o que habita
o espaço
ruidoso
e vazio
da treva silenciosa
consome
os tons azulados
e verdes
da ordem
quase
harmoniosa
do fim
sexta-feira, dezembro 13, 2013
01. Crónicas Silenciosas – Frio cortante no olhar
Ao longo dos anos tenho-me vindo a aperceber do imenso drama que é a chegada do Natal para milhares de pessoas um pouco por todo o mundo. No entanto, bem perto de nós, esse drama é multiplicado, pois a mistura explosiva entre a tradição (que tanto prezamos) e a actualidade (que tanto desprezamos) faz com que nos olhos das pessoas nós reconheçamos tristeza e desalento. E isso não se pode aceitar ou “encaixar” de ânimo leve. A tradição obriga à partilha. A actualidade obriga ao individualismo. A tradição obriga à união dentro das famílias. A actualidade oferece-nos a desunião, motivada por pequenos interesses ou por necessidades de partida. A tradição dá. A actualidade só tira. E o sorriso das crianças, da idade do meu pequenote? Ou doutras idades também? Pais, avós, tios e restante família? Há um olhar diferente nesta época. Talvez por isso, eu, nos passos lentos em que vivo, olho para tudo e entristeço. Não por aquilo que atrás refiro mas pelo pequeno brilho que, por estes dias, muitos olhos não possuem!
13 de Dezembro de 2013
Daniel António Neto Rocha
quarta-feira, dezembro 11, 2013
Muita atenção: convite a quem lê este blogue
A partir de hoje recebo através do endereço silenciosasdiscussoes@gmail. com a vossa opinião sobre o ano que passou. Como podem observar, este blogue tem como princípio não publicar, sequer, comentários anónimos, logo aceito todas as opiniões desde que devidamente assinadas e identificadas/ identificáveis.
Lançarei também este convite a pessoas amigas que queiram utilizar este espaço para fazerem a avaliação do ano que está quase a terminar, mas quero abrir essa hipótese também aos leitores do blogue.
Assim, partilhem comigo e com os restantes leitores as vossas opiniões, que poderão ir desde o local mais exótico de Portugal até ao sítio mais recôndito do mundo.
segunda-feira, dezembro 09, 2013
Um regresso até a "A Casa da Memória"
A "construção" da peça "A Casa da Memória" foi um processo moroso e exigente, não se pense o contrário. E, tal como numa casa real, houve necessidade de trabalhos partilhados e de muitas conversas. Uma dessas conversas teve de ser, infelizmente, pelo telefone. Falo da conversa que tive com a Dona Cândida Simões. Esta senhora contou-me muitas histórias e foi a grande responsável pela organização temporal que depois eu dei à peça.
Aqui há dias, o José Ferreira partilhou com os amigos a triste notícia da sua morte devido a doença prolongada. Eu não consegui dizer muito e fiquei muito abatido por não ter cumprido aquilo que naquele dia combinámos: uma conversa para ela me contar mais coisas no Manigoto!
"A Casa da Memória" ganhou mais uma inquilina.
domingo, dezembro 08, 2013
Pensalamentos #171 - esgoto
ver o tempo nacional a correr livremente pelo esgoto enquanto nós vamos pensando, unicamente, na nossa congestão infernal
sábado, dezembro 07, 2013
Pensalamentos #170 - esquizofrenia
ter como clara disfunção mental
a capacidade de criar esquemas
e imaginar que o mundo conspira
contra mim e contra os meus passos
roubando-me, prejudicando-me,
amesquinhando-me, maltratando o meu nome,
ameaçando quem comigo quer estar
e, de vez em vez,
confirmar as suspeitas
de que não é apenas esquizofrenia
mas realidade
a capacidade de criar esquemas
e imaginar que o mundo conspira
contra mim e contra os meus passos
roubando-me, prejudicando-me,
amesquinhando-me, maltratando o meu nome,
ameaçando quem comigo quer estar
e, de vez em vez,
confirmar as suspeitas
de que não é apenas esquizofrenia
mas realidade
A força dos homens (7)
Depois de três meses e alguns dias consegui, finalmente, ver todos os nossos homens. Agora é esperar pelo regresso a casa dos que ainda estão no hospital. Mas vamos esperar com toda a calma do mundo e estar cá para os ajudar a passar por tudo o que aí vier! Cá estamos para isso!
sexta-feira, dezembro 06, 2013
Pensalamentos #169 - prostituir
o que é mais fácil?
prostituir o corpo?
prostituir as ideias?
prostituir os ideais?
prostituir os valores?
prostituir as crenças?
prostituir a alma?
prostituir o corpo?
prostituir as ideias?
prostituir os ideais?
prostituir os valores?
prostituir as crenças?
prostituir a alma?
quinta-feira, dezembro 05, 2013
Guarda, 21 de Novembro
Está mais que provado que a Guarda só acolhe quem quer, quando quer e como quer. Mas já lá vamos!
No
passado dia 21 de Novembro fui até à Guarda para corresponder a dois
convites que me tinham sido feitos por amigos para falar sobre teatro,
na Escola Secundária Afonso de Albuquerque, e sobre cultura e prazeres,
no Café Concerto do TMG. Pois bem, lá fui e fiquei satisfeito por
comprovar aquilo que tenho vindo a comprovar há muito tempo.
(Foto de Inês Coimbra) |
(Foto de Inês Coimbra) |
(Foto de Inês Coimbra) |
No Liceu a
tarde foi muito interessante. O José Monteiro, o "Zé Monteiro" para
mim, é um professor preocupado com os seus alunos e com a educação para a
vida e para as leituras que eles possam ter. Assim sendo, lá vai
convidando os seus alunos a conhecerem coisas novas e a interessarem-se
pelo escritos da gente da cidade e da região, coisas nos dias de hoje
tão difíceis de encontrar. E foi assim que a conversa que fui ter com
aos seus alunos e com os alunos da professora Emília Costa (que foi
minha professora no terceiro ciclo!) começou com uma tentativa de
explicação daquilo que actualmente faço: escritor freelancer! A
definição desta expressão? Escritor + freelancer = desempregado com
estilo! Ou seja, o que faço actualmente é trabalhar com o improvável e
com aquilo que me vão pedindo para escrever. Claro que não há muita
gente que esteja interessada em ler, quanto mais pagar para algo ser
escrito! E foram alguns risos sinceros que ouvi. Coisa a que começo a
não estar acostumado. Passámos então pelas épocas mais interessantes
(para esta turma) do teatro: Sófocles e o seu "Édipo"; Gil Vicente e
toda a sua obra; Almeida Garrett e o seu "Frei Luís"; até chegar a
Manuel Poppe, com o seu "Pedro I"; terminando depois na minha "A Casa da
Memória" (razão maior para a minha presença ali). Claro que lhes
expliquei como cheguei a "entrar na casa" e contei também um pouco do
longo processo de recolha e de escrita e da gritaria interminável que
foi a relação entre personagens que não gostam de estar sozinhas! E eles
sorriram. Claro que lhes desvendei algumas das histórias incríveis que o
Manigoto me contou e que as suas gentes respiram. E deu para mais:
falámos de educação, de cultura e de Américo Rodrigues. E do seu último
livro. E do seu afastamento do cargo de Director do TMG. E da
irresponsabilidade (desinteresse seria a palavra mais exacta) dos
políticos pelo futuro deles. Sim, não o disse, mas talvez fosse
necessário dizer-lhes que não é na subjugação que reside a força das
pessoas e o seu futuro! Um dia digo!
(Foto de Inês Coimbra) |
E terminei com a
resposta a algumas perguntas. Feitas por gente interessada (ou com
atrevimento) em conhecer ou confirmar caminhos certos ou errados ou,
simplesmente, caminhos! E saí com a satisfação de um momento que,
espero, serviu para mostrar que um escritor ou autor não é mais do que
um homem que não se importa de pensar de forma livre e aberta,
procurando que as suas palavras sejam partilhadas e ouvidas.
E
houve uma pausa para um chá! A constipação estava, realmente, a ganhar
terreno e era preciso impedir que o dia acabasse ali. Foi um chá
partilhado a três. Com pessoas de quem gosto e que sabem que não sou
mais do que isto: um homem que vive. Não vou dizer quem foram, mas só
não digo porque não quero que algo de mal lhes aconteça! É que estavam
tão perto de mim!
O
jantar foi caseiro! Casa da mãe, ali a dois passos. Pouca fome e muito
mal-estar físico. Sintomas da febre que começava já a apoquentar. Enfim,
a noite ia estar boa, pois, qualquer que fosse o número da plateia, ia
estar entre amigos. Subir o vale e percorrer os lombos do Caldeirão até à
cidade da Guarda foi um instante. Eis-me no Café Concerto!
Pouca
gente! O Victor Afonso já lá estava com a malta do teatro que zela pela
qualidade das actividades. E um ou outro conviva, talvez acidental. E
chegaram amigos (gostei de ver especialmente o Américo, sei que os
restantes amigos compreendem este meu destaque, que o são e até família!
O Hugo. Sorri ao vê-lo entrar! Gostei muito! Como habitual, não vi
gente que em tempos foi "amiga". Talvez fosse do frio, penso,
forçadamente, eu. Responsáveis camarários também não vi, pois não devia
aquela ser uma sessão que fosse agradável de seguir. Afinal só estaria o
responsável máximo por uma das escolas superiores da cidade, onde um
dos vereadores dá aulas! Hora de começar e... Afinal o professor Carlos
Reis não estava! Perdera-se, ficcionei eu, num qualquer labirinto
citadino onde os pavores nocturnos (ao bom estilo infantil!) são
originados por gente "grande"! Voilá! O palco era meu! E do Victor! E de todos aqueles que comigo e com o Victor quisessem partilhar experiências.
(Foto de Hugo Rocha) |
E falámos
de livros: desde José Gomes Ferreira a Gonçalo M. Tavares, passando por
Manuel Poppe e por David Gilmour, indo até George Orwell e Ray
Bradbury. E música: Queen, Sigur Rós, Arcade Fire, Purcell e o seu
fantástico "Dido e Eneias" (que saudades daquela noite no Grande
Auditório!). E filmes: Dead Poets Society, The Hours, Good Bye Lenin! e... Guarda: Sopro Vital
(este último, não sendo um filme, é a gravação de um trabalho aturado
que demorou cerca de 30 anos a cumprir-se e que pode agora ter
terminado)! Outros prazeres: ainda nos filmes de animação, Kung Fu Panda!
E por fim os mais importantes de todos: conversar com os amigos e
aprender coisas novas todos os dias, e estar com a família e com ela
ganhar asas e voar pela alegria de viver!
E
a "cidade" não se interessou por vir ouvir, tal como já fez noutras
ocasiões, aquilo que eu tenho para dizer. Dizem-me que estreou um filme
popular português! Talvez a cidade por lá estivesse a cultivar-se.
Enfim, resta-me continuar a falar mais e mais e a escrever ainda mais e
mais! Quem sabe, um dia até podem ter o azar de tropeçar numa das minhas
frases.
A
vida de um dia! Cansado, constipado, com febre e com uma garganta
completamente desnorteada, lá voltei, depois de mais um chá e de mais
dois dedos de aprendizagem em contexto de conversa, rumo a casa, onde a
noite já ganhara o desafio e o sono tinha conquistado o carácter estóico
de uma família que espera por mim e me afaga com a sinceridade dos dias
bons e dos dias maus.
quarta-feira, dezembro 04, 2013
terça-feira, dezembro 03, 2013
Pensalamentos #166 - dead can dance
cair no chão
uma e outra vez
arrastados por quem nos ama
materiais pródigos
para a desilusão
marcada
uma e outra vez
arrastados por quem nos ama
materiais pródigos
para a desilusão
marcada
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