sexta-feira, maio 09, 2014

Crónica Bombeiros.pt: Pela boca morrerá o bombeiro



Muitas vezes nos habituámos/ habituamos a ouvir dos nossos “mais velhos”, dos pais e dos nossos conselheiros da interacção social a célebre expressão “O SILÊNCIO É DE OURO”. No correr dos dias e da nossa actividade profissional ou de outra espécie, lá fomos dando conta (alguns mais do que outros) da razão que assistia a esses abençoados seres que nos deram o “melhor” dos conselhos.
Há, porém, momentos em que NÃO DEVEMOS, de forma alguma, seguir este sábio conselho e mantermos a cautelosa recusa da voz. E é por isso mesmo que vos peço, a vós que ireis para o seio do perigo e necessitareis de todas as armas possíveis: POR FAVOR, NÃO FIQUEM EM SILÊNCIO! E, pedindo isto, reforço: oiçam a ordem superior, mas questionem-na se não a entenderem/ compreenderem ou se sentirem que não serão capazes de cumprir! Lembrem-se de que nenhum plano de ataque é cumprido com a exactidão da projecção no papel e que os riscos, que surgem quando menos se esperam, têm de ser evitados.
Para além disso que escrevo nas linhas acima, ainda vos digo mais: usem a “porcaria” dos rádios! Sei que há muitos que não os utilizam por vergonha, para evitar a crítica que outros fazem à excessiva utilização do rádio, muitos dizendo que “os incêndios não se apagam por rádio!” Lembrem-se que é através das comunicações que todos temos consciência dos perigos ou das oportunidades do ataque a um incêndio: eles servem, portanto, para questionar, para informar e, em suma, para nos ajudar a manter vivos.
Para terminar, e para que todos tenham uma boa missão, deixem-me voltar, insistentemente, à sabedoria popular para a “virar do avesso”. Todos sabemos, por isso tantas vezes nos calamos, que “pela boca morre o peixe”, mas também sabemos que, se optarmos pelo silêncio obediente perante uma decisão claramente errada de quem comanda, PELA BOCA MORRERÁ O BOMBEIRO!


Moimenta da Serra, 6 de Maio de 2014
Daniel António Neto Rocha

(publicado no Portal Bombeiros.pt)

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