(Fotos: Sara Esteves - em reportagem para o Portal Bombeiros.pt) |
1. Tenho muitas vezes a
ousadia de querer encontrar nexos de entendimento entre este mundo dos
bombeiros e o universo da literatura. Não pensem que é por uma questão de
fechar a compreensão das crónicas, mas, sim, por uma questão de construção de
horizontes de significação mais alargados. O que significa isto? Simplesmente
que o mundo está todo inventado nos grandes livros e quem o quiser conhecer e
analisar mais de perto só tem de ler e interpretar os vários autores.
2. Porque me lembrei disto? Porque
neste fim-de-semana (14 de Abril) foi completado o primeiro Quadro de Comando
da história dos Bombeiros Voluntários de Famalicão da Serra. Dito só assim
também não serve de explicação, mas tem tudo a ver com aquilo que nestas datas
se deseja aos recém-empossados. Não é um hábito dar-lhes os “Parabéns”? Claro
que sim, mas, na minha modesta opinião, não é esta palavra que devemos utilizar
nestas alturas. O melhor que podemos desejar a quem assume estas funções são
votos de bom trabalho e de boa sorte. E é isto que todos nós esperamos que
tenham todos aqueles que assumem as funções de comando nos Corpos de Bombeiros,
para que no futuro, quando deixarem de desempenhar estas mesmas funções,
podermos, aí sim, dar-lhes os parabéns!
3. No livro O Nome da
Rosa, de Umberto Eco, encontramos uma história que é, por si, um imenso
mundo de significados e de possibilidades de análise. Não me interessa aqui
desfolhar este livro, mesmo que pudesse aqui tentar lançar as bases de uma
análise quase irreal sobre os métodos mais eficazes de ataque a um incêndio que
ocorre numa grande biblioteca. Mas não é isso que me interessa. Interessa-me
sim o potencial de análise da sua personagem principal: Guilherme de
Baskerville. Construído debaixo do enigmático véu da Idade Média, este frade
franciscano é um observador atento do mundo que o rodeia e um ágil decifrador
de mistérios que se adensam à sua volta. Claro está que isso lhe causa alguns
dissabores, mas nada que o destino não se encarregue de corrigir. Pois bem,
este frade franciscano tem um aprendiz, que o segue pelo mundo e que com ele
apreende aos grandes ensinamentos da vida, até que é hora de se separarem. Mas
é a este aprendiz que ensina a melhor forma de pensar e compreender o mundo.
Diz Guilherme, logo depois de o seu aprendiz ter ficado admirado com a forma
como o Mestre descobre o que parecia impossível de descobrir: “Em toda a viagem te tenho ensinado a
reconhecer os traços com que o mundo nos fala como um grande livro.” E é
este reconhecimento dos traços negativos que existem no mundo dos bombeiros que
eu gostava que acontecesse, visto que permitiria a todos aqueles que “comandam”
melhorar, na realidade, as nossas corporações de bombeiros.
Famalicão
da Serra, 14 de Fevereiro de 2013
Daniel
António Neto Rocha
Importante: ver aqui a foto-reportagem da tomada de posse do 2.º Comandante e do Adjunto de Comando, e da bênção das viaturas adquiridas recentemente!
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