São muitos os que apregoam a necessária
revolução em todos os sectores da sociedade portuguesa, e, como é óbvio e
salutar, também no reino dos bombeiros sabemos que algo tem de mudar.
No entanto, e infelizmente, continuamos todos a “assobiar para o lado”
quando os factos são tão óbvios como visíveis, aparentando que todos
temos “o rabo preso” em algum interesse mesquinho ou em algum amigo que
não pode ser tocado pela constatação do erro que realmente cometeu.
Chegamos pois à triste ideia de que os bombeiros portugueses têm medo de
se assumir como os principais obreiros das suas próprias vidas e
carreiras. Ou, espantem-se, pensam todos vocês que a súbita e estranha
aproximação de quadros directivos das várias entidades aos bombeiros
(homens e mulheres, gente que realmente está no terreno) é mera
coincidência? Nós, homens e mulheres bombeiros, temos medo de sermos nós
a tomar a palavra que sabemos que merecemos usar e tornamo-nos tantas e
tantas vezes “instrumentos” de mera utilização calculista e abusiva. Dá
jeito morrermos! Dá jeito que tenhamos lesões graves! Dá jeito que
choremos! Dá jeito que nós, homens e mulheres, sejamos o elo mais
enfraquecido, pois só assimos abutres poderão refastelar-se com os
nossos corpos. No entanto, nós continuamos com medo de dizer “basta!” e
de assumirmos nas nossas próprias mãos a tomada de decisão sobre a nossa
utilização enquanto força mais capaz de defesa dos nossos concidadãos! E
esta “É a Hora!”
P.S. – Ver, ouvir e ler os apelos
desenfreados de alguns dirigentes e antigos altos responsáveis por
entidades de bombeiros a exigir a punição dos “incendiários” do Caramulo
dá-me um certo “nojo”! Em que gabinete se escondiam estes defensores
quando, de 2000 a 2012, morreram 31 (trinta e um) dos nossos camaradas?
Quando dá jeito, somos defendidos! Quando não dá, somos esquecidos!
Famalicão da Serra, 5 de Março de 2014
Daniel António Neto Rocha
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