sábado, janeiro 12, 2013

Repentes #16 - Luxos de uma vida baseada na política: o caso do Mário!

Fonte: Jornal i
É, talvez, o primeiro texto do ano que vai trazer, com toda a certeza, alguma polémica a este blogue ao nível das várias opiniões que existem sobre a figura de Mário Soares e sobre as várias visões que cada qual terá sobre a sua importância para a vida do país. Estando eu numa fase em que vou pressentindo e absorvendo tudo o que disse e diz respeito a estas figuras, tenho também a minha opinião sobre este homem destacado na vida política portuguesa. Não quero, no entanto, falar hoje daquilo que penso politicamente sobre ele.
Este texto é sobre o internamento "por mera precaução", acrescenta o Jornal i, de Mário Soares no Hospital da Luz, que, dizem alguns, é o "Ferrari" dos hospitais em Portugal. Claro está que quero que o homem fique bem e que recupere, pois não sou daqueles que deseja qualquer mal aos outros, mas... podem dizer-me quantos portugueses têm a "sorte" de, indo a uma urgência, ficarem internados "por mera precaução"? Dir-me-ão alguns que ele tem dinheiro para pagar as particularidades que o tal hospital encerra. Então porque continua a ser suportado por dinheiro dos contribuintes? Não, não estou a dizer que, como me dizia em tempos um destacado guardense, o homem não tenha de viver com dignidade, dado ser um nome da história de Portugal. Mas, como eu dizia na altura, porque é que os outros portugueses não têm também direito a uma morte com alguma dignidade?
A lógica é muito simples. Mário Soares tem um tratamento de luxo e privado pago por dinheiros públicos ou dos contribuintes. O resto do povo, que nunca esteve em destacados lugares da política nacional, paga com dinheiro do seu trabalho o acesso a um tratamento simples em locais públicos e paga também o tratamento em hospitais privados ao ilustres (e suas rémoras) da política nacional. Isto é, se a opção não passar por não ir sequer ao hospital quando a sua doença efectivamente o recomenda para, "por mera precaução" pessoal, não chegar ao fim do mês com a família a passar fome.
Claro que estou para aqui a puxar uma conversa que, dirão alguns de vós, não passa de uma questiúncula, mas não é de pessoas que se trata? Não é Mário Soares um homem como o anónimo desgraçado que morreu num qualquer corredor de hospital deste país por não haver ordem para comprar uns medicamentos? "Por mera precaução" não se deveriam tratar todos os doentes da mesma forma? Ou, como Abril parece ter indicado e feito lei, a democracia e os seus direitos são só para quem foi a tempo de os tomar de assalto?

3 comentários:

Clube de Leitura ESAAG disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Kastro disse...

Só não percebo de onde lhe vem a ideia que o facto de MS ir para um hospital privado implica mais custos para os cidadãos. MS tem uma subvenção vitalícia por ter sido PR; não pode escolher onde quer gastar o dinheiro que (bem ou mal) recebe?

Daniel Rocha disse...

Obrigado pela vossa participação. A primeira tentativa de resposta é que, ao que parece, hospitais públicos e outras coisas públicas, São para o reles cidadão. A segunda é que eu não digo que aumenta os custos para os cidadãos! Apesar de não saber se essa pensão vitalícia, que além de pensão tem uns bónus infindáveis, não terá uma qualquer cláusula de pagamento de tratamentos médicos. Apenas refiro que, enquanto o comum cidadão tem obrigatoriamente de pagar as mordomias do senhor (e veja lá quem decidiu quais as mordomias que ele teria agora), ele tem escolha. E porque é que os restantes portugueses, que não tem pensão vitalícia e nunca estiveram alapados à política, não podem ter escolha? A questão aqui é simples: para sustentar essas pensões vitalícias e demais anexos, estamos a fazer com que portugueses passem fome ou, em nome da família, descurem a sua própria saúde! No final de contas a questão é esta: para o ex PR poder escolher livremente o sítio onde há-de gastar o seu dinheiro, há outras pessoas que optam por não se tratar porque 20 euros lhes farão falta para pôr comida em cima da mesa. Mas admito que isto possa ser difícil de perceber para quem não sabe o que é viver com os tostões contados!