terça-feira, setembro 13, 2011

Crónica: Os incontornáveis caminhos do destino

Escrevo à distância fugaz de uma lágrima. Escrevo à memória de alguém que me ouve o pensamento e me dirige a mente para rumos incertos, mas reais. Escrevo, enfim, na suspeição de um ouvido atento às minhas preces e às minhas emoções. Escrevo-lhe e, ao mesmo tempo, partilho a minha fome de uma presença que me foi roubada no percorrer dos incontornáveis caminhos do destino.

Este ofício de escrever confunde-se, não raras vezes, com o ofício de viver e, assim, rouba-nos (muitas vezes) a percepção da realidade escondida atrás da ilusão criada no acto de fazer ficção. Não é uma ilusão qualquer. Aquela de que eu falo, é uma ilusão que se procura transformar na própria realidade e, daí, matar as dores criadas na vivência dessa mesma realidade. Eu confundi, até há bem pouco tempo, estes dois mundos tão distantes. Agora, que despertei, o mundo é diferente, a realidade é outra e é preciso recomeçar.

(...)


Famalicão da Serra, 12 de Setembro de 2007
Daniel António Neto Rocha

(Crónica publicada no Portal Bombeiros.pt e disponível online desde o dia 13 ao dia 28 de Setembro de 2007)

P.S. - Há quatro anos iniciei uma nova demanda. Precisamente nesta altura. Como ainda não tinha esta crónica no blog, aqui a coloco agora. O professor Xavier Viegas deu-me a honra de a ter publicada no seu livro Cercados pelo fogo 2.

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