indicam níveis tremendos de fome ao nível das crianças e a discussão mediática está centrada na forma como Portugal deve sair do empréstimo que a Europa e compinchas fizeram? 
As portas que Abril abriu são negras!

segunda-feira, abril 14, 2014

No comments #11

Banksy

Repentes #37 - os cargos

Há, no dias de hoje, uma interessante e preocupante questão que deveria ser interiorizada e pensada por todos: O que são cargos públicos? Pois bem, isto é algo que, hoje, tem uma leitura muito complexa e muito limitada, pois os cargos públicos de hoje são uma espécie de prémio que se dá a quem "ajuda" a chegar a um determinado sítio. No entanto, e da experiência de cidadania que cada um de nós deve ter, estes cargos devem ser de gente capaz e competente para melhorar a "coisa pública" que se gere. É este o caso em Portugal? Não, não, não. Não estará na hora de nós, eternos culpados pelo mal do país, começarmos a exigir e a forçar que haja responsabilidade, e não desvios, na gestão daquilo que nos sai do bolso? Vejam o caso das mais recentes notícias sobre fundos europeus e de um desejo intenso dos gestores portugueses em ter mais dinheiro para estradas. Isto é responsabilidade?

Pensalamentos #223 - colher

colher os frutos
sem sujar as mãos

sexta-feira, abril 11, 2014

Pensalamentos #222 - preocupação

a preocupação
ronda ronda ronda
em ziguezagues
turbulentos
em demandas singulares
em vistas curtas e umbiguistas
em ziguezague em ziguezague em ziguezague
olhando


pensando


em si

quarta-feira, abril 09, 2014

Pensalamentos #221 - sei

dar conta
dos dias e das horas das mentiras 
sensíveis
e correr
agressivamente
os segundos que faltam
para o fim

segunda-feira, abril 07, 2014

sábado, abril 05, 2014

Nova imagem da Câmara Municipal da Guarda

Ao ver as imagens e as frases (escritas e ditas) da nova "imagem corporativa" da Câmara Municipal da Guarda, nem sei como fiquei. 
Sim, cores vivas, alegres, parecendo que o arquitecto Tomás Taveira chegou à cidade, e merecedoras de enriquecer os próximos cartazes carnavalescos. Mas, sinceramente, é assim que deve ser uma imagem formal de uma cidade? Não concordo! E desculpem lá por isso! A justificação parece aparecer no vídeo de explicação da construção da nova imagem e a associação com "o dar cor à vida das pessoas" é demasiado demagógica e digna de figurar em manuais de enganos. A vida das pessoas, para este senhores, melhora apenas com o apogeu da "imagem" e da "cor"? Espero bem que não, senhores, e que este princípio seja apenas uma postura colorida para o lado fanfarrão da vossa actuação. Sim, estou a dizer que espero que também haja o outro lado - o do trabalho honesto e não ludibriante.
Por outro lado, a frase é dúbia em demasia (e eu até gosto de caleidoscópios linguísticos) e fez-me logo pressentir uma associação não muito favorável: "cada um por si". Admito que possa ser uma ligação estranha, mas sendo possível... leva ao descrédito. Para além disso, todos sabemos que existe ostracização na cidade, seja qual for o partido (pois as famílias, senhores, continuam a mandar). 
Para terminar, aquela pequena imagem associada à cultura... Não é possível colocar o ponto mais alto virado para baixo, rodando a imagem 180º? É que com aquele castanho... parece uma "poia"! Espero que não seja um mau prenúncio para aquilo que aí virá na cultura!

Já o facto de o designer dizer que se baseou numa caixa tridimensional... nem sequer vou comentar!

quarta-feira, abril 02, 2014

Crato desmonta o imbróglio



O texto que o jornal "Público" utiliza como forma de chamar a atenção da notícia na sua página do Facebook é elucidativo: "O mapa de Portugal regressa às salas de aula. Desta vez não há ultramar, só mar." Crato e os seus compinchas são a nova face de uma política antiga e incapaz de fugir à totalitarismo e à autodeificação. E até a colocação dos enganosos mapas é "aconselhada" para a mesma hora, numa estupidificante acção de propaganda ideológica e de aparente enobrecimento do acto. O senhor Crato não quer também rezar o "Pai Nosso" enquanto se agradece ao criador o facto de sermos portugueses cheios de água? (Nota: sou católico e percebo bem a ironia que utilizo.) Absurdo, estupidificante, presunçoso, arrogante e, também, de um nacionalismo "bacoco" e "balofo" que faz lembrar as mais primárias acções da corja de Salazar! "Não discutimos a pátria!" faltará afirmar a pulmões pujantes a este pequeno tirano de falsas insinuações. Grande Portugal, feito de água! Sim, agora é mais fácil perceber por que é que vamos metendo tanta e de forma imparável! Em mês de Abril, daquele Abril que se diz da liberdade, faltará alguém fazer uma grande análise aos valores de Abril que são preconizados e efectivados pelos "donos da democracia"! 

O senhor Crato virá dizer que ele, sim, viveu e sofreu com a ditadura. Eu, bem mais novo, não vivi nem sofri com "aquela ditadura". Conclusão: ele não aprendeu nada com aquilo que viveu e que (duvido, mas...) sofreu; eu aprendi com "aquela" e com esta que agora vivemos! 

segunda-feira, março 31, 2014

Teatro do CalaFrio: "MAS ERA PROIBIDO ROER OS OSSOS", de 9 a 12 de Abril no TMG



É, com toda a certeza, um novo projecto teatral com futuro garantido e com qualidade superior. A sua estreia é a 9 de Abril na Guarda, onde ficará também os três dias seguintes, e conta com a nota de criatividade de Américo Rodrigues e com uma equipa de actores fantástica.
A não perder!


"A partir de "Carta ao pai" e "Relatório a uma Academia", de Franz Kafka.

Neste espectáculo cruzam-se dois textos de Frank Kafka, um dos autores mais importantes (e perturbantes) da literatura ocidental: “Carta ao pai” e “Relatório a uma Academia”.

“Carta ao pai”- Em 1919, Franz Kafka escreveu ao seu pai, o comercian
te judeu Hermann Kafka, uma longa carta Na missiva, que nunca chegou a ser enviada, o escritor exprime a sua mágoa em relação ao um pai severo e dominador, que o autor apelida de “autoritário”, "tirano", "rei" e "Deus". Esta peça literária é, sobretudo, uma obra de auto-análise. Kafka escreve sobre a educação perversa que recebeu, considerando que lhe destrui a auto-estima e o condenou ao medo de nunca corresponder às expectativas. Uma sinceridade extrema trespassa esta carta que nos fala, implacavelmente, da nossa fragilidade como humanos.

“Relatório a uma Academia”- Kafka narra a história de um macaco que decidiu tornar-se humano, através de um processo de imitação; fumar cachimbo, cuspir, falar, etc. Depois de domesticado o macaco entrou para um teatro de variedades e chegou a tornar-se uma vedeta no mundo dos espectáculos. Aos sérios doutores de uma Academia revela, no entanto, que “no sexo” continua a ser um macaco. O percurso do símio e da sua transformação são contados de forma "científica", com toques de cariz rocambolesco plenos de comicidade.
"

sábado, março 29, 2014

Pensalamentos #217 - ?

dúvida

sentar-se a um canto
preso nas teias visíveis
olhar o vazio e as linhas cruas
enquanto, fora,
as ruas limpam os pés
silenciosos

quinta-feira, março 27, 2014

A não esquecer, porque é Dia Mundial do Teatro

Já sabem: vão ao teatro! Hoje, amanhã e sempre, mantenham um espírito de questionamento e não percam a oportunidade de apreciar o trabalho de quem tanto se esforça para vos agradar!
Mundo de outro mundo, o teatro vive muito para além da realidade, imitando-a, por vezes, e substituindo-a, quase sempre!
Gostava de poder editar hoje uma peça de teatro, mas terei ainda de esperar algum tempo para que isso possa voltar a acontecer. Para já, aqui fica uma imagem de uma das últimas peças em que tive o prazer de mergulhar. A foto é do Ricardo Marta. Apresenta um momento de uma das peças com que o Teatro do Imaginário (Manigoto) promoveu em Pinhel as Casas do Juízo! Na imagem têm o Daniel e o Daniel!


quarta-feira, março 26, 2014

Teatro: novos desafios

Gosto de desafios e o que se segue é bem diferente de quase tudo. 
Rua, envolvência, múltiplos cenários e um montão de oportunidades e dificuldades cénicas!
Estes desafios são formidáveis!