quinta-feira, junho 13, 2013

Repentes #24 - Crato tem razão

O papel a que Nuno Crato se tem prestado enquanto responsável máximo da pasta da Educação tem conseguido ser bem melhor do que o das suas antecessoras, principalmente naquilo que ele chama de "prejuízo ao alunos e educadores". De forma bem clara, tem demonstrado as razões pelas quais o ensino público tem mesmo de continuar público e, quanto mais rápido possível, o ensino privado ou com contornos poucos claros de colaboração público-privado tem de ter uma presença cada vez maior do estado e da máquina do tribunal do trabalho. Porque digo isto? Já viram que Crato sempre disse que sempre trabalhou no ensino privado e, vai daí, traz esta pequena atitude de ditadorzeco da treta que envergonha o próprio Salazar? Imaginem se não existissem no ensino público os mecanismos de protecção à realização da greve, já verificaram a ânsia de "matar" os professores que os olhos de Crato revelam cada vez que diz que os "alunos não podem ser prejudicados"? O que Crato esquece e todos os alunos do país sabem é que enquanto Crato vai vivendo desafogadamente esses mesmos alunos têm problemas em casa e os professores desses alunos vêem-se e desejam-se para conseguir ensinar de forma tranquila. O Crato não sabe mas deveria saber é que a atitude de "quero, posso e mando" é lei em muitas escolas do país, existindo chantagens por parte dos empregadores aos seus colaboradores que os obrigam a trabalhar o dobro das horas que, no final, aparecem sumariadas. O que Crato não sabe mas deveria saber é que a tirania não é regra mas sim uma ilegalidade. O que Crato não sabe mas deveria saber é que a grande parte dos professores das escolas públicas também nasceu nos tempos de Salazar e por lá viveu uns bons anos, sabendo, por isso, reconhecer quando um Salazar em ponto pequeno se coloca em bicos dos pés. O que Crato não sabe mas deveria saber é que há homens e mulheres que ainda seguem os princípios da honra. O que Crato não sabe mas deveria saber é que neste país os professores são dos poucos que se preocupam com os alunos que todos os dias com eles conversam. Mas isto é tudo o que Crato não sabe, porque o caminho e o sítio onde ele quer chegar é conhecido por todos e não é favorável a Portugal nem às suas gerações. 

Crónica Bombeiros.pt: Evolução e complicação!



1. Ao longo dos últimos sete anos temos assistido a uma autêntica transfiguração daquilo que é o socorro em Portugal, existindo um acertar de agulhas em alguns campos e facilitando o erro noutros. Passo a explicar-me melhor. Num primeiro campo de análise centremo-nos no upload que houve na área das comunicações onde, apesar de toda a nuvem cinzenta que continua a pairar, o SIRESP veio criar uma unidade de comunicação que obrigou a uma necessidade de protocolar o seu funcionamento. Num segundo espaço de análise temos as mais recentes inovações ao nível das viaturas de combate, com a obrigação de todas possuírem o sistema de “gaiola” (desculpem os puristas esta barbaridade de análise) de defesa. E, por fim e talvez mais importante, o equipamento de protecção individual melhorou numa dimensão de oito para oitocentos, criando um sem número de problemas que quanto a mim podem criar problemas na defesa dos direitos dos bombeiros.

2. Claro que tudo isto, especialmente estas melhorias que refiro, são boas notícias para todos aqueles que vivem na esperança de nunca deste tipo de socorro especializado virem a necessitar. Mas sabe bem saber (digam lá que não?) que em caso de necessidade podemos ser bem servidos. No entanto o capital mais importante desta equação são os agentes (todos aqueles seres humanos tão iguais a cada um de nós) que medeiam as máquinas e o sinistrado. Sim, também aqui temos vindo a melhorar nos últimos sete anos e a aposta está a começar a gerar uma nova atitude colaborativa e uma maior atenção às aprendizagens que vão sendo leccionadas por esse país fora, sendo bom verificar que nós, bombeiros, soubemos responder de forma clara às críticas que referiam que nós não queríamos ter formação.

3. Por último deixem-me recuar um pouco e voltar ao início. Escrevia eu que há problemas sérios a serem trazidos para a ordem do dia com as regras de utilização dos equipamentos de protecção individual e não estava a escrever só por escrever. Aqui há dias, numa carta enviada à Liga e à qual ainda não tivemos qualquer resposta, era referida a necessidade de proteger todos os combatentes da fúria das seguradoras em caso de acidente grave. Tudo isto era dito no contexto de um concurso de ideias que o Projecto Sérgio Rocha quer lançar, em mais uma parceria com o Portal Bombeiros.pt, para conseguirmos ter todos os homens indiscutivelmente uniformizados no terreno. Sabem, é que no furor de desresponsabilização por parte das entidades superiores foram enviados, parecendo época natalina, muitas prendas para os quartéis, mas nós não as usamos porque nada daquilo é ergonómico. Problema da falta de ergonomia: caso não tragam algum dos elementos do EPI e sofram um acidente estão automaticamente em falta, não sendo protegidos como deveriam ser. Logo, não será do interesse da Liga defender os seus representados?              

    
Famalicão da Serra,11 de Junho de 2013
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt no dia 12 de Junho de 2013)

Pensalamentos #89

É a melhor parte de um ditador:
ele não faz, manda fazer!

quarta-feira, junho 12, 2013

Atitude Crónica


Bons exemplos de luta ambiental #1

(Foto: jornal A Bola)
Gostei imenso de ter lido a notícia sobre esta actividade. Ao que parece, lá pelos States, houve uma acção de sensibilização, da Fundação Surfrider, contra a poluição dos oceanos. O resultado foi este: produtos fresquinhos do mar postos perante os olhos dos cidadãos. A realidade é esta: só vemos o mal quando ele está feito. Neste caso, quando o mal foi "pescado"!

terça-feira, junho 11, 2013

Pensalamentos #88

Transformar a existência humana num espectáculo grotesco e degradante é belo, não é?

domingo, junho 09, 2013

Acordos na Guarda? #4 - ponto de situação

E a grande questão do momento é quem é que falta controlar? 
Dadas as evoluções recentes, a minha leitura é esta: 

-os Independentes estão controlados, de uma forma ou de outra um não é tido em conta (decerto nem chegará a eleições) e o outro está completamente manietado e preso ao compromisso inicial (o reino vai ficar ainda mais poderoso e a regressão - para a Guarda cinzenta e salazarenta dos anos 60? - é quase certa); 

- as Esquerdas têm uma leitura muito similar, uma não é tida em conta dadas a história e a estatística (apesar do valor das ideias do cabeça de lista) e na outra começa a parecer-me, pelas últimas informações que vou lendo por aqui e por ali, que as sementes estão a ser bem distribuídas, parecendo uma história muito parecida com a dos independentes; 

- nas Direitas, dada a união, de que falarei na próxima semana, pode haver alguma tentativa de semear algo, mas pelas últimas alusões parece existir um entrave à semente: o cabeça de lista (que pode cair em breve pela mão do tribunal, acalmando as dificuldades que porventura alguém sente). 


P.S. - Está bonita a dança!

Famalicão: Homenagem ao Padre Alberto

Padre Alberto (Foto: retirada do sítio Diocese da Guarda)


Está a decorrer hoje em Famalicão uma homenagem ao Padre Alberto por ocasião das suas Bodas de Ouro Sacerdotais, que é o mesmo que dizer: 50 anos de sacerdócio.

O Padre Alberto é o único Padre que eu alguma vez conheci que nasceu em Famalicão e, como hoje dizia uma minha tia, é uma ocasião (estas Bodas de Ouro) que é única para a vida da maior parte de nós que trazemos Famalicão no corpo e na alma.

Ao Padre Alberto, que me aturou tantas vezes, aqui fica o meu abraço, público, de amizade e de respeito. Fica também o meu obrigado pelo exemplo moral e espiritual que nos incutiu e que nos ofereceu de forma desprendida.

Pensalamentos #87 - o amargo de ser português

Desculpem! 
Sim, é a vós que peço desculpa. Talvez não seja por nada de especial, mas sou português e só isso basta para ter de pedir desculpa ao mundo pelos nossos maus resultados económicos e sociais. A culpa é minha, que não soube traçar objectivos aos meus governantes, deixando-os dependentes da sua pequena criatividade (eles não têm culpa, Senhor!). 
Desculpem!
Na construção do país não participei de forma concreta e mais firme, não coloquei bombas que ameaçassem a segurança e as fragilidades mentais destes pequenos burgueses que organizaram o país, não obriguei os meus governantes a prestar provas diárias da sua competência e não exigi que daí fossem retiradas responsabilidades por cada um dos actos que lesassem o futuro.
Desculpem!
Deixei que os meus filhos e os meus netos e as suas descendências sejam escravos modernos de uma grande organização de novas monarquias que se banqueteiam com a desgraça dos povos e que construíram o seu próprio futuro nos braços do medo que nos transporta veloz e descompassadamente pelos terrenos da fome, da vergonha e da humilhação.
Desculpem!
Enfim, desculpem por tudo aquilo que hoje sofremos e por tudo aquilo que representamos para o mundo. 
Desculpem! 
Por sermos um país de preguiçosos que atravessam os anos sem folgas e sem descanso. 
Desculpem! 
Por sermos aquilo que somos e por não sermos aquilo que todos esperam de nós: máquinas de resposta imediata ao lucro! 
Desculpem! 
Por termos vontade de sermos gente e de sermos pais e mães para os nossos filhos. 
Desculpem!
Por termos ambição e olhos na cara para vermos o que se passa à nossa volta.
Desculpem!
Por tudo isto e por ainda termos voz.
Desculpem!
Por sermos utópicos e acreditarmos no futuro construído pelas nossas mãos.
Desculpem!
Por aquilo que vamos continuar a fazer até ao fim do mundo.

Desculpem, mas nós não nos rendemos!   

sábado, junho 08, 2013

Pensalamentos #86

Senta-te

observa. 
Ouve
bem

sente-te.

Respira
fundo
mas
não 
te 
inspires
a
não
ser
que 

no fundo

luz
seja
brilhante

finita.

quarta-feira, junho 05, 2013

Acordos na Guarda? #3 - com passagem por Gouveia

Há numa fala da personagem Maria, de Frei Luís de Sousa, uma referência muito interessante: "Postos estão, frente a frente, / Os dois valerosos campos". Esta pequena referência diz respeito a uma suposta cantiga ou romance de índole bélica, em que se abordava uma batalha medieval que, como todos sabemos, se faziam apenas por contacto directo. Logo, de forma honesta e clara, sem "ratos" de esgoto. Pois bem, estes dois pequenos versos surgem na minha memória quando me é dado a conhecer uma análise, segundo dizem (os acólitos?), muito bem elaborada sobre a gestão da Câmara Municipal de Gouveia dos últimos 12 (doze) anos como factor de possível desvalorização de uma dada candidatura. "Aliena vitia in oculis habemus, a tergo nostra sunt" é o que me apraz dizer desde logo! Bem sei que é uma das gentes mais beneficiadas cá pela Guarda, mas um bocadinho de "travão" não lhe ficaria nada mal e permitir-lhe-ia um pouco de identificação moral e de distanciação pessoal. Não vá ter de desenrolar um destes dias o imenso rolo de "jeitos" e de "cedências" que tantos sorrisos originam dentro de casa, mas que às outras gentes servem de zero ou abaixo disso. Caso não saibam o que aquela frase significa, procurem o significado no Google. É muito conhecida entre os que apreciam o que Séneca escreveu, mas penso que os senadores da Guarda preferem mesmo é a forma como ele viveu. Enfim, é muito curioso tentar perceber como é que essa análise é efectuada por alguém que conhece Gouveia, como se diz na minha terra, por obra e graça do "emprenhamento de ouvido". Logo, será assim tão bem efectuada? E, sendo, quem a terá na verdade efectuado? Parece-me a mim que terá por essa terras um qualquer prospector de matérias preciosas (com vontade de tramar  que o tramou!) que é tido como um santinho de ocasião. Estranhas alianças se criam, mas nada que não se espere da gente que de tão "mesquinha" parece querer continuar a ser "rainha". Outro aspecto muito curioso é o olhar para os ódios de estimação, com algumas décadas de existência, e verificar como estão em ebulição, parecendo agora que alguns quadrantes da cidade se dispõem, finalmente, a mostrar o que realmente têm feito ao longo dos tempos na sombra dos dias. É que dá um certo gozo ver estas figuras à beira de uma valente "apoplexia" e a estrebucharem feitas galinhas tontas em todas as direcções.

Nota: Estou a gostar muito desta campanha escondida! Continuem!

terça-feira, junho 04, 2013

Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013 (parte dois): as esquerdas(*) - 16. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)



1. Esta minha incursão de hoje vai visitar as esquerdas que se passeiam pela Guarda e que, com toda a margem de subjectividade que me é permitida, era suposto que trouxessem algum tipo de partilha do bem comum a todos os cidadãos. Haverá necessidade de voltar atrás no tempo para se verificar o potencial dos que agora se perfilam para a guerra, mas tentarei olhar com atenção para o que estes cabeças de lista podem trazer para a batalha autárquica futura. Como o Bloco de Esquerda ainda não tem um candidato assumido, o que podemos esperar da sua candidatura é uma posição de ataque constante a políticas velhas e caducas, e a actuantes políticos da Guarda que nada, ou quase nada, fizeram para colocar um caminho sustentado debaixo dos pés das gentes do concelho. Para além disto, nada mais poderei referir sobre esta alternativa bloquista até à sua apresentação. 



2. Ao nível dos candidatos, a grande surpresa é Mário Martins. Não conheço a sua intervenção política, visto que o conheço de outros quadrantes, por exemplo o cultural e o ambiental. Daí a minha imensa surpresa quando o vi como candidato pela CDU. Pesquisei e reparei que no sítio do partido é referido como um independente. E é apenas este ponto que me deixa completamente espantado, pois não conhecia este tipo de abertura à sociedade por parte do Partido Comunista Português. Avancemos! Mário Martins sabe que as suas hipóteses são reduzidas, até pela história, mas não se resigna a figura de cartaz. Disponibilizou no seu blogue o discurso de apresentação onde surge já todo o programa de acção, mostrando estar consciente daquilo que, segundo a sua visão, será o melhor caminho para o concelho. De forma corajosa e muito interessante, assume que tudo deve partir do campo e do ambiente até chegar à cultura. Bem sei que não é neste tabuleiro que se decide algo, mas penso que Mário Martins terá um papel muito importante na definição do debate que se seguirá.   



3. O Partido Socialista é o grande enigma do momento! Não se sabia que era um partido fracturado, visto que sempre houve um grande respeito pelo líder, por um lado, e uma grande sede de beber na fonte, pelo outro lado. Apostar no PS da Guarda era como apostar no cavalo que já se sabia ser o vencedor, uma vez que o jogo assim estava construído. Traído ou enovelado pelo partido durante anos, finalmente e numa disputa interna do partido José Igreja consegue uma vitória e, puff!!, a cisão acontece. A pergunta do milhão de euros é: O que representa Igreja para os militantes socialistas e para os fazedores da ordem política na Guarda? Todos sabemos que Igreja é um dos bons advogados da cidade e que a sua carreira pode ficar prejudicada com este assumir da pasta política. Da parte dele parece existir o querer servir a res publica e o querer responder ao apelo da população cansada de assistir a benefícios de uns e outros. A sua vitória interna foi lida como um corte com o passado e o que se seguiu pode indiciar uma questão importante: podemos estar, efectivamente, perante uma candidatura de renovação da política socialista concelhia. É que os consensos sempre foram conseguidos e aqui parecem não interessar. Logo, ou o mal está na política nova que alguém quer implantar ou o mal está na política velha que alguém poderá ter interesse em preservar. Em breve saber-se-á, mas cheira-me a alguma prepotência! Avancemos! Qual é a novidade positiva que o candidato José Igreja traz para esta campanha? Parece-me que é a visão de um político não de carreira mas de missão, alguém que sente que é chegada a hora de dar a sua parte de saber à sociedade. Lembremo-nos que a política citadina é uma espécie de ramo de socialismo enxertado no tronco de um capitalismo mais selvagem, existindo sempre o benefício de diversos elementos da cidade que se alojaram no PS e assim engordaram a bom engordar. Com Igreja não se sabe bem o que lá virá e esse é efectivamente o ponto negativo da sua candidatura. A deserção de alguns “notáveis” concelhios do partido, alguns dos quais parecem querer continuar disseminados no meio de duas candidaturas, pode ser, sem ironias, um bom prenúncio para o futuro de Igreja, caso este saiba daí tirar dividendos, mas o facto de não haver uma apresentação rápida e clara das suas ideias e da sua equipa de trabalho poderá ser interpretada como uma tentativa de esconder o jogo e as suas reais pretensões. Posto isto, como advogado que é, defina-se José Igreja e apresente as provas de forma clara e honesta para que o júri não faça más interpretações.

Moimenta da Serra, 3 de Junho de 2013

Daniel António Neto Rocha



(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 4 de Junho de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)

(*) Disponível por tempo limitado

domingo, junho 02, 2013

Crónicas na Guarda

A crónica desta Terça-feira (dia 4 de Junho) na Rádio Altitude fará uma visita às esquerdas concorrentes à Câmara Municipal da Guarda. Pelo que sei, há neste momento duas candidaturas de partidos de esquerda que já foram formalmente apresentadas. Logo, é nessas duas que incidirá a minha singela e despreocupada análise. Sabendo eu que ninguém a ouvirá ou lerá, até posso dizer duas ou três coisas mais conflituosas. Para daqui a cerca de duas semanas (dia 18), ficarão as candidaturas da direita e uma pequena súmula do "tudo" ou do "nada" que estas eleições trarão ao concelho. 

sábado, junho 01, 2013

Acordos na Guarda? #2

Li, no blogue Trepadeira , aquele que terá sido o discurso de apresentação do candidato da CDU, o senhor Mário Martins, à Câmara Municipal da Guarda e, finalmente, parece que alguém trouxe ideias concretas para o início da campanha. 
Bem-haja, caro Mário!

Famalicão: Que reacção?

A poucos minutos de ver uma peça escrita por mim a ser representada na terra (Famalicão) que me viu crescer. Não por um grupo desta minha terra, mas por um grupo teatral de outra aldeia que me encantou. Estou nervoso, sabiam?