sábado, agosto 27, 2011

Li: "Arte de ser português", de Teixeira de Pascoaes


A "Arte de ser Português", de Teixeira de Pascoaes, é uma análise filosófica e lírica do SER português. Em cerca de 100 páginas explora a alma pátria e revela que só na espiritualidade é que um povo consegue atingir toda a sua plenitude. Curiosa é a visão do político português, do pósrevoluções liberais, que se contrapõe aos antigos representantes do povo nas cortes régias. Este visto como um homem de bem que defendia claramente a sua população e aquele um oportunista sectorial que só se preocupa com o partidarismo e com os seus próprios interesses singulares.
Outro dos pontos interessantíssimos é a visão da heterogeneidade do povo português enquanto resultado das misturas que a própria história das invasões apresenta. Para Teixeira de Pascoaes, somos nós, povo português, uma agregação das raças ariana e semita (depreendo que Aristides de Sousa Mendes foi um leitor deste livro!). Como é óbvio, também neste livro se fala de religião, de arte e de carácter. Em relação a este último conceito pouco se pode comparar com os dias de hoje, pois todos sabemos que a maior parte dos portugueses, em especial os que possuem lugares de responsabilidade, são seres amorfos, balofos e completamente desprovidos de algo que se aproxime da palavra carácter.

Para uma obra que está quase a celebrar os seus cem anos de publicação, é um estudo extremamente actual e necessário. Como é óbvio, esta última afirmação subentende tudo aquilo que sempre se aconselha: ler com o devido distanciamento e não assumindo tudo como verdade absoluta!

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