Sempre desconfio de quem,
do alto da sua imponente inutilidade real, debita conselhos e críticas a quem,
espantado pelo desacerto constante de políticas decisões e surreais decisões,
vai fugindo à sina imposta e se transforma numa espécie de Robin dos Bosques
para sobrevivência familiar. Entre banqueiros, líderes de grandes empresas,
políticos, gente bem assegurada pelo erário público, ex-qualquer coisa,
descendentes de figuras dos antigos e actuais regimes e, até, ilustres
desconhecidos que, vai ver-se, são concubinas ou concubinos de qualquer um dos
outros. Daí que aprendi a desconfiar desta “maralha” toda e lanço sempre uma
questão: como sobrevivem? “Do seu trabalho”, aponta-me logo o mais perfeito
defensor da coisa alheia com um ligeiro interesse a pender sobre si. “Dos
lucros dos seus investimentos”, afirma logo outro que conhece tão bem a
realidade como nós conhecemos o que vais acontecer ao planeta Terra daqui a um
milhão de anos. “Olha, das mentiras que contadas tantas vezes parecem verdades”,
liberta infeliz o consciente da desgraça que nos acompanha. E a realidade é bem
evidente. Todos os acima não citados, mas insinuados, possuem uma qualidade que
é clara: dizem coisas que fazem mas que criticam nos outros. Seja, viver de
empréstimos! Seja, consumir acima das necessidades e das próprias posses
(apesar do milhão vivem com dois ou três que lhes não pertencem)! Seja, enganar
o estado não para sobreviverem, como criticam nos outros, mas para “arrepanharem”
mais uns quantos milhares ou milhões! Seja, prejudicar as contas públicas com
os seus actos de gestão disparatada, mas elogiada por toda a classe
governamental!
Tudo o que acima refiro é
uma constatação ingénua e que não possui qualquer validade real, mas que
assenta, sobretudo, na memória que tenho (infelizmente, de elefante!) dos anos em
que até agora me foi permitido viver.
Para uma conclusão
inconclusiva, como não poderia deixar de ser, tenho de fazer aqui uma “declaração
de verbo” sobre um assunto que considero essencial para a “limpeza” das falsas
moralidades deste país: eu, abaixo assinado, assumo a minha total inclinação
para os aventais de cozinha!
Tenho dito!
Moimenta da Serra, 30 de Julho de 2014
Daniel António Neto Rocha
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