sábado, outubro 26, 2013

Acordos na Guarda? #22 - os "coisos" do executivo da Câmara da Guarda

E afinal as "funções" ou "pelouros" ou, como eu prefiro nestes casos (até pelo conhecimento de Latim que revela esta sublime utilização), os "coisos" (que provém daquela palavra latina "res") do novo executivo da Câmara Municipal da Guarda são: PELOUROS. Pelo menos é o que a comunicação social escreve nos seus espaços de informação. Assim sendo, aqui fica relatada de forma esquemática a distribuição dos "coisos":

Álvaro Amaro - Presidente
- Coordenação Geral
- ligação com as freguesias
- a gestão de fundos comunitários
- a comunicação
- o marketing
- responsabilidade política sobre a Culturguarda

Carlos Monteiro - Vice-Presidente
- a administração geral
- o planeamento económico e financeiro
- a gestão de recursos humanos
- o desporto
- a juventude
- responsabilidade política sobre a Guarda Cidade Desporto

Ana Isabel Baptista
- a acção social
- a saúde 
- os serviços veterinários

Sérgio Costa
- obras
- ambiente 
- equipamentos municipais
- responsabilidade política sobre os serviços municipalizados

Victor Amaral - vereador a tempo parcial
- a educação
- a cultura
- o turismo

O que está exposto acima é a divisão por "coisos" que o novo executivo irá ter nos próximos tempos, mas parece-me que a "coordenação geral" que o Presidente assume para si será uma espécie de "tutoria" para os outros membros do executivo. Álvaro Amaro parece, portanto, querer controlar as rédeas dos principais assuntos que a Câmara irá enfrentar, qualquer que seja a área em que esse assunto possa surgir. Para além disso, preocupa-me que a educação, a cultura e o turismo sejam tratadas a tempo parcial. Parecem-me, a mim, ser questões demasiado importantes para serem menosprezadas. Convém não esquecermos que as duas primeiras eram, inclusivamente, controladas pelo Vice-Presidente do executivo anterior. Vamos ver como se desenvolvem os "coisos". E, claro, faço votos de bom desempenho das novas funções a todos os membros do executivo da Câmara Municipal da Guarda, pois o importante é a melhoria do nosso concelho em todos os quadrantes.
 
Como gosto de ser confrontado com a minha própria participação pública e cívica, aqui vos deixo, novamente, as minhas apostas (baseadas no desenho do executivo anterior) antes das decisões de Amaro:

Álvaro Amaro – Presidente:
Gestão de Fundos Comunitários
Obras Particulares
Actividades Económicas
Qualidade e Modernização Administrativa
Relações Internacionais
Obras Municipais
Planeamento Financeiro Economia Investimento
Recursos Humanos

Carlos Monteiro – Vice-Presidente:
Apoio às Freguesias
Desporto e Tempos Livres
Juventude
Gestão Operacional
Protecção Civil
Ordenamento do território

Ana Isabel Baptista:
Educação
Acção Social e Inserção Social
Saúde Pública

Sérgio Costa:
Zonas Verdes
Trânsito
Serviços Municipalizados
Serviços Municipais de Higiene
Limpeza e Qualidade de Vida
Ambiente

Victor Amaral:
Comunicação e Imagem
Marketing Territorial
Cultura

quinta-feira, outubro 24, 2013

Pensalamentos #139 - caminhos

olhar
lado a lado
o ritmo insaciável
da desilusão 
e da ilusão

continuando
rumo ao vazio
a desenhar
incessantemente
castelos utópicos 
e caminhos reais

quarta-feira, outubro 23, 2013

Acordos na Guarda? #21 - A mudança, by Amaro

Poderia dizer que é "o início da mudança", mas não seria a mesma coisa, pois para já nem início me parece ser. Parece-me mais o começo de alguma coisa que poderá desembocar na mudança de políticas e de opções duvidosas. Para já saliento apenas duas coisas que me parecem interessantes e com contornos ainda não muito perceptíveis. Em primeiro lugar, a mudança no vocabulário e a opção clara por sinónimos: em vez de "pelouros" haverá "funções"! Aplicando uma regra matemática a este jogo da sinonímia, parece-me que em vez de "despedimentos" poderá haver "recolocações", onde? Não sei, talvez na rua. Em segundo lugar, outra mudança. Em vez de quatro vereadores, haverá três e meio. Porquê? Também não sei, mas poderá isto significar que haverá por ali alguma desconsideração e, quem sabe, até alguma menorização da tarefa difícil que a Câmara da Guarda tem pela frente? Espero que a questão seja outra outra e que tudo não se trate apenas da preservação de futuros caminhos profissionais. 
A mudança, no entanto, está aí e a escolha de um Chefe de Gabinete bem ligado com o aparelho partidário e vindo de terras não guardenses demonstra bem a desconfiança que aparentemente os partidários laranjas guardenses ainda suscitam a Álvaro, demonstrando-se também que o agora Presidente da Câmara da Guarda está já a mostrar que a sua magistratura partidária parece ser, realmente, de influência distrital e supradistrital.
Quais serão as próximas mudanças, Álvaro?  

terça-feira, outubro 22, 2013

Cápsula enregelada na Guarda

Foi uma das grandes bandeiras no início de 2013 e continuou até à Primavera, prometendo revolucionar a cultura "adormecida" no meio guardense. Os nomes "ilustres" que surgiram nas imagens e fotografias daquela grande festança para inglês ver prometiam o que agora se vê: toda a dinâmica prometida terá ficado dentro da cápsula. Ou haverá um meio cultural imensamente dinamizado nos subterrâneos elitistas da Guarda? Seja lá como for, parece que a cápsula e todo o ruído que surgiu em torno dela estão a cumprir o seu real papel! Ou alguém pensava o contrário?

sábado, outubro 19, 2013

Pensalamentos Emprestados #14

(...)
- O senhor não professa nenhuma ideologia?
- Sim, considero-me de esquerda, mas insisto em pensar livremente e em não ser correia de transmissão de ninguém, o que me torna uma pessoa pouco digna de confiança.
- Não julgue que em Itália as coisas são muito diferentes... Se estivesse no seu lugar, tentaria escrever sobre outras matérias que não a política.
- É precisamente isso que estou a fazer. O problema é que já ganhei a fama de rebelde e não confiam em mim nem sequer para escrever recensões culturais.
- De facto, as coisas não lhe correm muito bem.
- É como vê.
(...)

(Julia Navarro, Diz-me quem sou)

sexta-feira, outubro 18, 2013

Momentos em imagem #19 - a surpresa


A surpresa do pintor Jos van den Hoogen em casa e ainda embrulhada! Foi uma surpresa que em breve poderão, caso queiram (é óbvio!), ter, num outro material, mais perto de vós. Para já, gostei muito do resultado final e penso que um destes dias, quem sabe num qualquer lançamento de algo, poderão apreciar as cores reais e tudo aquilo que não é perceptível por esta imagem. Este reservei-o para mim assim que o vi. Narcisista? Talvez!

quinta-feira, outubro 17, 2013

Acordos na Guarda? #20 - vereadores e pelouros



Se eu fosse um fanático pela análise política, confesso-vos que não hesitaria em ter já lançado quinhentas análises às possibilidades que ficaram em aberto com as últimas eleições autárquicas aqui pelo burgo. Teremos imensos homens e mulheres novos nestas coisas da política guardense (até pela cratera que se abriu com a queda de algumas figuras e figurões que ficaram pelo caminho com a impossibilidade de “A Guarda Primeiro” se candidatar e, convém salientar, muitos desses homens e mulheres eram filhos desta vida autárquica). Mais ainda, poderá existir uma corrente crítica que avalia todas as acções comparativamente, optando por dizer que tudo aquilo que se faz seria melhor feita por quem está a criticar e de forma diferente, mesmo que se trate de coisas que antes já tinham sido apresentadas pelo mesmo que agora se sente “diferente”. Será, portanto, um período de diversão constante e aliciante, pelo menos para quem gosta de analisar os movimentos sociais e políticos.
Quanto à nova Câmara, parece que será feita a tomada de posse dentro de alguns dias e, entre cessantes e iniciantes, haverá uma não habitual dança de cadeiras e de pelouros que me tem suscitado muita curiosidade, pois habituamo-nos desde há longos anos a ligar um rosto com uma determinada área. Mas o que interessa agora é ver como serão dispostos os Generais em campo. Depois de sabermos isso, poderemos começar a pensar em como poderão actuar uns e outros perante as tropas que lhes estarão atribuídas. Quanto aos pelouros, a conta é fácil de fazer e, numa lógica simplista e não racional, podemos até admitir (apesar de eu não ter qualquer dúvida de que não será assim e que deverá haver uma maior atenção por parte do Presidente em pelouros que tenham um interesse económico superior!) uma colagem aos pelouros anteriores.
Olhemos para o antes, mesmo antes, quando o elenco socialista ainda vivia pacificamente. Assim sendo, os pelouros estavam assim divididos:

Joaquim Valente - Presidente:  
Planeamento Financeiro Economia Investimento
Recursos Humanos
Ordenamento do território
Ambiente
Obras Municipais
Protecção Civil
Relações Internacionais

Virgílio Bento – Vice-Presidente:
Educação
Cultura
Apoio às Freguesias
Gestão de Fundos Comunitários

Elsa Fernandes:
Acção Social e Inserção Social
Comunicação e Imagem
Marketing Territorial

Victor Santos:
Actividades Económicas
Qualidade e Modernização Administrativa
Gestão Operacional
Obras Particulares
Serviços Municipalizados
Desporto e Tempos Livres

Gonçalo Amaral:
Juventude
Serviços Municipais de Higiene
Limpeza e Qualidade de Vida
Saúde Pública
Zonas Verdes
Trânsito


A divisão de pelouros era a anterior e, na figura do Presidente e do Vice-Presidente, podemos observar as grandes prioridades governativas da Câmara (esta é a imagem que eu tenho das responsabilidades dos elementos mais “graduados” dentro do executivo camarário). Assim sendo, é esta mesma lógica que eu observo no próximo executivo camarário. No entanto, penso que aqui o Presidente quererá “controlar” as áreas que poderão potenciar economicamente a cidade, deixando todas as outras áreas para um plano não secundário mas secundarizado (e infelizmente penso que a cultura e a educação sofrerão com isso!).
A minha aposta de divisão dos pelouros, feita com pouco conhecimento das reais competências de alguns dos elementos que compõem este executivo, é a que se segue. Deixem-me apenas salientar que esta é uma perspectiva que tenho a partir das informações profissionais e associativas que são do domínio público, às quais junto uma ou outra informação de nível pessoal que eu conheço.


Álvaro Amaro – Presidente:
Gestão de Fundos Comunitários
Obras Particulares
Actividades Económicas
Qualidade e Modernização Administrativa
Relações Internacionais
Obras Municipais
Planeamento Financeiro Economia Investimento
Recursos Humanos

Carlos Monteiro – Vice-Presidente:
Apoio às Freguesias
Desporto e Tempos Livres
Juventude
Gestão Operacional
Protecção Civil
Ordenamento do território

Ana Isabel Baptista:
Educação
Acção Social e Inserção Social
Saúde Pública

Sérgio Costa:
Zonas Verdes
Trânsito
Serviços Municipalizados
Serviços Municipais de Higiene
Limpeza e Qualidade de Vida
Ambiente

Victor Amaral:
Comunicação e Imagem
Marketing Territorial
Cultura


Não tenho qualquer pretensão em acertar qualquer uma destas minhas apostas, até porque tive alguma dificuldade em atribuir um ou outro pelouro a qualquer um dos elementos, mas terei alguma curiosidade em saber se haverá algum em que acertarei.

quarta-feira, outubro 16, 2013

Educação: aberta a porta à "cunha"?

(FREIRE, Anselmo Braamcamp; Brasões da Sala de Sintra, Livro Primeiro (2ª ed.), pág. 34, Imprensa da Universidade, Coimbra, 1921.)

Sou um defensor da autonomia das escolas, mas não em Portugal! Volto a repetir o que já disse várias vezes devido a esta notícia . Ao que parece, está arrombada a porta das escolas públicas para o saque organizado pelas máfias de interesses mesquinhos e pessoais. Vamos lá outra vez a dizer o mesmo: em Portugal existe um problema muito grave que se chama "favorecimento" e que também é conhecido por "cunhice". No caso de esta medida ser implementada de forma leviana (como está a ser!) haverá o regresso aos tempos feudais também nas escolas. Alguém tem dúvidas disto? Agora, juntem-lhe uma época de crise instalada em que é o "salve-se quem puder" quem "dá cartas" e têm uma verdadeira oportunidade de ouro para esse tal de favorecimento proliferar como os tartulhos após as primeiras chuvas outonais. E é assim que, segundo Crato, as escolas melhoram as competências dos alunos! Fantástico, Crato!

terça-feira, outubro 15, 2013

segunda-feira, outubro 14, 2013

Crónica Bombeiros.pt – Bestas não, mas pouco sérios sim!

1. As palavras fogem quando a vontade de as aprisionar na velha folha de papel gasto é maior do que o próprio sentido daquilo que foi acontecendo nos últimos meses na nossa comunidade de bombeiros. E, não, não estou a falar daquilo que a sociedade pensa de nós e que alguém já caracterizou, numa linguagem mais térrea do que a minha, como uma espécie de passagem do oito ao oitenta, regressando depois ao oito. Estou, sim, a referir-me ao nosso (e estou a apontar directamente para cada um dos senhores leitores e para mim próprio!) vício tremendo de sermos os maiores lá no bairro e, quase de certeza, no universo inteiro. Sim, porque nós somos os supra-sumos que não foram apanhados pelas chamas e que, desengane-se quem disser o contrário, nunca o seremos, pois, como num golpe de magia, seremos sempre safos pela nossa experiência e pela nossa capacidade de estarmos fora do lugar errado à hora certa. E, mais ainda, nós somos aqueles que nunca erraram, pois as nossas decisões podem ter sido, e isso sim, mal interpretadas por aqueles (os ignorantes e inexperientes e… sim, traumatizados!) que acabaram por vir a morrer ou a ficar feridos. É que nós, os que tudo sabem e a quem quase nada passa ao lado, podemos sempre falar e especular à confortável distância dos problemas. Já os outros, os que ficam feridos e hão-de, talvez, não perceber bem o que se passou porque afinal tudo correu bem, vão por certo compreender a sorte que tiveram em ficar vivos e querem é esquecer e não voltar a olhar para aquela direcção que lhes deixou cicatrizes e uma má recordação, mas irão, por certo, ser agraciados com as palmadinhas de quem lhes há-de dizer que se não fosse a forma como actuou e teve sangue frio não teria saído dali, avisando-o, contudo, que a culpa foi toda dele. E há ainda os que nunca vão ter hipótese de ler esta crónica e que nunca irão poder analisar nada daquilo que aconteceu e que nunca mais serão lembrados porque a sua memória nos poderá causar algum tipo de insónias por aquilo que não fizemos ou não soubemos fazer. Sim, nós, enquanto comunidade de bombeiros parecemos unidos mas não o somos, porque se cometemos um erro havemos de o querer empurrar até nos sair da vista e cair nas mãos de um dos nossos que até tem o azar de não se saber defender e de ficar com um problema nas mãos, mesmo se estivesse a quilómetros de distância do sítio onde ele aconteceu. Sim, porque nós, bombeiros portugueses, antes que alguém nos diga o que na realidade aconteceu num qualquer acidente, já sabemos que os nossos camaradas foram azelhas, burros, ignorantes e todos os outros adjectivos que lhes manchem o nome ou a, em alguns casos, memória. Sim, porque para nós é mais importante mostrar que sabemos algo do que perceber aquilo que efectivamente aconteceu e, neste ponto, mostramos que toda a nossa vocação é unicamente destruir o outro. 

2. Porque lhes digo isto com uma carga de ironia tão acentuada? Porque é impressionante como no nosso universo se criam histórias mirabolantes para acusar os outros de algo que nem sabemos bem como aconteceu ou para nos descolarmos de algo que efectivamente aconteceu sob a nossa responsabilidade. E é este o ponto que mais me importa ressalvar. Estaremos nós a educar as nossas hostes com o devido respeito pela incorporação da responsabilidade? Estará a nossa vocação de bombeiros preparada para assumir sobre os ombros o peso responsável das nossas próprias decisões? Deixo esta reflexão à vossa consideração. 

3. E chegamos por fim àquele momento quase “zen” em que olhamos para factos que fazem parte do mundo surreal das esferas mais elevadas dos bombeiros. E, como penso que fica sempre bem, este momento pertence por inteiro ao senhor Presidente da Liga. É que estou neste momento perante um imenso dilema que é quase trágico mas que também é cómico. Gabriel García Márquez, escritor colombiano e um dos galardoados com o prémio Nobel da Literatura, publicou em 1961 um dos romances que me vêm à memória todas as vezes que penso no senhor presidente. Chama-se “Ninguém Escreve ao Coronel” e relata a vida de um Coronel na reforma que espera ansiosamente pela chegada de uma carta. No maravilhoso jogo de contrários que a nossa comunidade de bombeiros permite, este romance serviu de ponto de partida para eu inverter esta história e para poder lançar aqui uma questão em jeito de provocação consciente que espero não seja mal percebida pelos adeptos sportinguistas. A minha dúvida é esta: se quiser escrever uma carta ao senhor Comandante, onde é que ele a poderá receber e dar resposta? Já tentei para a Rua Eduardo Noronha e não obtive resposta. Será que tenho de a enviar para o Estádio de Alvalade? 

Famalicão da Serra, 14 de Outubro de 2013 
Daniel António Neto Rocha

 
(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt no dia 14 de Outubro de 2013)