segunda-feira, outubro 14, 2013

Crónica Bombeiros.pt – Bestas não, mas pouco sérios sim!

1. As palavras fogem quando a vontade de as aprisionar na velha folha de papel gasto é maior do que o próprio sentido daquilo que foi acontecendo nos últimos meses na nossa comunidade de bombeiros. E, não, não estou a falar daquilo que a sociedade pensa de nós e que alguém já caracterizou, numa linguagem mais térrea do que a minha, como uma espécie de passagem do oito ao oitenta, regressando depois ao oito. Estou, sim, a referir-me ao nosso (e estou a apontar directamente para cada um dos senhores leitores e para mim próprio!) vício tremendo de sermos os maiores lá no bairro e, quase de certeza, no universo inteiro. Sim, porque nós somos os supra-sumos que não foram apanhados pelas chamas e que, desengane-se quem disser o contrário, nunca o seremos, pois, como num golpe de magia, seremos sempre safos pela nossa experiência e pela nossa capacidade de estarmos fora do lugar errado à hora certa. E, mais ainda, nós somos aqueles que nunca erraram, pois as nossas decisões podem ter sido, e isso sim, mal interpretadas por aqueles (os ignorantes e inexperientes e… sim, traumatizados!) que acabaram por vir a morrer ou a ficar feridos. É que nós, os que tudo sabem e a quem quase nada passa ao lado, podemos sempre falar e especular à confortável distância dos problemas. Já os outros, os que ficam feridos e hão-de, talvez, não perceber bem o que se passou porque afinal tudo correu bem, vão por certo compreender a sorte que tiveram em ficar vivos e querem é esquecer e não voltar a olhar para aquela direcção que lhes deixou cicatrizes e uma má recordação, mas irão, por certo, ser agraciados com as palmadinhas de quem lhes há-de dizer que se não fosse a forma como actuou e teve sangue frio não teria saído dali, avisando-o, contudo, que a culpa foi toda dele. E há ainda os que nunca vão ter hipótese de ler esta crónica e que nunca irão poder analisar nada daquilo que aconteceu e que nunca mais serão lembrados porque a sua memória nos poderá causar algum tipo de insónias por aquilo que não fizemos ou não soubemos fazer. Sim, nós, enquanto comunidade de bombeiros parecemos unidos mas não o somos, porque se cometemos um erro havemos de o querer empurrar até nos sair da vista e cair nas mãos de um dos nossos que até tem o azar de não se saber defender e de ficar com um problema nas mãos, mesmo se estivesse a quilómetros de distância do sítio onde ele aconteceu. Sim, porque nós, bombeiros portugueses, antes que alguém nos diga o que na realidade aconteceu num qualquer acidente, já sabemos que os nossos camaradas foram azelhas, burros, ignorantes e todos os outros adjectivos que lhes manchem o nome ou a, em alguns casos, memória. Sim, porque para nós é mais importante mostrar que sabemos algo do que perceber aquilo que efectivamente aconteceu e, neste ponto, mostramos que toda a nossa vocação é unicamente destruir o outro. 

2. Porque lhes digo isto com uma carga de ironia tão acentuada? Porque é impressionante como no nosso universo se criam histórias mirabolantes para acusar os outros de algo que nem sabemos bem como aconteceu ou para nos descolarmos de algo que efectivamente aconteceu sob a nossa responsabilidade. E é este o ponto que mais me importa ressalvar. Estaremos nós a educar as nossas hostes com o devido respeito pela incorporação da responsabilidade? Estará a nossa vocação de bombeiros preparada para assumir sobre os ombros o peso responsável das nossas próprias decisões? Deixo esta reflexão à vossa consideração. 

3. E chegamos por fim àquele momento quase “zen” em que olhamos para factos que fazem parte do mundo surreal das esferas mais elevadas dos bombeiros. E, como penso que fica sempre bem, este momento pertence por inteiro ao senhor Presidente da Liga. É que estou neste momento perante um imenso dilema que é quase trágico mas que também é cómico. Gabriel García Márquez, escritor colombiano e um dos galardoados com o prémio Nobel da Literatura, publicou em 1961 um dos romances que me vêm à memória todas as vezes que penso no senhor presidente. Chama-se “Ninguém Escreve ao Coronel” e relata a vida de um Coronel na reforma que espera ansiosamente pela chegada de uma carta. No maravilhoso jogo de contrários que a nossa comunidade de bombeiros permite, este romance serviu de ponto de partida para eu inverter esta história e para poder lançar aqui uma questão em jeito de provocação consciente que espero não seja mal percebida pelos adeptos sportinguistas. A minha dúvida é esta: se quiser escrever uma carta ao senhor Comandante, onde é que ele a poderá receber e dar resposta? Já tentei para a Rua Eduardo Noronha e não obtive resposta. Será que tenho de a enviar para o Estádio de Alvalade? 

Famalicão da Serra, 14 de Outubro de 2013 
Daniel António Neto Rocha

 
(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt no dia 14 de Outubro de 2013)

domingo, outubro 13, 2013

Acordos na Guarda? #19 - apostas

Amanhã ou depois, quando conseguir os dados todos que pretendo, irei por aqui tentar colocar as minhas previsões (ainda bem que falham) para os pelouros que Álvaro Amaro, Carlos Monteiro, Ana Isabel, Sérgio Costa e Victor Amaral vão assumir, querendo ou eles ou impostos pelo novo Presidente. Penso que nenhum dos Vereadores Socialistas irão ter direito a pelouros, até pelo exemplo anterior de Amaro como Presidente da Câmara de Gouveia. Por isso, será interessante perceber aquilo que cada um destes novos responsáveis pelos destinos da cidade terá em mãos para resolver. Já tenho as minhas apostas feitas, mas quero primeiro tirar uma dúvida a limpo.
Para já, se quiserem ir dando a vossa opinião... força! Têm é de se identificar!

Pensalamento #137 - o medo

e o medo
sombrio
regressa feroz

e o medo
e o amanhã
toldam a mente

e o medo
amanhã

sábado, outubro 12, 2013

Os Maias, com a visão de João Botelho

Parece-me que, e ao fim de muito tempo, haverá em Portugal um filme ou série (mesmo que em 4 episódios) que poderá ser um bom instrumento de divulgação do livro "Os Maias", de Eça de Queirós. Digo em Portugal porque no Brasil já foi feito um excelente trabalho de divulgação de "Os Maias", nomeadamente através da Rede Globo.
João Botelho, o mesmo que criou o "Filme do desassossego", a partir dos textos do "Livro do Desassossego", de Bernardo Soares (semi-heterónimo de Fernando Pessoa), meteu mãos à obra e parece que irá voltar a surpreender-nos com o tratamento cinematográfico de um grande livro
Eu estou muito curioso para ver o resultado final deste trabalho e lá terei de me contentar em esperar quase um ano.

Pensalamento #136 - pensar

pensar
o vazio

sexta-feira, outubro 11, 2013

Coimbra: TEUC um pouco menos às escuras?

Gostei de ler esta pequena comunicação por parte dos responsáveis do TEUC. O diálogo ainda é um princípio norteador que deve ser cultivado como forma de chegar a respostas concretas e à resolução de problemas. Espero que se chegue a um bom final!

Ontem foi um espectáculo memorável. Foi arrepiante sentir o público connosco daquela forma. MUITO OBRIGADA!
O VITRAL começou com o ruído da palmas a ecoar no Teatro de Bolso às escuras. A plateia contava com a Exma. Vice-Reitora para a Cultura, Prof. Doutora Clara Almeida Santos e todos os organismos autónomos da associação académica da Universidade de Coimbra.
No final, às escuras ainda, o espaço abriu-se para a voz do GEFAC e do CITAC que com as suas lanternas comunicaram o apoio ao TEUC, bem como o desagrado com a situação vivida pelos organismos autónomos desta academia.
No final a Exma. Vice-Reitora comunicou-nos que estava aberta a uma conversa com os organismos. Juntos, no Teatro de Bolso, falámos quase até à uma da manhã. Foi um primeiro passo, que na verdade foi apenas mais uma conversa informal e não vinculativa, já que continuamos a não saber como será resolvida toda a precariedade das condições facultadas.
Hoje pelo fim da tarde recebi um telefonema por parte da vice-reitoria para as instalações, em que foi garantido que este assunto está a ser tido em consideração e que haverá de facto uma audiência com o Exmo. Vice-Reitor para as Instalações Prof. Doutor Vítor Murtinho, entidade a quem o Reitor delegou esta questão.
Aguardamos esta audiência, não baixamos os braços e o VITRAL continua em cena (às escuras) até domingo, por respeito ao nosso público que nos tem dado todo o apoio.

Rafaela Bidarra

Pensalamento #135 - frio

sentir
com o frio de um dia quente
a mágoa real 
de não poder valer
a outro

quinta-feira, outubro 10, 2013

A força dos homens (4)

Sou um daqueles que trazem diariamente na mente os quatro amigos que se mantêm no hospital, depois de terem tido uma terrível provação no combate a um incêndio. O Filipe, o Albano, o Quim e o Valter estão a recuperar, lentamente, mas a conseguirem fazer com que o sorriso de tanta gente que gosta deles volte a ser uma presença real, mesmo que momentâneo ou preocupado. O caminho deles, em diferentes graus, ainda irá ser longo, mas aqui estamos para eles e para o que for preciso. Depois de ter estado com o Filipe e com o Albano no hospital da Guarda, confesso que as maiores preocupações se centraram naqueles que ainda não vi. Desses, lá fui sabendo notícias por vezes cruéis e outras vezes mais animadoras. Ainda com um nó na garganta, lá fui sabendo que o Quim está a recuperar e espero em breve dar-lhe um abraço. Mais longe, lá no Porto, está o Valter que é o motivo de pensamento de uma aldeia e de um conjunto enorme de homens e mulheres. É ele que nos tem preocupado mais e por quem as nossas orações têm sido mais fortes. E é por isso que o seu "acordar" nos deu a nós, também, um pouco mais de alento e de esperança num retorno em segurança. Eu quero, muito em breve, lembrar-lhe através de um abraço que é o seu exemplo de luta e de vontade em regressar a casa que faz com que todos nós, hoje, estejamos com um sorriso mais aberto do que ontem. Eu estou à espera de todos, tal como todos aqueles que me rodeiam.
Enfim, todos estes nossos homens valorosos estão a percorrer um caminho difícil e demorado que todos nós, que os queremos de volta, iremos tornar mais agradável através do nosso espírito de amizade e de entreajuda!

Pensalamento #134 - nobel

vender-se-ão 
os livros 
como bolas de berlim 
nos ajuntamentos estivais
mas
ler-se-ão 
os livros
com a ânsia 
de quem
parece aspirar
ali
a compreender
verdadeiramente
a vida?

Fonte segura: o Prémio Nobel da Literatura 2013 vai para...

... Picasso!

Sei de fonte segura que algum vencedor há-de ter este Prémio Nobel da Literatura 2013. Os nomes apontados pelas apostas inglesas são muito curiosos e muito desconhecidos para mim, tirando alguns casos gritantes de presença contínua nestas listas.
Como estou tão curioso para saber quem levará para casa o "dinheirito" que estes reconhecimentos envolvem, vou dar uma volta e comprar comida ao Picasso! Sim, porque a ele a literatura é meramente um assunto do "dono" e um cão tem sempre um apetite voraz. O meu Picasso é um cão e, naquilo que me diz respeito, ele é bem mais importante do que aquele ou aquela que hoje vir a conta mais "gordinha"!

Até mais logo!

P.S. - Claro que este dia é de imensa pressão para as editoras comerciais e que não ligam patavina à literatura, pois podem estar perante um encaixe financeiro repentino de alguns milhares de "petiscos" económicos!

quarta-feira, outubro 09, 2013

Atitude Crónica - a Guarda como centro



Em fase de acabamentos e de revisão. Em breve estará em pré-venda!

Projectos com pedras metafóricas dentro

Há, nestes dias que passam, o regressar de um projecto que esteve a amadurecer na gaveta. Hoje, num café muito agradável pela manhã, vi a surpresa que se vai juntar a estas pedras que andei a perseguir. Uma surpresa de que gostei muito e que já reservei em meu nome. Vamos ver se, como minha prenda de Natal, consigo pôr cá fora o livro de crónicas, já anunciado, e este livro de poesia.
Agora vou trabalhar!

terça-feira, outubro 08, 2013

Pensalamento #133 - o vazio da resposta

um vazio
oco
transparente
quase inexistente 
(semanticamente prestando atenção)
onde o eco
cortante
e sonoro
ocupa 
o espaço
ingrato e 
absurdo
com a esperança de
um preenchimento
leve 
e efémero

lição:
raios para a metáfora!

segunda-feira, outubro 07, 2013

Pensalamentos #132 - falha

falhámos
a sociedade
falhámos 
a civilização
e
parafraseando em parte Ega
falhámos 
a vida
meninos

Pensalamentos Emprestados #13

"Só digo que as pessoas tornam a vida muito pior do que tem que ser e, acreditem, já é um pesadelo sem a ajuda delas. Mas no conjunto, lamento dizer, somos uma espécie falhada."

(Boris Yellnikoff, personagem de "Whatever Works", Woody Allen)