domingo, agosto 25, 2013

Repentes #35 - o recolher obrigatório e os incêndios

Há um dado que salta à vista de quem o quiser ver e que indicia aquilo a que noutros países chamam terrorismo. Aqui pelas nossas latitudes e longitudes parecemos não prestar atenção a isso, mas, depois, temos os canais informativos a falar de ataques terroristas e de triângulo do mal noutras zonas do globo.
Pergunta: é admissível haver (e olho para o exemplo de hoje) 106 incêndios entre a meia-noite e as nove horas da manhã? Este tipo de comportamento não é terrorismo? Se em vez de incêndios fossem bombas, já alguém se preocupava a sério com isto?
Pois bem, não é altura de decretar o recolher obrigatório com carácter de urgência em alguns distritos ou regiões do país? 

sexta-feira, agosto 23, 2013

Pensalamentos #117 - palavras enlutadas de bombeiro

tantas coisas e palavras encaixadas na garganta
tantas lembranças passadas
tantas caras e lágrimas que hoje pressinto lá longe

não, hoje não escrevo nem mais uma palavra.
hoje estou triste e apetece-me ficar quieto e reflectir.
hoje apetece-me pensar se continua a valer a pena.

talvez amanhã, com a mente turvada de insónia
as palavras brotem e alguém as ouça.

chega! chega! chega!

quinta-feira, agosto 22, 2013

Crónica Bombeiros.pt: Basta um gesto simples e desinteressado!

(Foto de Sérgio Cipriano/ Bombeiros.pt)

1. Bastaram duas semanas de calor intenso e de (é minha crença) actividades negligentes e criminosas para que não fossem só as matas e pinhais do país a ficarem incendiadas. Também as línguas e vontades dos altos responsáveis desta coisa dos bombeiros ganharam nova força e começaram a disparar numa única direcção: a subida, rápida e em força, na hierarquia económica e política. Mas, comecemos pelo fim, ou seja, por estas últimas horas de grandes incêndios que, segundo o senhor Ministro da Administração Interna logo depois secundado pelo senhor Presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), se devem a uma não racionalização de meios (???). Ou seja, o problema, para estes senhores, deve-se a uma existência exagerada de meios que não são aplicados com exactidão nos respectivos incêndios. Pelo menos foi também isto que percebi. Pois bem, tentando perceber melhor esta conjugação de palavras governamentais com as palavras profissionais do senhor presidente da ANBP, cheguei à triste conclusão de que a realidade do interior do país é completamente desconhecida por parte destes excelentíssimos senhores. Algum destes senhores terá perguntado aos centros distritais quantas ocorrências de incêndios têm durante um só dia de trabalho? E já algum destes senhores se deu ao trabalho de perceber os meios complementares (máquinas de rasto, por exemplo) que não existem para um combate poder ser mais efectivo? Sim, estou a ler as palavras ditas e trazidas na comunicação social de forma localizada e, se calhar, não coincidentes com as intenções finais destes senhores, mas não me parece que esteja longe daquilo que eles pretendem. Limando um pouco estas constatações, permitam-me que conclua duas coisitas que gostava que estivessem na mente do senhor Ministro quando disse aquilo que disse perante os jornalistas: primeiro, ele estava a falar do desaparecimento do Grupo de Intervenção, Protecção e Socorro (GIPS) enquanto força que duplicava aquilo que já existia e que foi, digamo-lo, um gasto exagerado de dinheiros públicos em nome de uma qualquer vontade política; segundo, ele fez uma comparação (generalização) despropositada entre o elevado número de operacionais e de meios que é possível colocar nos vários Teatros de Operações (TO) do país, sabendo nós que na região de Lisboa podemos no espaço de 1 (uma) hora colocar facilmente num incêndio florestal 300 (trezentos) homens e sabendo nós também que isso é uma missão impossível de concretizar em qualquer outra área do país (talvez após uma dezena de horas de incêndio isso seja possível). As leituras destes dois pontos ficam em aberto para as considerações dos senhores leitores.

2. Outra das questões que por estes dias veio a lume foram os acidentes na frente de incêndio. Comecemos, outra vez, pelo fim. Na região de Penacova deu-se, naquilo que está relatado e que eu pude ler, um pequeno milagre. O senhor Presidente da Liga, no entanto, chamou-lhe “sangue-frio”. Pois bem, parece-me que teremos os dois um pouco de razão, mas (sem estar a ser arrogante) penso que tenho um pouco mais de razão do que ele. Porquê? Porque o caminho que escolheram foi dar ao sítio certo. Elementar, não é? Sim, imaginem só que o caminho que escolheram e que o “sangue-frio” que eles tiveram os levava para um beco sem saída criado pelo incêndio? Sim, senhor presidente da Liga, as nossas decisões contam muito, mas também conta a conjugação de factores que não depende de nós. Em todo o caso, não há ninguém que fique mais feliz com o desfecho do incêndio de Penacova do que eu.

3. Por fim, volto devagar e com um sentimento de solidariedade imenso aos dias tristes de Miranda do Douro e às faces de todos aqueles que deixaram de ter motivos para sorrir. Não tenho a intenção de dar conselhos ou recomendar qualquer paliativo, pois sei que as palavras que possa dizer aos familiares do António Ferreira ou aos seus companheiros não significam muito. Quero, portanto, virar-me para todos aqueles que serão essenciais no futuro próximo e que, a faltarem, farão com que a vida se transforme num sítio terrível para se habitar. Quero, então, virar-me para as famílias de todos os bombeiros e para as comunidades de Miranda do Douro, e pedir-lhes uma coisa muito simples e que não custará qualquer soma ou esforço: estejam presentes e, quando sentirem que é hora, dêem uma mão, um abraço ou uma palavra de conforto a quem, não o pedindo, o precisará.   


Figueira da Foz, 13 de Agosto de 2013-08-13
Daniel António Neto Rocha 

segunda-feira, agosto 19, 2013

Seia: "A Casa da Memória" de portas escancaradas



No dia 14 de Setembro, pelas 21h30, o Teatro do Imaginário vai apresentar na Casa Municipal da Cultura de Seia a sua mais recente peça: "A Casa da Memória". Deixo aqui o aviso para poderem agendar com calma esta ida ao teatro. A entrada custa 4 euros.

""A Casa da Memória" é uma história de encontros e desencontros passada no centro de uma aldeia tipicamente beirã - o Manigoto. Por ali não faltam as brincadeiras de rua, as tropelias das crianças, as galinhas e os burricos, o sino a rebate, e as beatas, os padres, os apaixonados, e todo um imaginário registado desta aldeia do concelho de Pinhel. Humor e emoções, com um final em festa!
(...) Cada ensaio foi uma evolução, uma hora marcada, uma vontade de crescer, um lanche e convívio festivo. (...) Às vezes uma visita inesperada, um recado, os afazeres, a família, os vizinhos, uma cadeira desmanchada, um vidro que se partiu, a lenha para aquecer… e tudo sem agruras, sem querelas, (...) que bom que assim foi. (...) A maioria dos participantes deste espetáculo pisa pela primeira vez um palco; generosamente, entregaram-se às palavras do Daniel Rocha, que para este grupo escreveu precisamente a obra A Casa da Memória, às experiências que fui propondo sobre elas, e, passo a passo, foi um desabrochar. Ei-las hoje, aqui, convosco, para que estas histórias possam (...) ser vossas, para que este passado possa ser relembrado, e para que esta identidade se crave fortemente no solo de Manigoto. Pudesse todo um país crescer assim.
Alexandre Sampaio in Folha de sala
Ficha técnica:
ENCENAÇÃO E IMAGEM de Alexandre Sampaio, a partir da obra "A Casa da Memória" de Daniel António Neto Rocha. INTERPRETAÇÃO de Ana Mesquita, Bernardo Cerdeira, Daniel Ferreira, Diogo Cerdeira, Diogo Paulino, Fernanda Fernandes, José Ferreira, Maria Gonçalves, Maria Luísa Mesquita, e Sofia Paulino. DESENHO e OPERAÇÃO DE LUZ de António Freixo. APOIO CENOGRÁFICO de Abel Santos. ADEREÇOS de Alex Teixeira, António Guerra, Kevin dos Santos, e Manuel Marques. MÚSICA de Bach (allegro assai do concerto nº2 para violino, e adagio do concerto para duas harpas e cordas), e Mozart (adagio do concerto nº3 para violino, e allegro moderato do concerto nº1 para violino). PRODUÇÃO do Grupo de Amigos do Manigoto. APOIOS da Câmara Municipal de Pinhel, Falcão E.M., Junta de Freguesia de Manigoto, IPDJ, e INATEL."


Pensalamentos #116

olhar o mundo de frente
virando-lhe as costas

Acordos na Guarda? #10 - tribunais e sondagens

Antes que comecem a tratar-me mal, claro que isto que vou escrever é quase tudo ironia, e da grossa! A decisão dos tribunais em impedir a candidatura de Álvaro Amaro à Guarda era esperada (pelo menos por quem ainda vai acreditando que a lei é para respeitar) e não trouxe nada de novo para a campanha. Agora é esperar pelos recursos infindáveis e, lá para fins das férias, teremos o candidato do PSD e do CDS-PP à Câmara da Guarda pronto para os votos. A piada, no entanto, está nos golpes palacianos que se preparam atrás da decisão do tribunal e que podem provocar mais uma cisão anunciada (já que o governo não caiu e a minha visão não se cumpriu...). Mas já lá vamos!
Para preparar ainda de melhor forma a reentrada política, a sondagem que todos apregoam veio trazer algo impossível aos olhos de todos como uma "possibilidade possibilitiva" (como diria o Rei Juliano): Álvaro Amaro pode mesmo ganhar a Câmara da Guarda e acabar com a predominância do reinado rosa. Claro que muitas voltas dará o mundo até ao dia das eleições e, ironia das ironias, o putativo vencedor é o tipo que está em vias de "sair na próxima curva". Ou seja, a secretaria pode impedir o vencedor de se tornar vencedor!
Mais engraçado ainda é o facto de, num reino cadavérico da Guarda onde pululam os reis de outrora e que podem voltar às rédeas sombrias da cidade com um fulgor extremo, uma pergunta ter surgido com força inesperada: será que Manuel Rodrigues ainda pode ser o candidato em vez de Álvaro Amaro? 
É óbvio que quase tudo o que aqui digo é ficcional e que a interrogação é pura diversão mental para quem conhece o jogo escondido com rabo de fora, mas que o alarme soou em alguns lares de família muito conceituados... lá isso soou!
Continua a festarola!   

sexta-feira, agosto 16, 2013

Repentes #34 - É a hora de acabar com esta morte de bombeiros

Penso que todos os que vão lendo este blogue já perceberam que eu perdi um Irmão num incêndio. Penso, também, que todos os que possam ler este texto vão ter a oportunidade de pensar duas vezes naquilo que vou escrever e que estarão a ler, pois não vou ser nada meigo com a atitude hipócrita e desonesta que nos dias de hoje os "nossos responsáveis" vão demonstrando.
Pois bem, estou farto de gente que vem chorar sobre o túmulo aqueles que vão embora! Estou farto de Martas e Caldeiras e Curtos e tantos outros que pensam que o seu lirismo enternecedor com quem já morreu pode fazer alguma coisa para além de dar uma imagem do ar angelical de lobos que se alimentam do suor de outros! Estou farto desta gente que só se preocupa em trepar politicamente e que se aproveita do corpo ensanguentado dos que vão caindo para continuarem a afiar as garras e a tirar dividendos disso! Estou farto de pessoas que discutem ardentemente o valor do seguro dos bombeiros e se esquecem de alimentar com ferocidade as discussões sobre a segurança dos homens no combate! Estou farto destes animais que vivem felizes com o sangue dos outros a correr debaixo dos seus pés!
Pergunto eu: o que fizeram os senhores que dão a voz pelos bombeiros para impedir este fim que aconteceu em Miranda do Douro ou na Covilhã? O que têm feito estes senhores "tão tristes e cantadores dos actos dos que caíram" para impedir que mais homens venham a cair no futuro próximo?
Infelizmente para nós, bombeiros, andarão estes senhores mais preocupados com os outros cargos a que chegaram depois de serem membros da Liga ou de outras entidades.
Pois é hora de estes senhores perderem a voz! É hora de estes trastes que pensam que eu sofro menos por me estarem a dizer que quem partiu foi um herói ou um homem exemplar perceberem que nós, familiares, queremos que isto não volte a acontecer! É hora da comunicação social fechar as portas a estes figurões! Por favor, calem o Presidente da Liga e impeçam que os seus "roncos" sejam ouvidos como palavras dos bombeiros! 

quarta-feira, agosto 14, 2013

Repentes #33 - a racionalização do senhor Ministro

(Dados oficiais - recolhidos de 26 de Julho até 13 de Agosto)

O senhor Ministro da Administração Interna veio ontem pedir a racionalização de meios no combate aos vários incêndios que lavram e lavraram no país. Ele quer que por cada incêndio sejam apenas colocados no terreno os meios necessários para o combater com eficiência. Nada mais certo, caro Macedo, se tudo se tratasse de um qualquer videojogo ou de poker
Agora, eu também queria ganhar o euromilhões mas não consigo acertar com a chave vencedora! É que é difícil conseguir acertar em todas as conjugações sem gastar muito e muito dinheiro (já me disseram que é possível acertar, se cobrir todas as conjugações de chaves, mas isso custa mais do que qualquer prémio final).
Por isso, talvez o melhor seja mesmo fazer aquilo que o senhor Ministro também disse e que consiste em fazer junto dos proprietários uma campanha de sensibilização para prevenir comportamentos de risco. É que é um bocadinho estranho ver três ou quatro focos de incêndio a surgir num espaço de cerca de 2 (dois) quilómetros. 
Caso precise de ideias, senhor Ministro, estou ao seu dispor para ajudar!

segunda-feira, agosto 12, 2013

Momentos em imagem #15 - o "benjamim" da casa inicial


É óbvio que há alguma "baba" envolvida, mas o que existe mais é confiança no trabalho que este meu pequeno irmão conseguiu ter até hoje. Teimosia, obstinação, alguma obsessão e muita confiança são características que lhe não faltam para levar esta sua "água até ao moinho", mas tudo com competência e capacidade evolutiva fora do normal. Desde logo, dedica-se a aprender para proteger os "outros" e, com certeza, irá no futuro ajudar ainda mais a tornar esta sociedade bem mais segura para todos. 
Sim, sou um homem orgulhoso do irmão mas também do profissional! Esta imagem é da pequena reportagem que foi efectuada sobre a tese de mestrado do Hugo.

domingo, agosto 11, 2013

Acordos na Guarda? #9 - o perfil dos integrantes das listas (1)

Tenho andado, ainda sem ter na minha posse todos os "perfis", a olhar para a cronologia profissional e pessoal dos vários integrantes das listas à Câmara Municipal da Guarda, e tenho tido algumas felizes confirmações das motivações (ou dos empurrões) que muitos deles têm para serem candidatos. É fácil de fazer e qualquer um dos senhores leitores pode fazer o mesmo. Alguns ainda não têm um perfil muito claro, mas irá resolver-se esse pequeno pormenor em breve. Daqui a uns dias, quando as férias me derem um pouco de sossego, irei debruçar-me mais um pouco sobre este assunto e trarei aqui alguns dados mais concretos.

quinta-feira, agosto 08, 2013

quarta-feira, agosto 07, 2013

Pensalamentos #112

Imaginar que do pó
da vida
se erguerá uma gota de sangue
ou uma lágrima tresmalhada.