1. Esta
minha incursão de hoje vai visitar as esquerdas que se passeiam pela Guarda e
que, com toda a margem de subjectividade que me é permitida, era suposto que
trouxessem algum tipo de partilha do bem comum a todos os cidadãos. Haverá
necessidade de voltar atrás no tempo para se verificar o potencial dos que
agora se perfilam para a guerra, mas tentarei olhar com atenção para o que
estes cabeças de lista podem trazer para a batalha autárquica futura. Como o
Bloco de Esquerda ainda não tem um candidato assumido, o que podemos esperar da
sua candidatura é uma posição de ataque constante a políticas velhas e caducas,
e a actuantes políticos da Guarda que nada, ou quase nada, fizeram para colocar
um caminho sustentado debaixo dos pés das gentes do concelho. Para além disto, nada
mais poderei referir sobre esta alternativa bloquista até à sua apresentação.
2. Ao
nível dos candidatos, a grande surpresa é Mário Martins. Não conheço a sua intervenção
política, visto que o conheço de outros quadrantes, por exemplo o cultural e o
ambiental. Daí a minha imensa surpresa quando o vi como candidato pela CDU. Pesquisei
e reparei que no sítio do partido é referido como um independente. E é apenas
este ponto que me deixa completamente espantado, pois não conhecia este tipo de
abertura à sociedade por parte do Partido Comunista Português. Avancemos! Mário
Martins sabe que as suas hipóteses são reduzidas, até pela história, mas não se
resigna a figura de cartaz. Disponibilizou no seu blogue o discurso de
apresentação onde surge já todo o programa de acção, mostrando estar consciente
daquilo que, segundo a sua visão, será o melhor caminho para o concelho. De
forma corajosa e muito interessante, assume que tudo deve partir do campo e do
ambiente até chegar à cultura. Bem sei que não é neste tabuleiro que se decide
algo, mas penso que Mário Martins terá um papel muito importante na definição
do debate que se seguirá.
3. O Partido Socialista é o
grande enigma do momento! Não se sabia que era um partido fracturado, visto que
sempre houve um grande respeito pelo líder, por um lado, e uma grande sede de
beber na fonte, pelo outro lado. Apostar no PS da Guarda era como apostar no
cavalo que já se sabia ser o vencedor, uma vez que o jogo assim estava
construído. Traído ou enovelado pelo partido durante anos, finalmente e numa
disputa interna do partido José Igreja consegue uma vitória e, puff!!, a cisão
acontece. A pergunta do milhão de euros é: O que representa Igreja para os
militantes socialistas e para os fazedores da ordem política na Guarda? Todos
sabemos que Igreja é um dos bons advogados da cidade e que a sua carreira pode
ficar prejudicada com este assumir da pasta política. Da parte dele parece
existir o querer servir a res publica
e o querer responder ao apelo da população cansada de assistir a benefícios de
uns e outros. A sua vitória interna foi lida como um corte com o passado e o que
se seguiu pode indiciar uma questão importante: podemos estar, efectivamente,
perante uma candidatura de renovação da política socialista concelhia. É que os
consensos sempre foram conseguidos e aqui parecem não interessar. Logo, ou o
mal está na política nova que alguém quer implantar ou o mal está na política
velha que alguém poderá ter interesse em preservar. Em breve saber-se-á, mas
cheira-me a alguma prepotência! Avancemos! Qual é a novidade positiva que o
candidato José Igreja traz para esta campanha? Parece-me que é a visão de um
político não de carreira mas de missão, alguém que sente que é chegada a hora
de dar a sua parte de saber à sociedade. Lembremo-nos que a política citadina é
uma espécie de ramo de socialismo enxertado no tronco de um capitalismo mais
selvagem, existindo sempre o benefício de diversos elementos da cidade que se
alojaram no PS e assim engordaram a bom engordar. Com Igreja não se sabe bem o
que lá virá e esse é efectivamente o ponto negativo da sua candidatura. A
deserção de alguns “notáveis” concelhios do partido, alguns dos quais parecem
querer continuar disseminados no meio de duas candidaturas, pode ser, sem
ironias, um bom prenúncio para o futuro de Igreja, caso este saiba daí tirar
dividendos, mas o facto de não haver uma apresentação rápida e clara das suas ideias
e da sua equipa de trabalho poderá ser interpretada como uma tentativa de
esconder o jogo e as suas reais pretensões. Posto isto, como advogado que é,
defina-se José Igreja e apresente as provas de forma clara e honesta para que o
júri não faça más interpretações.
Moimenta da Serra, 3 de Junho de 2013
Daniel António Neto Rocha
(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 4 de Junho de 2013 -
disponível em podcast em Altitude.fm)
(*) Disponível por tempo limitado
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