quarta-feira, janeiro 14, 2015

"O Bem e o Mal": informações e contactos para apresentações

(Download da informação AQUI)



O Bem e o Mal

de Camilo Castelo Branco



Teatro do Imaginário



A nova peça do Teatro do Imaginário, a adaptação por Daniel António Neto Rocha do romance de Camilo Castelo Branco “O Bem e o Mal”, pretende celebrar em 2015 os 190 anos do nascimento deste grande nome das letras portuguesas.

A peça “O Bem e o Mal” surgiu do desafio que o Município de Pinhel fez a este grupo de teatro do seu concelho, após a inauguração do monumento que este município dedicou ao grande autor português por ocasião das celebrações dos 150 anos deste romance dedicado a Pinhel e às suas gentes. O Grupo de Amigos do Manigoto e o Município de Pinhel associaram-se então numa produção conjunta que irá agora percorrer o país.
A estreia aconteceu no dia 6 de Dezembro no Cine-Teatro São Luís, em Pinhel, tendo havido outra representação no dia 7 de Dezembro no mesmo local. Ambas com lotação esgotada.
Um reportagem televisiva da estreia pode ser vista na seguinte ligação: http://videos.sapo.pt/EcBIrolz6sKPKFF7vp1Z

 

Sinopse

“O Bem e o Mal” é uma história de encontros nas terras fidalgas de Pinhel no século XIX. Inicialmente, no centro da acção está Ladislau Tibério Militão, descendente directo de um ramo de santidade e de dedicação à Igreja, que encontrará a sua vocação nos olhos de Peregrina. Este encontro desenrolará, então, um conjunto de conflitos geracionais com um final inesperado. (duração aproximada - 1 hora)   



Ficha Técnica
Adaptação dramatúrgica e encenação: Daniel António Neto Rocha  /  Interpretação: Fernanda Fernandes, Daniel Ferreira, Raquel Castelo, José Ferreira, Ana Mesquita, Sofia Paulino, Diogo Paulino, Diogo Cerdeira, Bernardo Cerdeira, Maria Luísa Mesquita, Maria Gonçalves e Daniel Rocha  /  Desenho de luz e luminotecnia: António Freixo  /  Operação de som: Roberto Gama  /  Figurinos: Fátima Ferreira  /  Vídeo: Nuno Martins  /  Crianças no vídeo: Matilde Marques e Eduardo Silva  /  Fotografia: Arménio Bernardo  /  Co-produção: Município de Pinhel e Grupo de Amigos do Manigoto


 
Condições de Contratação e mais Informações

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José Martins Ferreira - teatrodoimaginario@gmail.com

terça-feira, janeiro 13, 2015

A liberdade de expressão é tudo! Mesmo na Guarda.



Nunca fui muito de travar impulsos. Sério! A minha mãe até me dizia muitas vezes: ganhava eu mais contigo, se o contador contasse, do que com o Ti António a ligar para a França! É óbvio, penso eu, que todos já perceberam que a minha mãe tinha no seu comércio um telefone público. Daí para cá, ainda pouco, lá me vou contendo de impulsionar uma resposta a quem, digo-o eu, não falou para mim, mas para que todos pudessem fazer uma silenciosa reflexão e, com um pouco de boa vontade, acolhessem cegamente o que tinham acabado de ouvir.
Pois bem, hoje, por incrível que pareça, fiz um recolhimento (uma espécie de confissão interior) e perguntei-me várias vezes: vale a pena? vale a pena? vale a pena? x (leia-se: vezes) o infinito! Este recolhimento tinha por base uma questão que roça as fímbrias da teologia, mas que fica muito longe por eu não ser um estudioso ou, sequer, especialista (rápido) do diálogo entre universos paralelos. Pois tudo me soou a isso. 

Quer dizer, um homem levanta-se (devagar, para não tropeçar em qualquer questão religiosa sensível, como a verdadeira cor de Cristo ou o grau de inclinação do bigode de Maomé, já para não referir os caracóis típicos de um respeitável judeu ou o raio perfeito da barriga de Buda) e apanha com o dom da audição directamente no centro das suas convicções? Raios partam o Ar da Guarda e as propriedades poluentes (ao nível das substâncias psicotrópicas partilhadas) que esse mesmo ar possui!

Hoje, ouvi alguém (que não vou identificar para que o senhor Bispo da minha diocese não me excomungue - coisa que a minha mãe e a minha esposa nunca me perdoariam) dizer umas coisas. Óbvio que não concordei com tudo e discordei com muito. Daí que tive de escrever!
Ora bem, uma agressão bárbara e criminosa e assassina e ... não tem qualquer tipo de justificação! Ponto! Ponto! Ponto! Ponto! Esse é o princípio básico da condição humana! Aliás, é-o desde que ganhámos consciência uns dos outros e uns dos direitos dos outros! Penso que não me estou a enganar (notem a ironia) quando digo que existe um mandamento nosso (pois sou cristão) que diz: Não matarás! Certo? Logo, quem mata precisa de um conjunto de juízes e advogados (à boa maneira portuguesa) que dão tantas voltas à questão que se vai descobrir que o culpado é o assassinado por estar na frente das balas (leia-se: qualquer tipo de arma) que o assassino (leia-se à maneira da justiça portuguesa: pobre coitado que teve motivações, porventura erradas, mas que respondem a provocações) por querer e conscientemente disparou? Precisa, pois tem direito a uma defesa. Concordemos ou não com essa defesa. Já viu como os corruptos se safam, não já?

Agora, a "sociedade tem de repensar a liberdade de expressão"? São isto laivos do Cardeal Cerejeira? Quererá, porventura (pois eu tendo a ser um abusado ao nível da interpretação que faço destas coisas), dizer que terá de deixar de existir "liberdade de expressão" pois algumas questões são tabu? Ou dogmas? Ou questões que implicam uma queda para a cova? Veja bem, eu, que até sou um crente (esquisito, mas crente!), tenho uma certa dificuldade em aceitar um regresso ao século XII, quando os Reis se sujeitavam aos ditames e regras da religião para poderem armar-se como Reis. Verá que eu nem falo dos desgraçados que se chamavam "povo", como ainda agora. Já em relação ao não discutir certos assuntos... Sim, bem sei, bem sei que existe uma ou outra coisas curiosas na nossa religião que não merecem discussão, mas o que me impede de a não discutir? Porventura, teremos algum braço armado fundamentalista que me corte a língua ou os dedos se eu o fizer? Penso que não, mas... Sim, também sei, também sei que os primeiros divórcios foram uma dor de cabeça para a Igreja, que preferia uma mulher com um braço partido e submissa à virilidade do pater familias e assim uma boa dona da casa e seguidora dos desígnios divinos. Mas hoje estamos errados, ou não? Não me vai dizer que se nega a comunhão a mulheres divorciadas, pois não?

Ora bem outra vez, outro dos aspectos interessantes é o diálogo transformado num monólogo. Melhor dizendo, o respeito pelas convicções dos outros não dá direito a que as pessoas que não concordem com essas convicções as exponham? Ou, como fica bem, umas pessoas podem ter as convicções que quiserem e outras não? Eu posso ter as minhas convicções religiosas e o Manel (refiro-me àquele do Jorge Jesus) ser completamente contrário a isso e desconfiar dessas mesmas convicções, certo? Podemos trocar argumentos a favor ou contra qualquer dos nossos campos defensivos, mas não deixamos ambos de ter razão. Nesta campo lembrou-me um senhor chamado António que tinha aprendido em Santa Comba Dão que Não se discute a pátria! Claro que, aqui pela Guarda, não é só o senhor que eu ouvi que soa a Santa Comba Dão.

E, para terminar, multiculturalidade não é a aceitação do que os outros nos impingem! Multiculturalidade é o respeito e a aceitação da diferença, não existindo a submissão de nenhuma das partes diferentes. Aliás, a multiculturalidade encoraja a diferença e a convivência entre as culturas. E nisso não vejo cinzentismo nenhum, vejo sim o direito de escolher a cor que preferem e a adopção daquela cor que lhes parece mais coerente. Mesmo que não seja a nossa, devemos respeitar a escolha dos outros. Parece-me que o diálogo inter-religioso é defensor disso mesmo.

Agora, parece-me que o caso final, o caso das escolas portuguesas, é o cúmulo de tudo. Então a laicização do ensino não deveria integrar religiões? Claro que ao lado de uma cruz podemos colocar mil símbolos religiosos e assim ter uma sala mais vestidinha e mais repleta de multiculturalidade. Ou, numa sociedade inclusiva, devemos nós icluir tudo e todos no nosso pensamento e credo? Mas isso é tolher as liberdades. Ou não?

Pois bem, leiam-me com ironia e com alguma dose de alucinação, mas penso que devem, principalmente, dar-me a liberdade de escrever o que bem e sobre o que bem me apetecer. Como eu vos estou a dar a liberdade para lerem ou para não lerem.

Em todo o caso, também podem responder. Não o façam é com balas, sou alérgico!

      

sexta-feira, janeiro 09, 2015

In taberna quando sumus




In taberna quando sumus
non curamus quid sit humus,
sed ad ludum properamus,
cui semper insudamus.
Quid agatur in taberna
ubi nummus est pincerna,
hoc est opus ut queratur,
si quid loquar, audiatur.

Quidam ludunt, quidam bibunt,
quidam indiscrete vivunt.
Sed in ludo qui morantur,
ex his quidam denudantur
quidam ibi vestiuntur,
quidam saccis induuntur.
Ibi nullus timet mortem,
sed pro Baccho mittunt sortem.

Primo pro nummata vini,
ex hac bibunt libertini;
semel bibunt pro captivis,
post hec bibunt ter pro vivis,
quater pro Christianis cunctis,
quinquies pro fidelibus defunctis,
sexies pro sororibus vanis,
septies pro militibus silvanis.

Octies pro fratribus perversis,
nonies pro monachis dispersis,
decies pro navigantibus
undecies pro discordaniibus,
duodecies pro penitentibus,
tredecies pro iter agentibus.
Tam pro papa quam pro rege
bibunt omnes sine lege.

Bibit hera, bibit herus,
bibit miles, bibit clerus,
bibit ille, bibit illa,
bibit servis cum ancilla,
bibit velox, bibit piger,
bibit albus, bibit niger,
bibit constans, bibit vagus,
bibit rudis, bibit magnus,

Bibit pauper et egrotus,
bibit exul et ignotus,
bibit puer, bibit canus,
bibit presul et decanus,
bibit soror, bibit frater,
bibit anus, bibit mater,
bibit ista, bibit ille,
bibunt centum, bibunt mille.

Parum sexcente nummate
durant, cum immoderate
bibunt omnes sine meta.
Quamvis bibant mente leta,
sic nos rodunt omnes gentes
et sic erimus egentes.
Qui nos rodunt confundantur
et cum iustis non scribantur.






 
Tradução


Quando estamos na taberna,
não pensamos na morte,
corremos a jogar,
o que nos faz sempre suar.
O que se passa na taberna,
onde o dinheiro é hospedeiro,
podeis querer saber,
escutais pois o que eu digo.

Uns jogam, uns bebem;
uns vivem licenciosamente.
mas dos que jogam,
uns ficam em pelo,
uns ganham aqui suas roupas,
uns se vestem com sacos.
Aqui ninguém teme a morte,
mas todos jogam por Baco.

Primeiro ao mercador de vinho,
é que bebem os libertinos;
uma vez aos prisioneiros,
depois bebem três vezes aos vivos,
quatro a todos os cristãos,
cinco aos fiéis defuntos,
seis às irmãs perdidas,
sete aos guardas  florestais.

Oito aos irmãos desgarrados,
nove aos monges errantes,
dez aos navegantes,
onze aos brigões,
doze aos penitentes,
treze aos viajantes.
Tanto ao Papa quanto ao Rei
bebem todos sem lei.

Bebe a amante, bebe o senhor,
bebe o soldado, bebe o clérigo.
Bebe ele, bebe ela,
bebe o servo com a serva,
bebe o esperto, bebe o preguiçoso,
bebe o branco, bebe o negro,
bebe o sedentário, bebe o nómada,
bebe o estúpido, bebe o douto,

Bebem o pobre e o doente,
bebem o estrangeiro e o desconhecido.
bebe a criança, bebe o velho,
bebem o prelado e o diácono,
bebe a irmã, bebe o irmão,
bebe a anciã, bebe a mãe,
bebe este, bebe aquele,
bebem cem, bebem mil.

Seiscentas moedas não são suficientes,
se todos bebem imoderadamente
sem freio.
bebam quanto for, o espírito alegre,
Todo mundo nos denigre,
e assim ficamos desprovidos.
Que sejam confundidos os que nos difamem
e sejam seus nomes riscados do livro dos justos


(Texto e tradução encontados AQUI)

Je Suis Charlie: Vingança?




Contra toda e qualquer forma de violência gratuita e ostracizadora! Deixo aqui um poema, que está no meu primeiro livro de poesia, revelador da forma como a melhor vingança se serve.


#2           Chile. 11 de Setembro.



Curioso!

Sentidos transportados

doridos.

Tal imensidão

de vozes

que da imensa turba

se reflecte

na pena.



Morte.

Escondida em tempos,

ergue-se de vital plenitude.

Denúncia!

A atroz e cruel

jornada de sangue

que asfixia

em lágrimas

um povo.   



Vingança!

Digo-o eu!

A pior vingança

é escrever

é mostrar

que a morte

deixou a vida de parte,

não a conseguindo

esconder.




(26/03/2004)



(in Refracções em três andamentos)