respirar
pelos olhos
ocultando a realidade
que se finge não ver
quinta-feira, junho 05, 2014
terça-feira, junho 03, 2014
Nota Guardense: Amaro é Scolari
É bonito quando a "energia positiva" é para ser partilhada!
Parece que o presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, terá citado Scolari e dito (neste caso) aos guardenses "para colocarem nas suas janelas, varandas e fachadas a bandeira
nacional, símbolo da Pátria, que representa a soberania da Nação e a
independência, a unidade e a integridade de Portugal" (segundo o jornal i). Até me chegaram as lágrimas aos olhos!
E chorei mesmo quando, segundo a mesma fonte, Amaro terá referido que gostaria "que essa energia positiva chegue também à
Seleção Nacional", que lá pelo Brasil estará em competição!
Para não dizerem que sou um desmancha-prazeres, aqui fica a minha bandeira, na minha janela para a Guarda e para o mundo!
domingo, junho 01, 2014
Li: "O Menino Rei", de Carlos Carvalheira
Os espaços vazios: O Menino Rei, de Carlos Carvalheira
Os
homens precisam de monstros para se tornarem humanos.
(José
Gil)
Há quem diga que o espaço do “já
contado” é território proibido e que qualquer acrescento ou substituição de
tópicos será crime de “lesa majestade”. A ser assim o entendimento do leitor do
processo criativo que está implícito na escrita, fica o conselho: não leiam
este livro, livrinho ou opúsculo!
Assente nos textos bíblicos de Mateus, o mais atento dos
autores do Novo Testamento à questão do nascimento, sobrevivência e crescimento
de Jesus da Galileia, o autor, Carlos Carvalheira, concebe um pequeno conto que
vai preencher muitos dos espaços vazios que se se reconhecem nos textos dos
Evangelhos. Carvalheira desconstrói a visão ocidentalizada da ira de Herodes
(como se sabe, o governador sanguinário) e constrói-a segundo uma “visão nova”
onde o perseguidor do Menino se torna num dos centros da acção. E aí está a
riqueza desta narrativa “em dois andamentos”. Por um lado, o nascimento e a
fuga para o Egipto com a finalidade de proteger o recém-nascido. Pelo outro, a
notícia do nascimento e a perseguição movida por Herodes. A novidade, que
também apelidaremos como “Toque de Midas criativo”, está no tratamento que o
autor dá aos espaços não preenchidos nos textos bíblicos e que consistem na
categorização do medo sentido pelos fugitivos e pelo perseguidor. Se os
fugitivos temem pela vida do “Menino de olhos grandes e com caracóis nos
cabelos” e pelas suas próprias, o perseguidor, com traços de monstro
insaciável, teme pelo fim do seu espaço (consubstanciado, ironicamente, em toda
a opulência da posse de bens materiais e do direito a mandar) enquanto “todo-poderoso”.
O autor, segundo nos parece, estabelece aqui um curioso e bem conseguido
paralelismo com os tempos actuais, onde a perseguição ao mais fraco com a
finalidade de se manterem os lugares de destaque permanece uma evidência social
impossível de se menosprezar ou esconder. Neste ponto, uma interrogação parece
ganhar destaque e hipóteses de ressoar para além da leitura: até que ponto estamos
dispostos a chegar para conseguirmos manter o estatuto social? Não existe uma
resposta, ou não se pretenderá dar resposta a esta pergunta, funcionando o
conto como catalisador da reflexão para além das barreiras da própria história.
Como refere José Gil (no texto “Metafenomenologia
da monstruosidade: o devir-monstro”), e como nos parece que Carlos Carvalheira pretende com o seu
conto, “nós exigimos
mais dos monstros, pedimos-lhes, justamente, que nos inquietem, que nos provoquem
vertigens, que abalem permanentemente as nossas mais sólidas certezas; porque
necessitamos de certezas sobre a nossa identidade humana ameaçada de
indefinição. Os monstros, felizmente, existem não para nos mostrar o que não
somos, mas o que poderíamos ser. Entre estes dois pólos, entre uma possibilidade
negativa e um acaso possível, tentamos situar a nossa humanidade de homens.” Ou seja, o conto vem revelar que a sociedade de hoje
precisa de “monstros” que permitam a nossa localização enquanto homens,
entendendo-se estes homens como elementos harmonizadores de uma existência
comum. Herodes ganha, portanto, o direito de ser o centro da acção desde a
primeira até à última página, só perdendo esta centralidade nas últimas linhas
do conto quando (levantem-se em defesa da pureza do “verbo inicial”) o Menino
Rei lhe dirige algumas palavras plenas de ocasião e de ingenuidade. Os dois
planos narrativos interagem por fim e a distância que os afasta transforma-se
no inusitado e no criativo do momento, rendendo-se o “monstro” perante a fragilidade do Menino.
Um conto em forma infantil (notem-se as repetições, as
aliterações e a recorrência, na sua maioria, a um vocabulário simples e
claramente perceptível), mas com um subtexto forte e socialmente capaz de
provocar no leitor atento uma visão diferente da forma como o mundo de hoje se
manifesta.
Guarda, Abril de 2014
Daniel António Neto Rocha
(recensão crítica publicada In: Revista Praça Velha n.º 34. – Guarda: NAC/ CMG, Maio de 2014. – p. 224 a 225.)
sábado, maio 31, 2014
Pensalamentos #239 - dúvida
criar feridas
como quem cria filhos
amá-las
acariciá-las
e, numa alucinação permanente,
duvidar
a alma cheia
de vazio
como quem cria filhos
amá-las
acariciá-las
e, numa alucinação permanente,
duvidar
a alma cheia
de vazio
quinta-feira, maio 29, 2014
terça-feira, maio 27, 2014
sexta-feira, maio 23, 2014
quarta-feira, maio 21, 2014
O Américo e o seu "Porta-voz" em Coimbra
É sempre um gosto ver a Universidade de Coimbra a actualizar a sua componente formativa e a procurar a qualidade nas áreas mais fascinantes. Então o facto de ver a "minha" Faculdade receber um amigo, que é só a grande referência portuguesa e um dos grandes nomes europeus da poesia sonora, enche-me de grande orgulho. O Américo Rodrigues vai a Coimbra mostrar e falar sobre o seu último trabalho poético: "Porta-Voz".
A quem andar e estiver em Coimbra, aconselho que não perca. Criatividade ligada a muita qualidade!
"Américo Rodrigues apresentará ao vivo a obra «Porta-Voz»
no próximo dia 23 de maio de 2014, pelas 21h30, na Casa das Caldeiras,
em Coimbra. Esta apresentação é uma organização do Programa de
Doutoramento em Materialidades da Literatura (Programa Doutoral FCT) e
integra igualmente a programação do ciclo «Paisagens Neurológicas» (TAGV, maio de 2014, org. de Isabel Maria Dos)."
Vídeo das apresentações Teatrais em Pinhel
E aí está o vídeo da presença do Teatro do Imaginário na Feira das Tradições em Pinhel!
terça-feira, maio 20, 2014
A "louca" da Andreia e Fernando Pessoa, em Barcelona
Itália, Grécia, Espanha e a sua terra natal. Eis aquele que é o percurso "profissional" da mais "louca" das minhas amizades.
E não se tem safado mal! Aliás, tem sido um prazer ver e saber dos feitos dela.
Agora está em Barcelona, onde tem um criativo TeaTuga (aulas de Língua Portuguesa com teatro pelo meio) e onde amanhã (dia 21) vai levar Fernando Pessoa aos ouvidos da cidade condal.
segunda-feira, maio 19, 2014
Pensalamentos #234 - frestas
o som da água
do esquecimento
que escorre das mãos
de alguém
ressuma colorido
entre as frestas
incolores
de um aroma
triste
do esquecimento
que escorre das mãos
de alguém
ressuma colorido
entre as frestas
incolores
de um aroma
triste
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