"São crónicas marcadas por um tempo específico e por uma reacção que se despoleta, mas, acima de tudo, subsiste nestas crónicas uma atitude de constante valorização moral e humana. Em suma, despoleta-se a partir da cidade mais alta uma atitude crónica!"
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sábado, junho 29, 2013
terça-feira, junho 18, 2013
Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013 (parte três): as direitas (*) - 17. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada
1. O
mundo actual está envolvido numa espécie de cabala
numérica que mete (salvo seja!) o número três em todos os sítios possíveis e
imaginários: na política, antiga ou actual, com o triunvirato e com a troika; na religião, com a santíssima
trindade e com os três pastorinhos; na protecção civil, com o célebre triângulo
do fogo; na sexologia, onde não farei qualquer tipo de alusão para não deixar
chateado o senhor provedor; e no mundo da escrita, onde há-de haver sempre uma
introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Perante esta espécie de ordem
universal, também eu decidi trazer aos ouvintes uma crónica tripartida, que
iniciei há cerca de um mês e que hoje aqui tem o seu fim. Tentei, nas quase
análises que por aqui fui fazendo, mostrar o que trazem para a Guarda os
candidatos independentes e os candidatos de esquerda, ficando para hoje a
abordagem ao único, até agora, candidato de direita. Curiosidade ou não, são
também, espremidos os campos de origem dos candidatos, três os principais
candidatos a noivas do concelho. Mas deixemo-nos de núpcias antecipadas e
vejamos o que nos traz o candidato da Guarda
com Futuro.
2. Álvaro
Amaro é um velho conhecido da cidade, especialmente da velha cidade, sendo para
os mais jovens cidadãos (como eu) quase um desconhecido. Homem político, que
nos habituámos a ver como jogador de outros tabuleiros bem longe dos concelhos,
o seu percurso, por paradoxal que pareça, foi bem ligado a funções concelhias e
distritais. Nestas mesmas funções acabou por ter algumas picardias célebres que
são muito importantes para perceber as eleições de Setembro. Tem a seu favor o
facto de ser um político que faz um barulho quase ridículo quando se trata de
defender aquilo em que acredita. Mas, será isto bom ou mau? Talvez seja mau, na
medida em que nós não gostamos de cair no ridículo e no mau hábito de sermos
caracterizados como gente rude e um pouco mal-educada por influência directa de
um qualquer político. Talvez seja bom, na medida em que não importa a forma
como se diz mas sim o facto de repararem em nós e nos ouvirem. Claro que penso,
neste ponto, na forma eufórica e quase orgástica como pediu ao
Primeiro-Ministro para não pagar, através do Turismo de Portugal, o Hotel de
Turismo à Câmara Municipal da Guarda. Por este prisma, e pensando no imenso
buraco negro que ainda está por explorar neste e noutros negócios estranhos na
cidade, talvez Amaro consiga cativar mais do que repelir algum do eleitorado,
mas terá para isso de fazer um trabalho de comunicação quase individual com as
gentes do concelho. E estas são as boas notícias para Amaro: o facto de ser uma
alternativa forte (há quem diga que não o será por manifesta antipatia pessoal)
e o facto de ser um comunicador sem problemas em “chatear” quem quer que seja.
Há, no entanto, uma suposta má notícia para Álvaro que talvez o não seja completamente.
Falo da circunstância de Amaro ser o alvo a abater, não só por quem está
naturalmente do outro lado da barricada mas também por quem até há bem pouco
tempo partilhava a trincheira com este candidato. Olhemos bem, o candidato do
PSD é o primeiro (se não for, corrijam-me) a entrar na corrida com a estrutura
concelhia contra e com elementos desta a assumirem papéis preponderantes numa
das candidaturas independentes. Claro que isto é muito mau em termos da imagem
que a estrutura do partido quer passar, mas talvez esta desagregação dos apoios
laranjas seja exactamente aquilo que Amaro pretende: o aparecimento, depois de
muito tempo, de uma candidatura realmente una e coerente. Confusos? Talvez
pareça mais confuso do que é, bastando, para nos esclarecermos todos, que nos
lembremos dos resultados catastróficos das supostas unidades do partido nas várias
autárquicas passadas. Com a ausência de unidade para uma candidatura, Amaro
terá percebido, como todos nós já percebemos há muito tempo, que o PSD da Guarda
é um partido que perde eleições quase que por vontade própria e quis (aí vai a
bomba) testar as forças vivas da cidade, dando-se mal, pois, como Igreja no PS,
suscitou o aparecimento em força dos velhos hábitos e vícios que, naturalmente,
vão manobrando nas sombras. E é neste campo dos vícios que a união com o CDS-PP
me levanta muitas dúvidas e que lá mais para a frente pode ter consequências
desagradáveis para a coligação. No entanto Álvaro Amaro já demonstrou que pode
ter alguns trunfos só tem é de os utilizar.
3. Quem seguiu estas
crónicas pode verificar que tentei ao máximo falar apenas dos cabeça de lista e
das motivações que os pudessem acompanhar para esta corrida. Das cinco estruturas
que se aprontam para a “guerra” há três com um potencial de vitória elevado e
com motivações bem diferentes. Cabe-me, portanto, tentar concluir algo desta
tríade. Primeiro, Bento é, cada vez mais, a face da continuidade e o facto de
ser o receptor dos desavindos dos outros partidos insinua mais do que
esclarece, não deixando de ser (quanto a mim compreensivelmente) o principal
candidato à vitória. Segundo, Igreja é o candidato da renovação do partido e da
renovação (caso vença) camarária, pois trará uma visão experimentada e realista
da sociedade para o campo da discussão sobre o futuro da cidade, mas não me
parece que seja o reformador que todos esperávamos que fosse inicialmente. Terceiro,
Amaro é o representante quase profissional da mudança, só não sei se positiva
se negativa, pois são estranhos os interesses guardenses na defesa de uma
iniciativa, mas como última etapa da vida política quererá ele construir em vez
de destruir, e isto pode ser importante para a definição de uma política e para
a decisão do eleitorado. Para terminar, apressem-se lá, senhores candidatos, a
apresentar a restante equipa porque o eleitorado quer ver bem com quem é que a
mulher de César afinal se anda a deitar para que se faça um bom julgamento.
Moimenta da Serra, 17 de Junho de 2013
Daniel António Neto Rocha
(*) Disponível por um período limitado de tempo
segunda-feira, junho 17, 2013
Crónica: trio de crónicas termina amanhã
Termina amanhã (9h e 17h, na Rádio Altitude) a crónica tripartida sobre a corrida eleitoral para a Câmara Municipal da Guarda, a "Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013". Termina com a análise da direita (a crónica de amanhã) e com uma pequena conclusão sobre quais serão, na minha opinião, as reais hipóteses de cada um dos candidatos (ali resumidos aos três principais) e aquilo que trarão à Guarda.
quinta-feira, junho 13, 2013
Crónica Bombeiros.pt: Evolução e complicação!
1. Ao longo dos últimos
sete anos temos assistido a uma autêntica transfiguração daquilo que é o
socorro em Portugal, existindo um acertar de agulhas em alguns campos e facilitando
o erro noutros. Passo a explicar-me melhor. Num primeiro campo de análise
centremo-nos no upload que houve na
área das comunicações onde, apesar de toda a nuvem cinzenta que continua a pairar,
o SIRESP veio criar uma unidade de comunicação que obrigou a uma necessidade de
protocolar o seu funcionamento. Num segundo espaço de análise temos as mais
recentes inovações ao nível das viaturas de combate, com a obrigação de todas
possuírem o sistema de “gaiola” (desculpem os puristas esta barbaridade de
análise) de defesa. E, por fim e talvez mais importante, o equipamento de
protecção individual melhorou numa dimensão de oito para oitocentos, criando um
sem número de problemas que quanto a mim podem criar problemas na defesa dos
direitos dos bombeiros.
2. Claro que tudo isto,
especialmente estas melhorias que refiro, são boas notícias para todos aqueles
que vivem na esperança de nunca deste tipo de socorro especializado virem a
necessitar. Mas sabe bem saber (digam lá que não?) que em caso de necessidade
podemos ser bem servidos. No entanto o capital mais importante desta equação são
os agentes (todos aqueles seres humanos tão iguais a cada um de nós) que
medeiam as máquinas e o sinistrado. Sim, também aqui temos vindo a melhorar nos
últimos sete anos e a aposta está a começar a gerar uma nova atitude
colaborativa e uma maior atenção às aprendizagens que vão sendo leccionadas por
esse país fora, sendo bom verificar que nós, bombeiros, soubemos responder de
forma clara às críticas que referiam que nós não queríamos ter formação.
3. Por último deixem-me recuar um pouco e voltar ao início.
Escrevia eu que há problemas sérios a serem trazidos para a ordem do dia com as
regras de utilização dos equipamentos de protecção individual e não estava a
escrever só por escrever. Aqui há dias, numa carta enviada à Liga e à qual
ainda não tivemos qualquer resposta, era referida a necessidade de proteger
todos os combatentes da fúria das seguradoras em caso de acidente grave. Tudo
isto era dito no contexto de um concurso de ideias que o Projecto Sérgio Rocha
quer lançar, em mais uma parceria com o Portal Bombeiros.pt, para conseguirmos
ter todos os homens indiscutivelmente uniformizados no terreno. Sabem, é que no
furor de desresponsabilização por parte das entidades superiores foram
enviados, parecendo época natalina, muitas prendas para os quartéis, mas nós
não as usamos porque nada daquilo é ergonómico. Problema da falta de ergonomia:
caso não tragam algum dos elementos do EPI e sofram um acidente estão
automaticamente em falta, não sendo protegidos como deveriam ser. Logo, não
será do interesse da Liga defender os seus representados?
Famalicão
da Serra,11 de Junho de 2013
Daniel
António Neto Rocha
(Texto publicado e
disponibilizado no Portal Bombeiros.pt no dia 12 de Junho de 2013)
quarta-feira, junho 12, 2013
terça-feira, junho 04, 2013
Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013 (parte dois): as esquerdas(*) - 16. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)
1. Esta
minha incursão de hoje vai visitar as esquerdas que se passeiam pela Guarda e
que, com toda a margem de subjectividade que me é permitida, era suposto que
trouxessem algum tipo de partilha do bem comum a todos os cidadãos. Haverá
necessidade de voltar atrás no tempo para se verificar o potencial dos que
agora se perfilam para a guerra, mas tentarei olhar com atenção para o que
estes cabeças de lista podem trazer para a batalha autárquica futura. Como o
Bloco de Esquerda ainda não tem um candidato assumido, o que podemos esperar da
sua candidatura é uma posição de ataque constante a políticas velhas e caducas,
e a actuantes políticos da Guarda que nada, ou quase nada, fizeram para colocar
um caminho sustentado debaixo dos pés das gentes do concelho. Para além disto, nada
mais poderei referir sobre esta alternativa bloquista até à sua apresentação.
2. Ao
nível dos candidatos, a grande surpresa é Mário Martins. Não conheço a sua intervenção
política, visto que o conheço de outros quadrantes, por exemplo o cultural e o
ambiental. Daí a minha imensa surpresa quando o vi como candidato pela CDU. Pesquisei
e reparei que no sítio do partido é referido como um independente. E é apenas
este ponto que me deixa completamente espantado, pois não conhecia este tipo de
abertura à sociedade por parte do Partido Comunista Português. Avancemos! Mário
Martins sabe que as suas hipóteses são reduzidas, até pela história, mas não se
resigna a figura de cartaz. Disponibilizou no seu blogue o discurso de
apresentação onde surge já todo o programa de acção, mostrando estar consciente
daquilo que, segundo a sua visão, será o melhor caminho para o concelho. De
forma corajosa e muito interessante, assume que tudo deve partir do campo e do
ambiente até chegar à cultura. Bem sei que não é neste tabuleiro que se decide
algo, mas penso que Mário Martins terá um papel muito importante na definição
do debate que se seguirá.
3. O Partido Socialista é o
grande enigma do momento! Não se sabia que era um partido fracturado, visto que
sempre houve um grande respeito pelo líder, por um lado, e uma grande sede de
beber na fonte, pelo outro lado. Apostar no PS da Guarda era como apostar no
cavalo que já se sabia ser o vencedor, uma vez que o jogo assim estava
construído. Traído ou enovelado pelo partido durante anos, finalmente e numa
disputa interna do partido José Igreja consegue uma vitória e, puff!!, a cisão
acontece. A pergunta do milhão de euros é: O que representa Igreja para os
militantes socialistas e para os fazedores da ordem política na Guarda? Todos
sabemos que Igreja é um dos bons advogados da cidade e que a sua carreira pode
ficar prejudicada com este assumir da pasta política. Da parte dele parece
existir o querer servir a res publica
e o querer responder ao apelo da população cansada de assistir a benefícios de
uns e outros. A sua vitória interna foi lida como um corte com o passado e o que
se seguiu pode indiciar uma questão importante: podemos estar, efectivamente,
perante uma candidatura de renovação da política socialista concelhia. É que os
consensos sempre foram conseguidos e aqui parecem não interessar. Logo, ou o
mal está na política nova que alguém quer implantar ou o mal está na política
velha que alguém poderá ter interesse em preservar. Em breve saber-se-á, mas
cheira-me a alguma prepotência! Avancemos! Qual é a novidade positiva que o
candidato José Igreja traz para esta campanha? Parece-me que é a visão de um
político não de carreira mas de missão, alguém que sente que é chegada a hora
de dar a sua parte de saber à sociedade. Lembremo-nos que a política citadina é
uma espécie de ramo de socialismo enxertado no tronco de um capitalismo mais
selvagem, existindo sempre o benefício de diversos elementos da cidade que se
alojaram no PS e assim engordaram a bom engordar. Com Igreja não se sabe bem o
que lá virá e esse é efectivamente o ponto negativo da sua candidatura. A
deserção de alguns “notáveis” concelhios do partido, alguns dos quais parecem
querer continuar disseminados no meio de duas candidaturas, pode ser, sem
ironias, um bom prenúncio para o futuro de Igreja, caso este saiba daí tirar
dividendos, mas o facto de não haver uma apresentação rápida e clara das suas ideias
e da sua equipa de trabalho poderá ser interpretada como uma tentativa de
esconder o jogo e as suas reais pretensões. Posto isto, como advogado que é,
defina-se José Igreja e apresente as provas de forma clara e honesta para que o
júri não faça más interpretações.
Moimenta da Serra, 3 de Junho de 2013
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 4 de Junho de 2013 -
disponível em podcast em Altitude.fm)
(*) Disponível por tempo limitado
domingo, junho 02, 2013
Crónicas na Guarda
A crónica desta Terça-feira (dia 4 de Junho) na Rádio Altitude fará uma visita às esquerdas concorrentes à Câmara Municipal da Guarda. Pelo que sei, há neste momento duas candidaturas de partidos de esquerda que já foram formalmente apresentadas. Logo, é nessas duas que incidirá a minha singela e despreocupada análise. Sabendo eu que ninguém a ouvirá ou lerá, até posso dizer duas ou três coisas mais conflituosas. Para daqui a cerca de duas semanas (dia 18), ficarão as candidaturas da direita e uma pequena súmula do "tudo" ou do "nada" que estas eleições trarão ao concelho.
sábado, maio 25, 2013
Fechar o dia de hoje
(Foto de Sérgio Cipriano - "staff-ride" do Curso de Combate a Incêndios Florestais em Famalicão da Serra) |
Sugiro-vos, neste encerrar de dia de Curso de Combate a Incêndios Florestais, uma leitura a uma pequena crónica que deixei incompleta aqui (para lerem a versão completa basta seguirem o link para o Portal Bombeiros.pt). Já que o tempo vai começar a ficar "quentinho", é sempre bom ficar a conhecer um pouco os homens e mulheres que vão passar o Verão a correr. Abraço a todos os bombeiros e, não se esqueçam, voltem bem e com saúde às vossas casas.
terça-feira, maio 21, 2013
Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013: as independências (parte um) (*) - 15. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)
1. Começo
hoje a fazer uma análise aos caminhos políticos que culminarão nas Eleições Autárquicas
2013 e aos protagonistas que vão aparecendo. Estas minhas análises não são de um
entendido na matéria política ou de um comentador profissional. Sou apenas um
cidadão que lê o que se escreve e o que se diz, e que se preocupa com o futuro que
terão as suas terras do berço, tendo uma
clara percepção dos joguinhos e dos oportunismos políticos que teimam em não
desaparecer das ruas escuras da Guarda. São estas sombras vampirescas de falas
angelicais que temos de desalojar a todo o custo, uma vez que é impensável
criar a tão desejada cidade sustentável e sustentada quando ela sacia a jorros,
qual ama-de-favores, os eternos chupistas que, habitando os bastidores, se
refastelam eternamente de pança inchada ao sol. E é este o meu propósito: olhar
e perceber, ao mesmo tempo que comunico aquilo que vejo e aquilo que se apresta
a acontecer. Vou exagerar, perguntam vocês. Sim, possivelmente, mas no meu
exagerar verão que há questões que são extremamente curiosas e oportunas e,
pergunto agora eu, não teremos nós de exagerar para depois haver uma, por mais
pequeníssima que seja, reflexão sobre a matéria?
2. A
candidatura independente de Baltasar Lopes. Do cabeça de lista sei aquilo que
todos sabem e que são factos públicos: presidente de junta, deputado da Assembleia
Municipal, principal motor de uma triste e escusada censura a um cidadão e
obreiro de uma jogada de mestre que o colocou como principal beneficiário na
exploração da praia fluvial da freguesia que preside ou presidiu. Depois disso
o vazio é pontuado com o seu anúncio de candidatura, com a distribuição de um
folheto com uma espécie de apresentação pessoal do candidato e com as recentes
referências à sua retirada da política caso não fosse eleito e a uma frase
enigmática: “nalgumas [freguesias] não vale a pena [ter lista] porque há lá
meia dúzia de pessoas”. Estará o candidato, cuja lema é “Juntos pela Guarda”, a
referir-se ao pequeno universo de votantes que existem naquelas freguesias ou
será uma referência a ódios de estimação que terá por determinadas pessoas das
freguesias em questão. Sendo efectuada uma ou outra leitura, talvez o candidato
queira mesmo retirar-se, após as eleições, de toda a participação política. E
faz muito bem se o fizer!
3. Noutro campo de
independência surge a candidatura de Virgílio Bento. Este traz para o seu lado,
para além desse epíteto de independente, as cores desavindas dos arco-íris
monocolores laranja e rosa. O papel e a capacidade de Bento como autarca são
reconhecidos por todos nós, mas afundam-se nos exageros que aparecem e que
aparecerão criados pela sua ainda secreta base de apoio a estas eleições. Dizem
alguns apoiantes (identificados) que Bento é o único elemento do, até há pouco
tempo, actual elenco autárquico que foi brilhante e que não cometeu qualquer
erro, faltando, por estes dias, atribuir-lhe o papel de profeta curador das
chagas dos pobres e de principal baluarte da ordem mundial. Se é para exagerar,
exagerem em grande! Antes deste papel enquanto autarca, Bento dava aulas e bem,
acreditando eu no que escrevem alguns seus antigos alunos. Claro que, para
construir uma opinião, isto não chega! O candidato principal é bom, este é um
facto, mas a sua ascensão é problemática e levanta muitíssimas questões. A
primeira é o porquê de um socialista que defende a liberdade não aceitar o
resultado das eleições que perdeu e que, como é óbvio desde cedo, têm
implicações nas escolhas das equipas de trabalho. Depois, há quem diga que a
sua candidatura é independente e que os vícios dos partidos ficarão de fora,
mas o que parece existir é um curioso ajuntamento de gente com fortes
responsabilidades partidárias nos últimos 12 (doze) anos. Gente essa que é dissidente
dos partidos e que decidiu apostar forte numa espécie de Aliança Democrática tutti
colori com pretensões independentistas, tentando fazer de conta que nada
tiveram a ver com os anos que originaram o mal-estar entre cidadãos e partidos,
e assumindo camaleonicamente uma oportuna capa de escuteiros bem comportados. “Chama-se
a isto branqueamento do passado e resultará com os papalvos da Guarda”, dirão
eles na sombra! Mas será que esta saída estratégica não serve também para
desparasitar os partidos? Desviei-me em demasia do cabeça de lista. Virgílio
tem grandes hipóteses, é certo, mas mais terá se enxotar as velhas sombras
multicolores e prepotentes que lhe segredam ao ouvido já ouvidas lições de
poder e se se rodear com um “exército” pobre, esquecendo os “mercenários” ricos.
É que em Alcácer-Quibir houve um rei que confiou nos mercenários e, diz a
história, em Portugal seguiu-se o indesejável jugo de Espanha. No fundo de tudo
a filosofia bem nos alerta para o facto de os sofismas não terem desaparecido
com a morte de Górgias e de serem cada vez em maior número os sofistas comportamentais
com pretensões políticas e sociais.
Moimenta da Serra, 20 de Maio de 2013
Daniel António Neto Rocha
(*) Disponível por período limitado de tempo
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