quarta-feira, dezembro 25, 2013

Para quem não conseguiu aquecer-se ontem...

(Fogueira de Natal de Famalicão da Serra - 24/12/2013)


...aqui fica um bocadinho da fogueira de Famalicão da Serra!

Continuação de um Feliz Natal!

terça-feira, dezembro 24, 2013

A força dos homens (8)

E para que esta quadra fosse perfeita, dentro daquilo que é a perfeição e da forma como cada um de nós a vê, só faltava uma notícia. E não é que ela apareceu no meio da chuva e da tempestade! Todos os nossos homens estão a passar o Natal com as suas famílias! E isso é a melhor notícia que todos nós podemos ter! Ao Quim, ao Valter, ao Filipe e ao Ti Albano, o meu obrigado pela força que estão a demonstrar e pelo exemplo de determinação e coragem que representam!
Feliz Natal malta!

segunda-feira, dezembro 23, 2013

Feliz Natal com um pouco de Gouveia!



Os desejos de Feliz Natal deste ano ficam outra vez a cargo da Escolinha do Sérgio! Este ano a decoração, em parte, era esta. Penso que a desejar que todos nós possamos conviver em família e em harmonia, sem qualquer tipo de má vontade a dividir-nos por várias mesas.
Que este Natal seja enriquecedor e muito confortável junto daqueles que amam e que vos fazem bem! E que sirva para unir o que antes estava disperso!
Feliz Natal!

Pensalamentos #181 - passado

fixar os olhos
cegos
na cruel mestria
de um ontem

domingo, dezembro 22, 2013

04. Crónicas Silenciosas – Os entretenimentos infantis e os traumas em adultos



Ao longo dos anos que já levo (e posso dizer que já carrego algumas dezenas) tenho vindo a aperceber-me da grande diferença de tratamento que nós, os de oitenta e tal, sofremos face aos do século XXI. Estou a falar de quê? De cantores de músicas infantis, claro! Hoje, na Guarda, esteve o Avô Cantigas a encantar os pais e os filhos, mas penso que mais os pais, com as suas músicas que já vêm do século passado. E dei comigo a pensar nisto: por que é que eu tive como “ídolo” em criança o Avô Cantigas e o meu filho, agora, merece ter como ídolos a Xana Toc-Toc, as moçoilas de Os Caricas e a Anita? Onde está a justiça, meu deus! Já imaginaram no futuro a minha conversa com o meu filhote sobre música infantil? “Pai” dirá ele “no vosso tempo era assim um tanto ou quanto para o gay, não era?” E, traumatizado como fico só em pensar nisso, como é que posso responder? Sim, confesso, estou com uma certa inveja do meu filhote!  





Moimenta da Serra, 22 de Dezembro de 2013

Daniel António Neto Rocha

sábado, dezembro 21, 2013

sexta-feira, dezembro 20, 2013

Pensalamentos #179 - funeral das botas

perder os passos
nas botas
que carreguei 
furiosamente
pelas vias contínuas

que as suas solas e couros
descansem em paz

quarta-feira, dezembro 18, 2013

03. Crónicas Silenciosas – Avaliando o zero da ilusão



“Vergonha”, “humilhação”, “pior dia da minha vida”, “contra”, “insultaram”, “profissão”, “invasão”, “experiência”, “prova”, “professor”… Todas estas são palavras que hoje e amanhã e depois de amanhã e durante vários dias vão fazer correr tinta e toneladas de bytes de informação por esse país fora e que não discutirão, com toda a certeza, a questão principal do “processo avaliativo” que Crato instaurou: Qual a melhoria a que Crato quer chegar ao “avaliar” os professores que não estão e, pelo andar da carruagem, tão cedo não vão estar nas escolas? Absurdo, direi eu e mais mil e muitas pessoas! Como a sociedade e o mundo da educação é tão ridículo, apetece-me fixar a atenção na literatura e em Fernando Pessoa. Apetece-me pegar num dos seus poemas mais conhecidos (“Autopsicografia”) e alterar-lhe um pedaço. Apetece-me explorar a semântica e brincar com as interpretações.

E assim na calha de roda
Gira, a entreter a educação,
Esse comboio de corda
Que se chama ilusão.


 Moimenta da Serra, 18 de Dezembro de 2013
Daniel António Neto Rocha

terça-feira, dezembro 17, 2013

02. Crónicas Silenciosas – Cofre-forte e as garantias da pequena franja



Há um estranho fascínio na cultura portuguesa pelo revivalismo e pelo saudosismo. E não digam que nunca ouviram a expressão “no meu tempo é que…”!? Talvez o principal atraso do país resida mesmo aí e seja mesmo esse um dos grandes problemas que afecta o nosso futuro enquanto nação, dita, moderna. Como podemos pensar o futuro se estamos continuamente a centrar a nossa vivência no passado? E, por antagónico que pareça, este recuo temporal não tem em vista aquilo que seria expectável: a atenção concentrada, a aprendizagem e a não retoma de velhos erros. Este voltar atrás e cercear o futuro é basicamente a ida ao cofre-forte onde guardamos as garantias de futuro que por ali enterrámos há muito tempo e que, admirem-se, servem só uma pequena franja da população portuguesa. O que origina isto? Uma incrível e indesejável sensação de estar a mais num país, supostamente, democrático. E tudo isso se adensa em épocas de crise, onde os protectorados imperam e vemos que a única coisa que é, mais ou menos, estável é a garantia guardada no cofre-forte e que será distribuída pela tal pequena franja da população. Sim, Portugal é um país de velhos e para velhos! O resto… que se dane!    

      

Moimenta da Serra, 17 de Dezembro de 2013
Daniel António Neto Rocha

domingo, dezembro 15, 2013

Espaço: A Silenciosa Discussão de 2013 de... António Oliveira



O ano de 2013 foi um dos piores da democracia. O 13 trouxe todos os azares do mundo a este recanto do Sul da Europa.
Medo, Receio, Cagaço, Pavor, Pânico, são todos sinónimos, mas cada um sente à sua maneira. Falar, perder o emprego, não encontrar emprego, ter fome, não ter casa, ser penhorado, ser despachado, migrar. A todos tocam de alguma maneira as incertezas do dia a dia.
Ao nível de quem nos governa ou de quem nos quer governar, temos três “inverdosos”, pois são pessoas que passam o tempo a dizer “inverdades”, isto é, cada um à sua maneira vai mentindo ao Portugueses conforme lhes dá jeito. Passos, Portas e Seguro passam o tempo a falar dos consensos e não consensos e de quem traiu o outro. Nem Mandela os inspirou. Sem estratégia, limitam-se aos jogos de poder.
E do País chega.
Na Guarda assistimos de boca aberta a oportunismos, traições, inimizades, demagogia, estagnação, desespero, poder, derrota, vitória, evolução, propaganda, inveja, destruição, calúnia, famílias, influências, cunhas, compadrios. Todas estas palavras foram ditas ao longo do ano e sempre com duplo sentido e da pior maneira.
Nos diversos sectores, Politico, Económico, Social, Cultural, Desportivo discutiu-se muito mais o quem do que o quê e o como.
Não vale a pena gastar mais letras com a nomeação dos candidatos à Câmara e todas as traições que antes e depois contribuíram para se chegar à seleção de Álvaro Amaro e de José Igreja.
Todo o ano foi gasto nestas questiúnculas políticas que desgastaram ainda mais a cidade.
Na Indústria a COFICAB destacou-se no País e será sempre uma âncora para a Guarda. DURA, GELGURT, entre outras, e as existentes no Parque Industrial e algumas na PLIE ainda conseguem aguentar o emprego na Guarda.
No comércio o VIVACI, quer se goste quer não, também é um grande empregador e as lojas deixaram de fechar e há alguma animação, o mesmo acontecendo no Centro Histórico com o Comércio Tradicional, com a abertura de algumas lojas ditas “Gourmet”.
A Cultura continuou bem e acabou de maneira catastrófica com a demissão do Director do TMG. Neste momento ainda não se sabe se haverá cultura em 2014, tanto com a CULTURGUARDA ou Guarda Dinâmica mais o NAC ou outra coisa qualquer. As Associações Culturais vão fazendo e fizeram o que puderam e por vezes foi muito.
No Desporto há muita e variada oferta, os resultados não são tão bons como o esperado, sobretudo no futebol.
O Centro Histórico continua lentamente a reformar-se, não tão rápido como se desejava, mas não o têm estragado, e isso já não é mau. Mas era preciso haver mais dinamismo, sobretudo dos proprietários.
O IPG começou finalmente a mostrar-se à cidade com conferências e edições para o público em geral.
A não abertura do edifício novo do Hospital/ULS por causa de umas portas corta-fogo é mesmo o escândalo do ano. Infelizmente contou com a passividade de todos os Guardenses citadinos e Distritais. Ainda está por esclarecer esta coisa porque isto está a ser tratado como uma coisa e não como um equipamento indispensável à vida dos cidadãos.
Com a pobreza a alastrar as Instituições de solidariedade social, IPSS, e as Organizações Não Governamentais, ONG, têm tentado dar resposta às necessidades mais urgentes das populações. O Voluntariado é indispensável nestas situações e já são insuficientes para responder.
Estamos para ver 2014 como vai evoluir a Guarda, pelo menos a propaganda não faltará.
O País terá programa cautelar, haverá quem embandeirará em arco e haverá 4 mil milhões para cortar na despesa do Estado.
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Quem é? 
António Oliveira é neste momento uma das vozes mais activas da Guarda, através do blogue Sol da Guarda. Beirão e defensor de uma vivência cultural, faz dessa defesa e do gosto pela fotografia as principais actividades do momento, para além, claro, da dinamização do seu blogue. É, ainda, um Reformado em modo activo e um Voluntário Social em actividade, estando sempre aberto a novas solicitações de voluntariado.

Espaço: A Silenciosa Discussão de 2013 de...


E começa hoje o espaço "A Silenciosa Discussão de 2013 de...". Enviei o convite para este pequeno momento a alguns amigos, para além de o ter aberto a todos aqueles que por aqui quisessem fazer aparecer a sua opinião assinada e sublinhada.
O convite dizia assim:


"Gostava que fizessem o favor de fazer uma avaliação geral ao país e às vossas áreas de actuação, e que fizessem uma análise resumida daquilo que foi este ano de 2013, tanto ao nível pessoal como ao nível geral.
É uma análise que deve versar o global e o local, logo podem falar daquilo que pensam que foi bom/mau para o país e ir descendo até chegarem, caso o queiram, até à vossa rua. Sim quem mora lá por fora de Portugal está de parabéns! Estou a brincar, mas não será impeditivo, pois o vosso olhar será ainda mais apreciado.
Farei a publicação das vossas colaborações no meu blogue. Coisa que será única, pois não conto voltar a fazer outra actividade destas. O nome desta rubrica será: "
A silenciosa discussão de 2013 de..." .
Vá, não comecem já a dizer que é um título "mariquinhas" ou que é uma parvoíce!
Dêem lá corda aos dedos e façam lá o gosto a este vosso amigo desempregado que gosta muito de vós!
Podem enviar quando quiserem, sendo que o meio de Janeiro de 2014 será um bom
dead line.

E continuo à espera das participações dos meus caros amigos convidados e de todos aqueles que se quiserem juntar a mim nesta reflexão sobre o status quo nacional. Mas, como digo acima, começo já hoje a publicar as reflexões de quem aceitou este convite.

Pensalamentos #178 - sofrer

sofro 
de desobediência à injustiça
e
de mal-estar perante o silêncio

sexta-feira, dezembro 13, 2013

No comments #3


Pensalamentos #177

e a razão é simples: padecemos todos de proximidade e de sofreguidão

Pensalamentos #176 - gula

à directiva:

o olhar
que te denunciou
só tinha gula

Pensalamentos #175 - ordem

o que habita
o espaço
ruidoso
e vazio
da treva silenciosa
consome 
os tons azulados
e verdes
da ordem
quase
harmoniosa
do fim

Pensalamentos #174 - sorriso

a mentira
aberta e descarada
a sorrir-te
em tons de
amor

01. Crónicas Silenciosas – Frio cortante no olhar

Ao longo dos anos tenho-me vindo a aperceber do imenso drama que é a chegada do Natal para milhares de pessoas um pouco por todo o mundo. No entanto, bem perto de nós, esse drama é multiplicado, pois a mistura explosiva entre a tradição (que tanto prezamos) e a actualidade (que tanto desprezamos) faz com que nos olhos das pessoas nós reconheçamos tristeza e desalento. E isso não se pode aceitar ou “encaixar” de ânimo leve. A tradição obriga à partilha. A actualidade obriga ao individualismo. A tradição obriga à união dentro das famílias. A actualidade oferece-nos a desunião, motivada por pequenos interesses ou por necessidades de partida. A tradição dá. A actualidade só tira. E o sorriso das crianças, da idade do meu pequenote? Ou doutras idades também? Pais, avós, tios e restante família? Há um olhar diferente nesta época. Talvez por isso, eu, nos passos lentos em que vivo, olho para tudo e entristeço. Não por aquilo que atrás refiro mas pelo pequeno brilho que, por estes dias, muitos olhos não possuem! 


13 de Dezembro de 2013
Daniel António Neto Rocha

Pensalamentos #173

correr 
ansiosamente
até ao fim
dos dias

quarta-feira, dezembro 11, 2013

Pensalamentos #172 - queda

em queda livre
rápida
mortal
zero

Muita atenção: convite a quem lê este blogue


A partir de hoje recebo através do endereço silenciosasdiscussoes@gmail.com a vossa opinião sobre o ano que passou. Como podem observar, este blogue tem como princípio não publicar, sequer, comentários anónimos, logo aceito todas as opiniões desde que devidamente assinadas e identificadas/ identificáveis.
Lançarei também este convite a pessoas amigas que queiram utilizar este espaço para fazerem a avaliação do ano que está quase a terminar, mas quero abrir essa hipótese também aos leitores do blogue.
Assim, partilhem comigo e com os restantes leitores as vossas opiniões, que poderão ir desde o local mais exótico de Portugal até ao sítio mais recôndito do mundo.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

Um regresso até a "A Casa da Memória"

A "construção" da peça "A Casa da Memória" foi um processo moroso e exigente, não se pense o contrário. E, tal como numa casa real, houve necessidade de trabalhos partilhados e de muitas conversas. Uma dessas conversas teve de ser, infelizmente, pelo telefone. Falo da conversa que tive com a Dona Cândida Simões. Esta senhora contou-me muitas histórias e foi a grande responsável pela organização temporal que depois eu dei à peça. 
Aqui há dias, o José Ferreira partilhou com os amigos a triste notícia da sua morte devido a doença prolongada. Eu não consegui dizer muito e fiquei muito abatido por não ter cumprido aquilo que naquele dia combinámos: uma conversa para ela me contar mais coisas no Manigoto!
"A Casa da Memória" ganhou mais uma inquilina.

domingo, dezembro 08, 2013

Pensalamentos #171 - esgoto

ver o tempo nacional a correr livremente pelo esgoto enquanto nós vamos pensando, unicamente, na nossa congestão infernal

sábado, dezembro 07, 2013

Pensalamentos #170 - esquizofrenia

ter como clara disfunção mental
a capacidade de criar esquemas
e imaginar que o mundo conspira
contra mim e contra os meus passos

roubando-me, prejudicando-me,
amesquinhando-me, maltratando o meu nome,
ameaçando quem comigo quer estar

e, de vez em vez,
confirmar as suspeitas
de que não é apenas esquizofrenia
mas realidade

A força dos homens (7)

Depois de três meses e alguns dias consegui, finalmente, ver todos os nossos homens. Agora é esperar pelo regresso a casa dos que ainda estão no hospital. Mas vamos esperar com toda a calma do mundo e estar cá para os ajudar a passar por tudo o que aí vier! Cá estamos para isso!

sexta-feira, dezembro 06, 2013

Pensalamentos #169 - prostituir

o que é mais fácil?
prostituir o corpo?
prostituir as ideias?
prostituir os ideais?
prostituir os valores?
prostituir as crenças?
prostituir a alma?

quinta-feira, dezembro 05, 2013

Guarda, 21 de Novembro

Está mais que provado que a Guarda só acolhe quem quer, quando quer e como quer. Mas já lá vamos!
No passado dia 21 de Novembro fui até à Guarda para corresponder a dois convites que me tinham sido feitos por amigos para falar sobre teatro, na Escola Secundária Afonso de Albuquerque, e sobre cultura e prazeres, no Café Concerto do TMG. Pois bem, lá fui e fiquei satisfeito por comprovar aquilo que tenho vindo a comprovar há muito tempo.

(Foto de Inês Coimbra)
(Foto de Inês Coimbra)

(Foto de Inês Coimbra)
 
No Liceu a tarde foi muito interessante. O José Monteiro, o "Zé Monteiro" para mim, é um professor preocupado com os seus alunos e com a educação para a vida e para as leituras que eles possam ter. Assim sendo, lá vai convidando os seus alunos a conhecerem coisas novas e a interessarem-se pelo escritos da gente da cidade e da região, coisas nos dias de hoje tão difíceis de encontrar. E foi assim que a conversa que fui ter com aos seus alunos e com os alunos da professora Emília Costa (que foi minha professora no terceiro ciclo!) começou com uma tentativa de explicação daquilo que actualmente faço: escritor freelancer! A definição desta expressão? Escritor + freelancer = desempregado com estilo! Ou seja, o que faço actualmente é trabalhar com o improvável e com aquilo que me vão pedindo para escrever. Claro que não há muita gente que esteja interessada em ler, quanto mais pagar para algo ser escrito! E foram alguns risos sinceros que ouvi. Coisa a que começo a não estar acostumado. Passámos então pelas épocas mais interessantes (para esta turma) do teatro: Sófocles e o seu "Édipo"; Gil Vicente e toda a sua obra; Almeida Garrett e o seu "Frei Luís"; até chegar a Manuel Poppe, com o seu "Pedro I"; terminando depois na minha "A Casa da Memória" (razão maior para a minha presença ali). Claro que lhes expliquei como cheguei a "entrar na casa" e contei também um pouco do longo processo de recolha e de escrita e da gritaria interminável que foi a relação entre personagens que não gostam de estar sozinhas! E eles sorriram. Claro que lhes desvendei algumas das histórias incríveis que o Manigoto me contou e que as suas gentes respiram. E deu para mais: falámos de educação, de cultura e de Américo Rodrigues. E do seu último livro. E do seu afastamento do cargo de Director do TMG. E da irresponsabilidade (desinteresse seria a palavra mais exacta) dos políticos pelo futuro deles. Sim, não o disse, mas talvez fosse necessário dizer-lhes que não é na subjugação que reside a força das pessoas e o seu futuro! Um dia digo!

(Foto de Inês Coimbra)
E terminei com a resposta a algumas perguntas. Feitas por gente interessada (ou com atrevimento) em conhecer ou confirmar caminhos certos ou errados ou, simplesmente, caminhos! E saí com a satisfação de um momento que, espero, serviu para mostrar que um escritor ou autor não é mais do que um homem que não se importa de pensar de forma livre e aberta, procurando que as suas palavras sejam partilhadas e ouvidas. 

E houve uma pausa para um chá! A constipação estava, realmente, a ganhar terreno e era preciso impedir que o dia acabasse ali. Foi um chá partilhado a três. Com pessoas de quem gosto e que sabem que não sou mais do que isto: um homem que vive. Não vou dizer quem foram, mas só não digo porque não quero que algo de mal lhes aconteça! É que estavam tão perto de mim!   

O jantar foi caseiro! Casa da mãe, ali a dois passos. Pouca fome e muito mal-estar físico. Sintomas da febre que começava já a apoquentar. Enfim, a noite ia estar boa, pois, qualquer que fosse o número da plateia, ia estar entre amigos. Subir o vale e percorrer os lombos do Caldeirão até à cidade da Guarda foi um instante. Eis-me no Café Concerto!

Pouca gente! O Victor Afonso já lá estava com a malta do teatro que zela pela qualidade das actividades. E um ou outro conviva, talvez acidental. E chegaram amigos (gostei de ver especialmente o Américo, sei que os restantes amigos compreendem este meu destaque, que o são e até família! O Hugo. Sorri ao vê-lo entrar! Gostei muito! Como habitual, não vi gente que em tempos foi "amiga". Talvez fosse do frio, penso, forçadamente, eu. Responsáveis camarários também não vi, pois não devia aquela ser uma sessão que fosse agradável de seguir. Afinal só estaria o responsável máximo por uma das escolas superiores da cidade, onde um dos vereadores dá aulas! Hora de começar e... Afinal o professor Carlos Reis não estava! Perdera-se, ficcionei eu, num qualquer labirinto citadino onde os pavores nocturnos (ao bom estilo infantil!) são originados por gente "grande"! Voilá! O palco era meu! E do Victor! E de todos aqueles que comigo e com o Victor quisessem partilhar experiências. 

(Foto de Hugo Rocha)

E falámos de livros: desde José Gomes Ferreira a Gonçalo M. Tavares, passando por Manuel Poppe e por David Gilmour, indo até George Orwell e Ray Bradbury. E música: Queen, Sigur Rós, Arcade Fire, Purcell e o seu fantástico "Dido e Eneias" (que saudades daquela noite no Grande Auditório!). E filmes: Dead Poets Society, The Hours, Good Bye Lenin! e... Guarda: Sopro Vital (este último, não sendo um filme, é a gravação de um trabalho aturado que demorou cerca de 30 anos a cumprir-se e que pode agora ter terminado)! Outros prazeres: ainda nos filmes de animação, Kung Fu Panda! E por fim os mais importantes de todos: conversar com os amigos e aprender coisas novas todos os dias, e estar com a família e com ela ganhar asas e voar pela alegria de viver!

E a "cidade" não se interessou por vir ouvir, tal como já fez noutras ocasiões, aquilo que eu tenho para dizer. Dizem-me que estreou um filme popular português! Talvez a cidade por lá estivesse a cultivar-se. Enfim, resta-me continuar a falar mais e mais e a escrever ainda mais e mais! Quem sabe, um dia até podem ter o azar de tropeçar numa das minhas frases.

A vida de um dia! Cansado, constipado, com febre e com uma garganta completamente desnorteada, lá voltei, depois de mais um chá e de mais dois dedos de aprendizagem em contexto de conversa, rumo a casa, onde a noite já ganhara o desafio e o sono tinha conquistado o carácter estóico de uma família que espera por mim e me afaga com a sinceridade dos dias bons e dos dias maus.