É nos sorrisos
tenros e frágeis
que vejo ruir o mundo
e cair a civilidade dos homens.
quinta-feira, abril 25, 2013
Repentes #22 - Cavacadas!
Depois de ouvir o discurso do nosso "mais que tudo" Cavaco Silva, fiquei sem a mínima dúvida de que ele é o homem certo para o momento! Sim, para este momento em que vendem o país, roubam os contribuintes e exigem que cada um dos portugueses ceda a qualquer preço a sua dignidade. Cavaco Silva conseguirá sempre encontrar uma forma de evitar que esta desgraça acabe, pois a sua missão é essa mesma: colocar o país nas mãos dos amigos especuladores!
P.S. - Enquanto escrevo isto estou a ver uma série sobre um quase fim do mundo e a destruição do mesmo mundo. O meu comentário? Se vivessem em Portugal, os americanos não brincavam tanto com a desgraça!
Repentes #21 - Abril morreu! Ficou só o mês!
Ainda alguém se atreve a gritar "Vivas!" ao 25 de Abril? Aos socialistas de algibeira abastada, só pergunto se estão satisfeitos com o lindo serviço que fizeram com o país? Às demais tendências politiqueiras, só pergunto se ainda têm um bocadinho de consideração pela condição humana? A todos nós só pergunto: é neste "país" que queremos que os nossos filhos cresçam?
O tempo passa e deste "Abril" imaginário só me apercebo dos abutres e dos saqueadores que um dia apareceram para tirar uma fotografia, ou duas, com ar de quem queria criar uma verdadeira democracia e aproveitaram para matar um povo!
terça-feira, abril 23, 2013
Economia de cabeceira #2
Hoje, sentei-me em frente das duas últimas moedas, pretas ou escuras ou castanhas ou sujas ou o raio que as parta, e perguntei muito serenamente: posso gastar alguma?
Este é um drama que me tem atingido nos últimos tempos, visto que nunca sei se uns míseros 5 (cinco) cêntimos podem vir a fazer-me falta na hora de ir entregar a divisa aos vários balcões do Estado. O que eu me rio desta estúpida conversa com as moedas, especialmente quando elas me dizem, muito ironicamente: se ficares a dever o meu valor, vais de cana!
Crónica ao Miguel “Faísca” ou do problema da diarreia mental - 13. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)
1. E sempre que se fala em abuso de poder e se exige uma maior responsabilização dos “pagadores” face aos seus empregados lá vêm os belos e perfeitos exemplares da ilustre massa palradora de Portugal a defender que o que está mal, ouçam bem, é “que os desempregados portugueses ou, simplesmente, os portugueses não gostam de trabalhar e não querem trabalho“. É óbvio que eu não sei onde estas mentes escancaradas se baseiam para dizer isto, mas não acredito que tenham a mais pequena noção dos esforços que pais e mães deste país fazem para conseguirem trabalhar e, assim, conseguirem matar a fome dos seus filhos. Sim, a única parte em que concordo com aquelas palavras abusadoras e claramente de gente que vive dos subsídios ou da carteira da mamã (que até chora por causa das pessoas dizerem que o seu filho, além de oportunista, é um jovem dado para dizer coisas estúpidas) é a parte em que ele quer dizer que os portugueses não gostam de trabalhar para pagar ordenados às sanguessugas que vivem à mama do estado! Sim, eu também não gosto de trabalhar doze meses por ano, para o estado me fazer descontos sobre catorze meses, pois imagina que recebo subsídios de férias e de natal, e para o mesmo estado me recusar qualquer tipo de protecção social caso, e olhem a minha sorte, eu fique sem emprego! Mas o menino Miguel deve gostar! Numa entrevista que hoje tive o azar de ler, o homem diz que não teme ser polémico. O que não diz, mas devia dizer, é que também não teme parecer estúpido e oportunista, pois a vida dele e o seu sucesso assentam claramente nisso mesmo, numa oportuníssima convocação do exemplar Relvas através do Youtube. Novas tecnologias, velhas potencialidades de carreirismo.
(...)
Moimenta da Serra, 22 de Abril de 2013
Daniel António Neto Rocha
(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 23 de Abril de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)
segunda-feira, abril 22, 2013
Li: ”Um Homem de Partes”, de David Lodge
Não me decidi a avançar para a leitura deste livro por saber que ele tratava de Wells, pois não fazia a mínima ideia de que era um romance biográfico, mas surpreendeu-me muito pela positiva. Foi com um incentivo muito ocasional que comecei a ler romances de David Lodge, penso que em 2005 ou 2006. Daí para aqui, lá tenho vindo a descobrir a sua obra, mas de forma muito desligada, ou seja, lendo à medida que posso comprar um ou outro livro. Desta feita, aproveitando uma boa promoção e uma altura em que havia uns trocos disponíveis (situações cada vez mais improváveis), lá me aventurei nesta aventura bastante interessante.
Abri o livro e fiquei admirado, visto que não esperava uma tão directa alusão a um qualquer personagem “real”. De H. G. Wells conheço os grandes sucessos: “A Guerra dos Mundos” e “A Ilha do Doutor Moreau”, e, depois desta leitura, compreendo o porquê do seu relativo apagamento: uma vida dificilmente tida como moralmente apresentável.
Abrindo no período final da vida de Wells, o romance de David Lodge é construído de forma analéptica e, nesta estratégia narrativa, evolui até voltar ao ponto de partida que representa o final do romance. A construção do romance é diversa e condensa em si diferentes vozes narrativas, optando o autor por uma curiosa e bem urdida estratégia de misturar a voz de um narrador heterodiegético (presente em todo o romance) com a própria voz do narrador nas várias entrevistas imaginárias (esquizofrenia?) que servem de escape momentâneo à grande analepse, servindo como escapes explicativos de comportamentos ou de decisões. Outra das vozes (múltiplas vozes) é a que sobressai dos registos epistolares que servem de argumento para a estratégia de fuga à ficcionalidade por parte do romancista, que oferece aos seus leitores uma espécie de pista que os leve a olhar para este romance como se se tratasse de uma biografia.
Os temas são vários e inserem-se na leitura e análise das várias obras da personagem principal. Há, no entanto, uma especial atenção aos relacionamentos sexuais e amorosos que chocaram o Reino Unido e a puritana sociedade do início do séc. XX. Este facto é largamente associado ao tema da batalha que se gerava naqueles anos em relação à ascensão social da mulher e à visão que Wells tinha da sociedade ideal, onde a mulher tinha as rédeas da sua própria vida. Socialista utópico, a visão que tinha do mundo é um dos grandes valores que este romance nos traz e que, no meu caso, me obrigará a uma leitura das suas obras mais interventivas.
David Lodge consegue construir um romance atractivo e extremamente informativo que terá o condão de chamar o leitor para a redescoberta de H. G Wells. Mas, como é óbvio, esta é só a minha modesta opinião.
terça-feira, abril 16, 2013
Crónica Bombeiros.pt: Acerca dos livros e dos bombeiros
(Fotos: Sara Esteves - em reportagem para o Portal Bombeiros.pt) |
1. Tenho muitas vezes a
ousadia de querer encontrar nexos de entendimento entre este mundo dos
bombeiros e o universo da literatura. Não pensem que é por uma questão de
fechar a compreensão das crónicas, mas, sim, por uma questão de construção de
horizontes de significação mais alargados. O que significa isto? Simplesmente
que o mundo está todo inventado nos grandes livros e quem o quiser conhecer e
analisar mais de perto só tem de ler e interpretar os vários autores.
2. Porque me lembrei disto? Porque
neste fim-de-semana (14 de Abril) foi completado o primeiro Quadro de Comando
da história dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra. Dito só assim
também não serve de explicação, mas tem tudo a ver com aquilo que nestas datas
se deseja aos recém-empossados. Não é um hábito dar-lhes os “Parabéns”? Claro
que sim, mas, na minha modesta opinião, não é esta palavra que devemos utilizar
nestas alturas. O melhor que podemos desejar a quem assume estas funções são
votos de bom trabalho e de boa sorte. E é isto que todos nós esperamos que
tenham todos aqueles que assumem as funções de comando nos Corpos de Bombeiros,
para que no futuro, quando deixarem de desempenhar estas mesmas funções,
podermos, aí sim, dar-lhes os parabéns!
3. No livro O Nome da
Rosa, de Umberto Eco, encontramos uma história que é, por si, um imenso
mundo de significados e de possibilidades de análise. Não me interessa aqui
desfolhar este livro, mesmo que pudesse aqui tentar lançar as bases de uma
análise quase irreal sobre os métodos mais eficazes de ataque a um incêndio que
ocorre numa grande biblioteca. Mas não é isso que me interessa. Interessa-me
sim o potencial de análise da sua personagem principal: Guilherme de
Baskerville. Construído debaixo do enigmático véu da Idade Média, este frade
franciscano é um observador atento do mundo que o rodeia e um ágil decifrador
de mistérios que se adensam à sua volta. Claro está que isso lhe causa alguns
dissabores, mas nada que o destino não se encarregue de corrigir. Pois bem,
este frade franciscano tem um aprendiz, que o segue pelo mundo e que com ele
apreende aos grandes ensinamentos da vida, até que é hora de se separarem. Mas
é a este aprendiz que ensina a melhor forma de pensar e compreender o mundo.
Diz Guilherme, logo depois de o seu aprendiz ter ficado admirado com a forma
como o Mestre descobre o que parecia impossível de descobrir: “Em toda a viagem te tenho ensinado a
reconhecer os traços com que o mundo nos fala como um grande livro.” E é
este reconhecimento dos traços negativos que existem no mundo dos bombeiros que
eu gostava que acontecesse, visto que permitiria a todos aqueles que “comandam”
melhorar, na realidade, as nossas corporações de bombeiros.
Famalicão
da Serra, 14 de Fevereiro de 2013
Daniel
António Neto Rocha
Importante: ver aqui a foto-reportagem da tomada de posse do 2.º Comandante e do Adjunto de Comando, e da bênção das viaturas adquiridas recentemente!
segunda-feira, abril 15, 2013
Economia de cabeceira #1
Depois de ler alguns artigos de opinião de Paul Krugman, dei comigo a pensar no seguinte: quantas pessoas em Portugal conseguem, de uma forma limpa e não evasiva, pagar contas, pagar impostos e sobreviver? É que todas as medidas que todos os dias são tomadas parecem dizer ao comum dos mortais que vive em Portugal para se desenrascar!
Será que o nosso papel enquanto cidadãos passou de cooperadores do Estado de Direito Social para pagadores ao Estado com dinheiros que podem ter as mais variadas origens e nem todas muito claras?
Apetece-me perguntar: o Estado de hoje não é uma grande máquina fiscal de processamento e de branqueamento consciente de capitais?
sábado, abril 13, 2013
Pensalamentos #79
Conspiração?
Talvez seja demasiada elaboração junta!
Conluio?
Sim, de certeza que as sanguessugas se unem para se alimentar!
E?
Nada, até que o primeiro atire uma pecadora pedra!
Talvez seja demasiada elaboração junta!
Conluio?
Sim, de certeza que as sanguessugas se unem para se alimentar!
E?
Nada, até que o primeiro atire uma pecadora pedra!
quarta-feira, abril 10, 2013
Crónica sobre o “cóninhas” do Coelho da Páscoa vingativo - 12. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada)
1. A
parte mais interessante de viver em Portugal é, como todos sabem, poder de
quando em vez e de vez em quando chegar à conclusão de que não há o raio de um
político que acerte uma única vez. Não estou (claro que estou, mas não o posso
dizer de uma forma muito espampanante!) a dizer que não haja por aí por esse infinito
mar de jovens jotas e de seniores tachistas um outro que, pelo menos, sirva
para melhorar um ou outro canto do país. Mas, na generalidade, talvez só sirvam
mesmo para estrume e mesmo para isso, não sei não. Estão já dois elementos do
auditório com o cabelo em pé? Pois bem, caros ouvintes, em Abril não são só as
águas mil que o ditado popular diz que aparecem mas também as mil e uma
queixinhas que um Primeiro-Ministro “cóninhas” e pieguinhas vem fazer depois de
lhe terem tirado o fato de Action-Man
que tudo pode fazer em nome da sua consciência intimamente capitalista e
bancária. Não pensem que estou a defender a oposição ao Governo, pois também
esses parecem uns desmiolados que querem deitar areia na engrenagem e não
apresentam qualquer solução para este triste país que não seja a das eleições
antecipadas. Irra, é caso para constatar que são tantos os lobbys que criam para favorecer não sei quantos mil dos vossos
partidários nas empresas ou em fundações que vivem à mama do estado e não
conseguem, durante dois ou três mesitos, criar um plano de acção conjunta? E aquele
exemplo mal-amanhado de homo erectus
com orelhas de herbívoro saltitão ainda não aprendeu que ao ameaçar o seu
próprio país e depois defender a diabólica trindade só está a cavar mais fundo
o buraco, mostrando que mesmo que a fome nos mate os esclavagistas continuarão
a ter a anuência do poder político para sugarem o país? (...)
Moimenta da Serra, 8 de Abril de 2013
Daniel António Neto Rocha
(Excerto da Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 9 de Abril de 2013 -
disponível em podcast em Altitude.fm)
segunda-feira, abril 08, 2013
Momentos em imagem #13 - Sessão de apresentação no Manigoto
Estes momentos são sempre de algum nervosismo. Mas nem por isso deixam de ser bons para se criar o futuro de hoje de forma bem mais substancial. Com um abraço especial às gentes do Manigoto e aos meus amigos que quiseram apoiar-me num dia que é sempre muito especial - o lançamento de um livro. Eles são pedras fortes onde nos podemos sempre apoiar e cada vez me convencem mais de que a sua amizade não tem fronteiras! Claro que um beijo especial é para a minha esposa, a Eunice, que tirou estas fotos e tem andado comigo nesta roda viva, cansativa, mas muito enriquecedora. E para que fique escrito: a partir de agora sou um Manigotense de alma. Não te esqueças disto, José Martins Ferreira!
Daqui a uns dias escreverei o diário do dia de ontem.
sexta-feira, abril 05, 2013
Manigoto (Pinhel): Lançamento e apresentação de "A Casa da Memória" (actualizado)
É já no Domingo (dia 7 de Abril) que acontece o lançamento e apresentação do livro A Casa da Memória. A sessão decorrerá no edifício da antiga Escola Primária do Manigoto (Pinhel). Começará às 15 horas e promete algumas surpresas. Não me perguntem quais, pois eu vou ser um dos que ficarão por certo surpreendidos com a capacidade de reinvenção e com o altruísmo desta gente do Manigoto. O livro poderá ser comprado neste dia por 5 (cinco) euros, um preço especial para o lançamento.
Até Domingo e espero-vos lá no Manigoto!
quinta-feira, abril 04, 2013
Repentes #20 - Oh Relvas, oh Relvas, bye, bye à vista?
(Fonte da foto: Jornal de Notícias) |
Ao que parece, parece que a vergonha finalmente aparece e aquilo que parece afinal pareceu mesmo. Parecia mal, mas só a quem tudo parece bem é que não aparecia o mal que o mal que parece aqui aparecer afinal apareceu. Em suma, o que parecia afinal acabou por aparecer e quem não queria que parecesse afinal desaparece!
(Ver mais aqui)
segunda-feira, abril 01, 2013
Pensalamentos #78
Risco de pobreza infantil... Há quem diga que o país é "civilizado" quando os números rondam os 30%?
Realmente as prioridades governativas mantêm-se tal como eram no tempo do Estado Novo: as elites encarreiradas têm sempre a primazia!
sábado, março 30, 2013
Pensalamentos #77
E dias há
em que a aurora
reluzente e nova
traz consigo a treva
e o tormento de quem
acorda para a dor.
em que a aurora
reluzente e nova
traz consigo a treva
e o tormento de quem
acorda para a dor.
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