domingo, outubro 21, 2018

10. Crónicas Silenciosas - o conforto de ter uma família

1. A vontade de prejudicar ou de fazer mal ao outro faz parte do ADN de muitos e terá, certamente, uma raiz profunda na incapacidade de pensar que um dia nos podemos encontrar sozinhos, com frio e a precisar de um qualquer acto voluntário do outro. Porém, como acima referi, o ADN, ou a raiva ou a simples vontade de querer "morder" no outro, provoca a alucinada visão da sobranceria e do grande poder. 
A análise ao percurso de muitos destes pequenos e fervorosos adeptos da contenda contínua (que é o mesmo que dizer: gente que se baba quando fala e que parece estar sempre prestes a sofrer uma apoplexia) revela que se rodeiam sempre de fervorosos seguidores. O facto de haver fervorosos seguidores não é mau por inteiro. O que será mau é que estes mesmos seguidores são (já dizia o Padre António Vieira) rémoras que têm como única intenção "alimentar-se dos restos do maior". E é nisso que se baseia a missão desses muitos, profundamente atraentes na arte de bem dividir: dar o que os outros esperam ou aspiram receber. Este acto de "orgia alimentar" junta os alegres comensais até ao dia em que um e outro, tomando consciência de que algo está mal, se afastam. Oh! Maravilhas do baixíssimo, tal como foram adorados como súbditos eficazes eis que são agora tratados pelo grande e acérrimo grupo como "gentes de mal" e que (dizem de ouvido a ouvido dos primos e colegas orgiásticos) "fizeram muitas maldades".
Mas, como a base dessas pessoas tem uma família que é clara e nada tem a esconder (por exemplo, não tem negócios secretos que impliquem a solidariedade cega de todos), quem fugiu do grupo fervoroso e extremista terá uma aceitação. Isto se, como é óbvio, a intenção de quem regressa ao leito familiar for a integração no mesmo leito e a concórdia (não feita com paninhos quentes e com o jogo do esconde-esconde, mas com diálogo sério e não predeterminado).
2. Há muitos anos, em Alexandria (no Egipto), Hypatia é morta por fervorosos cristãos (encabeçados por Cirilo) que a acusavam de bruxaria. Hypatia era "só" professora e entusiasta de matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia, artes, oratória e retórica. Educava várias facções, entre cristãos e não cristãos, e acreditava que a educação de todos serviria para criar um ambiente de convivência e respeito entre todos, onde o diálogo (lembro-me sempre do "Banquete", de Platão) e a aprendizagem mútua seria o motor daquela sociedade. No entanto, a ausência de diálogo entre os "donos da verdade cristã" e os outros ganhou. Hypatia morre apedrejada, maltratada, difamada e acusada de "centenas" de crimes. Hypatia morre por ser alguém que pensava de forma diferente dos outros, o grande e ganancioso grupo, acrescento eu. A morte de Hypatia, segundo alguns dos maiores especialistas das áreas que ela ensinou e desenvolveu, originou a decadência intelectual de Alexandria e o fim do diálogo entre facções. Hypatia tinha, supostamente, alguns amigos. Hypatia não tinha já família. Hypatia não foi responsável pela decadência que se gerou.
3. Em suma: não nos devemos queixar de não florir uma flor no nosso jardim quando andámos com o herbicida atrás das poucas que floresciam; não devemos também esquecer que as decisões que tomamos, em favor de uns e contra os outros, terão continuidade; não devemos esquecer que a família tem raízes de ferro, que nos assegurarão algum suporte, mas não podemos andar a fundir o mesmo ferro e esperar que ele não sofra.       

terça-feira, setembro 18, 2018

09. Crónicas Silenciosas - é como morrer, mas mais difícil!

Fechamo-nos, tantas e tantas vezes, no casulo da esperança à espera do dia em que das fontes jorrem rios de mel e em que dos céus desça a cura para a mais vil das doenças. Apesar deste (aparente) afastamento da "vida real", sabemos que a terra prometida nunca chegará e que apenas nos estamos a enganar mais alguns minutos ou a perder mais uns segundos de vida.
Chegou o fim. Chegou o dia em que tudo acaba. Chegou o dia em que a missão terminou e em que é hora de mudar de ares.
Traição? Sim, aos meus ideais e ao teu sangue, à tua memória e aos nossos sonhos. Quanto ao resto... Aqueles que merecem o nosso abraço saberão retribuir-nos um sorriso saudoso. Os outros? Que tenham uma boa vida e que engordem, como sempre quiseram, à conta do esforço e do suor de muitos.
Para mim acabou. E como me custa aceitar que acabou. Sinto-me como se morresse, mas com uma dor mais profunda. Peço-te perdão, a ti, mas não consigo.
A canalhice entrou já onde não deveria ter entrado e, por certo, até laços seguros desapareceram.
Adeus!

sexta-feira, março 16, 2018

08. Crónicas Silenciosas - um certo bebedor de hidromel que não é um deus e percebe as abelhas


Há a vida e, depois, há o viver nesta coisa inconstante que é a vida. 

Corrupio incessante e vertiginoso que nos obriga a olhar vezes sem conta para o fundo da carteira vazia e para a fome que nos transporta a imaginação. Centro de tudo, os nossos passos encaminham-se mecanicamente na direcção do que é certo mas errado, trunfo aparente que é derrota na certa.
A vida. A vida, por vezes, mostra-nos o lado mais sábio de tudo ao virar de uma esquina, no topo de um penhasco ou no meio de uma aldeia perdida no atlântico. 
A vida das abelhas, manifesto reaccionário contra o fim do mundo, inserida em histórias de deuses, de anjos, de imperadores e de Don Juans improváveis. A sede de viver, intensamente, como dança ziguezagueante num qualquer lago de cisnes perdido numa floresta tropical e desconhecida, quem sabe visitada por seres mágicos durante o passado. 
Equilíbrio maior em vida menor, o pólen da vida movimenta-se improvavelmente e culmina em lágrimas de álcool no copo sedento da minha mão. A vida líquido do copo que na mão tenho, como Zeus passando a imortalidade para a minha existência.
Hidromel autoritário perdido na Atlântida a poder ser e encontrado como voam as abelhas em busca de vida maior... Intermitentemente.

sexta-feira, outubro 20, 2017

Crónica Bombeiros.pt: Senhor Presidente, demita-se!

O debate acerca dos incêndios de 2017 ainda não saiu à rua. De facto, a imensa turba barulhenta que se tem ouvido é exclusivamente partidária e com intenções claramente eleitoralistas. Foi-o antes das autárquicas e é-o já (e isto é de louvar nos partidos mais activos) na preparação das eleições de 2019. Arrisco-me a dizê-lo, houvesse uma pró-actividade tão grande destes putativos governantes no tratamento da res publica, quando são efectivamente governantes e deputados e outras coisas, e viveríamos descansadamente num país perfeito.
Depois da pequena introdução, gostaria de fazer uma pequena declaração: sou um homem livre no uso e abuso da minha vontade expressiva e na reflexão temática, não sendo dado a preferências partidárias ou de outra índole. Digo isto porque penso que as demissões compulsivas não funcionam e que as mesmas têm de ter um fundamento que vai para além da emotividade própria dos momentos trágicos ou da aparente constatação de fracassos de modelos. Onde quero chegar com isto? Quero dizer que a cosmética não tem qualquer efeito na efectivação de medidas e que a demissão de responsáveis governativos não adianta nada de nada. Provas? O que disse o autarca de Pedrógão Grande depois do dia 17 de Junho? Disse que os Planos de Emergência não serviam para nada, pois seriam, no seu entendimento, teoria que ninguém lê e ignorou a sua real aplicação. Como ele, quantos não dizem e não fizeram o mesmo? Convém recordar os mais incautos, os menos atentos e os que não vão além do horizonte da sua casa, que o responsável máximo ao nível dos concelhos na área da Protecção Civil é o Presidente da Câmara. Deverá, portanto, caber a este a gestão e monitorização de tudo o que puder ser tido como risco e de todos os intervenientes na actividade de prevenção ou resolução desses riscos. Faço um desafio aos leitores: se o não souberem já, perguntem nas Câmaras Municipais dos vossos concelhos quantas reuniões das Comissões que preparam as medidas a aplicar ao nível da prevenção de riscos e do combate aos mesmos riscos houve durante este ano. E tentem saber quais as decisões que foram tomadas e efectivadas no terreno. E, já agora, tentem também perceber junto das Juntas de Freguesia (as actas das Assembleias serão uma boa fonte de informação) se houve a necessária comunicação de riscos existentes para os gabinetes concelhios.
Quem ouve, através da comunicação social, todos e cada um a falar sobre a falência do Estado na defesa de povoações e de pessoas, e tende a acusar qualquer Ministro e incentivá-lo a demitir-se, deve pensar naquilo que não fez!
Quem fala, nos mesmos canais, nos pedidos feitos ao Presidente da República ou a Secretários de Estado ou à “virgem Maria” para enviar meios para os seus concelhos e durante a ocorrência anda a dar beijinhos e abracinhos pelo meio das ruas das aldeias a arder, deve pensar naquilo que não fez e naquilo que deveria estar a fazer para minimizar os estragos!
Quem acusa, seja comunicação social, comentadores, opinadores ou candidatos a tantos lugares ricamente emplumados, deve pensar naquilo que não fez e naquilo que fez enquanto as povoações ardiam, e na informação que poderia disponibilizar às povoações e não disponibilizou!
Para termos razão no apontar de dedo que fazemos aos outros, sejam bombeiros, sejam operacionais de outras forças, sejam ministros, sejam presidentes de autoridades ou de outras instituições, temos de ter a certeza de tudo termos feito da nossa parte para impedir que a desgraça acontecesse. E isto não aconteceu!
Por tudo isto, e usando a estratégia de tantos e até do Sr. Presidente da República, pergunto agora eu aos Senhores Presidentes das Freguesias e Senhores Presidentes das Câmaras: Quando vão assumir a vossa responsabilidade em tudo o que aconteceu e assinar a vossa carta de demissão? Ou não há dignidade da vossa parte?

P.S. – A aldeia onde vivo, sim, também esteve debaixo de fogo no dia 15 de Outubro de 2017.

Moimenta da Serra (Gouveia), 20 de Outubro de 2017
Daniel António Neto Rocha

quinta-feira, agosto 31, 2017

07. Crónicas Silenciosas – E depois do depois?



Todos, não os seres vivos na sua totalidade, mas todos nós, homens e mulheres deste mundo, temos como desígnio olhar para quem nos olha e imaginar o que pensa aquele ou aquela que nos olha. Não será, no completo do grupo olhado, um grande problema ou uma grande satisfação, mas tendemos, seres umbilicais que somos, a querer ser atenção e foco. Muito ou pouco desejosos, aspiramos a que pensem em nós e gostem daquilo que fazemos. É humanamente natural e, creio-o, desejável que assim seja.

Também eu tenho este vício de gostar de ser olhado e discutido, para o bem o para o mal, dentro da cabeça daqueles que me rodeiam ou que me olham. Penso até que, loucura minha que espero possa não ser lida por psicanalistas ou entes próximos destes, é salutar para quem olha fazer o exercício de apreciação daquele para o qual olha com admiração, desejo, pavor ou ódio. Claro está que no "objecto vivo e pensante" admirado podem estar todas as classes sociais, todos os feios, todas as beldades, todas as profissões e até quem passa pelo mundo como respiração impensada e automática. Tudo o que é vivo e mexe é digno de ser apreciado, diz o filósofo Rocha D..

E depois? Sim, e depois do depois? Aí, como é ou como será o registo do olhar, o tom da lembrança ou o ritmo da respiração? Sim (e sorrio), como será quando eu for simples matéria orgânica? Qual será o olhar do vazio antes imagem? Qual será a lembrança de gestos, de atitudes e de existência?

Interrogo-me sem a necessidade de que alguém me responda, para além de mim próprio. o dia de depois do depois, o dia de depois da existência material, o dia de depois da vida...
Alguém gastará dois segundos do seu tempo a lembrar aquele amigo, inimigo, conhecido, desconhecido, vizinho, ser que passou por ali?

O Nuno Costa Santos lembrava há dias um amigo que morreu e lembrava-o sem floreados ou excesso de dramatismo. Lembrava-o como o amigo que foi e se mantém para si presente.

E eu? Terei quem escreva simplesmente que um dia existi? 

domingo, julho 09, 2017

Crónica Bombeiros.pt: Sérgio, desculpa-me! Onze anos passaram e continuo a falhar.


Sérgio, passaram onze anos. Onze anos desde que tu partiste e onze anos em que eu prometi a mim mesmo que não permitiria que mais ninguém passasse por aquilo que nós, os que ficámos, passamos ainda hoje. Fui demasiado crente na minha pequena capacidade para mudar o mundo e acreditei que o mundo, o nosso mundo português, também quisesse mudar a bem de todos. Enganei-me! Ninguém me quer ouvir, ninguém se quer preocupar, ninguém quer resolver coisa nenhuma, ninguém abdica do seu conforto pessoal em benefício de todos, ninguém parece importar-se connosco, aqueles que ficam.

Sérgio, no ano passado, por esta altura, houve um alto representante dos bombeiros, daqueles que os formam, que disse que o que nós fazemos aqui no nosso berço, mostrando a quem quer aprender os teus últimos passos, “não adianta, não traz nada novo, está ultrapassado, pois nós [a Escola Nacional de Bombeiros] fizemos centenas de formações onde abordamos este tema”. Outro, presidente da Liga, acabou por dizer que “isto é feito por duas pessoas e não é necessário”. Estás a rir-te, não estás? Eu sei que sim. Sabes que eu continuo a ser bombeiro e, nestes onze anos, apenas ouvi falar do acidente de Famalicão da Serra em contexto de formação aqui nas nossas Jornadas? Sim, Sérgio, sei que sabes e sei que nada podes fazer para o mudar… Quem pode, não o quer fazer. E quem acaba por pagar são os mesmos, os que não têm voz (mas têm braços, e cansaço, e determinação, e vontade de ajudar, e família).

Sérgio, desculpa-me! Falhei! Onze anos falhados na procura de melhorias que impedissem o sofrimento das pessoas, de bebés… Desculpa as lágrimas, mas não suporto esta sensação de falhanço. A culpa é minha, pois não consegui resolver nada. Não consegui fazer com que as pessoas aprendessem mais e melhor, não consegui que as leis fossem cumpridas, não consegui que os nossos governantes percebessem que a sua acção ou inacção faz com que pessoas morram, não consegui nada… apenas consegui falhar.

Sérgio, onze anos… nunca me demiti desta missão de mudança, nunca desisti, nunca percebi que não havia nada a fazer nem que tudo já está feito.

Sérgio, pedi, no ano passado por esta altura, ao Secretário de Estado que não fizesse promessas, que dissesse à Ministra que não fizesse promessas, que levasse esta mensagem ao Primeiro-Ministro: “Não prometa aquilo que não pode cumprir! Preferimos que trabalhem para realizar algo, não que prometam esse mesmo algo!”. Não pedi a ninguém que se demitisse, apenas pedi mais acção e menos promessas.

Sérgio, passaram onze anos e ninguém parece querer admitir que todos nós falhámos na nossa obrigação de proteger os outros, e que só em conjunto e admitindo com humildade as nossas falhas é que podemos TODOS fazer mais e melhor.

sábado, maio 20, 2017

Pensalamentos emprestados #20

"O que eu sinto é um imenso desânimo, uma sensação de isolamento insuportável, o medo permanente de uma vaga infelicidade, uma total falta confiança nas minhas forças, uma absoluta ausência de desejo, uma incapacidade de encontrar qualquer divertimento que seja."

Baudelaire

sexta-feira, março 17, 2017

Crónica Bombeiros.pt: Pequena carta à mãe de um bombeiro

Mãe, querida Mãe,

Escrevo-te com a certeza de que me não lerás, pelo menos até te terem chamado a atenção para este algo que sabes que por vezes acontece.
Sim, Mãe, escrevo-te, como tantos outros poderiam escrever às suas próprias mães.
Sim, Mãe, escrevo-te na minha pele de bombeiro, naquela pele que tantas e tantas vezes desejaste que não tivéssemos conhecido nunca.
Sim, Mãe, escrevo-te mais cedo do que é normal, pois o fumo ainda não está continuamente no ar e as televisões ainda descansam ao som de alegres festas populares.
Enfim, Mãe, apeteceu-me escrever-te, do meio destes tempos negros e ingratos que a vida por vezes me traz, para te dizer que SIM. Sim, Mãe, eu olho para trás e, sim, escondo-me todo para enganar a tua preocupação.
Cada vez que saio a correr, com a humanidade a encher-me os olhos, espreito sobre o ombro e vejo-te, quase ausente do mundo, a respirar a descompasso. Vejo-te e os teus olhos estão cheios de rápidas melhoras e de terríveis pensamentos. Espreito-te e os teus olhos dizem que não vá, que não ouse desafiar as leis da física, as probabilidades e a própria vida.
Com aquele mover de olhos intenso e preocupado, que o tempo amadureceu depressa demais, perguntas onde falhaste ao avisar-me dos perigos e culpas-te pelas escolhas que fiz. Não, Mãe, não falhaste em nada. Não, Mãe, não tens culpa de nada. Não, Mãe, o teu exemplo dá esperança ao mundo e os dias fazem sentido porque tu lhe dás continuamente corda.
Mãe, eu olho para trás e penso em ti. Não há passo que dê que não esteja aquele teu olhar ao meu lado, recomendando calma ou dando força. Quando tudo parece estar perdido, ali estás tu a aguentar-me inteiro e íntegro no estender de mão ao meu semelhante. Ali estás tu a ver-me correr e a pensar que não olho para trás, que não penso em ti, que nada mais interessa do que os outros, …
Quando o nosso Verão recomeçar, com o abraço entre gente simples a percorrer o asfalto, enquanto nas televisões se dá voz aos gritos de dor e de revolta, lembra-te que eu olho sempre para trás… para o sítio onde deixo o coração.
Até breve, Mãe!

Daniel António Neto Rocha
Moimenta da Serra, 17 de Março de 2017

sábado, novembro 12, 2016

27 de Novembro: uma justa homenagem com 10 anos de atraso


Já há alguns dias que fui informado, mas o retorno das emoções impediu-me de dar asas maiores à notícia. Fiquei-me pela partilha indispensável ao ninho familiar e a alguns amigos próximos. 
Dez anos! Dez anos e alguns meses passaram desde o nosso último olhar e, tantas montanhas passadas, o sorriso de um momento nunca se apagará. E, penso, que foi com esse sorriso tão parecido que deverei ter ficado e que o Sérgio deverá também ter ficado quando, finalmente, a cidade que sempre teve no coração se lembrou dele.
Pois bem, fui informado pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal da Guarda, Dr. Álvaro Amaro, que nas comemorações do octigentésimo décimo sétimo aniversário da cidade da Guarda o Sérgio irá receber a Medalha de Mérito Municipal a título póstumo. No dia 27 de novembro de 2016, na cidade da Guarda, a memória e o mérito terão, finalmente, uma justa homenagem.

sexta-feira, outubro 28, 2016

Crónica Bombeiros.pt: Pequena carta aos filhos dos bombeiros

Amigos,
Como imagino que podeis não saber ainda ler, peço ao vosso pai ou à vossa mãe (ou mesmo a outro familiar) que me ajude a chegar a vós.
Sabeis, neste tempos difíceis em que os vossos pais bombeiros têm passado tanto tempo longe de vós, eles têm partilhado alguns instantes, algumas aflições e tanto e tanto suor com outros homens e mulheres que, como eles, tentam defender o vosso futuro e o vosso país.
Não, eles não vos abandonaram nem sequer se esqueceram de vós. Aliás, em todos os momentos de descanso ou de viagem rumo a outro incêndio, é de vós que eles se lembram e é a vós que desejam voltar rapidamente.
Sim, eles só vos vêem a vós! E dizem mesmo que o que os move é o vosso sorriso, a vossa alegria, quando chegam, cansados, e vos vêem correr para eles de braços abertos ou vos vêem dormir, descansados, em casa. Sim, os vossos pais sabem que vós os amais. Sim, os vossos pais amam-vos acima de tudo e de todos.
Aqui há dias, enquanto combatíamos um incêndio no cimo de uma montanha, a montanha mais alta de Portugal, e no momento em que o Sol e a Lua apareciam quase a par e mostravam que algumas flores tinham sido poupadas, alguns bombeiros acabavam de apagar um dos sítios que ardiam. Assim que tal aconteceu, sentaram-se por momentos e falaram de vós, pequenos heróis, que estavam em casa à espera de uma notícia ou de apenas um Bom Dia! E falaram do gosto de cada um de vós pelo momento em que se ligam as luzes brilhantes do carro de bombeiros e vós vos juntais a um momento de descansada diversão no quartel. Nesse momento, vós sonhais com o ser bombeiro e com o papel importante que ele, bombeiro e vosso pai, tem.
Sabeis, naquela montanha, naquela manhã, naquele momento em que o Sol e a Lua bailavam acima de tudo e de todos, naquele instante em que vários pais falavam sobre os vossos sorrisos, uma frase simples, em jeito de pergunta, ficou-me no ouvido e foi dita por tantos de vós no momento que os vossos pais saiam de casa:
“Pai, vais ajudar as pessoas?”
Sim, os vossos pais vão ajudar milhares de pessoas, mas amam-vos acima de tudo! Nunca se esqueçam!

Daniel António Neto Rocha
Famalicão da Serra, 9 de Setembro de 2016

Crónica Bombeiros.pt: No país dos sábios e santos

Não haverá país no mundo inteiro onde, por ordem e graça divina, a sabedoria tenha sido tão semeada como nas terras senhoriais de Portugal, tanto continental como insular.
Que somos um país abençoado pela graça divina… já o sabemos desde o Ourique, relembrado recentemente por sua excelência o (novo) Presidente da República. Também o sabemos pela capacidade formativa ao nível da santidade: temos António, temos Nuno, temos os beatos e outros teremos, certamente. Por fim, temos também a vinda da virgem santíssima que decidiu instalar-se em Fátima. Tudo isto, vejam bem, apenas com um pequeno correr de memória da santidade portuguesa.
Santidade vista… falemos da sapiência que, pelos vistos, também será qualidade do ADN de ser português. Poderíamos comprovar este facto com provas dadas e com trabalho feito por gentes que se destacam nas mais diversas áreas, mas tudo isso para quê? Não podemos nós fazer antes alusão à esperteza que conduz as mais diversas instituições que acabam por ruir? Não poderemos nós fazer menção a todos aqueles que “em bicos dos pés” e com uma “sem-vergonhice desmesurada” se aprestam a dizer presente quando a ausência é sempre notada?
Pois bem, de aparecimentos divinos e sapientes em função da comunicação social estão os bombeiros fartos, mesmo que a desfaçatez destes santos e sábios de ocasião tente passar uma ideia contrária.

Moimenta da Serra, 6 de Julho de 2016

Crónica Bombeiros.pt: “Puta que pariu” o terrorismo à maneira portuguesa!

1.São tempos de convulsões extremas na dita sociedade ocidental. O medo – aliado a um desconhecimento imenso do “outro” – e a subsequente insegurança – até agora encapotada pelos milhões de euros, dólares, etc. – são motivos para governantes e seus protegidos se aliarem numa tentativa flagrante de manutenção de um estado de coisas favorável à escravidão dos novos tempos e à ditadura dos números. Tudo isso vitima de uma ganância e de uma assumida estratégia de soma de parcelas em que se exploram os de cá (os do seu próprio país) e os de lá (os dos países controlados por ditadores assumidos ou por grupos criminosos “de pistola e catana”) sem olhar para a forma como os direitos humanos mais básicos se transformam em palavras de ordem e de desordem nas ululantes redes sociais. Ah!, tudo isso misturado com a moda da defesa intransigente de tudo o que mexe e rebola, nem que seja pela acção do vento. Mas, não nos desviemos do assunto! O terrorismo, tal como antes, assume hoje características impensáveis para uma dita sociedade das nações ou sociedade mundial ou sociedade humana. O terrorismo é hoje motivo para migrações de pessoas cansadas de estar aprisionadas em campos de concentração modernos (os chamados campos de refugiados) em que famílias inteiras esperam apenas pela morte, subsistindo e pouco mais. O terrorismo mediático, o tal dos “gajos fundamentalistas do islão”, é, aparentemente, aceite pelos polícias do mundo com uma calma preocupante, enquanto morrem milhares de pessoas e milhões vivem em constante estado de terror.

2.E nós por cá, pelo rectângulo encantado à beira mar plantado? Nós, por cá, preocupamo-nos! E ainda bem! Somos gente capaz de estar atenta às necessidades dos outros e de “sofrer” com a agrura destes povos aterrorizados por guerra, bombas e gente capaz de queimar os cidadão com um litro de gasolina. Mas, o que leio eu, nós preocupamo-nos com o “terrorismo fundamentalista islâmico” e não nos preocupamos com o “terrorismo incendiário” que nos persegue há tantos e tantos anos? Sim, também o povo português vive rodeado de um terrorismo pouco escondido, com fumo a entrar-nos pelos olhos e pelos pulmões, e com um constante aterrorizar das pessoas que vivem no meio rural e, pasmemo-nos, até com as pessoas que vivem no meio urbano. E se para combater o “terrorismo lá de fora” (sim, sei que estão a dizer que temos de prevenir o que pode vir a acontecer no futuro) são até implementadas leis que fazem de um curioso, sobre estas hordas de verdadeiros infiéis às religiões, um terrorismo em potência e com mandato de captura imediata, no caso do terrorismo cá de dentro o que fazem os governantes? Nada mais, nada menos do que tirar às forças de investigação (às forças policiais) a oportunidade de encontrar indícios de que estas acções terroristas são isso e nada menos do que isso. E são estas “pequenas” asneiras legislativas, aliadas à constante desculpabilização da negligência grosseira e dos comportamentos marginais, que fazem com que o doce aroma do Verão português seja o da madeira queimada. “Puta que pariu” o terrorismo à maneira portuguesa!

Moimenta da Serra, 24 de Setembro de 2015

quinta-feira, outubro 27, 2016

quinta-feira, outubro 06, 2016

Trabalho: Escritor "freelancer" ou, simplesmente, trabalhar com a escrita


Serve agora este texto para explicar e dar a conhecer mais alguns pormenores desta minha nova faceta. 
O nome «ESCRITOR "FREELANCER"» parece apontar unicamente para a realização de trabalhos de "grande envergadura", por exemplo a escrita de livros. Mas não é só isso que faço, aliás essa visão deste trabalho é, talvez, a que terá menor atenção. 

Segue uma listagem com trabalhos tipo que posso fazer: 
- textos curtos, médios ou longos (para os mais diversos fins, basta dizerem); 
- guiões para filmes (por exemplo, para casamentos e outros momentos);
- textos artísticos (visando a ligação ao design); 
- escrita de slogan e textos argumentativos que o acompanhem; 
- correcção de textos; 
- trabalho de edição; 
- outros pedidos. 


Todas as questões (perguntas sobre os tipos de texto a trabalhar e pedidos de orçamento) deverão ser enviadas para danielroc@gmail.com


(Atenção: 
Haverá o máximo sigilo no tratamento de quaisquer textos ou questões, nunca se revelando qualquer contacto existente.)