1. Há
momentos e acontecimentos que não se podem perder e, sei-o, aquilo que eu perdi
neste fim-de-semana é de facto uma grande perda. Nem é pelo facto de saber se
alguém lhe prestou a devida atenção ou se, como é comum nestas paragens de
gentes pasmadas, tudo não passou para todos como um mero exercício visual e
juvenil. Não pensem que falo no concerto da fadista Ana Moura, que deve ter
tido centenas de espectadores em pose de ocasião e de desinteresse pelo futuro
da cultura na Guarda. Falo, isso sim, de 10 minutos de trágica visitação de um
dos contos mais absurdos e ao mesmo tempo mais esclarecedores de Sophia de
Mello Breyner Andresen, que se chama: “Retrato de Mónica”. Esta visitação, com
contornos teatrais e tão ironicamente oportuna, tem como actor António Rebelo e
todo o trabalho da equipa que compõe os Gambozinos
e Peobardos – Grupo de Teatro da Vela (Guarda). Não sei como correu a
estreia, sabê-lo-ei em breve, mas tenho uma firme certeza: aqueles que se
vendem na praça pública e que são dissimulados profissionais, e que mesmo assim
ousarem assistir a esta peça, levarão metaforicamente um forte murro no
estômago.
Moimenta da Serra, 14 de Janeiro de 2013
Daniel António Neto Rocha
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