terça-feira, novembro 27, 2018

12. Crónicas Silenciosas - da ingratidão

A vida e a morte têm destas coisas simples e inexplicáveis ou, se preferirem, complexas e impensáveis. Digo que são a vida e a morte para não dizer que são a malícia e a ignorância, que são o fruto mais comum dos chãos que pisámos comummente.
Está por horas o momento que, em parte da nossa vida, olhámos como destino e como ponto de chegada para uma missão que abraçámos. Está por horas aquilo pelo qual és responsável. Mais uma das "coisas" que deste desde que partiste da terra onde crescemos.
Apesar de tudo aquilo que lhes deste, e de todos saberem que tu lhes deste, todos te esqueceram e todos fingem nem teres existido. Aliás, hoje usarão o teu nome como mero adorno ao discurso laudatório ao Doutor X e ao Doutor Y que fizeram nem se sabe bem o quê nas sombras. Hoje, teremos gente que se elogiará e que te esquecerá. Hoje, não foste convidado, pois já és descartável como é a tua família. 
Hoje, nenhum dos que fazem parte da tua pele estarão por perto (como desejaram os que te vêem como estorvo). De tantos convites feitos, esqueceram-se de ti. Isso só diz uma coisa: querem apagar a tua memória. Hoje, tentam apagar a tua memória, mas esquecem-se que é ela que preenche todos os espaços. Hoje, enquanto os falsetes contaminarem vozes que te (se ainda houver um pouco de vergonha!) lembram, não há espaço para a ignorância e para a malícia.
Hoje, dos oportunistas falará o presente, mas encontrar-nos-emos honrados para todo o futuro.     

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