quarta-feira, junho 23, 2010

11. Crónica Altitude – Crónica das “vontades”

1. Ser-me-ia completamente impossível o desvio de um tema que marcou a sociedade, em geral, e a literatura, em particular. Refiro-me, como é óbvio, à morte de José Saramago. Desta morte, apenas posso lamentar a perda de um exímio criador ficcional e de um ser humano frontal e coerente. Dos defeitos e feitios afasto-me com a orgulhosa pretensão de não ter conhecido o homem para a ele poder associar tudo aquilo que dele se diz. Enquanto uns, movidos pelas Presidenciais de 2011, se preocupavam em discutir a maléfica ausência de Cavaco Silva das cerimónias fúnebres, eu preocupei-me em perceber melhor, através da observação e da leitura, tudo aquilo que era mostrado nas páginas de jornais, em blogues e em discursos vários. Para além de ter ficado emocionado com as vénias de todo o mundo em direcção à obra do autor de “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, fiquei extremamente convencido da projecção mundial das mensagens que Saramago emanou. Na longa demora emotiva que é provocada em quem tem o terrível direito a acompanhar um ente querido à cova, apercebi-me da já referida mesquinhez de todos aqueles que não se coíbem em aproveitar todos os momentos para ter ganhos próprios. Daí que, repentinamente, me lembrei da minha cidade e de toda a complexidade que nela se encerra. Quantos, de nós, terão aplaudido a mesquinhez e quantos terão mantido o silêncio honroso que deve acompanhar aquela última despedida? Quantos terão pensado que o invocar de questiúnculas políticas sobre um caixão é uma táctica eficaz e quantos terão ficado desiludidos com essa atitude mesquinha?


(...)
Guarda, 22 de Junho de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 23 de Junho de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

terça-feira, junho 22, 2010

Inscrições na IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão - Guarda

Já está disponível a aplicação para inscrição na IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão - Guarda.

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Noutros países do mundo, os locais onde se dão acidentes com bombeiros servem como espaços de investigação e de aprendizagem, especialmente no que diz respeito ao fenómeno “Blow-up” ou “efeito chaminé” (como vulgarmente é conhecido no seio dos bombeiros). Nesses espaços de investigação e reflexão são recolhidos ensinamentos que ajudam a educar e sensibilizar os bombeiros para a importância dos equipamentos de protecção individual e assim tentar evitar tragédias similares.

Este evento é organizado em colaboração pela Associação Amigos Bombeirosdistritoguarda.com (AABDG), pelo Projecto Sérgio Rocha e pelo Centro de Estudos de Incêndios Florestais (CEIF), e terá o apoio de diversas entidades ligadas à Protecção Civil. Os trabalhos serão conduzidos pelos organizadores
.

No dia
10 de JULHO de 2010, junte-se a nós na reflexão aprofundada sobre o acidente ocorrido a 9 de Julho de 2006 em Famalicão da Serra e na singela homenagem aos companheiros falecidos em combate. As conferências e a preparação do “staff-ride” ocorrerão na Casa da Cultura de Famalicão.

Programa (provisório)


09:30 - Sessão de abertura

09:45 às 12:30 - Curso de Protecção Individual no Combate a Incêndios Florestais

12:30 - Almoço

14:30 - “Staff-ride” (Visita de estudo ao local do acidente)

17:30 - Final das Jornadas


- A inscrição custa 15 euros (até ao dia 6 de Julho de 2010), com direito a refeições e entrada gratuita nas actividades, por pessoa, sendo que crianças com menos de 15 anos, que acompanhem os pais, não pagam.


- O programa será actualizado brevemente com os nomes dos formadores e respectivas lições.


- Aconselham-se os participantes que pertençam a corporações de bombeiros a utilizar a farda de trabalho e os restantes participantes a trazerem roupas adequadas a caminhadas.


- Aconselha-se a deslocação dos participantes em viaturas TT, sendo que quem não as possui não fica impedido de participar.


- A inscrição ficará confirmada após a confirmação da transferência bancária para a conta da organização. O comprovativo de transferência bancária deverá ser depois digitalizado e enviado para o e-mail fornecido pela organização. Ao optar pela inscrição a partir do dia 7 de Julho, o preço da inscrição será de 25 euros.


- Demais indicações serão fornecidas pela organização após o efectuar da inscrição no portal bombeiros.pt .

segunda-feira, junho 21, 2010

Ainda se lembra?



10 de Julho de 2010 venha aprender connosco!

IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão da Serra - Guarda

(inscrições em breve no Portal Bombeiros.pt)

quinta-feira, junho 17, 2010

Lançamento - IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão da Serra (Guarda)


É já no próximo dia 10 de Julho de 2010. O programa definitivo estará dentro em breve disponível no Portal Bombeiros.pt , assim como o formulário para efectuarem a inscrição.

(O cartaz da Jornada é, este ano, da autoria de Rafael Ferrão, um jovem bombeiro da Corporação de Manteigas. O cartaz ainda está inacabado.)

quarta-feira, junho 16, 2010

Para uns pequenos aprendizes

1. O Adeus é uma palavra que contém múltiplas acepções e diferentes sentidos na constante vivência do ser humano. Por isso, dizê-la é, de alguma forma, construir um horizonte dúbio e difícil de entender. Mesmo assim, há horizontes longínquos onde os ramos de pequenas árvores se tocam e se entrelaçam. Não somos, nós, árvores desconhecidas ou de origens diversas mas, sim, pequenos entes que coexistem numa ampla floresta de emoções vestida. Esta floresta encontra-se sempre em perigo e, por vezes, é vítima de descuidados anseios que a perturbam e a deixam reduzida a cinzas. Aqui chega um Adeus! Permitido pela incúria de uns e pelo desejo de outros. Nós somos as árvores, nós somos os seres que vão ser estilhaçados e transformados nessa cinza que é descrita com um Adeus sentido. Apesar disto, existe, sempre, um amanhã glorioso e brilhante que, a nós, nos espera e nos ilumina na sombra de um Adeus. Amanhã!

2. A metáfora é longa e pode ser triste, mas é nela que nos encontrámos e que nos serve agora de doce recordação. Tudo aquilo que deixamos são comparações, paralelismos, hipérboles, sinestesias, muita ironia e imensas interrogações retóricas. Valeu a pena? Para o eu, que sou, fui e serei eu, toda a metáfora valeu a pena e, qual Fénix, voltará, um dia, a valer. Amanhã!

3. Para vós… Amanhã! Não é um Adeus, mas sim um “Até outro dia!”.

Guarda, 16 de Junho de 2010

Deste vosso, incorrigível, agitador e amigo,
Daniel António Neto Rocha

quinta-feira, junho 10, 2010

10. Crónica Altitude – Crónica a uma vida crónica ou Crónica Educação

1. Todos os santos dias existe algo de crónico que nos atinge e nos deixa completamente rendidos às evidências físicas e metafísicas da compulsiva estupidificação social. O problema não é pequeno nem se resolve com uma dúzia de antibióticos enfiados pela goela abaixo. Bem pelo contrário! De certa forma, a doença é incurável e persegue-nos desde a criação do Berço de Portugal. Desde sempre o povo foi desconsiderado e reduzido àquele fiel servidor que respeita o pagamento da dízima ou do imposto, que sempre foram impostos, e que assume “as palas” com que deve sempre olhar em frente. Caso estas fossem uma imposição que resultasse numa melhoria das condições de vida, ainda se suportavam com algum desdém; agora, sendo uma imposição que agrava cada vez mais as ilustres condições de miséria do “Zé Povinho” e engorda as cada vez maiores barrigas burguesas, parece-me que “as palas” só servirão para enobrecer o acto do rebaixamento popular.

(...)

Guarda, 8 de Junho de 2010
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 9 de Junho de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)

quarta-feira, junho 02, 2010

quinta-feira, maio 27, 2010

09. Crónica Altitude – Crónica de Aulas

1. O trabalho de preparação de aulas e de planificação de conteúdos a leccionar é, cada vez mais, moroso e complexo, tendo em conta os interesses e as motivações que os alunos de hoje carregam. No entanto, e de um ponto de vista totalmente docente, é um espaço privilegiado para a reflexão sobre o tempo e o espaço desta e de outras épocas sociais. Neste acto contínuo, o contacto com as tendências sociais e com o pensamento de homens de intelecto é um facto incontornável e, desde logo, impossível de olvidar. Estou, por este dias, a estudar Os Maias, magistral obra de Eça de Queirós, com os meus alunos. E assim sendo, releio vários textos deste meu Mestre da escrita para, mais afincadamente, demonstrar todas as potencialidades literárias e humanas que aquele delicioso romance encerra. A recepção, deste texto maior da literatura portuguesa, por parte dos meus alunos tem sido, no mínimo, “inconstante”. Vejamos: por um lado, as alusões às curvas e contracurvas das espanholas, e as relações adúlteras de Carlos da Maia têm obtido os grandes e divinais aplausos; por outro lado, a crítica social tão certeira e irónica que Eça apresenta tem merecido, ao contrário daquilo que eu previra, as maiores pateadas. Como explicar isto? Não sei, mas tendo a acreditar que a sociedade perdeu todo o pendor crítico, revelando-se transvestida num corpo sensual ao qual nós nos entregamos voluptuosamente. Infelizmente, quando nos apercebemos da sua essência podre, já é tarde para remendar o estrago, pois já nos estamos a queixar de ter apanhado “chatos”.

(...)

Guarda, 25 de Maio de 2010
Daniel António Neto Rocha



Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 26 de Maio de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude

terça-feira, maio 25, 2010

segunda-feira, maio 24, 2010

quarta-feira, maio 12, 2010

08. Crónica Altitude – Crónica de um rol de liberdades permitidas

1. A liberdade de cada um de nós enquanto cidadãos deste país dito democrático é uma questão que me preocupa há muito tempo. Não por pensar que essa liberdade é inexistente, pois estaria a ser tremendamente injusto com a ditadura que nos oferece o direito de escolher entre o mau e o péssimo, mas por não encontrar um elenco ou uma publicação em Diário da República que me esclareçam sobre o patamar de liberdade em que me encontro. É que isto de não haver, logo que a sociedade nos abraça e nos enche de impostos, uma clara indicação daquilo a que temos ou não temos direito ao nível da liberdade é muito mau para nós, dado que podemos fazer algo que não nos é permitido devido ao nosso baixíssimo patamar de liberdade. Dadas estas dúvidas que são originadas pela inexistência de uma lista desse tipo, defendo a criação de uma listagem intitulada "Rol de liberdades permitidas e dos seus respectivos fruidores no estado de coisas português". O título é pomposo, não? Defendo que este rol possua três níveis: primeiro, a liberdade superior: reservado a governantes, familiares de governantes, ajudantes de governantes, seguidores de governantes e amigos de governantes – por vezes variam as caras, mas pouco – que têm acesso a todas as liberdades e mais algumas, inclusive a levar o país para a cova e a ser recompensado de seguida; segundo, a liberdade por serviços prestados: reservado a interesseiros, vendidos e carneiristas, que têm acesso a lugares em empresas de capital público e a serem indemnizados à saída; e terceiro, a liberdade que nos permitem ter: reservado a homens e mulheres honestas, que fazem do trabalho e da família os seus objectivos de vida, não tendo acesso a quaisquer regalias, mas com o direito de pagar atempadamente os seus impostos e a serem espoliados a bem da nação.

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Guarda, 11 de Maio de 2010
Daniel António Neto Rocha


Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 12 de Maio de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude

quinta-feira, maio 06, 2010

Semântica de hoje

Hoje, ressumaram
as plantas
as flores
as rosas...

Convoquei as pausas,
as exclamações
e toda a semântica
de uma noz.

Hoje, convoquei
o orgasmo catártico
e cuspi na mais pura idealização.

06/05/2010

domingo, maio 02, 2010

IV Jornada de Análise ao Incêndio de Famalicão da Serra

Cabe-me dar conta do estado em que se encontra a edição deste ano deste momento formativo e afectivo. Não existe ainda um programa definido, mas realizar-se-á no dia 10 de Julho de 2010. Quando houver alguma novidade, será anunciado todo o programa e toda a envolvente logística, que será à partida muito mais simples do que a do ano transacto.

terça-feira, abril 27, 2010

07. Crónica Altitude – Crónica de Abril

1. Sempre tive sérias dúvidas sobre tudo aquilo que o 25 de Abril de 1974 representou enquanto movimento revolucionário e enquanto memória educativa a ter em conta nos dias que correm. O problema pode ser exclusivamente meu, admito-o! Mas preocupa-me verificar que a índole da história é bela e amena, mas a forma… Neste ponto, o da forma, vem-me sempre à memória uma frase batida: “Bem fala Frei Tomás, ouve o que ele diz mas não faças o que ele faz!” E questiono-me no porquê desta inquietação, inquietação, inquietação, perante este dogma que insisto em descobrir, enquanto outros se preocupam em o continuar a impingir. Centremos o discurso e questionemos a marca simbólica. O que representou o dia em termos sociais e humanos? Se podemos afirmar que ao nível de uma revolução social a coisa até pegou e anda de “pétalas em popa”, ao nível de uma interacção humanitária a dignidade humana continuou a ser algo desconsiderada, chegando nós ao ponto de discutir, com algumas pessoas ditas “revolucionárias de Abril”, o extracto social onde se deverá iniciar esse picuinhas direito social resumido na expressão “viver com dignidade”. É complexo, eu sei isso! É difícil escolher entre os que “já vivem de barriga cheia” e entre aqueles que “a têm completamente vazia”, não é? Se os primeiros, porventura, perdessem os direitos adquiridos e os partilhassem com os que ainda não tiveram, nem nunca vão ter, acesso a esses mesmo direitos adquiridos, criava-se uma situação de crise partidário-política muito preocupante, pois a barriga ficaria um pouco menos cheia e a maldosa igualdade de oportunidades ganharia contornos reais, o que nenhuma dialéctica neo-tendencialista poderia suportar. É que isto de todos diferentes, todos iguais é aceitável, mas devagar, pois tem múltiplas leituras e também significa: todos iguais na nacionalidade mas todos diferentes na oportunidade. Já me desviei daquilo que me propus cantar nesta crónica, não já?

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Guarda, 27 de Abril de 2010
Daniel António Neto Rocha


(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 28 de Abril de 2010 - disponível em podcast em Rádio Altitude)