terça-feira, junho 18, 2013

Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013 (parte três): as direitas (*) - 17. Crónica Diária na Rádio Altitude (4.ª temporada



1. O mundo actual está envolvido numa espécie de cabala numérica que mete (salvo seja!) o número três em todos os sítios possíveis e imaginários: na política, antiga ou actual, com o triunvirato e com a troika; na religião, com a santíssima trindade e com os três pastorinhos; na protecção civil, com o célebre triângulo do fogo; na sexologia, onde não farei qualquer tipo de alusão para não deixar chateado o senhor provedor; e no mundo da escrita, onde há-de haver sempre uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão. Perante esta espécie de ordem universal, também eu decidi trazer aos ouvintes uma crónica tripartida, que iniciei há cerca de um mês e que hoje aqui tem o seu fim. Tentei, nas quase análises que por aqui fui fazendo, mostrar o que trazem para a Guarda os candidatos independentes e os candidatos de esquerda, ficando para hoje a abordagem ao único, até agora, candidato de direita. Curiosidade ou não, são também, espremidos os campos de origem dos candidatos, três os principais candidatos a noivas do concelho. Mas deixemo-nos de núpcias antecipadas e vejamos o que nos traz o candidato da Guarda com Futuro.   

2. Álvaro Amaro é um velho conhecido da cidade, especialmente da velha cidade, sendo para os mais jovens cidadãos (como eu) quase um desconhecido. Homem político, que nos habituámos a ver como jogador de outros tabuleiros bem longe dos concelhos, o seu percurso, por paradoxal que pareça, foi bem ligado a funções concelhias e distritais. Nestas mesmas funções acabou por ter algumas picardias célebres que são muito importantes para perceber as eleições de Setembro. Tem a seu favor o facto de ser um político que faz um barulho quase ridículo quando se trata de defender aquilo em que acredita. Mas, será isto bom ou mau? Talvez seja mau, na medida em que nós não gostamos de cair no ridículo e no mau hábito de sermos caracterizados como gente rude e um pouco mal-educada por influência directa de um qualquer político. Talvez seja bom, na medida em que não importa a forma como se diz mas sim o facto de repararem em nós e nos ouvirem. Claro que penso, neste ponto, na forma eufórica e quase orgástica como pediu ao Primeiro-Ministro para não pagar, através do Turismo de Portugal, o Hotel de Turismo à Câmara Municipal da Guarda. Por este prisma, e pensando no imenso buraco negro que ainda está por explorar neste e noutros negócios estranhos na cidade, talvez Amaro consiga cativar mais do que repelir algum do eleitorado, mas terá para isso de fazer um trabalho de comunicação quase individual com as gentes do concelho. E estas são as boas notícias para Amaro: o facto de ser uma alternativa forte (há quem diga que não o será por manifesta antipatia pessoal) e o facto de ser um comunicador sem problemas em “chatear” quem quer que seja. Há, no entanto, uma suposta má notícia para Álvaro que talvez o não seja completamente. Falo da circunstância de Amaro ser o alvo a abater, não só por quem está naturalmente do outro lado da barricada mas também por quem até há bem pouco tempo partilhava a trincheira com este candidato. Olhemos bem, o candidato do PSD é o primeiro (se não for, corrijam-me) a entrar na corrida com a estrutura concelhia contra e com elementos desta a assumirem papéis preponderantes numa das candidaturas independentes. Claro que isto é muito mau em termos da imagem que a estrutura do partido quer passar, mas talvez esta desagregação dos apoios laranjas seja exactamente aquilo que Amaro pretende: o aparecimento, depois de muito tempo, de uma candidatura realmente una e coerente. Confusos? Talvez pareça mais confuso do que é, bastando, para nos esclarecermos todos, que nos lembremos dos resultados catastróficos das supostas unidades do partido nas várias autárquicas passadas. Com a ausência de unidade para uma candidatura, Amaro terá percebido, como todos nós já percebemos há muito tempo, que o PSD da Guarda é um partido que perde eleições quase que por vontade própria e quis (aí vai a bomba) testar as forças vivas da cidade, dando-se mal, pois, como Igreja no PS, suscitou o aparecimento em força dos velhos hábitos e vícios que, naturalmente, vão manobrando nas sombras. E é neste campo dos vícios que a união com o CDS-PP me levanta muitas dúvidas e que lá mais para a frente pode ter consequências desagradáveis para a coligação. No entanto Álvaro Amaro já demonstrou que pode ter alguns trunfos só tem é de os utilizar.     
 
3. Quem seguiu estas crónicas pode verificar que tentei ao máximo falar apenas dos cabeça de lista e das motivações que os pudessem acompanhar para esta corrida. Das cinco estruturas que se aprontam para a “guerra” há três com um potencial de vitória elevado e com motivações bem diferentes. Cabe-me, portanto, tentar concluir algo desta tríade. Primeiro, Bento é, cada vez mais, a face da continuidade e o facto de ser o receptor dos desavindos dos outros partidos insinua mais do que esclarece, não deixando de ser (quanto a mim compreensivelmente) o principal candidato à vitória. Segundo, Igreja é o candidato da renovação do partido e da renovação (caso vença) camarária, pois trará uma visão experimentada e realista da sociedade para o campo da discussão sobre o futuro da cidade, mas não me parece que seja o reformador que todos esperávamos que fosse inicialmente. Terceiro, Amaro é o representante quase profissional da mudança, só não sei se positiva se negativa, pois são estranhos os interesses guardenses na defesa de uma iniciativa, mas como última etapa da vida política quererá ele construir em vez de destruir, e isto pode ser importante para a definição de uma política e para a decisão do eleitorado. Para terminar, apressem-se lá, senhores candidatos, a apresentar a restante equipa porque o eleitorado quer ver bem com quem é que a mulher de César afinal se anda a deitar para que se faça um bom julgamento.      

Moimenta da Serra, 17 de Junho de 2013
Daniel António Neto Rocha

(Crónica Radiofónica - Rádio Altitude, no dia 18 de Junho de 2013 - disponível em podcast em Altitude.fm)

(*) Disponível por um período limitado de tempo

segunda-feira, junho 17, 2013

Crónica: trio de crónicas termina amanhã

Termina amanhã (9h e 17h, na Rádio Altitude) a crónica tripartida sobre a corrida eleitoral para a Câmara Municipal da Guarda, a "Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013". Termina com a análise da direita (a crónica de amanhã) e com uma pequena conclusão sobre quais serão, na minha opinião, as reais hipóteses de cada um dos candidatos (ali resumidos aos três principais) e aquilo que trarão à Guarda.

Entretanto e caso queiram, podem ler as anteriores aqui, sobre as candidaturas independentes, e aqui, sobre as esquerdas. 

Pensalamentos #90

Andam bruxas pelos bosques
e
Bosques cheios de feitiços libertados
logo
Andam bruxas cheias de feitiços a libertá-los!

domingo, junho 16, 2013

Criações pessoais: conticídio involuntário!


Ontem, pelas 0h25m, cometi um conticídio. Foi involuntário, mas deixou-me extremamente infeliz. Não o queria fazer, nem sequer sabia que o iria fazer. Infelizmente, nada consegui fazer para evitar o triste fim e, deste acto não tresloucado, assumo completamente o meu crime. Sou, enfim, responsável e vítima. Agora tenho de reescrever tudo.

sábado, junho 15, 2013

Gouveia: uma manhã sobre Aquilino

(Foto: Paulo Prata - Notícias de Gouveia)

Não tendo novelas para ver logo de manhã (notem este início cheio de ironia, que alguns dirão ser sarcasmo), fui assistir hoje de manhã a uma pequena conferência do Professor Alípio de Melo à Biblioteca Municipal Vergílio Ferreira, em Gouveia, sobre a vida e obra de Aquilino. Uma pequena mas bem urdida alusão ao autor mais português de Portugal. Gostei muito e vou repetir a presença em próximas ocasiões. 

quinta-feira, junho 13, 2013

Repentes #24 - Crato tem razão

O papel a que Nuno Crato se tem prestado enquanto responsável máximo da pasta da Educação tem conseguido ser bem melhor do que o das suas antecessoras, principalmente naquilo que ele chama de "prejuízo ao alunos e educadores". De forma bem clara, tem demonstrado as razões pelas quais o ensino público tem mesmo de continuar público e, quanto mais rápido possível, o ensino privado ou com contornos poucos claros de colaboração público-privado tem de ter uma presença cada vez maior do estado e da máquina do tribunal do trabalho. Porque digo isto? Já viram que Crato sempre disse que sempre trabalhou no ensino privado e, vai daí, traz esta pequena atitude de ditadorzeco da treta que envergonha o próprio Salazar? Imaginem se não existissem no ensino público os mecanismos de protecção à realização da greve, já verificaram a ânsia de "matar" os professores que os olhos de Crato revelam cada vez que diz que os "alunos não podem ser prejudicados"? O que Crato esquece e todos os alunos do país sabem é que enquanto Crato vai vivendo desafogadamente esses mesmos alunos têm problemas em casa e os professores desses alunos vêem-se e desejam-se para conseguir ensinar de forma tranquila. O Crato não sabe mas deveria saber é que a atitude de "quero, posso e mando" é lei em muitas escolas do país, existindo chantagens por parte dos empregadores aos seus colaboradores que os obrigam a trabalhar o dobro das horas que, no final, aparecem sumariadas. O que Crato não sabe mas deveria saber é que a tirania não é regra mas sim uma ilegalidade. O que Crato não sabe mas deveria saber é que a grande parte dos professores das escolas públicas também nasceu nos tempos de Salazar e por lá viveu uns bons anos, sabendo, por isso, reconhecer quando um Salazar em ponto pequeno se coloca em bicos dos pés. O que Crato não sabe mas deveria saber é que há homens e mulheres que ainda seguem os princípios da honra. O que Crato não sabe mas deveria saber é que neste país os professores são dos poucos que se preocupam com os alunos que todos os dias com eles conversam. Mas isto é tudo o que Crato não sabe, porque o caminho e o sítio onde ele quer chegar é conhecido por todos e não é favorável a Portugal nem às suas gerações. 

Crónica Bombeiros.pt: Evolução e complicação!



1. Ao longo dos últimos sete anos temos assistido a uma autêntica transfiguração daquilo que é o socorro em Portugal, existindo um acertar de agulhas em alguns campos e facilitando o erro noutros. Passo a explicar-me melhor. Num primeiro campo de análise centremo-nos no upload que houve na área das comunicações onde, apesar de toda a nuvem cinzenta que continua a pairar, o SIRESP veio criar uma unidade de comunicação que obrigou a uma necessidade de protocolar o seu funcionamento. Num segundo espaço de análise temos as mais recentes inovações ao nível das viaturas de combate, com a obrigação de todas possuírem o sistema de “gaiola” (desculpem os puristas esta barbaridade de análise) de defesa. E, por fim e talvez mais importante, o equipamento de protecção individual melhorou numa dimensão de oito para oitocentos, criando um sem número de problemas que quanto a mim podem criar problemas na defesa dos direitos dos bombeiros.

2. Claro que tudo isto, especialmente estas melhorias que refiro, são boas notícias para todos aqueles que vivem na esperança de nunca deste tipo de socorro especializado virem a necessitar. Mas sabe bem saber (digam lá que não?) que em caso de necessidade podemos ser bem servidos. No entanto o capital mais importante desta equação são os agentes (todos aqueles seres humanos tão iguais a cada um de nós) que medeiam as máquinas e o sinistrado. Sim, também aqui temos vindo a melhorar nos últimos sete anos e a aposta está a começar a gerar uma nova atitude colaborativa e uma maior atenção às aprendizagens que vão sendo leccionadas por esse país fora, sendo bom verificar que nós, bombeiros, soubemos responder de forma clara às críticas que referiam que nós não queríamos ter formação.

3. Por último deixem-me recuar um pouco e voltar ao início. Escrevia eu que há problemas sérios a serem trazidos para a ordem do dia com as regras de utilização dos equipamentos de protecção individual e não estava a escrever só por escrever. Aqui há dias, numa carta enviada à Liga e à qual ainda não tivemos qualquer resposta, era referida a necessidade de proteger todos os combatentes da fúria das seguradoras em caso de acidente grave. Tudo isto era dito no contexto de um concurso de ideias que o Projecto Sérgio Rocha quer lançar, em mais uma parceria com o Portal Bombeiros.pt, para conseguirmos ter todos os homens indiscutivelmente uniformizados no terreno. Sabem, é que no furor de desresponsabilização por parte das entidades superiores foram enviados, parecendo época natalina, muitas prendas para os quartéis, mas nós não as usamos porque nada daquilo é ergonómico. Problema da falta de ergonomia: caso não tragam algum dos elementos do EPI e sofram um acidente estão automaticamente em falta, não sendo protegidos como deveriam ser. Logo, não será do interesse da Liga defender os seus representados?              

    
Famalicão da Serra,11 de Junho de 2013
Daniel António Neto Rocha

(Texto publicado e disponibilizado no Portal Bombeiros.pt no dia 12 de Junho de 2013)

Pensalamentos #89

É a melhor parte de um ditador:
ele não faz, manda fazer!

quarta-feira, junho 12, 2013

Atitude Crónica


Bons exemplos de luta ambiental #1

(Foto: jornal A Bola)
Gostei imenso de ter lido a notícia sobre esta actividade. Ao que parece, lá pelos States, houve uma acção de sensibilização, da Fundação Surfrider, contra a poluição dos oceanos. O resultado foi este: produtos fresquinhos do mar postos perante os olhos dos cidadãos. A realidade é esta: só vemos o mal quando ele está feito. Neste caso, quando o mal foi "pescado"!

terça-feira, junho 11, 2013

Pensalamentos #88

Transformar a existência humana num espectáculo grotesco e degradante é belo, não é?

domingo, junho 09, 2013

Acordos na Guarda? #4 - ponto de situação

E a grande questão do momento é quem é que falta controlar? 
Dadas as evoluções recentes, a minha leitura é esta: 

-os Independentes estão controlados, de uma forma ou de outra um não é tido em conta (decerto nem chegará a eleições) e o outro está completamente manietado e preso ao compromisso inicial (o reino vai ficar ainda mais poderoso e a regressão - para a Guarda cinzenta e salazarenta dos anos 60? - é quase certa); 

- as Esquerdas têm uma leitura muito similar, uma não é tida em conta dadas a história e a estatística (apesar do valor das ideias do cabeça de lista) e na outra começa a parecer-me, pelas últimas informações que vou lendo por aqui e por ali, que as sementes estão a ser bem distribuídas, parecendo uma história muito parecida com a dos independentes; 

- nas Direitas, dada a união, de que falarei na próxima semana, pode haver alguma tentativa de semear algo, mas pelas últimas alusões parece existir um entrave à semente: o cabeça de lista (que pode cair em breve pela mão do tribunal, acalmando as dificuldades que porventura alguém sente). 


P.S. - Está bonita a dança!

Famalicão: Homenagem ao Padre Alberto

Padre Alberto (Foto: retirada do sítio Diocese da Guarda)


Está a decorrer hoje em Famalicão uma homenagem ao Padre Alberto por ocasião das suas Bodas de Ouro Sacerdotais, que é o mesmo que dizer: 50 anos de sacerdócio.

O Padre Alberto é o único Padre que eu alguma vez conheci que nasceu em Famalicão e, como hoje dizia uma minha tia, é uma ocasião (estas Bodas de Ouro) que é única para a vida da maior parte de nós que trazemos Famalicão no corpo e na alma.

Ao Padre Alberto, que me aturou tantas vezes, aqui fica o meu abraço, público, de amizade e de respeito. Fica também o meu obrigado pelo exemplo moral e espiritual que nos incutiu e que nos ofereceu de forma desprendida.

Pensalamentos #87 - o amargo de ser português

Desculpem! 
Sim, é a vós que peço desculpa. Talvez não seja por nada de especial, mas sou português e só isso basta para ter de pedir desculpa ao mundo pelos nossos maus resultados económicos e sociais. A culpa é minha, que não soube traçar objectivos aos meus governantes, deixando-os dependentes da sua pequena criatividade (eles não têm culpa, Senhor!). 
Desculpem!
Na construção do país não participei de forma concreta e mais firme, não coloquei bombas que ameaçassem a segurança e as fragilidades mentais destes pequenos burgueses que organizaram o país, não obriguei os meus governantes a prestar provas diárias da sua competência e não exigi que daí fossem retiradas responsabilidades por cada um dos actos que lesassem o futuro.
Desculpem!
Deixei que os meus filhos e os meus netos e as suas descendências sejam escravos modernos de uma grande organização de novas monarquias que se banqueteiam com a desgraça dos povos e que construíram o seu próprio futuro nos braços do medo que nos transporta veloz e descompassadamente pelos terrenos da fome, da vergonha e da humilhação.
Desculpem!
Enfim, desculpem por tudo aquilo que hoje sofremos e por tudo aquilo que representamos para o mundo. 
Desculpem! 
Por sermos um país de preguiçosos que atravessam os anos sem folgas e sem descanso. 
Desculpem! 
Por sermos aquilo que somos e por não sermos aquilo que todos esperam de nós: máquinas de resposta imediata ao lucro! 
Desculpem! 
Por termos vontade de sermos gente e de sermos pais e mães para os nossos filhos. 
Desculpem!
Por termos ambição e olhos na cara para vermos o que se passa à nossa volta.
Desculpem!
Por tudo isto e por ainda termos voz.
Desculpem!
Por sermos utópicos e acreditarmos no futuro construído pelas nossas mãos.
Desculpem!
Por aquilo que vamos continuar a fazer até ao fim do mundo.

Desculpem, mas nós não nos rendemos!   

sábado, junho 08, 2013

Pensalamentos #86

Senta-te

observa. 
Ouve
bem

sente-te.

Respira
fundo
mas
não 
te 
inspires
a
não
ser
que 

no fundo

luz
seja
brilhante

finita.