carregar no dorso
entre o sol ponte
a queda do império
domingo, janeiro 12, 2014
sábado, janeiro 11, 2014
Trabalhar no arame
É uma das poucas maneiras de hoje em dia se conseguir trabalhar em Portugal: trabalhar no arame! Quem não sabe o que isto é, por estar confortável num determinado lugar ou por não saber o que é ter mesmo de trabalhar, não percebe como é difícil continuar a acreditar num futuro para Portugal. Ter de criar o futuro, perpectivando, empurrando, acreditando e, tantas vezes, falhando sem ter qualquer tipo de proteção mas apenas a exigência da usura e da cobrança, sem rede e sem qualquer garantia de sobrevivência para a família... como se cria produtividade ou confiança num trabalhador ou cidadão quando o que se garante no futuro é que continuarão a pagar ao Estado?
E lá vem a máxima de Kennedy (o JFK) "Não pergunte o que seu país pode fazer por si, pergunte o que você pode fazer pelo seu país!". Tão habituados à sonoridade e ao protagonismo desta frase, que todos os políticos sabem trautear, os responsáveis por Portugal desenham orçamentos e emitem ordens a exigir que os cidadãos continuem a fazer pelo país aquilo que os "predestinados" ministros e deputados não sabem fazem: carregar o país às costas! E, sim, lá vêm os carregadores da pedra para a construção do convento de Mafra, que Saramago imortalizou no seu Memorial do Convento. É que a exigência ao povo é efectuada de forma desumana, obrigando tantas e tantas vezes à fome e a desesperança. E talvez fosse bom que alguns dos responsáveis políticos deste país, sempre apaparicados por amigalhaços muito bem situados, sentissem na pele algumas destas situações.
E tudo isto vem a propósito desta sensação terrível de projectos que estamos a desenvolver e onde gastamos energias e dinheiros, e a única sensação que temos do futuro é que, se falharem, estaremos perdidos!
sexta-feira, janeiro 10, 2014
quinta-feira, janeiro 09, 2014
Puro Design é puro deleite!
Em primeiro lugar, o Edgar Silva é um amigo, amigo mesmo, de longos anos. Em segundo e continuando, o Edgar Silva é a cara de um projecto de design extremamente competente e moderno, vanguardista até, que a Guarda tem o privilégio de ter como seu.
E a história do Edgar e da sua relação com o design (do trajecto que conheço bem dele) tem um dia que é um marco e com o qual fiquei, e continuo, completamente convencido das suas capacidades fora do normal: um pequeno concurso de design no Liceu da Guarda. Desde então, é com ele que tenho contado para os desafios de design que se me apresentam. Um dia espero poder dar-lhe um pouco daquilo que já me concedeu, mas isso são outras questões.
São dele a capa do meu primeiro livro de poesia (Refracções em Três Andamentos) e o folheto do Projecto Sérgio Rocha para a campanha "Sabia que os seus actos não matam só árvores?". Em breve, terei outro livro editado com a capa elaborada pelo Edgar, mas ainda não tenho data para o lançamento. E, com toda a certeza, outros projectos haverá que me permitirão usufruir do seu belíssimo trabalho.
Para já, conheçam o excelente trabalho dele em https://www.facebook.com/EdgarSilvaES , a página do atelier Puro Design no Facebook, e em http://www.purodesign.eu/ , o sítio do atelier.
Eu Gosto!
Espaço: A Silenciosa Discussão de 2013 de... Pedro Cardoso
O ano 2013 terminou, passou, já não pode ser alterado. Agora pertence à História. Foi um ano marcado por acontecimentos e personalidades que importa destacar. No plano mundial a tomada de posse de Barack Obama para o seu segundo mandato dá tranquilidade ao mundo. Os perigosos e muitas vezes ignorantes extremistas da política americana continuam afastados da presidência dos Estados Unidos da América. A Coreia do Norte com o seu peculiar regime “comunista” de absolutismo monárquico, com o seu jovem líder em fase de cruel afirmação, continua a ser uma ameaça (nuclear) para a comunidade internacional e uma sentença para os seus pobres habitantes. A abdicação do Papa Bento XVI e a eleição do cardeal argentino Jorge Bergoglio como Papa Francisco também merece destaque. A novidade de um Papa que quer ser mais coerente e fiel a determinados princípios cristãos é algo que devia fazer reflectir os católicos de todo o mundo. A instabilidade no Norte de África e no Médio Oriente continua (guerra na Síria, golpe de Estado e conflitos no Egipto), apesar do acordo internacional sobre o programa nuclear do Irão trazer alguma esperança de pacificação. Malala Yousafzai, de 16 anos, entre outros prémios recebeu o Prémio Sakharov para os direitos humanos atribuído pelo Parlamento Europeu pela sua coragem e luta em prol da educação das raparigas no Paquistão. A adesão da Croácia à União Europeia, mostra que apesar da crise a construção europeia continua a ser uma referência para muitos países. Algumas personalidades de relevo que faleceram em 2013: a morte de Hugo Chávez, presidente da Venezuela, que goste-se ou não do estilo e dos objectivos marcou a história da Venezuela; a morte da ex-primeira-ministra britânica Margaret Tatcher, uma das artífices e impulsionadora da ordem económica e financeira em que vivemos actualmente; a morte da escritora britânica Doris Lessing, Prémio Nobel da Literatura de 2007; e a morte de Nelson Mandela, uma referência ética para toda a humanidade, herói da luta contra a segregação racial na África do Sul e primeiro presidente a ser eleito democraticamente neste país.
Em Portugal continuou o empobrecimento colectivo (exceptuando os mais ricos que aumentaram as suas fortunas) e a política de subjugação aos interesses dos bancos internacionais. A crise na coligação governamental, originada pela demissão “irrevogável” e regresso com poderes reforçados de Paulo Portas. A produção regular de leis e medidas declaradas inconstitucionais pelo Tribunal Constitucional revela um governo que em vez de XIX Governo Constitucional, talvez merecesse ser designado nos livros de História como o I Governo Inconstitucional da Terceira República Portuguesa. Na literatura o falecimento do escritor Urbano Tavares Rodrigues e do poeta António Ramos Rosa são perdas a destacar para a lusofonia. No futebol a selecção portuguesa conseguiu o apuramento para o Mundial 2014 no Brasil, o Futebol Clube do Porto conquistou o tri-campeonato nacional e o Sport Lisboa e Benfica que ao perder mais uma final europeia (sétima derrota consecutiva em finais de competições europeias) ainda não se libertou da maldição Béla Guttmann.
Na Guarda em ano de eleições autárquicas importa referir a derrota histórica do Partido Socialista que pela primeira vez perdeu a Câmara Municipal da Guarda, a tentativa frustrada de um movimento intitulado “A Guarda Primeiro” se apresentar a eleições e a vitória de uma coligação de direita encabeçada pelo ex-Secretário de Estado da Agricultura de Cavaco Silva e ex-presidente da Câmara Municipal de Gouveia, Álvaro Amaro, que viu a sua candidatura validada pelo Tribunal Constitucional depois de chumbada pelo Tribunal da Guarda. Muito mais podia ser dito mas termino com a interrogação: 2014 novo, vida nova? Será 2014 um ano de importantes transformações tanto individuais como colectivas?
(texto anteriormente publicado no jornal Terras da Beira - 2/1/2014)
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Pedro Cardoso é doutorando na Universidade de Lisboa. Olha para a Guarda (de onde é natural) com vontade de a modificar, uma vez que é investigador na área das alterações climáticas e políticas de desenvolvimento sustentável.
quarta-feira, janeiro 08, 2014
Finalmente... vi!
Estou ainda a ver, mas finalmente, ironicamente depois da sua morte, posso dizer que vi jogar Eusébio! E mais não digo.
terça-feira, janeiro 07, 2014
Pensalamentos #190 - aos amigos desconhecidos
aos amigos "desconhecidos"
fechados os olhos
ou vendados
ou desviados
mortos os outros
esquecidos os actos
ou escondidos
ou ignorados
mortos os outros
agarrados os interesses
ou comprados
ou vendidos
mortos os outros
apagados os nomes
ou alterados
ou dispensados
mortos os outros
vivem
em rede:
social
virtual
sobrenatural
mortos os outros
sinapse perdida
na irrealidade das
vivências
palavras
verdades
mortos os outros?
fechados os olhos
ou vendados
ou desviados
mortos os outros
esquecidos os actos
ou escondidos
ou ignorados
mortos os outros
agarrados os interesses
ou comprados
ou vendidos
mortos os outros
apagados os nomes
ou alterados
ou dispensados
mortos os outros
vivem
em rede:
social
virtual
sobrenatural
mortos os outros
sinapse perdida
na irrealidade das
vivências
palavras
verdades
mortos os outros?
segunda-feira, janeiro 06, 2014
Espaço: A Silenciosa Discussão de 2013 de... Jose van den Hoogen-Mariën
Para nós o ano 2013 foi um ano muito bom.
Estivemos ocupados com a construção da nossa casa em Portugal. Já estamos reformados e moramos numa aldeia pequena onde toda a gente se conhece. Estou à vontade e os Portugueses dão-me a sensação de ser bem-vinda. São gentis e prestáveis. Foi uma boa decisão mudar para aqui.
Gosto de todos os dias olhar a natureza bonita e o espaço em volta da nossa casa. Também gosto de morar perto da minha irmã mais jovem. Ela mora em Portugal há 19 anos e ajudou-nos muito.
Aqui em Portugal há muito burocracia. Tínhamos que preencher muitos papéis para a imigração, para o SNS, para a câmara, para as finanças, para a importação do carro e mais.
Gosto de aprender o Português e vou toda as semanas às aulas, mas é difícil, na minha idade.
Em 2013 divertimo-nos nos teatros da Guarda e de Gouveia, com música e arte. São coisas muito importantes para nós, sendo o meu marido pintor e eu escultora. Não chega só trabalhar no campo. O nosso espírito também deve ser estimulado em matéria de arte.
Por isso desejamos para todos vocês um ano criativo! Para nós desejamos o mesmo e que consigamos ser capazes de prestar ainda mais atenção à arte.
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Jose van den Hoogen-Mariën é uma escultora holandesa que decidiu vir viver para Portugal. É uma apaixonada pela beleza da Serra da Estrela e pela simplicidade das suas gentes. Podem conhecer a sua obra aqui .
domingo, janeiro 05, 2014
sábado, janeiro 04, 2014
Pensalamentos #188 - humanidade
acreditar
na humanidade
dos homens
e nas suas cambiantes
interesseiras
na humanidade
dos homens
e nas suas cambiantes
interesseiras
Pensalamentos #187 - células
julgar intangível
o sonho borbulhante das células
e largar lágrimas
como triste constatação delas
o sonho borbulhante das células
e largar lágrimas
como triste constatação delas
Américo Rodrigues em Coimbra
O Américo Rodrigues vai este Sábado (dia 4) na Livraria Alfarrabista Miguel de Carvalho, em Coimbra, para ler os seus poemas e, tenho a certeza, para falar um pouco sobre a sua poesia e escrita. A sessão começa às 17h30m e, sinceramente, não a podem perder!
sexta-feira, janeiro 03, 2014
Espaço: A Silenciosa Discussão de 2013 de... Jos van den Hoogen
Mal
me atrevo a escrever, mas o ano de 2013 foi um ano muito bom para mim e para a
minha esposa. Desde o dia 2 de Janeiro de 2013 que somos cidadãos de Portugal,
com uma pensão/reforma holandesa. A construção da nossa casa foi concluída sem
problemas graças ao nosso empreiteiro “cinco estrelas”.
Já
foi há 7 anos que nós decidimos não olhar para trás após a nossa reforma, ir
procurar desafios novos e emigrar para Portugal. Já tínhamos passado muitas
férias cá e gostamos da natureza da Serra da Estrela, do ar puro, do tempo, do
espaço, da tranquilidade e, especialmente, dos Portugueses nesta região, que
são simpáticos e prestáveis. “Bons vizinhos são como irmãos” dizia o nosso
vizinho no primeiro encontro e acrescentava “Posso ser o seu irmão. Depende de
ti.”
Mas,
mesmo assim, mudar-se para o estrangeiro é uma experiência comparável a um
duche frio de manhã. Tudo é novo, nada é óbvio. As expectativas familiares já
não se aplicam. Perdes todos os automatismos. Todas as instituições e estruturas
da vida pública – seguros, finanças, saúde, Câmara Municipal, EDP, companhias
telefónicas - são diferentes das da Holanda e é difícil comunicar sobre isso
porque a própria língua é uma barreira.
No
processo de integração cívica recebemos ajuda de familiares e amigos holandeses,
mas também da família Portuguesa na casa da qual morámos nos primeiros meses.
Eles apresentaram-nos à população e às festas locais. O nosso professor de Língua
Portuguesa interpretou - e interpreta - igualmente um papel importante, não só
como professor, mas também porque nos oferece a possibilidade de participar
activamente na arte e na cultura desta região.
Não seria justo já julgar de qualquer
maneira Portugal. Mas posso dar algumas impressões e pensamentos ainda incoerentes.
É interessante que há muitas coisas que me fazem lembrar a minha juventude na
Holanda, entre os anos 1950 e 1960. Vejo, por exemplo, em toda a parte pessoas
sentadas umas encostadas às outras: a distância física é mais pequena do que na
Holanda nesta altura. Era para mim uma grande surpresa ouvir o nosso
empreiteiro terminar uma conversa com “Abraço!”. Este tipo de relação física já não existe na
Holanda. O poeta holandês Lucebert já escreveu no ano 1952: “o abraço
deixa-nos num jogo desesperado com o vazio”.
Parece-me
também que existe em Portugal mais respeito dos jovens pelos adultos, como na
minha juventude. Por outro lado este “respeito” deve, talvez, ser compreendido
como um sentimento de hierarquia, que foi demolido na Holanda nos períodos
mencionados. O poeta acima mencionado decidiu, em 1954, aceitar um prémio da
cidade de Amesterdão vestido como imperador. Acho que as pessoas aqui ainda têm
muito respeito para os funcionários públicos, da Câmara, do Registo, da polícia,
dos Bombeiros, do INEM, enquanto na Holanda estas pessoas são cada vez mais
confrontadas com a agressão e a violência do público (o que detesto). Ao mesmo
tempo os Portugueses têm uma aversão profunda pelas autoridades políticas.
Sendo assim, não compreendo porque têm muitas vezes uma atitude resignada e porque
não acontecem mais campanhas ou acções de “desobediência civil” como na Holanda
no período da contestação entre 1960-1970. Podia ser que, o que chamei
“respeito” e “sentimento de hierarquia”, se fundamenta-se, ao menos em parte,
numa angústia, angústia, fundada ou não, que é um vestígio do período antes de
1974? Seja como for, a autoridade política, acho eu, tem de trabalhar a sua
imagem, enquanto os cidadãos têm que familiarizar-se com uma mentalidade de
responsabilidade própria e de confiança no seu poder próprio.
O
meu voto para o ano 2014 é que usemos o poder criador da literatura, do
teatro, da música e das belas artes para
a formação desta mentalidade.
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Jos
van den Hoogen nasceu na Holanda em 1949. Foi professor no ensino superior, na área da linguística, e aposentou-se em 2011. Em 2012
mudou-se para Portugal. É pintor e já teve algumas das suas obras expostas no Café Concerto do Teatro Municipal da Guarda. É um apreciador da arte e daquilo que a vida tem de bom. É, também, um homem bom!
quinta-feira, janeiro 02, 2014
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