sexta-feira, janeiro 21, 2011

Goodbye, Mr. Chips, de James Hilton (Obrigado, Manuel Poppe!)

Manuel Poppe tem escrito milhares de palavras sobre vários temas e, principalmente, sobre o valor humano. Foi a partir dele (ver aqui) que eu encontrei um pequeno livro, que devorei assim que o recebi, de leitura obrigatória para todos aqueles que não sabem o que é um professor, no sentido mais puro e desinteressado do termo. Neste opúsculo de James Hilton, Mr. Chips é o professor que trabalha para os seus alunos e não para estatísticas, é o professor exigente e é, sobretudo, um homem que é imperfeito e que reconhece as suas limitações.
Tudo o que acabei de dizer é aquilo que define o ser humano consciente da necessária valorização de pessoas e não da valorização de contas bancárias ou de propagandas enganadoras. Isso é o que tem acontecido nos últimos anos. Os espertalhões do sistema concederam o seu tempo a valorizar-se enquanto secretárias de esquina, preparando-se para integrarem as funções de desnorteadores do ensino sério. Os outros, os que se preocupam em tornar os alunos melhores, são descartados e empurrados para a necessária imbecilização do país.
Este pequena obra abriu-me a alma e emocionou-me. Poderei ser, no futuro, assim recordado?

segunda-feira, janeiro 17, 2011

06. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da leitura sermonária e da irradicação da pobreza

1. A igreja católica tem vindo a ser ao longo dos tempos tema preferencial das mais controversas discussões, sendo um factor de discordância entre milhões de pessoas no mundo. Muitas não entendem que uma só instituição conseguisse atingir um tão elevado poder ao mesmo tempo que cometia as mais atrozes violações dos direitos humanos. Muitas não percebem como continuam milhões de pessoas a entregar desinteressadamente quantias avultadas de dinheiro àquela instituição traiçoeira e indigna da confiança do mais esclarecido dos homens. Outras, ainda, discutem o porquê de, em tempos de crise e de tamanha necessidade de ajuda pública, existir tanto ouro e tantas obras de arte nas igrejas, não sendo todo esse acervo dirigido para engrossar instituições de caridade à escala mundial, desconhecendo que as instituições de que falam pertencem à própria Igreja. Algumas dizem, também, que é uma instituição velha e não adaptada às exigências de uma sociedade que evoluiu, tornando-se a velha igreja católica como que um entrave ou um problema para a ascensão de uma melhor sociedade.

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Guarda, 17 de Janeiro de 2011

Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 18 de Janeiro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Ciclo Manuel Poppe


Manuel Poppe merece! Começo assim este pequeno texto, que chamo carinhosamente, informativo. Manuel Poppe é um escritor de excelência que teve o azar de não ter uma máquina publicitária a colocar as suas obras nos destaques das grandes cadeias de livros. Mesmo assim, tem o reconhecimento de milhares de leitores que fizeram com que quase todas as suas obras esgotassem, quer nas livrarias convencionais quer nos alfarrabistas. Não sabiam disto? Pois bem,
a Guarda (a sua Guarda!) vai reconhecer toda a importância deste escritor num Ciclo que ocorrerá em Fevereiro de 2011 e que irá mostrar a sua arte e inteligência. Cabe-me coordenar a exposição que irá ficar patente na Sala Tempo e Poesia, da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço. Já mostrei junto do Manuel Poppe a minha satisfação e fraca preparação para o poder honrar condignamente, mas os grandes desafios são para gente grande. Deixem-me fazer um reparo que dignifica este autor e faz com que seja merecedor das maiores honras na "sua" cidade: é o único colaborador de jornais de âmbito nacional que escreve regularmente sobre a Guarda!

terça-feira, janeiro 04, 2011

05. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do ano novo e da canonização da mentira

1. Ano novo, vícios e artimanhas velhas! Poderíamos nós viver num país onde tudo funcionasse às mil-maravilhas? Poderíamos, mas não era a mesma coisa! É que isto de andar sempre enrascado tem a sua piada e precisamos urgentemente de quem nos faça rir, pois chorar já nos fazem há quase novecentos anos. Como é óbvio, os desejos de início de ano sucedem-se e repetem-se. Para uns, o bom era estar a milhas de Portugal. Para outros, mais pobres, já era bom conseguir sobreviver em Portugal. Para os altos cargos na banca e governo da Nação, os desejos são ainda mais complexos e tem sido complicado, para eles, descobrir qual dos amigos de caçada ainda está em dificuldades e a precisar de um aumentozito salarial. E há, ainda, muitos e melhores desejos de início de ano, mas confesso que a minha imaginação não anda à velocidade da mestria trafulha e não atinge tamanha sofisticação criminal. Como todos poderão observar, neste círculo à beira-mar plantado, o novo ano começa com uma fantástica acreditação de qualidade, feita pelas máfias internacionais, à capacidade inventiva e criativa dos responsáveis maiores do nosso país.

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Guarda, 03 de Janeiro de 2011
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 04 de Janeiro de 2011 - disponível em podcast em Altitude.fm)

segunda-feira, dezembro 27, 2010

Crónica Bombeiro.pt - É Natal, é Natal, mas continuam a ver-nos mal!

1. A multiplicidade das cores, o jogo de diversas luzes, as formas mais inventivas de resolver o que se vê, a criação de expectativas várias e o conjunto de gente que se apresta a chegar poderiam indiciar a existência de mais um jantar de Natal ou de um qualquer encontro que celebre esta época tão alegre do ano. No entanto, podemos observar toda essa panóplia de imagens, que fui libertando acima, num qualquer incêndio (Urbano ou Industrial), num qualquer acidente de viação, numa qualquer necessidade da população ou num qualquer dos milhares de momentos em que os bombeiros portugueses fazem questão de dizer “Presente!”.

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Guarda, 18 de Dezembro de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt a partir das 22h30m do dia 26 de Dezembro de 2010)

quarta-feira, dezembro 22, 2010

04. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica do candidato Alegre e do D. Sancho, o Povoador dos tempos modernos

1. Cá vem o saudosista do costume a lamentar-se de factos já passados, mas a realidade é essa. Poderia aqui falar de coisas que aconteceram neste fim-de-semana, mas, como estive fora uns dias, não vi nem ouvi nada, contudo imaginei muito. Deixem-me contar-vos uma coisita que, há cerca de duas semanas, me regalou por completo. Desculpem lá este humorzito negro inicial, visto que o tornado que veio do litoral não poupou cá o burgo e foi mesmo, tal como nos outros locais, arrasador! Prestem atenção, como se a desgraça de uma catástrofe atmosférica fosse pouca, esse violento e improvável tornado trouxe também o candidato Alegre e um seu discurso sobre a necessária simetria entre a nossa região e as outras litorais deste tristonho país. Sim, este Alegre exemplo que há uns anitos próximos fez oposição, quando devia, às propostas do seu Governo maioritário, vem falar em assimetrias de que padecemos muito aqui pelas alturas! Como gostei tanto do seu discurso ideológico e o comparei com aquela “Jornada de África” ficcional, lembrei-me de alguns factos que comprovam a simetria dos seus actos. Vejam: aqui há uns anitos, no tempo da desgostosa Maria de Lurdes Rodrigues, houve uma grande celeuma sobre a aprovação do estatuto da carreira docente; o Alegre deputado e as suas Alegretes faziam as delícias da oposição consentida ao mostrarem dualidade de opiniões dentro do seu partido; isso mesmo se comprovou, pois, ao existir uma votação que visava a aprovação desse estatuto, o deputado Alegre e as suas seguidoras votaram contra a aprovação, contra a vontade do seu próprio partido; que coragem, que coerência, que simetria; uma semana depois, foi levada ao parlamento uma proposta que anulava o estatuto, esperando-se uma posição similar do Alegre deputado e das suas Alegretes, mas nada disso aconteceu; quais as razões?; a simetria dos alegres depende, aparentemente, da existência de um quorum capaz, em número, de permitir devaneios democráticos a este ficcionista.

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Guarda, 20 de Dezembro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 21 de Dezembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Pensalamentos #12

A liberdade é um direito de quem vive em Portugal. Cá por cima, já dizia o Eça, somos só paisagem.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Pensalamentos emprestados #1

"Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
"


(Luís de Camões, "Os Lusíadas", Canto X, estância 145, versos 1 a 4)

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Prenda de Natal para ti

Concentrado em demandas
Esvai-se a realidade
Por entre os dedos esguios
Do simples esqueleto de um ser!

“Amo-te sem vergonha!”

Procuro o fim da estrada
O fim do cansaço a ter
Em cada sílaba do teu corpo.

Julgo as estrelas a cada
Passo invisível de solidão.

Saboreei-te o corpo vestido
De artificiosos enganos alimentando
De infindáveis aromas
A luxuriosa animação da noite
E os sonhos escarrados da tua boca!

Sigo concentrado em devaneios
Tacteando a realidade em busca
Do que não tive.

(24/12/2007)

terça-feira, dezembro 07, 2010

03. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica da Dúvida e da Wikileaks

1. Estive até à última da hora na perspectiva de encontrar algo, nestas inúmeras tropelias da vida, que pudesse servir de base à formulação de uma opinião. Esperei, até ao momento mais terminal, que acontecesse qualquer coisita nestes vastos penedos da serra que vos cativasse. Oh! maravilhas do altíssimo: veio muita neve, veio muito gelo e vieram muitas e variadas opiniões sobre quem chegou tarde na tentativa de resolução desses mesmos problemas! Concordo com todos aqueles que caracterizam estes temas como interessantes, como controversos e como oportunos. No entanto, penso que já foram bastante babosados nos respeitáveis ouvidos do vasto auditório. Por outro lado, oh! musa das artes, pensei em apresentar-vos uma opinião sobre alguns momentos culturais que pautaram a minha vivência citadina durante estes dias, mas fui ultrapassado por outros. No final de contas: onde nada existia como tema a abordar, o zero continuou a ditar regras. É que é difícil ser cronista na Guarda. Sério! Vejam só: quando estamos a escrever, somos atacados pelo frio invernal e existencial da cidade; quando estamos a ser transmitidos, somos atacados pela indiferença perante o nome pouco sonante do cronista ou pelo simples facto de ninguém estar a ouvir. Assim, o que poderá trazer um aprendiz de cronista às ondas hertzianas da rádio que possa captar a atenção do ouvinte mais exigente e do escutador menos interessado?

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Guarda, 06 de Dezembro de 2010
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 07 de Dezembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)

terça-feira, novembro 30, 2010

Pensalamentos #11

Traços do canhoto rico


Frio, tristeza
Estupidez, tristeza
Carneirismo, tristeza

Tristeza, anormal
Tristeza, espinha vergada
Tristeza, bruteza

Gente hipócrita, tristeza
Tachismo, tristeza
Masturbador da pila alheia, tristeza

Tristeza, a anormalidade portuguesa
Tristeza, a pedagogia portuguesa
Tristeza, nem o frio lha faz ficar tesa
Tristeza, ...


(não é poesia, é experimentalismo económico mental que, possivelmente, me fará nunca ser rico!)
.
Atenção1: Desculpem, os leitores mais sensíveis, as palavras brutas!
..
Atenção2: Leitores acidentais ou procurantes mandatados por qualquer orgão político saibam que por aqui também passa a voz da liberdade!
...

sexta-feira, novembro 26, 2010

Pensalamentos #10

Ridículo, ridículo, ridículo é ser-se ridículo e ter-se gosto em ser-se ridículo só porque se exige que se seja ridículo.

terça-feira, novembro 23, 2010

02. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica dos Rebuçados ou “da Diabetes Social”

1. E, de repente, somos um país onde o favorecimento político é reconhecido por alguns elementos que já pertenceram à máquina multicolor de algodão doce! Por fim, aquele nobre acto de dar rebuçados só aos meninos que pertencem à nossa equipa foi reconhecido por alguém que, pelo conhecimento demonstrado, deve ter dado pelo menos meia-duziazinha deles. Sabem que o que mais me impressiona na distribuição harmoniosa destes pequenos e terríveis provocadores da diabetes social não é o inchaço de vaidosice que quem deles se alimenta padece. Preocupa-me, sim, o facto de provocar um esvaziamento global ao nível dos valores de trabalho ou de competência profissional, sendo esta uma patologia incurável e tremendamente contagiosa. E isso é que é preocupante, pois, num país onde é tão complicado que as palavras de fora do partido sejam aceites como complemento sólido a uma afirmação nacional, a formatação do futuro de todos nós fica entregue aos gulosos que comem o que o padrinho lhes arranjou sem se preocuparem com aquilo que estão habilitados a comer e, sendo um facto do final deste glorioso banquete, tudo aquilo que foi comido por estes obedientes servos será reciclado na exacta medida da abominável digestão humana.

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Guarda, 22 de Novembro de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 23 de Novembro de 2010 - disponível em podcast em Altitude.fm)

quarta-feira, novembro 17, 2010

Pensalamentos #9

Parolar é diferente de "Parler", mas quando oiço alguns figurões a "parler" percebo a confusão com parolar.

terça-feira, novembro 09, 2010

1. Crónica Diária na Rádio Altitude (2.ª temporada) – Crónica Desorçamental

1. Abençoados sejam aqueles que acreditam na bondade eterna de Sócrates, o engenheiro, e que, assim, se deliciam com as suas palavras tão boas e extremamente criadoras de ajudas de custo e de infindáveis bónus, pois deles é o reino de São Bento. Não sei bem o que me deu hoje para começar o dia com esta frase tão cheia de ironia, mas sei que começo a estar farto de aturar as mesquinhas atitudes de quem vive com opulência e que ainda tem a lata de dizer “não pensem que esta medida é substancial, pois não há muitos governantes a viver com ela”. Mais coisa, menos coisa, foi assim que o porta-voz de quem nos desgoverna, o Ministro da Presidência Pedro Silva Pereira, veio anunciar o fim da coexistência entre reformas dignas de um Rei e de ordenados principescos aos nível dos representantes do Governo. Até aqui tudo bem, finalmente a máscara da vergonha caiu da cara das sanguessugas do estado e uma das medidas mais essenciais foi por fim considerada. Agora, foi esta uma medida mesmo, mesmo séria? Não! Tenho imensa pena de vos fazer eco disto, mas, para o bem e para o mal, a maior parte daqueles que possuem esta acumulação de riquezas está já, como convém à época em que vivemos, a servir de ponte entre os interesses privados e alguns interesses públicos, ou seja, todos aqueles que esvaziaram os cofres do estado estão agora a administrar empresas privadas que têm contratos prioritários com o próprio estado, estando, desta forma, confortavelmente longe desta medida orçamental. Assim, continuamos quase na mesma e tenho de dar razão ao relações públicas deste governinho ao apelidar a medida de “não substancial”. Aliás, dadas as relações privilegiadas, logo dignas de investigação, entre as grandes empresas privadas e a vontade férrea do Sócrates, não filósofo, em continuar com o TGV, começo a desconfiar que estará brevemente vago um cargo na administração de uma qualquer grande empresa de construção civil destinado a um futuro ex-Primeiro-Ministro.

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Guarda, 8 de Novembro de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 9 de Novembro de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)