terça-feira, dezembro 17, 2013

02. Crónicas Silenciosas – Cofre-forte e as garantias da pequena franja



Há um estranho fascínio na cultura portuguesa pelo revivalismo e pelo saudosismo. E não digam que nunca ouviram a expressão “no meu tempo é que…”!? Talvez o principal atraso do país resida mesmo aí e seja mesmo esse um dos grandes problemas que afecta o nosso futuro enquanto nação, dita, moderna. Como podemos pensar o futuro se estamos continuamente a centrar a nossa vivência no passado? E, por antagónico que pareça, este recuo temporal não tem em vista aquilo que seria expectável: a atenção concentrada, a aprendizagem e a não retoma de velhos erros. Este voltar atrás e cercear o futuro é basicamente a ida ao cofre-forte onde guardamos as garantias de futuro que por ali enterrámos há muito tempo e que, admirem-se, servem só uma pequena franja da população portuguesa. O que origina isto? Uma incrível e indesejável sensação de estar a mais num país, supostamente, democrático. E tudo isso se adensa em épocas de crise, onde os protectorados imperam e vemos que a única coisa que é, mais ou menos, estável é a garantia guardada no cofre-forte e que será distribuída pela tal pequena franja da população. Sim, Portugal é um país de velhos e para velhos! O resto… que se dane!    

      

Moimenta da Serra, 17 de Dezembro de 2013
Daniel António Neto Rocha

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