É uma das poucas maneiras de hoje em dia se conseguir trabalhar em Portugal: trabalhar no arame! Quem não sabe o que isto é, por estar confortável num determinado lugar ou por não saber o que é ter mesmo de trabalhar, não percebe como é difícil continuar a acreditar num futuro para Portugal. Ter de criar o futuro, perpectivando, empurrando, acreditando e, tantas vezes, falhando sem ter qualquer tipo de proteção mas apenas a exigência da usura e da cobrança, sem rede e sem qualquer garantia de sobrevivência para a família... como se cria produtividade ou confiança num trabalhador ou cidadão quando o que se garante no futuro é que continuarão a pagar ao Estado?
E lá vem a máxima de Kennedy (o JFK) "Não pergunte o que seu país pode fazer por si, pergunte o que você pode fazer pelo seu país!". Tão habituados à sonoridade e ao protagonismo desta frase, que todos os políticos sabem trautear, os responsáveis por Portugal desenham orçamentos e emitem ordens a exigir que os cidadãos continuem a fazer pelo país aquilo que os "predestinados" ministros e deputados não sabem fazem: carregar o país às costas! E, sim, lá vêm os carregadores da pedra para a construção do convento de Mafra, que Saramago imortalizou no seu Memorial do Convento. É que a exigência ao povo é efectuada de forma desumana, obrigando tantas e tantas vezes à fome e a desesperança. E talvez fosse bom que alguns dos responsáveis políticos deste país, sempre apaparicados por amigalhaços muito bem situados, sentissem na pele algumas destas situações.
E tudo isto vem a propósito desta sensação terrível de projectos que estamos a desenvolver e onde gastamos energias e dinheiros, e a única sensação que temos do futuro é que, se falharem, estaremos perdidos!
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