quinta-feira, maio 03, 2012

(des)encontro com este autor no Liceu: 04-05-2012


Haverá maior honra do que ser chamado a dizer umas quantas coisas onde se aprendeu a aprender uma certas coisas? Haverá maior prazer do que falar daquilo que amamos a pessoas que comungam connosco um gosto que só os predestinados comungam? Voltar a casa, à casa onde deixámos a alma pura e os gestos rebeldes para ingressar num mundo de aparências! Voltar ao "meu" Liceu de estimação e olhar as paredes diferentes. Voltar à escola das vivências quase caóticas e das sedutoras iniciações. Voltar à casa amiga. Amanhã às 14h30m!

P.S. - A conversa fluirá. E assim é que faz sentido.

23 de abril, dia de "acidente poético fatal"


Há iniciativas que sempre me causaram uma espécie de afeição. Não vos sei dizer ao que se deve, mas nunca consegui ficar indiferente ao encontro com escritores e àquilo que eu procuro nesses encontros: sejam valores literários ou éticos. Sei que o homem ou mulher que estão por trás da obra sempre me motivaram alguma fascinação. Sei que muitos deles podem não representar aquilo que eu penso ou que imaginei que fossem. Outros correspondem ao que eu esperava deles. Outros ainda são mais do que aquilo que eu esperava que fossem e surpreendem-me a cada instante. No passado dia 23 de Abril, em Viseu, tive o privilégio de apresentar, de uma forma descontraída e familiar, os contornos estéticos do último livro do Américo Rodrigues. E aprendi bastante mais do que estava à espera e sei que vou continuar a aprender mais ainda. Em breve (no próximo número) sairá na Revista Praça Velha a recensão crítica ao livro "acidente poético fatal", do Américo Rodrigues. Para já, comprem o livro (a partir daqui) e deliciem-se. Depois, leiam a crítica lá para o fim de Maio na Revista e algum tempo depois aqui no blogue.

terça-feira, maio 01, 2012

13. Crónica Diária na Rádio Altitude (3.ª temporada) – Crónica dos feriados de Abril ou do “Dia do Desempregado”(*)

1. Irra!, mais um feriado para atrapalhar a retoma económica do nosso grandioso país! Mas que cultura esta que insiste em celebrar dias assinalados pela tradição ou pela história como simbólicos e não compreende que a trabalhar é que o povo enriquece as suas contas bancárias e as dos patrões nacionais. Enfim, depois venham queixar-se dos impostos ou das subtracções de vencimentos. Se não trabalham e se andam por aí a aproveitar para descansar, estão à espera de quê? Só no mês de Abril parámos o país por dois dias! E porquê? Primeiro foi por causa de uma tal de Páscoa e dos ovinhos que, responda lá a biologia animal a isso, foram postos por um coelho. Depois, orgulhosos e extremamente crentes nos feitos passados de uma rica corja de políticos portugueses e na bela herança que diariamente recebemos deles, assistimos às quase inexistentes celebrações daquilo a que chamam o dia mais importante de Portugal. Que gente esta e que raio de cultura! Não sabem que é a trabalhar que a gente se entende? É claro que estou a usar e a abusar da ironia! Em primeiro lugar, neste período pascal o senhor coelho não deu ovos mas sim “caganitas”. Em segundo lugar, no dia 25 de Abril de 2012 nada de novo se acrescentou ao que já se sabia, apenas constatámos outra vez que a mentira é que há-de fazer com que alguém melhore. E por aí adiante.
 

(...)

Guarda, 30 de Abril de 2012
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 01 de Maio de 2012 - disponível em podcast em Altitude.fm)

(*) As melhores perspectivas do Governo, ainda hoje, são a evolução dos números do desemprego para números nunca vistos. Estão preparados para sofrer?

sexta-feira, abril 27, 2012

12. Crónica Diária na Rádio Altitude (3.ª temporada) – Crónica de António Ferro ou da nova temporada de “Os Marretas”

1. Por vezes, ainda me entretenho a ler jornais e a ver telejornais, como se não tivesse mais nada para fazer do que flagelar-me todos os dias com mentiras, enormidades e hipocrisia descarada. Claro está que compreendo bem o poder da comunicação e o poder da imagem. O habilidoso António Ferro, aqui há uns bons anos, já tinha reparado na utilidade desse poder que constrói o que quer e destrói o oponente. Daí que construiu uma imagem de Portugal bucólica e tremendamente útil ao regime em voga, para além de ter perpetuado uma imagem de doce revivalismo dos tempos antigos que ainda hoje é admirada por todas as velhas gerações deste país. Destaque-se que, de forma extremamente hábil e encapotada, foi neste período de acção de António Ferro (cerca de 1933 a 1949) que os portugueses tiveram mais actividades culturais de índole popular e sessões de exacerbamento do espírito patriótico nacional. É óbvio que tudo isto fazia parte de um plano de controlo social através daquilo que alguns estudiosos apelidam como “tempos livres concedidos ao povo”, ou seja, actividades que permitiam ao estado manter o povo debaixo de um conjunto de manifestações culturais que o formatava à imagem e semelhança de um qualquer animal doméstico – que come na mão do dono de forma pacífica e enternecedora!

(...)

Guarda, 16 de Abril de 2012
Daniel António Neto Rocha

(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 17 de Abril de 2012 - disponível em podcast em Altitude.fm)

domingo, abril 15, 2012

o horizonte que inventaste

(À minha mãe)

Rompeste com as montanhas
e atravessaste as tempestades
com o intelecto de alguém
que procura na imensidão
dos dias uma justificação
para andar.

Procuraste nas entrelinhas
das sensações e das ilusões
uma razão para nos trazeres
vestidos e aprumados
para as agruras da vida
que não conseguias evitar.

Da fome e das carências soubeste
tirar o melhor
e, interiorizando a coragem,
cresceste com a energia do ar e das flores
multiplicaste a força e a vontade
e distribuíste a graciosidade e a beleza.

Enfim, percorreste os desertos
e encontraste as miragens
reais numa complexa matriz
de dor e suor e sangue e esperança.

sexta-feira, abril 13, 2012

No ano 2000, valsei no Liceu da Guarda! (memória)

Sim, não pensem que aqui o homem não sabe também dar uns passinhos de dança! Agora, e a convite do Zé Monteiro (amigo meu e, também, professor e poeta da Guarda), recordei o meu baile de finalistas. Em 2000, num qualquer dia de Março, valsei noite dentro (durante cinco minutos, mais ou menos) e acrescentei "Um palmo de ilusão ao meu tamanho."
Este texto, que relembra sentimentos, olhares e pessoas, está publicado na edição de Abril do "Expressão", o jornal da Escola Secundária Afonso de Albuquerque (o antigo Liceu Nacional da Guarda). A crónica memorialista que partilho nas páginas do jornal escolar tem o título "Um, dois, três! Um, dois, três!" e pode ser lido aqui.

quinta-feira, abril 12, 2012

Pensalamentos #47


cada dia menos
cada dia menos
cada dia menos cada dia menos
cada dia menos
cada dia menos

eis a nossa triste sina:
arranjar um Aristides que nos salve
e que nos faça embarcar
em novas caravelas
em direcção ao sonho real.

cada dia menos
cada dia menos
cada dia menos cada dia menos
cada dia menos
cada dia menos

quarta-feira, abril 11, 2012

Pensalamentos #46

Salve,
intermitência económica
e diabólica de
usuras sociais.
Afundam-se
as marés calmas
e instáveis
que subsistiam
pelo suor
e pela teimosia.
Salve,
cobrador do fraque
com face amena
e legitimado
pela votação
dos esfomeados!
Salve,
mentira!
Os que passam fome
saúdam-te!

terça-feira, abril 10, 2012

Pensalamentos #45

Apátrida
deste tempo
e do outro
e de todos os tempos
perniciosos
e odiosos
da ostracização.
Não mais
pátria já não minha
não mais
do que vergonha
da tua mão
caridosa e
ruinosa
que obriga
a mendigar
os restos do pão
ruim e bolorento.
Apátrida,
já sou!

Pensalamentos #44

Em Portugal o problema não são os políticos
é o excesso de aldrabões que se dedicam à política!

sábado, abril 07, 2012

Momentos em imagem #3

Todos os dias me sento na cadeira da esperança e da utopia.


É uma das imagens mais bonitas e mais simbólicas que alguma vez recolhi. Em Rethymno, na Ilha de Creta (Grécia), enquanto vagueava pelas praias, encontrei esta cadeira exactamente como se vê na imagem. Não lhe mexi, não a tentei colocar de forma diferente! Não sei como ali foi parar, nem se era pertença de alguém! Virada para o mar, para o horizonte, para o Norte, onde está Atenas e a Europa, parecia adivinhar que o lugar do sonho e da esperança estava prestes a ficar vazio e a tornar mais solitária a caminhada dos povos, principalmente dos Gregos. Centro da cultura filosófica europeia esta cadeira foi substituída pela cadeira bélica europeia.

quinta-feira, abril 05, 2012

Repentes #8 - Reformem as asneiras!

E viva a continuação do disparate! Não bastava obrigarem as pessoas a ter de aturar os cortes e outras safadezas que se passam no sector público, e agora obrigam-nas a não poderem optar pelo direito de escolher se querem ou não reformar-se mais cedo (conscientes que estão as pessoas de que serão bem penalizadas!". É um ultraje às pessoas que já deram muito de si e um verdadeiro ataque à qualidade dos serviços! Já viram alguém a fazer um bom trabalho quando está a ser contrariado?
Cheira-me que com este "remédio" de não permitir aposentações até 2014, os cérebros do Governo vão conseguir arranjar um "veneno" ainda mais desagradável - alguns milhares de baixas por longo tempo!
Já agora um desabafo: ainda bem que a Assunção Esteves e outros de igual valia já estavam reformados antes deste Governo! Já viram o que era se tivessem mesmo de trabalhar?

é proibido não proibir

Deixou de ser
proibido
proibir!
Permitido é
que as ruas não sejam violadas
por gentes enxovalhadas
que, descalças,
procurem direitos
e oportunidades.
É proibido
não proibir,
disse a troika
dos vampiros.
Permitido é pagar
com o sangue
ou com a vida
as altaneiras diversões
de alegres foliões
da alta roda
política.
É proibido
não proibir,
disse o Ministro
e o Presidente.
É permitido encerrar
na cabeça um
cacetete
e um meio-dia
na prisão, onde
preste depoimentos
por ataque à
ordem de proibição.
É proibido
não proibir
de ficar no país
quem queira comer pão
e já não vá na ilusão
daqueles que lho roubam.
É proibido
não proibir!
É proibido permitir
que se permita a
liberdade
e que um povo
maltratado
faça soar a sua voz.
Deixou de ser proibido
matar quem use a voz
na direcção da utopia
e da comunhão da
igualdade.
É proibido
não proibir!


(d.r.)

Pensalamentos #43


Cansei-me de
respirar
o fétido ar
de um Portugal
truncado
de um valor social
e de qualquer resto de
humanidade.

quarta-feira, abril 04, 2012

Repentes #7 - Acelera, Soares!


A serem verdadeiras as palavras que são atribuídas a Mário Soares pelo Jornal de Notícias (ver aqui), depois de ter sido apanhado em excesso de velocidade num veículo do Estado (que lhe "pertence" por ter sido chefe do mesmo Estado), demonstram bem a solidariedade com que estes "grandes heróis" da nação tratam quem nos dias de hoje passa por dificuldades. Venham agora, Soaristas, defender a voz e a opinião deste senhor que, pelos vistos, fala bem mas ainda se governa melhor... à conta de todos nós!
Só uma palavra serve para legendar esta sem-vergonhice que é comum a muitos antigos governantes e políticos do país: "Merdosos!"