domingo, junho 09, 2013

Pensalamentos #87 - o amargo de ser português

Desculpem! 
Sim, é a vós que peço desculpa. Talvez não seja por nada de especial, mas sou português e só isso basta para ter de pedir desculpa ao mundo pelos nossos maus resultados económicos e sociais. A culpa é minha, que não soube traçar objectivos aos meus governantes, deixando-os dependentes da sua pequena criatividade (eles não têm culpa, Senhor!). 
Desculpem!
Na construção do país não participei de forma concreta e mais firme, não coloquei bombas que ameaçassem a segurança e as fragilidades mentais destes pequenos burgueses que organizaram o país, não obriguei os meus governantes a prestar provas diárias da sua competência e não exigi que daí fossem retiradas responsabilidades por cada um dos actos que lesassem o futuro.
Desculpem!
Deixei que os meus filhos e os meus netos e as suas descendências sejam escravos modernos de uma grande organização de novas monarquias que se banqueteiam com a desgraça dos povos e que construíram o seu próprio futuro nos braços do medo que nos transporta veloz e descompassadamente pelos terrenos da fome, da vergonha e da humilhação.
Desculpem!
Enfim, desculpem por tudo aquilo que hoje sofremos e por tudo aquilo que representamos para o mundo. 
Desculpem! 
Por sermos um país de preguiçosos que atravessam os anos sem folgas e sem descanso. 
Desculpem! 
Por sermos aquilo que somos e por não sermos aquilo que todos esperam de nós: máquinas de resposta imediata ao lucro! 
Desculpem! 
Por termos vontade de sermos gente e de sermos pais e mães para os nossos filhos. 
Desculpem!
Por termos ambição e olhos na cara para vermos o que se passa à nossa volta.
Desculpem!
Por tudo isto e por ainda termos voz.
Desculpem!
Por sermos utópicos e acreditarmos no futuro construído pelas nossas mãos.
Desculpem!
Por aquilo que vamos continuar a fazer até ao fim do mundo.

Desculpem, mas nós não nos rendemos!   

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