"Não gosto de ser triste!", repito eu com demorada insistência nas curvas da vida. Talvez todos digam o mesmo ou o digam com maior certeza gramatical. Pois eu, não gosto mesmo de ser triste! Seja no sentido de viver imerso numa cruel e desumana desumanidade, que trate os outros como seres inferiores ou meros pedaços de lixo. Ou, então, no sentido de respirar a vida com demasiado verdete (à maneira de um choraquelogobebense) produzido pelos excedentes de matéria lacrimal.
Vem tudo isto a respeito dos múltiplos lugares de trabalho onde o silêncio tumular invadiu as salas de coabitação e onde, por vezes, o único som que se ouve é o do lento arrastar das cadeiras para não perturbar quem descansa, cedo de mais, num "eterno descanso" à maneira moderna. Gosto de barulho, de conversa e de uma dose de loucura que invada as almas e os espíritos de todos, e os levante da antecipada missa de corpo presente. Estou farto de velórios! Estou farto de amizades que se vão cedo de mais, de amor que é levado sem a minha autorização e de sorrisos que se apagam e não volto a ver.
Não, não e não!
Desatem as amarras da loucura sadia e deixem-na vogar em torno de nós. Loucos, sim loucos! Loucos por viver longe do silêncio de prisões e de obrigações de vida respeitável. Loucos por viver com o sorriso perene preso nos lábios e nos recusarmos a largá-lo. Loucos, sim loucos, porque sim e sem justificações maiores do que o simples facto de estarmos vivos e gostarmos de estar vivos.
Sem comentários:
Enviar um comentário