Há
um estranho fascínio na cultura portuguesa pelo revivalismo e pelo saudosismo.
E não digam que nunca ouviram a expressão “no meu tempo é que…”!? Talvez o
principal atraso do país resida mesmo aí e seja mesmo esse um dos grandes
problemas que afecta o nosso futuro enquanto nação, dita, moderna. Como podemos
pensar o futuro se estamos continuamente a centrar a nossa vivência no passado?
E, por antagónico que pareça, este recuo temporal não tem em vista aquilo que
seria expectável: a atenção concentrada, a aprendizagem e a não retoma de velhos
erros. Este voltar atrás e cercear o futuro é basicamente a ida ao cofre-forte
onde guardamos as garantias de futuro que por ali enterrámos há muito tempo e
que, admirem-se, servem só uma pequena franja da população portuguesa. O que
origina isto? Uma incrível e indesejável sensação de estar a mais num país,
supostamente, democrático. E tudo isso se adensa em épocas de crise, onde os
protectorados imperam e vemos que a única coisa que é, mais ou menos, estável é
a garantia guardada no cofre-forte e que será distribuída pela tal pequena franja
da população. Sim, Portugal é um país de velhos e para velhos! O resto… que se
dane!
Moimenta da Serra, 17 de Dezembro de 2013
Daniel António Neto Rocha
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