1.São tempos de convulsões extremas na
dita sociedade ocidental. O medo – aliado a um desconhecimento imenso do
“outro” – e a subsequente insegurança – até agora encapotada pelos
milhões de euros, dólares, etc. – são motivos para governantes e seus
protegidos se aliarem numa tentativa flagrante de manutenção de um
estado de coisas favorável à escravidão dos novos tempos e à ditadura
dos números. Tudo isso vitima de uma ganância e de uma assumida
estratégia de soma de parcelas em que se exploram os de cá (os do seu
próprio país) e os de lá (os dos países controlados por ditadores
assumidos ou por grupos criminosos “de pistola e catana”) sem olhar para
a forma como os direitos humanos mais básicos se transformam em
palavras de ordem e de desordem nas ululantes redes sociais. Ah!, tudo
isso misturado com a moda da defesa intransigente de tudo o que mexe e
rebola, nem que seja pela acção do vento. Mas, não nos desviemos do
assunto! O terrorismo, tal como antes, assume hoje características
impensáveis para uma dita sociedade das nações ou sociedade mundial ou
sociedade humana. O terrorismo é hoje motivo para migrações de pessoas
cansadas de estar aprisionadas em campos de concentração modernos (os
chamados campos de refugiados) em que famílias inteiras esperam apenas
pela morte, subsistindo e pouco mais. O terrorismo mediático, o tal dos
“gajos fundamentalistas do islão”, é, aparentemente, aceite pelos
polícias do mundo com uma calma preocupante, enquanto morrem milhares de
pessoas e milhões vivem em constante estado de terror.
2.E nós por cá, pelo rectângulo
encantado à beira mar plantado? Nós, por cá, preocupamo-nos! E ainda
bem! Somos gente capaz de estar atenta às necessidades dos outros e de
“sofrer” com a agrura destes povos aterrorizados por guerra, bombas e
gente capaz de queimar os cidadão com um litro de gasolina. Mas, o que
leio eu, nós preocupamo-nos com o “terrorismo fundamentalista islâmico” e
não nos preocupamos com o “terrorismo incendiário” que nos persegue há
tantos e tantos anos? Sim, também o povo português vive rodeado de um
terrorismo pouco escondido, com fumo a entrar-nos pelos olhos e pelos
pulmões, e com um constante aterrorizar das pessoas que vivem no meio
rural e, pasmemo-nos, até com as pessoas que vivem no meio urbano. E se
para combater o “terrorismo lá de fora” (sim, sei que estão a dizer que
temos de prevenir o que pode vir a acontecer no futuro) são até
implementadas leis que fazem de um curioso, sobre estas hordas de
verdadeiros infiéis às religiões, um terrorismo em potência e com
mandato de captura imediata, no caso do terrorismo cá de dentro o que
fazem os governantes? Nada mais, nada menos do que tirar às forças de
investigação (às forças policiais) a oportunidade de encontrar indícios
de que estas acções terroristas são isso e nada menos do que isso. E são
estas “pequenas” asneiras legislativas, aliadas à constante
desculpabilização da negligência grosseira e dos comportamentos
marginais, que fazem com que o doce aroma do Verão português seja o da
madeira queimada. “Puta que pariu” o terrorismo à maneira portuguesa!
Moimenta da Serra, 24 de Setembro de 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário