O papel a que Nuno Crato se tem prestado enquanto responsável máximo da pasta da Educação tem conseguido ser bem melhor do que o das suas antecessoras, principalmente naquilo que ele chama de "prejuízo ao alunos e educadores". De forma bem clara, tem demonstrado as razões pelas quais o ensino público tem mesmo de continuar público e, quanto mais rápido possível, o ensino privado ou com contornos poucos claros de colaboração público-privado tem de ter uma presença cada vez maior do estado e da máquina do tribunal do trabalho. Porque digo isto? Já viram que Crato sempre disse que sempre trabalhou no ensino privado e, vai daí, traz esta pequena atitude de ditadorzeco da treta que envergonha o próprio Salazar? Imaginem se não existissem no ensino público os mecanismos de protecção à realização da greve, já verificaram a ânsia de "matar" os professores que os olhos de Crato revelam cada vez que diz que os "alunos não podem ser prejudicados"? O que Crato esquece e todos os alunos do país sabem é que enquanto Crato vai vivendo desafogadamente esses mesmos alunos têm problemas em casa e os professores desses alunos vêem-se e desejam-se para conseguir ensinar de forma tranquila. O Crato não sabe mas deveria saber é que a atitude de "quero, posso e mando" é lei em muitas escolas do país, existindo chantagens por parte dos empregadores aos seus colaboradores que os obrigam a trabalhar o dobro das horas que, no final, aparecem sumariadas. O que Crato não sabe mas deveria saber é que a tirania não é regra mas sim uma ilegalidade. O que Crato não sabe mas deveria saber é que a grande parte dos professores das escolas públicas também nasceu nos tempos de Salazar e por lá viveu uns bons anos, sabendo, por isso, reconhecer quando um Salazar em ponto pequeno se coloca em bicos dos pés. O que Crato não sabe mas deveria saber é que há homens e mulheres que ainda seguem os princípios da honra. O que Crato não sabe mas deveria saber é que neste país os professores são dos poucos que se preocupam com os alunos que todos os dias com eles conversam. Mas isto é tudo o que Crato não sabe, porque o caminho e o sítio onde ele quer chegar é conhecido por todos e não é favorável a Portugal nem às suas gerações.
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