Uma das grandes dificuldades em construir personagens (literárias) que perdurem como indivíduos imortais encontra-se na construção do seu discurso, podem chamar-lhe falas ou frases ou ditos ou palavras. Descobri que a grande maioria dos escritores recentes se esquece de estudar a psicologia da personagem e, no final, parecem todos os personagens de um romance ser uma única voz (a do próprio escritor) distribuída pelos bonecos que, sim, estão efectivamente construídos de forma singular.
Acabei de ler um romance, de leitura relaxante (mais um para descansar depois de um ano cansativo), que me deu a ideia de existir alguém, uma espécie de ventríloquo, que vai soprando as suas ideias através de várias personagens enquanto as vai mexendo (como se fossem marionetas). Será que é proibido que as personagens dos romances de hoje tenham voz própria e singular?
Infelizmente, isto tem acontecido em muitos dos romances premiados com os prémios comerciais do mercado livreiro português.
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