"Sem espinhas!" É esta a expressão que me apraz lembrar como pequeno comentário inicial ao resultado, para mim surpreendente, mas nada inesperado, das eleições para a Câmara Municipal da Guarda. Penso que as leituras que possam fazer a crónicas, que apresentei na Rádio Altitude e que aqui publiquei, às quais chamei de "Crónica dos caminhos para as autárquicas 2013", em três partes ( parte 1, parte 2, parte 3 ), podem ajudar a perceber esta minha introdução.
Ao longo destes meses houve uma clara e preocupante (para quem olha para um partido enquanto unidade de valores e ideologias) desagregação do Partido Socialista guardense. Nas crónicas e comentários que fui fazendo neste blogue apresentei algumas das razões que eu penso que podem explicar essa desagregação, mas a principal (ou única) será a desintegração da malha de interesses (o que é bem visível no ódio que alguns "notáveis" assumiram contra o partido que lhes deu nome) pessoais. E aqui vejo eu uma vitória (pequena, é um facto) para o PS que vier a surgir após esta queda: a limpeza está feita e não acredito que "estes arredios de agora" voltem, pois todos perceberíamos que seria a tentativa de voltar a montar a "tenda". Por isso, esta derrota pode fazer bem ao PS.
Pena que o Mário Martins tenha sido apanhado nesta conjuntura política desfavorável, pois poderia ter sido um elemento de valor acrescentado para um executivo que tem de fazer na Guarda uma espécie de reorganização de muitos dos sectores estratégicos.
O vencedor Álvaro Amaro... pois bem, apetece-me citar-me "(...) Amaro é o representante quase profissional da mudança, só não sei se positiva se negativa, pois são estranhos os interesses guardenses na defesa de uma iniciativa, mas como última etapa da vida política quererá ele construir em vez de destruir, e isto pode ser importante para a definição de uma política e para a decisão do eleitorado." E estou certo que ele irá empurrar as coisas para que sejam positivas. Acredito que as rendas e dádivas que eram oferecidas a muitos quintais da cidade vão terminar. E, sim, a sua equipa terá de se adaptar a uma situação nova e complicada, pois vícios e manias implementados são factores que emperram qualquer ideia. Mas, faz bem a mudança! Novas ideias, novas formas de actuar e um novo dinamismo que, seguramente, irá substituir o "piloto-automático" que já não era capaz de inovar.
Enfim, eu fiquei, volto a dizê-lo, muito surpreendido com esta vitória estrondosa e sei que Álvaro vem para a Guarda com uma confiança eleitoral que nem ele deveria ter julgado possível. O que só lhe vem trazer um acréscimo de responsabilidade, pois as pessoas/eleitores parecem acreditar que ele pode, ainda, salvar (não sei se é um termo demasiado exagerado) um concelho e liderar um distrito, dando-lhe todas as armas para o fazer.
Recomendação humilde aos vencedores, se me é permitido fazê-lo: não se acabe com o que está bem feito e bem dirigido, em termos camarários, para enveredar numa qualquer aventura imprevisível.
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